NÃO FUI TRABALHAR - Edmir Silveira

Chove, é outono. 
As gotas de chuva escorrem pelo vidro da janela.
Não fui trabalhar, simplesmente não fui. 
Acordei mais tarde. 
Li o jornal sem pressa. Hoje o dia vai ser meu, só meu. 
Vou ler meia notícia, parar, olhar o vazio, 
sem pensar em absolutamente nada.
O tic-tac do relógio é o único som ambiente. 
O telefone mudo, o violão num canto, 
os classificados do jornal no chão da sala, e eu sentado, vazio, cinzento.
A chuva cai mais forte, 
já li todo o jornal, o vazio aumenta, a cabeça pensa; 
sinto o gosto da tua ausência. É inevitável.
Hoje não fui trabalhar. 
A saudade é a mesma, a única diferença é que chove, 
e eu não fui trabalhar. 

UMA ILHA CERCANDO O MAR POR TODOS OS LADOS - Gabriel Carneiro

Um homem é o resultado de todas as mulheres que amou (e vice-versa),
de cada uma trás algo que se incorporou à alma dele.
Por isso, uma mulher pode deixar um homem, 
mas um homem nunca deixa uma mulher. 
Essa é a triste realidade.
Recohecer o perfume por trás do perfume,
o prazer por trás do suspiro, a falta do ar...
Pessoal e intranferível.
Única e insubstituível.
Uma ilha, cercando nosso mar por todos os lados...
Aos homens, só resta se afogar e morrer de amor, 
porque só existe essa salvação.
Só resta uma coisa a saber:
Só se aprende a amar com as mulheres, 
porque só elas sabem amar.
Enquanto tentarmos entender o amor, a paixão e todas as variáveis existentes com a racionalidade masculina, continuaremos a discurtir com nossas amadas por coisas absolutamente sem importancia para elas e elas a discutir coisas absolutamente sem importancia para nós.
O grande problema é que é muito dificil conseguir essa sensatez toda no auge de uma discussão. 
Mas, Que tal parar um pouquinho e ouvir o que o outro está falando?

- Ah, mas primeiro eu...eu começo!!!!
- Você começa porque?!!!

MANOEL CARLOS - De médico e de louco

Marcamos no Café Severino a comemoração pelo retorno do Gustavo ao nosso grupo. Nosso amigo de muito tempo, Tavinho andou arredio, devido a um turbulento divórcio que enfrentou por mais de um ano e que o deixou deprimido. Com isso, afastou-se de tudo e de todos, indo morar um largo tempo em Petrópolis. Agora, dissipadas as negras nuvens da turbulência e já vivendo novamente em paz, eis que ele retornava a nós e ao nosso reino. Não é a primeira vez que um divórcio penaliza algum membro do nosso grupo. Afinal, todos nós já cruzamos a faixa dos 60 anos e contabilizamos mais de um casamento, à exceção de alguns poucos, como Carla e Gabriel, ambos na casa dos 30. Eles fazem parte da nova geração de frequentadores da nossa roda de vinho e grana padano. Gosto dessa presença jovial, pois impede que as reuniões fiquem lacrimosas, cheias de recordações, e que os assuntos mais frequentes sejam os incômodos na lombar e na cervical, além do medo do diabetes e a comparação entre os níveis de colesterol e glicose. Com a mocidade, fala-se da vida, não de doença e morte.

Mas nessa tarde, mesmo com a presença deles, o assunto perigoso voltou a imperar, enquanto nós cinco esperávamos a chegada da turma toda, inclusive do festejado Gustavo.

Minha glicose está em 105 — anunciou o Raul.

É alta. Você já está diabético — sentenciou Alfredo, que é um assumido hipocondríaco.

Pré-diabético — corrigiu Raul, já um pouco irritado.

Acima de 99… — tentou argumentar o Alfredo, com um sorriso maldoso.

Raul cortou:

Ah, não vai atacar de médico, que você, até onde eu sei, é funcionário aposentado da Caixa Econômica.

E tentou encerrar a discussão:

O importante é a saúde como um todo. O fundamental é sentir-se saudável. E é como eu me sinto. Caramba! Você só sabe falar em doença!

Alfredo contra-atacou:

Só me diz uma coisa: o seu colesterol quanto está?

Olhei o Raul e percebi que ele estava a ponto de apelar. Antes que eu pudesse fazer alguma coisa, o Alfredo puxou da carteira os resultados do seu último hemograma, propondo um sinistro desafio:

Vamos comparar os nossos hemogramas! Você tem o seu aí?

Claro que não. Não sou louco como você!

Pelo menos sabe de cor os principais índices?

E enumerou alguns:

Eritrócitos, hemoglobina, leucócitos e plaquetas. Vai, me diz. Aposto que você está anêmico!

Raul saltou da cadeira. Houve uma inquietação no café, já se prevendo uma luta de moleques entre homens da terceira idade, o que seria, no mínimo, ridículo.

Chega — bradou ele, batendo com a palma da mão na mesa.

Calma — disse eu. — Estamos aqui para festejar. Daqui a pouco chega todo mundo e vocês…

Mas Raul emendou, virando-se para o Alfredo, o indicador quase encostando no rosto do amigo:

Que você seja hipocon­dría­co, não tenho nada com isso. Que veja em você todas as doenças, imaginárias ou não, o problema é seu. Mas colocar doenças nos outros, aí não está certo!

E voltou a sentar-se, bufando. Um tempo de silêncio. Olhei o casal jovem. Gabriel passava os olhos num jornal, indiferente à contenda, e Carla olhava a cena, sorrisinho maroto nos lábios. Percebendo que a reunião estava agonizando por sua culpa, Alfredo amenizou:

Me desculpem. Acho que exagerei. Vou embora. Vou ver um carro para comprar, que o meu já está num bagaço de dar pena. Rateando. Como um coração a ponto de enfartar. Quem é que tem uma sugestão para me dar? Pensei numa Pajero esporte…

Foi quando Carla, sempre tão tímida e até um pouco cerimoniosa, cortou em cima, numa voz suave e com os olhos brilhando:

Por que você não compra uma ambulância?

A gargalhada foi geral, contaminando o Raul e o próprio Alfredo. Nesse mesmo momento, começaram a chegar os velhos amigos, com Gustavo à frente, sorridente, feliz.

E fez-se a paz no reino do Café Severino.

ARNALDO ANTUNES - Dois poemas

MANCHA
toda mancha
tem o desenho de uma
poça
com o contorno de uma
rocha
toda mancha
roxa
na pele
ou no papel
onde uma gota
de sangue
se derrama
no lenço
ou no lençol
da cama
como
mangue
ou ilha
numa foto
aérea
quase
esfera
filha
imprecisa
de orla
que o
acaso
forja
fora
do destino
sibilino
:
forma.

**********

EXTRAIR
ex
trair
do tempo improvável, do improvável,
de suas maquinações, ações,
do ato regular que se dissipa em método, todo
hábito que habito, repito,
da meta inalcançável que me fita, cripta
do incontável número dos dias vividos, idos,
da inumerável cota dos dias por vir, ir,
da engrenagem que não pára, dispara,
sacode o chão que piso, piso
de um ônibus em movimento, momento
em que me agarro ao cilindro de metal do alto
-
a vida
-
não a que resta ainda, indo,
mas a que transborda de cada ar expirado, inspirado,
até que arrebente, vente.

FERREIRA GULLAR - Às vezes

Quando alguém me pergunta se sou o poeta Ferreira Gullar, 
eu respondo: "Às vezes"

Vou tratar hoje aqui de um assunto estritamente pessoal, mas na certeza de que, de uma maneira ou de outra, dirá respeito a muita gente: meu nome. E basta mencioná-lo para começar a confusão, já que são vários e, com frequência, escritos de maneira errada, a começar pelos bancos.

Explico: por mais que me empenhe, não consigo que, nos extratos, nos talões de cheque, venha escrito corretamente: em vez de José de Ribamar Ferreira, vem José Ribamar Ferreira. E isso já deu problema com o Imposto de Renda.

Ontem mesmo, ao receber novo talão de cheques, estava lá o Ribamar sem o "de".
A culpa, obviamente, é de meus pais que, dentre os muitos filhos que tiveram, escolheram logo a mim para o nome do santo mais popular da cidade de São Luís: São José de Ribamar.
No começo, não houve problema, já que em casa me chamavam de Zeca e, na rua, de Periquito. O problema apareceu quando me tornei poeta e passei a publicar poemas nos jornais.

Assinava-me Ribamar Ferreira e só então me dei conta de que muitos outros poetas eram, como eu, também Ribamar e o usavam com seu nome literário.
Não gostei, mas segui em frente, até que um poeta que assinava Ribamar Pereira publicou um poema ruim, em "O Imparcial", que saiu com meu nome.
Cioso de meu prestígio literário -praticamente inexistente-, vali-me da condição de locutor da rádio Timbira para avisar o público em geral de que o tal poema "As Monjas" não era da minha autoria e, sim, do senhor Ribamar Pereira.

A partir de então, decidi mudar de nome e passei a assinar Ferreira Gullar. É que um dos sobrenomes de minha mãe é Goulart e, eu, para evitar futuras coincidências, mudei-lhe a grafia, certo de que não haveria ninguém com nome semelhante em todo o planeta.
Disso me livrei, mas não de outros equívocos. Faz algumas semanas, recebi um jornal de uma pequena cidade do interior, anunciando a criação de um prêmio literário Ferreira Goulart. Agradeço, sinto-me honrado, mas desconfio de que exista algum espírito mau que se diverte em me sacanear.
Devo admitir, no entanto, que tenho alguma culpa nesse cartório, já que, ao longo da vida, adotei diversos nomes.

Por exemplo, quando estava na clandestinidade e precisava ganhar a vida, assinava artigos na imprensa alternativa com o nome de Frederico Marques (Frederico, de Engels; e Marques, de Marx), para enganar e sacanear a repressão.
Foi mais ou menos por essa época que o PCB me pediu que escrevesse um poema para a campanha pela libertação de Gregório Bezerra, e fiz um cordel, que intitulei "História de Um Valente" e assinei José Salgueiro (este, por ser o nome de minha escola de samba preferida).
Mas aí os militares invadiram minha casa à minha procura, prenderam a Thereza, depois soltaram.
Decidimos que era melhor eu ir para a União Soviética até que o processo aberto contra mim fosse julgado.

Fui e lá, no Instituto Marxista-leninista, como todos os alunos eram clandestinos, tive de mudar de nome outra vez e passei a me chamar Cláudio.
Acontece que eu havia escrito, com Vianinha, o roteiro do filme "Em Família", que foi então premiado no festival de Moscou.
E tive que assistir à exibição, no auditório do instituto, desse filme, sem poder dizer a ninguém que aquele Ferreira Gullar que aparecia nos créditos era eu. Fiquei rindo para mim mesmo, no escuro.

De Moscou, fui para Santiago do Chile; de lá, para Lima e depois para Buenos Aires, onde vivi os derradeiros anos de meu exílio.
Naqueles países, não precisei usar de nome falso. Finalmente, voltei para casa, fui preso por alguns dias, mas logo me deixaram em paz.
Como tinha sido pelo Superior Tribunal Militar, pedi, apenas por precaução, uma cópia da sentença de absolvição e, para minha surpresa, o José de Ribamar absolvido não era eu, era outro.

É confusão demais, não acha?
E outro dia, ia eu pelo calçadão da avenida Atlântica quando alguns jovens se aproximam de mim.
-É o Goulart de Andrade!
-Nada disso. É o Paulo Goulart!
Por essa e outras é que, quando alguém me pergunta se sou o poeta Ferreira Gullar, respondo: - "Às vezes".

MARCIA TIBURI - O Amor: promessa e Dúvida

Amor é uma palavra que precisamos hoje usar com cuidado. Para os poetas é uma palavra bonita, para os conquistadores sexuais ou religiosos, é estratégica. De outro lado, é sincera tanto quanto é confusa, para muitos amantes que, adolescentes ou maduros, se perdem em suas promessas. Não há amor sem promessa de felicidade, já dizia Sthendal, escritor do século XIX. Amantes são aqueles que vivem em nome do amor, que o praticam à procura de um ideal de felicidade que só o amor parece realizar. Quem acredita nisto pode bem ser chamado de romântico.


Para os descrentes, porém, os que desistiram de amar, amor não passa de uma palavra em desuso. Algo nela pode soar a pieguice ou sentimentalismo. Melhor deixá-la de lado, pensa o decepcionado. Mera máscara sem rosto, rememoração do ressentimento de não se ter mais a realização da promessa na qual acreditara, o amor, para muitos, está fora da ordem. E, por isso, fora de moda e mesmo algo banal.

AMAR O AMOR, DUVIDAR DO AMOR
Além daquele que olha o amor com a dor que lhe restou há alguém que ainda crê no amor, ainda que seja seu crítico. Talvez o amor não tenha sido a parte feliz de sua sina e é melhor analisá-lo racionalmente como qualquer objeto. Nele pesa a voz de ilusão do amor interna a uma promessa ideal. Algo que faz duvidar dele. Ainda que ao duvidar se esteja buscando chegar, de algum modo, perto do amor. Só a dúvida poderia nos levar a ter esperança de, algum dia, chegar à certeza. O que há de mais certo sobre o amor, é, todavia, que ele é plenamente incerto. Mesmo assim pensar nele é uma prazer mais que romântico.

Neste caso, como palavra, o amor é menos substantivo e mais verbo. Intransitivo, o que simplesmente é e não se conjuga, como no título do romance escrito em 1923 por Mário de Andrade “Amar, verbo intransitivo”. Ama-se o amor, mais do que alguém que amar. Quer-se amar, amar é preciso, mais do que saber o que é o amor. Definir o amor é o que menos importa. Neste título, porém, há uma definição do amor, a de que ele é um sentimento que se vive, não importa quando, nem onde, nem em relação a quê.

Talvez o amor sobre o qual tanto falamos esteja hoje longe de nós à medida que confundimos a riqueza da expressão amor com a paixão. Falta-nos atenção ao amor quando o confundimos com a simples paixão que é o desejo autoritário e desenfreado por alguma coisa ou pessoa. É como se o amor fosse algo que nos toma e que não podemos compreender, quando muito ter sorte com ele, ou aceitar o sofrimento, a dor com cuja rima já não podemos deixar de vê-lo.

AMOR PLATÔNICO
O amor está presente no nascimento da filosofia. No período clássico da Grécia antiga, o amor é uma das questões mais importantes. Podemos dizer que a filosofia começa com a descoberta do amor. O amor é o que nos faz pensar. Na base do amor está o espanto, o encantamento. Para os filósofos antigos, o amor não é uma palavra complexa, mas três: eros, philia, ágape. Cada uma delas tenta designar um sentimento que é bem maior que a palavra com a qual é expresso. O sentimento nunca é simples, a palavra que o batiza também não.

Eros é o amor como desejo. Na obra de Platão trata-se de um sentimento que compõe a própria filosofia, o modo como se pode pensar. Não apenas desejo do belo, do corpo de outro, anseio de alegrias carnais, mas, sobretudo, é o sentimento que compõe o desejo de saber o que está para além do corpo. Quando se ama alguém, do ponto de vista platônico, se ama o que está além do que se vê. Se ama, inclusive, o que não se vê. Por isso, a curiosa expressão “amor platônico” tem uso corrente em nosso vocabulário. Com ela procuramos expressar o amor que vive de ser teoria sobre si mesmo. Ele se auto-alimenta. É uma espécie de amar como verbo intransitivo. Um amor sem prática, pura admiração, pura contemplação. Contemplação, ver algo, é o termo pelo qual se traduz a palavra “teoria”. Podemos dizer que o amor platônico é um amor teórico, um amor que se compraz em ver, olhar, pensar no que se vê. O que se vê, porém, não corresponde ao olho do corpo, mas ao olho da alma.

ALÉM DO AMOR
Filia” significa amizade. Filosofia (Philia+Sophia) é uma espécie de amizade pela sabedoria. A amizade é próxima do desejo, pois ambos querem chegar os memso lugar que é o bem. Apenas é um pouco diferente de Eros, pois na Philia a racionalidade exerce sua força. Ela designa um passo além do desejo enquanto este é fortemente platônico e contemplativo. Na amizade constitui-se um laço que vai além do contemplativo ainda que dele precise, que ele permaneça em sua base.

De um amigo queremos ficar perto por admiração e respeito. Ao mesmo tempo a amizade envolve a noção de companheirismo, de estar junto do outro. O amigo é o que se une ao outro em nome de algo comum. Quando a palavra filosofia foi forjada no século V a.C. na escola pitagórica, ela se referia ao grupo de filósofos reunidos na prática de uma vida contemplativa, uma vida em nome da sabedoria. A filosofia era uma prática de vida que se realizava entre amigos.

Ágape era o amor que se tinha por tudo o que existia. Era o amor desinteressado, o amor pela vida. Sobretudo, Ágape define uma amor pela natureza, é o amor altruísta. Amor que envolve uma determinada compreensão do mundo como morada do humano dentro do cosmos, como ordem da natureza e da cultura. Os gregos acreditaram no amor como uma potência essencial a tudo o que existia, assim como o cristianismo primordial. Como poderíamos hoje retirar o amor da banalização à qual foi lançado e restituir seu sentido maior, aquele que leva à liberdade humana? A resposta a esta pergunta exige o próprio amor.

NELSON MOTTA - Nomes próprios

Como expressão de afeto e intimidade, os apelidos dizem mais das pessoas do que seus próprios nomes. Como maledicência, às vezes geram obras-primas de humor e crítica social. O ex-deputado alagoano Cleto Falcão, que as más línguas diziam ser meio agatunado, foi apelidado de Clepto Falcão. E o ex-governador mineiro Hélio Garcia, que seria muito chegado aos copos, de Ébrio Garcia. Brasília gargalhou quando o baixinho Celso Amorim, por sua mania de grandeza, foi alcunhado de Megalonanico. No Paraná, todos sabem que o ex-governador Requião é chamado de Maria Louca, mas há controvérsias sobre a sua origem. Garotinho surrupiou o apelido de um famoso locutor esportivo carioca.

ACM alcunhou, com sucesso, Michel Temer de "mordomo de filme de terror". Grande mestre do uso político de apelidos, Brizola provocou gargalhadas e estragos eleitorais chamando Lula de "sapo barbudo", Moreira Franco de "gato angorá" e Collor de "filhote da ditadura". Em diálogos entre corruptos gravados pela PF, Sarney é chamado de "madre superiora". Faz sentido.

"Rei", só existem dois, Roberto Carlos e Pelé, e "Bruxo" também: Machado de Assis e Golbery do Couto e Silva. Como siglas, só três sobrevivem: JK, ACM e FHC.

Grandes craques têm sempre apelidos, Pelé, Zico, Tostão, Didi, Fenômeno, ninguém pode bater um bolão como Castro, Góis ou Motta. Dunga teve que superar o apelido ridículo para ser um campeão, assim como Pato e Ganso. Popó nocauteou Acelino. Fofão não seria uma estrela do vôlei como Hélia Pinto.

Tim teria o mesmo sucesso como Sebastião Maia? Cartola seria famoso como Angenor de Oliveira? Lulu Santos seria um popstar como Luiz Maurício? Ninguém imagina Lobão cantando, falando e fazendo o que faz se fosse só João Luiz. Gay e transgressivo, Cazuza não poderia ser um ídolo do rock como Agenor Araújo. Paulinho Boca de Cantor, Gato Félix, Bolacha e Baby Consuelo, batizada como Bernardete, só poderiam ser dos Novos Baianos.

Um dos apelidos recentes mais criativos é o aparentemente inofensivo Estebán, que é como a oposição venezuelana chama Hugo Chávez. É a abreviação de "este bandido".

ROSELY SAYÃO - Separados pelos pais

Toda criança tem o direito de conviver igualmente com seus pais, 
estejam eles juntos ou não.

Nos últimos dias, vários leitores pediram esclarecimentos a respeito da síndrome de alienação parental. O tema foi introduzido pelas notícias que a imprensa publicou a respeito do garoto Sean Goldman.
Só para relembrar o caso: o garoto, filho da união de uma brasileira com um norte-americano, morou nos Estados Unidos com os pais até que a mãe o trouxe para o Brasil e aqui ficou com ele, decidida a se separar do pai do menino. Aqui, ela construiu um novo relacionamento, engravidou e morreu quando sua filha nasceu.

O pai do garoto iniciou um movimento nos Estados Unidos para ter a guarda do filho e conseguiu. Agora com 11 anos, Sean mora com o pai. A irmã por parte de mãe e avós maternos moram no Brasil e estão sem contato com o menino desde sua partida.

Recentemente, o garoto deu uma entrevista a uma emissora de televisão dos Estados Unidos. Sua participação teve repercussões em nosso país e a expressão voltou a ser tema de conversas.

Síndrome de alienação parental é um termo que passou a ser usado a partir dos anos 80 para identificar a situação vivenciada pela criança que, por interferência da mãe ou do pai, sofre prejuízo no relacionamento com um deles. Isso acontece principalmente após o rompimento da união que gerou essa criança. No Brasil, a síndrome de alienação parental foi regulada pela lei número 12.318 de 26 de agosto de 2010.

Precisamos reconhecer: essa situação não é incomum. Aliás, é cada vez mais frequente em um mundo em que os casamentos, os rompimentos e os recasamentos ocorrem em intervalos de tempo cada vez menores.
Por que será que é tão difícil para dois adultos que um dia se relacionaram com intimidade permitir que o filho, fruto desse relacionamento, se relacione com seus dois pais igualmente?

Um dos motivos pode ser a imaturidade. Crescemos o suficiente para escolher ter um filho sem ter de manter a união que gerou a criança, mas ainda não crescemos o suficiente para arcar com todas as consequências dessa nossa escolha.

Ter um filho é para sempre. O filho cresce, assume sua própria vida, mas será para sempre o filho de alguém. E isso significa que, para sempre, carregaremos as consequências dessa nossa escolha. E hoje é difícil, muito difícil, reconhecer o significado dessa expressão "para sempre", não é verdade?
Outro motivo pode ser nosso egoísmo. Ficamos tão envolvidos com nossos sentimentos, mágoas e ressentimentos que somos guiados por eles e isso nos leva a esquecer totalmente da criança. Temos pouca -quando não nenhuma- disponibilidade para renunciar ao que sentimos para priorizar a criança que nada tem a ver com o rompimento da relação de seus pais.

Toda criança tem o direito de conviver com seus pais e as famílias de origem deles, estejam seus pais juntos ou não. Toda criança deve ter a oportunidade de, ela mesma, construir, aos poucos, a imagem de seu pai e de sua mãe como consequência de sua relação direta com ambos.

Toda criança deve ter garantido os direitos de construir sua identidade familiar, de aprender a conviver com famílias diferentes, de não ser levada, sob pressão emocional, a tomar o partido de um de seus pais.
São raros, bem raros, os casos em que o pai ou a mãe não deve ter contato com o filho para a segurança e a proteção dele. Por isso, devemos nos lembrar de que o que protege e dá segurança a uma criança é ela saber que pode contar sempre com seus pais, mesmo que eles estejam separados.

A GENÉTICA DO VÍCIO - Universidade de Cambridge

Depois de investigar o comportamento e o cérebro de irmãos - um dependente químico e o outro não -, cientistas de Cambridge acham indícios de que tendência a abusar das drogas é hereditária.

Há tempos, os cientistas sabem que o cérebro de dependentes químicos tem características diferentes, comparando-o ao de indivíduos saudáveis. Até agora, porém, eles não conseguiam dizer se as alterações são causa ou consequência do problema. Um estudo publicado na edição de Maio/2012 da revista Science começa a matar a charada, melhorando o entendimento que se tem a respeito do vício e abrindo perspectivas para tratamentos mais eficazes.

"Estudos mostram que nem todo mundo que experimenta cocaína, por exemplo, torna-se dependente. Estima-se que menos de 20% daqueles que usaram a droga alguma vez na vida estarão viciados 10 anos depois", explica Karen D. Ersche, pesquisadora do Instituto de Neurociência e Comportamento da Universidade de Cambridge, uma das autoras do artigo. "Mas o índice de dependência aumenta nos casos de pessoas que têm histórico familiar. Em outras palavras, parece que existe um componente genético, mas sabemos muito pouco sobre isso, principalmente se o risco seria hereditário", comenta.

Por isso, na pesquisa, os cientistas resolveram comparar a estrutura cerebral e a habilidade de autocontrole entre irmãos. "Em cada um dos 50 pares de voluntários, havia um indivíduo saudável e outro dependente químico", conta Karen. Além de investigar o cérebro de filhos dos mesmos pais biológicos, os pesquisadores fizeram o paralelo com um grupo de pessoas que não usavam substâncias químicas (exceto tabaco) e não tinham histórico de vícios na família.

Os resultados cognitivos e de imagem revelaram que as alterações já identificadas previamente no cérebro de toxicômanos também são observadas nos irmãos, ainda que esses jamais tenham se aproximado de drogas nem se sintam tentados por bebidas. Para Edward T. Bullmore, pesquisador do Departamento de Psiquiatria da Universidade de Cambridge, esse é um forte indício de que o risco de se tornar dependente químico está associado à hereditariedade. "A identificação de marcadores comportamentais e de padrões cerebrais demonstram que a predisposição de um indivíduo se viciar em drogas estimulantes pode estar ligada a anomalias no cérebro", afirma.

Ele, porém, diz que o resultado deve ser analisado com cautela, já que, embora os diferentes padrões cerebrais tenham sido detectados nos irmãos sem histórico de vício, esses fatores não devem ser tomados como únicos. "O próximo passo da pesquisa será investigar como esses irmãos que têm as anomalias associadas ao risco não desenvolvem o vício. Isso será muito útil para bolar estratégias que previnam as pessoas da dependência", observa.

Impulso Para entender o estudo, Karen Ersche esclarece que a literatura científica relata problemas de autocontrole em indivíduos com riscos de se tornarem dependentes. "Isso pode refletir uma habilidade menor na ativação das redes neurais pré-frontais que regulam o comportamento", diz. As drogas estimulantes reforçam esse padrão, pois afetam diretamente a região cerebral associada à motivação, como o gânglio basal e o sistema límbico, além de modular sistemas de controle localizados no córtex pré-frontal. "Um mal funcionamento nesses circuitos pode aumentar a suscetibilidade do indivíduo, facilitando a dependência de drogas", diz.

No estudo, os pesquisadores fizeram um teste no qual avaliaram o controle inibitório de comportamento dos participantes: eles mediam o tempo que cada um levava para deixar de executar determinada tarefa diante de um sinal preestabelecido. Por exemplo, na frente de um computador, eles deviam apertar o botão à esquerda se no monitor aparecesse uma seta virada à esquerda, ou o botão à direita, se a seta estivesse à direita. A um sinal sonoro, porém, tinham de parar com a brincadeira, mesmo que as imagens das setas continuassem a passar na tela.

"Esse é um teste bastante corriqueiro quando queremos avaliar como as pessoas lidam com seus impulsos", diz Karen. Enquanto os indivíduos do grupo de controle (sem histórico de vício na família) conseguiam parar de apertar os botões quando ouviam sinais, os dependentes químicos e seus irmãos tinham dificuldades para deixar de executar a tarefa. "Não houve diferenças no desempenho entre irmãos, entretanto. Mesmo em relação aos que nunca foram toxicômanos", conta a neurologista.

Os pesquisadores, então, passaram à fase de exames por imagem. "O cérebro é o melhor lugar para investigar o vício, já que sabemos que o órgão de pessoas que usam drogas pesadas tem uma estrutura diferente", justifica Edward T. Bullmore. O que a ressonância funcional magnética revelou é que não apenas um, mas vários circuitos cerebrais, são diferentes, comparando-se toxicômanos e seus irmãos com as duplas de voluntários não dependentes (veja infografia). "Em especial, a região do lobo frontal inferior é menos ativada nos primeiros. Isso está relacionado diretamente à baixa capacidade de autocontrole, o que tem importantes implicações clínicas", observa Karen D. Ersche.

Sutis Por causa das alterações cerebrais, além de mais vulneráveis à impulsividade, os voluntários têm risco maior de se comportar de maneira inflexível. Eles também secretam menos dopamina, substância relacionada ao bem-estar, e têm mais dificuldades de se adaptar a novas situações. Ao mesmo tempo em que as imagens revelaram que dependentes químicos e seus irmãos compartilham esses problemas, porém, elas também mostram que as alterações no cérebro do irmão não toxicômano são mais sutis.

Além de se concentrar nas pequenas diferenças anatômicas e fisiológicas nas duplas de irmãos, a cientista acredita que os pesquisadores precisam avaliar o que chama de "fatores protetivos": o que influenciou uma pessoa com histórico familiar de dependência química a não se viciar em drogas, mesmo que seu cérebro seja diferente. "Entre esses fatores, podemos citar uma atitude positiva em relação à vida e determinação para enfrentar e lidar com frustrações. Pode estar aí a resposta de por que, mesmo com forte componente genético e hereditário, algumas pessoas apelam para drogas e outras se mantêm sóbrias", afirma a neurocientista.
Paloma Oliveto

O ESTOJO DE UM SEGREDO - Marina Colassanti

Ela chega à cidade estranha. Hotel, ficha, a chave que continua chamando chave mas é cartão, o quarto, diferente e ainda assim igual a tantos outros quartos de tantos outros hotéis. Não liga a televisão, é amiga do silêncio. Senta-se na cama, confere o relógio. Dispõe ainda de algum tempo. Deita-se. Sente nojo daquela colcha coletiva. Levanta-se, vai à janela.

Prédios altos, prédios baixos, sobrados. Abaixo, nas ruas, fervilha um comércio sem luxo. O peitoril da janela ainda está morno de sol, o olhar dela busca entre janelas e telhados uma razão para olhar, desliza lento, e para em um terraço.

Nem bem terraço. Topo de um prédio de seis andares, maltratado, de muitos pequenos apartamentos. Ela pensa “terraço” porque tem muretas altas e piso em lajes de cimento. Vê um tanque de lavar roupa a um canto, debaixo de um telhadinho, e uma porta, certamente acesso à escada. Tudo cinza.

Súbito, oculto que estava ao olhar pela mureta, emerge daquele cinza um longo pescoço branco, emplumado e ondulante. Um cisne! exclama o pensamento dela. Mas a cabeça que encima aquele pescoço se volta e ela vê, não é cisne, é ganso. Um ganso sozinho no alto de um terraço, no topo de um prédio no meio da cidade.

Como uma mancha de leite, a presença do ganso clareia o terraço. Aquilo que era sujo, escuro e abandonado, que não era senão um inútil espaço urbano, tornou-se o estojo de um segredo. Nenhuma das pessoas lá embaixo sabe que no topo de um prédio um quase cisne move o pescoço com elegância e, em curva, traz a cabeça para afofar as penas com o bico. Ninguém desconfia que no alto, para onde não se volta o olhar, uma bela ave branca abre as asas como um leque.

Ela está distante, o ganso não a ouviria se chamasse, e não sabe como se chamam gansos quando não se tem comida a oferecer, só afeto. Tão belo e só, largado ali ou ali posto como um prisioneiro. Na certa, alguém vem todo dia trazer-lhe ração, encher cuia com água, alguém que ele conhece, morador de um dos tantos apartamentos, dono do ganso e de uma das janelas, alguém que depois nem pensa mais na branca ave solitária.

E eis que uma ponta branca surge num canto, saindo de trás da mureta. Uma ponta, e logo outra a seu lado, mais baixa. Movem-se aquelas manchas claras que ainda não dizem o que são. Param, tornam a se mover, e avançando juntas para o centro do terraço. Revelam-se, orelhas primeiro, corpo depois. É um coelho. O ganso não está só.

Pula o coelho sobre o cimento escuro. O que parecia melancólico tornou-se alegre, dois companheiros desemparelhados transformam o topo do prédio em uma fazendola.

Agora ela sorri, contente por ter sido ludibriada, como se tivesse feito parte de um jogo. Pensa que à noite, debaixo do telhadinho, ganso e coelho se embolam para dormir, partilhando o calor de pelo e pena como se fossem de uma mesma ninhada. Diferentes, ainda assim se querem. De que modo se falam?, pergunta-se ela. No cimento cinzento, o coelho avança com seus discretos saltos em direção ao ganso. O outro certamente ouve o ruído das pequenas unhas sobre o piso. E o cheiro do coelho lhe chega.

Ela ficaria ali, olhando, mas seu tempo acabou. Sai do quarto. Duas personagens brancas a acompanham na lembrança enquanto caminha pelo corredor escuro rumo ao elevador.

FRANCISCO DAUDT - Hipocrisia

O que dirá um marido diante da pergunta da mulher:
"Você acha que eu estou gorda?"

NAS FILMAGENS de "Marathon man", Sir Laurence Olivier observou que seu colega Dustin Hoffman se preparava para uma tomada. Todo suado, o semblante contraído, a cabeça baixa, Hoffman parecia presa de grande sofrimento. Sir Laurence perguntou, intrigado:
"- O que você está fazendo?"
"- Estou entrando no personagem (Dustin era adepto do "Método" do Actor's Studio)".
"- Why don't you try just acting?" (Por que você não tenta representar, apenas?), disse Olivier.

Lembrei-me disto ao dar boas risadas quando vi o significado original de hipocrisia: "resposta de um oráculo; desempenho teatral; encenação (em + cena + ação)".

Lembrei-me também do clichê de Fernando Pessoa ("O poeta é um fingidor/ finge tão completamente/ que chega a fingir que é dor/ a dor que deveras sente").

Por que sei que a hipocrisia é nosso lubrificante social de todos os dias? O que dirá um marido diante da pergunta "Você acha que eu estou gorda?" Ou uma mulher, solicitada a comentar sobre o bebê pavoroso da vizinha?

Soubemos da morte de Getúlio quando nos vieram dizer que as aulas estavam canceladas. Exultei pelo feriado extemporâneo. Mas tive minha primeira lição de hipocrisia, quando minha prima veio me exortar para uma prece pela alma do suicida. "Mas, por que, se a gente não gostava dele? (a família era lacerdista)". "Ah, mas quando a pessoa morre, devemos sentir pena dela", disse a prima. Foi a primeira, mas não a última.

Curiosa coisa é a mentira, que não se confunde com o verbo mentir. Pois pode-se dizer uma mentira sem mentir, se você acredita nela (era o que Dustin tentava fazer). E pode-se mentir dizendo a verdade.
Tancredo encontra Alckmin na estação de Juiz de Fora.
"- Para onde vais, Zé?"
"- Para Barbacena, Tancredo."
Nosso quase presidente pensa: "Mentiroso sem-vergonha, ele diz isso para que eu ache que ele vai para Belo Horizonte, mas o danado vai para Barbacena mesmo".
Coisas de mineiro, dizia meu pai.

Mas então, por que do barulho por um hipócrita desmascarado? Porque há a hipocrisia danosa, nada a ver com a do nosso dia a dia. Como a propaganda enganosa, dissemina o descrédito e o cinismo, "não se pode acreditar em ninguém". O comércio pela internet, por exemplo, depende de maneira crucial que se acredite nele.

O "conto do vigário" pode ter saído de moda no varejo, mas prospera no atacado. Foi até promovido! Hoje se chama "o conto do bispo". Era assim porque o vigário, ou o bispo, supunha-se confiável. O dano maior vem de concordar com o dito e se horrorizar com os feitos de quem disse. Ficamos com cara de patetas. Por isso Floriano Peixoto aconselhava: "Confiar, mas desconfiando".

A inteligência se desenvolveu na espécie através da desconfiança. Nossos ancestrais pensavam, "Ele está fazendo as mesmas coisas que eu faço quando minto, logo...", e este raciocínio lhes salvava a vida, muitas vezes. Alguém bate no peito a dizer "Sou honesto!" e o falso moralismo mostra o rabo.
Millôr disse de um prefeito probo que levou o Rio à falência: "Saturnino, o homem que desmoralizou a honradez".

ZUENIR VENTURA - O clube dos gênios mortos

Heleno de Freitas, Raul Seixas e Chico Anysio. O primeiro no futebol, o segundo na música e o terceiro no humor. Os dois primeiros foram tidos como loucos, o terceiro, como normal, o que dificulta a caracterização dos tipos a que chamamos de gênios. Podem ser esquisitos ou malucos, mas podem ser também gente como a gente, aparentemente. Em menos de 15 dias estive em contato com os três: dois na tela grande — "Heleno", de José Henrique Fonseca; "O início, o fim e o meio", de Walter Carvalho — e Chico em todas as TVs, jornais e revistas do país.

Não vi Heleno jogar, só ouvi (sou da época em que se ouvia, mais do que se via futebol), mas ele foi meu ídolo, mesmo sendo botafoguense incurável, tanto quanto a doença que o matou. Raul também só conheci de ouvido. Embora eu tivesse lido muito sobre eles, os filmes me foram indispensáveis para a compreensão desses trágicos personagens. Não concordo com os que acham que Heleno foi o precursor de bad-boys ou rebeldes sem causa como Edmundo. Há pelo menos uma diferença: mesmo bebendo e cheirando éter, Heleno, o angustiado perfeccionista, só fez mal a si mesmo. Sem sífilis e com barba e cabelos grandes, ele estaria mais para contestadores como Sócrates e como Afonsinho, outro botafoguense maltratado pelo clube de Dapieve e Sérgio Augusto.

Em relação a Raul, o documentário de Walter, que é também o extraordinário fotógrafo de "Heleno", desfaz o mito que atribui sua genialidade às drogas (impressionante a revelação de Paulo Coelho de que ele, o mago, foi quem iniciou o parceiro no vício). O compositor foi genial apesar delas, que, junto com o alcoolismo e a pancreatite, só serviram para abreviar sua vida. Heleno e Raul pertenceriam à categoria dos "iracundos", dos seres radicalmente inconformados, na qual o antropólogo Darcy Ribeiro se incluía e incluía Glauber Rocha.

De Chico Anysio também não fui próximo, a não ser por meio de seu irmão Zelito, meu amigo. Graças a isso, tive o privilégio de passar alguns fins de semana no sítio da família e, em uma dessas vezes, pude observar que o inacreditável criador de mais de 200 tipos (Fernando Pessoa criou 68 e quatro heterônimos) não correspondia à expectativa de que profissional do riso tem que fazer graça o tempo todo. Não ri uma vez sequer com ele, só com o irmão cineasta, que, esse sim, parecia o humorista da família.

O que se pode concluir desses exemplos é que não há receita para a matéria-prima com que são feitos os gênios. Trata-se de um enigma. O que há de comum é o fato de que cada um é uma matriz, um padrão original, uma fôrma que não consegue ser replicada. Em outras palavras, eles são aqueles raros exemplares que vieram ao mundo para serem fundadores de novos modos de proceder em qualquer ramo de atividade.

WILLIAM SHAKESPEARE - Frases e pensamentos 1

“A mágoa profunda tem menos poder para atingir o homem que dela faz troça,
 e não a carrega como um fardo”.

“A suspeita sempre persegue a consciência culpada; 
o ladrão vê em cada sombra um policial".

“Aceita o conselho dos outros, 
mas nunca desistas da tua própria opinião".

“O amor conforta como o sol depois da chuva".

“A arte é o espelho e a crônica da sua época".

“A coragem cresce com a ocasião".

“Aprendi que são os pequenos acontecimentos diários
 que tornam a vida espetacular".

“Assim que nascemos, choramos 
por nos vermos neste imenso palco de loucos".

“Mesmo sendo casto como gelo e puro como a neve, 
ninguém está livre da calúnia".

“Muito embora seja honesto, não é aconselhável trazer más notícias".

“O amor não prospera em corações que se amedrontam com as sombras".

“O amor é cego, por isso os namorados nunca vêem as tolices que praticam".

“O louco, o amoroso e o poeta estão recheados de imaginação".

“Se fazer fosse tão fácil quanto saber o que seria bom fazer, as capelas seriam
 igrejas, e as choupanas dos pobres, palácios de príncipes".

“Seja como for que penses, creio que é melhor dizê-lo com boas palavras".

“Temo a tua natureza; ela está demasiado cheia do leite da ternura humana
 para que seja capaz de seguir o caminho mais curto".

“Vê como é rápida a língua da suspeita".

“Nada encoraja tanto ao pecador como o perdão".

O diabo pode citar as Escrituras quando isso lhe convém".

“Poucos gostam de ouvir falar das faltas / Que com prazer praticam".

“A verdade nunca perde em ser confirmada".

MARTHA MEDEIROS - Strip-Tease

Chegou no apartamento dele por volta das seis da tarde e sentia um nervosismo fora do comum. Antes de entrar, pensou mais uma vez no que estava por fazer. Seria sua primeira vez. Já havia roído as unhas de ambas as mãos. Não podia mais voltar atrás. Tocou a campainha e ele, ansioso do outro lado da porta, não levou mais do que dois segundos para atender.

Ele perguntou se ela queria beber alguma coisa, ela não quis. Ele perguntou se ela queria sentar, ela recusou. Ele perguntou o que poderia fazer por ela. A resposta: sem preliminares. Quero que você me escute, simplesmente.
Então ela começou a se despir como nunca havia feito antes.

Primeiro tirou a máscara: "Eu tenho feito de conta que você não me interessa muito, mas não é verdade. Você é a pessoa mais especial que já conheci. Não por ser bonito ou por pensar como eu sobre tantas coisas, mas por algo maior e mais profundo do que aparência e afinidade. Ser correspondida é o que menos me importa no momento: preciso dizer o que sinto".

Então ela desfez-se da arrogância: "Nem sei com que pernas cheguei até sua casa, achei que não teria coragem. Mas agora que estou aqui, preciso que você saiba que cada música que toca é com você que ouço, cada palavra que leio é com você que reparto, cada deslumbramento que tenho é com você que sinto. Você está entranhado no que sou, virou parte da minha história."

Era o pudor sendo desabotoado: "Eu beijo espelhos, abraço almofadas, faço carinho em mim mesma tendo você no pensamento, e mesmo quando as coisas que faço são menos importantes, como ler uma revista ou lavar uma meia, é em sua companhia que estou".

Retirava o medo: "Eu não sou melhor ou pior do que ninguém, sou apenas alguém que está aprendendo a lidar com o amor, sinto que ele existe, sinto que é forte e sinto que é aquilo que todos procuram. Encontrei".

Por fim, a última peça caía, deixando-a nua.
"Eu gostaria de viver com você, mas não foi por isso que vim. A intenção é unicamente deixá-lo saber que é amado e deixá-lo pensar a respeito, que amor não é coisa que se retribua de imediato, apenas para ser gentil. Se um dia eu for amada do mesmo modo por você, me avise que eu volto, e a gente recomeça de onde parou, paramos aqui".

E saiu do apartamento sentindo-se mais mulher do que nunca.

PORQUE SOMOS OS ANIMAIS MAIS INTELIGENTES DO PLANETA?

Muitos dizem que é nossa inteligência que nos distingue das outras espécies do planeta. Mas por que somos, sozinhos na natureza, tão inteligentes?
Ou talvez não sejamos os mais inteligentes. Talvez o nosso conceito antropocêntrico nos impeça de apreciar plenamente a inteligência de outros animais.
Como Douglas Adams colocou: “O homem sempre assumiu que era mais inteligente do que os golfinhos, porque conquistou tanta coisa – a roda, Nova York, as guerras e assim por diante – enquanto tudo o que os golfinhos fazem é rolar na água se divertindo. Mas, inversamente, os golfinhos sempre acreditaram que eram muito mais inteligentes do que o homem – precisamente pelas mesmas razões”.
Cientificamente, existe um conjunto de habilidades único dos seres humanos – linguagem, uso de ferramentas, cultura e empatia – que nos tornam inteligentes. Outros animais podem ter formas rudimentares dessas habilidades, mas eles não se aproximam da nossa sofisticação e flexibilidade. Por que não?
Alguns chegam mais perto de nós que outros. Psicólogos alemães afirmam ter identificado uma chimpanzé cujas habilidades mentais superam em muito seus semelhantes, se aproximando bastante dos humanos.
Curiosamente, eles sugerem que minha xará Natasha, o prodígio dos símios, exibe fortes habilidades sociais e de raciocínio, tais como aprender com os outros. Estas são as mesmas habilidades pelas quais o desenvolvimento explosivo da inteligência humana é atribuído.
Alguns chimpanzés, então, têm o potencial de evoluir para uma inteligência da nossa escala. No entanto, por que nenhum chimpanzé evoluiu para ser tão inteligente quanto Natasha?
Alguns já fizeram isso, mas há muito tempo: os nossos próprios antepassados. Em algum lugar da nossa história evolutiva, havia presumivelmente “protótipos” de humanos igualmente prodigiosos, produzidos por algum acidente de genética ou pelo ambiente, cuja maior inteligência lhes deu vantagem sobre seus semelhantes menos talentosos.
Os chimpanzés prodígios de hoje parecem não lucrar com sua inteligência da mesma forma que nós lucramos. Provavelmente porque sua sociedade e meio ambiente não os recompensam como aconteceu conosco.
Assim, nossos antepassados podem ter sido fortuitamente incentivados pela natureza a embarcar no ciclo do desenvolvimento biológico e cultural que levou aos seres humanos modernos e a um nível de adaptabilidade que nos permite ajustar rapidamente às mudanças em nosso ambiente, e até mesmo modificá-lo para se adequar a nós mesmos: somos a espécie dominante da Terra.
No entanto, devemos tomar cuidado com a arrogância. Em um passado não muito distante, nós compartilhamos o planeta com ramos distintos da família humana: os Neandertais e os Denisovans, talvez os Flores e os recentemente descobertos povos da caverna Red Deer, e possivelmente muitos outros.
Esses hominídeos provavelmente compartilhavam muitas das nossas capacidades mentais, e mesmo assim se viram incapazes de superar seus desafios ambientais e foram extintos.
Então, fica a pergunta final: a nossa inteligência realmente nos faz os governantes do mundo? É muito cedo para dizer. Talvez os golfinhos ainda rirão muito mais de nós no futuro.
Por Natasha Romanzoti - NewScientist

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