BEM NO FUNDO - Paulo Leminski


No fundo, no fundo,
bem lá no fundo,
a gente gostaria
de ver nossos problemas
resolvidos por decreto

a partir desta data,
aquela mágoa sem remédio
é considerada nula
e sobre ela — silêncio perpétuo

extinto por lei todo o remorso,
maldito seja quem olhar pra trás,
lá pra trás não há nada,
e nada mais

mas problemas não se resolvem,
problemas têm família grande,
e aos domingos
saem todos a passear
o problema, sua senhora
e outros pequenos probleminhas.

SÓ NO DICIONÁRIO - Danuza Leão

 
Tem sentido, hoje, dizer de alguém que tem excelente caráter? Que é sincera? Que nela dá para confiar?

Quais as qualidades mais valorizadas nos dias de hoje?

Bem, como tudo mudou, vou falar de algumas, as que dão mais ibope, e não pela ordem.

É preciso ser ligado, antenado e sobretudo bem informado; é aquele que presta atenção a tudo, a quem nada escapa.

Com esses predicados, é possível abrir as portas para uma carreira brilhante e um futuro promissor, e se tiver também alguma inteligência, o sucesso é garantido. Afinal, é por meio das boas informações que são feitos os grandes negócios e as tramas políticas acontecem.

Mas é preciso também ser esperto para usar essas informações na hora certa, com a pessoa certa.

Esperteza, essa sim, uma enorme qualidade. Quem tiver esse dom pode se tornar milionário e poderoso, o objetivo supremo de toda a humanidade -de quase toda, digamos.

Cultura já esteve mais em alta, mas tem sua vez em algumas rodas, e conhecer profundamente um assunto -mesmo só um- costuma deixar as pessoas de queixo caído.

Mas não se esqueça: seja ele qual for, vá fundo e mostre-se um expert. Que seja algo de original: a civilização egípcia, por exemplo. Como poucas pessoas viram uma múmia de perto, esse é um belíssimo tema para ser jogado num jantar de seis pessoas -elas vão babar de admiração, e você vai brilhar sozinho.

Os mistérios do fundo do mar e a vida sexual dos cangurus também podem agradar, mas fuja da astrologia e da psicanálise, que já deram tudo o que tinham para dar. Astronomia, quem sabe? Vinhos, melhor beber do que falar deles, e de viagens, nem pensar.

Outra qualidade muito valorizada é a dos que leem os jornais -bem. Todos os do Rio e de São Paulo, claro, e talvez de mais uns quatro Estados. Mas tem que ser falado a sério, para poderem dizer, como quem não quer nada, que concordam -ou discordam, isso não tem a menor importância- com a divisão dos royalties do pré-sal.

Saber esgrimar com as palavras também faz grande sucesso, mas é perigoso: sempre pode haver alguém mais talentoso e ferrar você de vez.

Mas quando quiser falar mal de alguém, seja irônico -é mais cruel, não compromete, não dá processo- e nunca diga nada que possa ser repetido: fale bem, mas usando tons de voz e sorrisinhos que vão arrasar, de vez, aqueles de quem você não gosta.

Mas um dia você se lembra de que há muito, muito tempo, existiam qualidades bem diferentes dessas, e que hoje não fazem o menor sucesso. Tem sentido, hoje em dia, dizer de uma pessoa que ela tem um excelente caráter? Que é sincera? Que nela você pode confiar? Se você gosta de verdade dela, é melhor ficar calado, pois pega até mal dizer essas coisas de um amigo.

E existem ainda outras de que não se ouve falar há tanto tempo, mas tanto, que já virou até coisa de época. Passa pela cabeça dizer que uma pessoa é sensível, terna, delicada, bem educada, que tem um grande coração? Pega até mal; e passa pela sua cabeça que uma pessoa é bondosa?

Procure lembrar há quantos anos você não ouve falar de um gesto de bondade, não recebe um olhar de bondade, não ouve nem pronuncia a palavra bondade -se é que isso ainda existe.

Se não souber do que se trata, procure no dicionário, e talvez encontre; talvez.

DO ACASO À NECESSIDADE - Ferreira Gullar

Vivo descobrindo coisas sem importância, mas que me instigam e me fazem refletir. Claro que não estou me referindo ao aroma de jasmim, que me atordoou, certa noite, quando saía do prédio onde mora Cláudia. Aquilo pertence à categoria dos espantos, donde, no meu caso, nascem os poemas. Mas é raro de acontecer.

Fora esses espantos, há descobertas menores, menos espantosas, que não geram poemas, mas de qualquer modo provocam certo barato. Nascem como pequenos sinais. No início sem importância, mas que deixam um rastro, um vinco, que mal percebo; depois, outra sensação diferente, um curto-circuito mínimo, um choque e já então me dou conta de que alguma coisa está se revelando.

E assim foi que, de repente, percebi que o poema, na verdade, quer nascer sem ter começo. Como assim? Se quer nascer sem ter começo, quer então ser uma espécie de revelação, algo mágico ou místico? Não, místico não, que eu de místico não tenho nada. Revelação pode ser, porque não implica milagre.

Ocorre que essa percepção, de fazer um poema sem começo, surgiu, na verdade e confusamente, de outra descoberta: da quantidade de acaso que entra na realização de toda e qualquer obra de arte.

Essa descoberta já aparece como tema de alguns poemas de meu último livro ("Em Alguma Parte Alguma"), como na série que começa com o poema "Desordem" e prossegue com "Adendo ao Poema Desordem" e "Novo Adendo ao Poema Desordem".

Nesses poemas, está implícito, além do fator acaso, o fato de que a linguagem verbal não expressa plenamente a realidade, uma vez que, por ser um sistema, sua ordem não é a mesma que a ordem do mundo real, fora dela. Daí o poema "Fica o Não Dito por Dito", que abre o livro. Ou seja, como a linguagem só diz o que ela diz, não diz tudo, portanto. Por isso, porque não diz tudo, faço de conta que diz: fica o não dito por dito.

Além de o poema não dizer tudo o que o poeta deseja dizer, não sabe, ao começá-lo, o que vai dizer, porque, para sabê-lo, seria necessário que o poema já estivesse escrito. Assim, tudo o que há, então, é o desejo de dizer algo que o poeta não sabe o que será: está diante de uma página em branco e, portanto, aberto a todas as probabilidades.

Mas, ao escrever a primeira palavra, a probabilidade, que era quase infinita, diminui, porque essa primeira palavra já condicionará a seguinte, tornando-a, por assim dizer, necessária. E assim, palavra a palavra, o poema vai nascendo, num jogo de acaso e necessidade. Num jogo em que, à medida que o poema se constrói, haverá menos acaso, porque cada nova palavra ou verso, que a ele se acrescenta, é determinado pelo que já está escrito e ganhou sentido: o poeta já sabe, agora, o que quer dizer e, por isso, só entra nele o que for necessário.

Escrever, portanto, é vencer o acaso, tornar o fortuito necessário. Isso significa que o que não existia, que era apenas a aspiração de inventar do poeta, torna-se necessário ao poema e à nossa vida.

Qualquer poema que existe poderia não ter sido escrito, mas, uma vez escrito, pode tornar-se necessário por enriquecer-nos. Daí ter eu afirmado, certa vez, que a arte existe porque a vida não basta. E não basta porque tem de ser inventada.

E só então entendi porque, ao inventar de escrever o "Poema Sujo", queria, antes, vomitar toda a vida vivida, criando assim um magma de onde extrairia o poema. Era um modo de começá-lo sem começá-lo: ele já estaria todo ali, no que foi vomitado. Sucedeu que o vômito não saiu e, assim, tive de lançar mão de outro recurso, escrevendo estes versos que não se referem a nada precisamente: "Turvo, turvo / a turva mão do sopro contra o muro / Escuro / menos menos / menos que escuro...". O poema só começa - suponho eu - bem adiante, quando escrevo: "Um bicho que o universo fabrica e vem sonhando desde as entranhas...".



Assim como só então entendi que não queria "começar" o poema, só agora também percebi que ele acabou antes que eu decidisse. De repente, após meses ligadão nele, cessou o impulso e eu não sabia como seguir em frente. O final do poema foi inventado por mim, conscientemente, fora do barato em que o compunha, porque teria de dar-lhe um fecho. De modo que é assim: o poema, de fato, não tem começo nem fim.

QUE FIM LEVOU BO DEREK? - Martha Medeiros



Eu estava em plena adolescência quando assisti no cinema ao filme Mulher Nota 10 com uma estreante chamada Bo Derek. A comédia contava a história de um cantor que um dia viu uma loira espetacular vestida de noiva e ficou obcecado por ela. O que aquela mulher tinha de nota 10? Que eu lembre, apenas um tremendo corpaço. Mas foi o que bastou para eu e mais umas tantas meninas da minha idade desejarem ser 10 também.

Mal sabíamos que estava em curso uma revolução que iria nos exigir muito mais do que um corpaço: iria nos exigir independência financeira, atitude, cultura, talento, sucesso profissional, inteligência acima da média, um bom casamento, filhos notáveis, um farto círculo de amigos, um apartamento bem decorado, uma ótima mão para a cozinha, conhecimento sobre política, economia, artes plásticas, jardinagem e comércio exterior, muita feminilidade, um guarda-roupa de matar de inveja a editora da Vogue, um rosto lisinho, um cabelo lisinho, dotes sexuais de humilhar o Kama Sutra e, para aguentar o tranco, o tal corpaço de parar o trânsito, claro.

Nem titubeamos. Parecia fácil. Daríamos conta. E demos, se abstrairmos o padrão cinematográfico das exigências.

Até que descobrimos que tínhamos tudo, menos a coisa mais importante do mundo: tempo. Deixamos de ser donas dos nossos dias, viramos escravas da perfeição, passamos a buscar a nota 10 em todos os quesitos, feito uma escola de samba, e ganhamos o quê? Um stress gigantesco e uma tremenda frustração por não conseguir manter tudo no topo: o casamento, a profissão, os seios. Nunca mais uma escapada de três dias num sítio, nunca mais pegar uma matinê num dia da semana, nunca mais passar a tarde conversando na casa de uma amiga, nunca mais deitar no sofá para ouvir nossa música preferida. Tic-tac, tic-tac. Proibido relaxar.

Trégua, por favor. Não estamos numa competição. Ninguém está contabilizando nossos recordes. A intenção não é virar uma campeã, e sim desfrutar a delícia de ser uma mulher divertida e desestressada. Por que isso precisa conflitar com a independência? Proponho uma pequena subversão: agrade si mesmo e a mais ninguém. E não brigue com o espelho, pois ter saúde é o único item de beleza indispensável, e isso só se enxerga por dentro. Trabalhe no que lhe dá gosto, aprenda a dizer não, invente sua própria maneira de ser quem é, e se for gorda, fumante, esquisita e sozinha, qual o problema? Aliás, sendo você mesma, dificilmente ficará sozinha.

Lembra das garotas nota 10 da sua sala de aula? Cá entre nós, umas chatas. Não aproveitavam a hora do recreio, não deixavam a blusa para fora da saia, não matavam as aulas de religião, só pensavam em ser exemplares. Pois tiveram o mesmo fim da Bo Derek: nunca mais se ouviu falar delas.

COÇA-COÇA - Luís Fernando Verissimo



Ele: - Me coça atrás?

Ela: - Aqui?

- Um pouco mais pra direita.

- Aqui?

- Para a direita. Para a direita!

- Calma. Aqui?

- Aí, aí. Um pouco mais pra cima.

- Assim?

- Aí!

- Pronto.

- Agora um centímetro pra baixo.

- Você acha que eu não tenho mais o que fazer?

- Benzinho, só mais um pouquinho.

- Tá bom... Assim?

- Pra cima!

- Não precisa gritar.

- Eu não estou gritando. É que você...Aí. Bem aí. Agora coça.

- Assim?

- Aaahn... Sim, sim...Maravilha...

- Chegou?

- Não. Mais um pouquinho.

- Chegou.

- Não para. Você não sabe que este é o momento de maior intimidade de um casal? Mais do que o sexo, mais do que tudo? A fêmea coçando as costas do macho. Não é bonito isso?

- E o macho coçando as costas da fêmea?

- Também é bonito. Menos comum, mas bonito. Não para! E tem sido assim desde sempre. Desde a pré-história. Nós ainda éramos macacos e um coçava as costas do outro. As fêmeas catavam piolhos no pelo dos machos - e comiam os piolhos! Não é lindo? Comiam os piolhos. Isso é que é amor. E você ainda se queixa porque eu só peço para você me coçar as costas. Não estou pedindo que cate piolhos. Coçar as costas do parceiro ou da parceira foi o primeiro gesto de solidariedade e empatia do mundo. A civilização partiu daí. Mais pra cima um pouquinho. Aí, aí! Deus não criou Eva para que Adão tivesse companhia no jantar e os dois eventualmente procriassem. Deis criou Eva para coçar as costas de Adão.

- Chega.

- Só mais um pouquinho. A estabilidade de um casamento pode depender da disposição da mulher para coçar as costas do marido. Para catar os seus piolhos, metaforicamente falando.

- Vem com essa...

- Você não acredita? Sei de homens que recorrem a amantes para coçar suas costas. Tem sexo com a mulher mas procuram uma intimidade maior com amantes que cocem as suas costas. Na prospecção de possíveis amantes, o que mais conta para o homem não é a beleza do rosto ou das formas, é o comprimento das unhas. Sabia? Não para! A recusa da mulher a coçar as costas do marido é motivo para divórcio em qualquer tribo ou sociedade avançada do pla... Mais para a direita!

- Sabe de uma coisa? Vá arranjar outra para coçar as suas costas. Pode arranjar. Só não traga para dentro de casa.

- Benzinho...

- Pra mim, chegou!

QUEM BUSCA UM AMOR PERFEITO NÃO TEM MATURIDADE - Patricia Gebrim

Quer um amor perfeito? Só se for a flor!

Cada vez mais aumenta o número de pessoas insatisfeitas no amor. São homens e mulheres, em sua maioria gente bacana, tentando encontrar alguém com quem possam compartilhar o que tem de melhor. Mas, como uma ironia do destino, mesmo quando duas pessoas bacanas se encontram, acabam não tendo tempo de perceber isso. Estragam as coisas antes mesmo que as coisas tenham tempo de existir

Se antes as pessoas suportavam coisas demais em nome do amor, até mais do que deveriam, mais do que seria saudável; hoje nada suportam. Basta uma palavra aparentemente inadequada ou mal colocada, um gesto mal cuidado, um erro, uma roupa desencontrada, um sapato mais brilhante do que supostamente deveria ser, e o outro já é descartado. Não se aceita nada menos do que a perfeição.

Para desistirmos de alguém basta perceber que esse alguém é de carne e osso e que, além de alegria, sente também tristeza ; basta descobrir que o outro, como qualquer ser humano, tem problemas, dificuldades, se afastando do ideal de perfeição tão cuidadosamente traçado. Hoje em dia descartamos as pessoas como se faz com brinquedos estragados em uma linha de produção.

Queremos que tudo seja rápido e absolutamente perfeito. Não há mais espaço para a conquista sadia, para o caminho de conhecimento mútuo que acontece aos poucos, para a parceria, para a construção conjunta. Queremos o produto acabado e sem defeitos. Não há espaço para que o amor possa acontecer. As avaliações são superficiais, afinal não temos tempo a perder.

- Ou serve ou não serve!

E se achamos, após algumas horas e um tanto de impressões superficiais, que aquela pessoa não serve, a jogamos fora, como fazemos com os arquivos da lixeira de nosso computador. Apertamos a tecla” Del” e seguimos em frente sem nem mesmo olhar para trás, muitas vezes deixando um rastro desastroso por nosso caminho.
Não é de se estranhar ver tanta gente sozinha.

Cada vez mais aumenta o número de pessoas insatisfeitas no amor. São homens e mulheres, em sua maioria gente bacana, tentando encontrar alguém com quem possam compartilhar o que tem de melhor. Mas, como uma ironia do destino, mesmo quando duas pessoas bacanas se encontram, acabam não tendo tempo de perceber isso. Estragam as coisas antes mesmo que as coisas tenham tempo de existir. A pressa, a ansiedade, a falta de paciência, são como uma foice, cortando o brotinho que ingenuamente se dispunha a crescer.

Por que fazemos isso?

Creio que nunca estivemos tão assustados como agora. Temos medo. Não apenas do outro, mas temos medo de nós mesmos, medo de não sermos capazes de atingir a perfeição autoexigida. Temos medo de que, ao entrarmos em um relacionamento, enxerguemos no outro (que é como um espelho gigante) , as nossas próprias imperfeições. E para não quebrarmos essa ilusão de que somos perfeitos, nos mantemos longe dos espelhos, longe dos relacionamentos.

É preferível acreditar que o problema está no outro. É o outro que está gordo demais, ou é inteligente de menos, ou usa roupas feias, ou cheira a mel estragado, ou sei lá o que mais formos capazes de inventar. Tudo para nos afastar da possibilidade de olhar para nossas próprias falhas e feridas.

Se o amor não é perfeito, muito menos somos nós.

Só quando aceitarmos a nós mesmos exatamente como somos, essa linda somatória de qualidades e defeitos, seremos capazes de abrir nosso coração para uma pessoa de verdade, de carne e osso, dessas que nem sempre combinam com as páginas de revistas ou personagens românticos de filmes e novelas.

Enquanto isso, continuamos trancados, fechados para o amor, atropelando as pessoas bacanas que tanto queremos encontrar, sem nem mesmo perceber a nossa responsabilidade no rastro de destroços que deixamos para trás. 

MÃES EXCESSIVAMENTE CARINHOSAS PREJUDICAM OS FILHOS - Heloísa Noronha

Mães excessivamente carinhosas e atenciosas podem provocar abalos na autoestima das crianças, assim como as que são o oposto disso
Não é à toa que, nos processos de terapia, a culpa de muitos problemas do paciente recai sobre a mãe. "Eu costumo brincar que toda mãe é uma espécie de balcão de reclamações", diz a psicóloga Maria Lúcia de Souza Campos Paiva, do Instituto de Psicologia da USP (Universidade de São Paulo).

"Porém, é impossível desprezar o fato de que a mãe é a principal responsável pela concepção psíquica do filho. Ela é o primeiro objeto de amor da criança, o primeiro vínculo estabelecido. A mãe é quem abre espaço para a relação entre o pai e a criança existir. É a mãe quem nos apresenta o mundo", afirma Maria Lúcia.

Ao longo da vida, estabelecemos outras relações importantes –com os demais membros da família, cuidadores, professores, amigos. Esses laços e o ambiente que nos cerca também são referências fundamentais na vida, mas o vínculo com a mãe é o que desempenha o papel principal no nosso desenvolvimento, principalmente nos primeiros anos da infância e, posteriormente, na adolescência. E a dose de afeto que recebemos sugere o caminho que vamos trilhar.

Afeto na medida certa
A maneira de demonstrar afeto varia de pessoa para pessoa e, portanto, de mãe para mãe. Algumas são mais carinhosas e chegadas a beijos e abraços. Outras preferem ensinar as coisas, e há aquelas que têm um senso prático aguçado, concentrando maiores esforços nos cuidados com a alimentação e vida escolar, por exemplo. Mas o quê, de fato, uma criança precisa para crescer se sentindo valorizada, amada e querida?

Cada criança também tem sua própria maneira de se relacionar com a mãe. O que serve para certas pessoas nem sempre servem para outras, basta observar mães que têm vários filhos. Uns são melosos e querem ficar grudados o tempo todo, outros são mais independentes. "Em relação às mães, é a mesma coisa. Não existe um modelo materno ideal que gera crianças mais felizes", diz a psicóloga Cecilia Russo Troiano, autora de "Vida de Equilibrista – Dores e Delícias da Mãe que Trabalha" (Ed. Pensamento).

Seja através de um abraço, do olhar, da presença física ou não, o que importa é o filho se sentir cuidado e amado. Ele precisa ter a segurança do afeto da mãe, mesmo que ele seja expresso de maneiras distintas e que atenda a criança em suas necessidades emocionais. E a criança sabe decodificar o afeto, afinal, ele a conhece desde que nasceu. "Quando crescer, saberá demonstrar afetividade e recebê-la", fala Cecilia.

Segundo especialistas em desenvolvimento infantil, a criança não quer uma mãe ausente, mas não deseja uma mãe presente o tempo todo. Os movimentos maternos de ir e vir, sair e voltar, são positivos. "É ilusão nossa achar que apenas a presença faz bem. O que é ruim é a ausência absoluta ou uma falsa presença, quando a mãe está próxima, mas não fica conectada ao filho", conta Cecilia.

A psicóloga Magdalena Ramos, professora da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) e autora do livro "E Agora, o que Fazer? A Difícil Arte de Criar os Filhos" (Ed. Ágora), fala que existem mães que querem forçar a própria presença quando ela não é necessária. "São aquelas que se dispõem a fazer tudo pelo filho, em vez de ensiná-lo a amarrar um cadarço, por exemplo. No futuro ele será um adulto inseguro, que sempre vai esperar que os outros resolvam tudo por ele", conta.

O importante é equilibrar. Os extremos –a falta e o excesso de carinho e atenção– é que são perigosos, pois podem provocar abalos na autoestima que transformam as crianças em adultos inseguros, tímidos, com dificuldade para confiar em si mesmos e nos outros.

Perdoar é necessário
Quem se dá conta, já adulto, que o relacionamento com a mãe contribuiu de alguma forma para escolhas insensatas ou determinadas dificuldades precisa aprender a reescrever sua história. O passado, óbvio, não pode ser mudado, mas é possível modificar o peso dado a certos acontecimentos (uma bronca mais incisiva, palavras rudes, falta de apoio num momento crucial etc.), perdoar e seguir adiante.

"As mães erram tentando acertar e muitas reproduzem os comportamentos que aprenderam com as próprias mães, pois os julgavam os melhores", diz Magdalena Ramos.

Embora hoje as mulheres estejam adiando cada vez mais a maternidade, boa parte delas mantém um relacionamento mais aberto e dinâmico com seus filhos. Sobre o que será, então, que essas crianças vão reclamar nos consultórios dos psicólogos, daqui a alguns anos? Difícil prever, mas a psicóloga Maria Lúcia Paiva, da USP, declara que a maioria das mães contemporâneas sofre de um terrível mal: a culpa.

Ela acomete não só as que trabalham fora, e acham que negligenciam os filhos, como também as que decidiram abandonar o emprego e ficar em casa, e vivem sob a sombra da dúvida se tomaram a decisão certa para todos.

"Nunca é demais repetir que o mais importante não é a quantidade de tempo dedicada à criança, mas a qualidade. Eles percebem e valorizam isso", diz a pediatra e psicanalista Miriam Ribeiro de Faria Silveira, membro da SPSP (Sociedade de Pediatria de São Paulo).

Para Miriam, apesar da culpa, as mães modernas contam com um recurso muito importante e que faz toda a diferença na relação e no afeto: o diálogo. "Justamente por não se sentirem infalíveis nem donas da verdade, elas se sentem à vontade para pedir desculpas por eventuais erros no meio do caminho e recomeçar", diz. Ao se mostrarem humanas, se aproximam ainda mais dos filhos, que certamente não devem desperdiçar o exemplo.

VÍDEO: UM CACHORRO PRETO CHAMADO DEPRESSÃO

Uma pequena animação abordando um dos maiores problemas da raça humana!
O vídeo coloca a depressão em um personagem, um cachorro preto. Conforme o tempo passa, esse cachorro cresce, assim como o problema.
A depressão afeta mais de 350 milhões de pessoas de todas as idades, países e classes sociais.
Infelizmente, parentes e amigos não entendem o que se passa com uma pessoa com o problema. 
O vídeo dá uma ajuda.

PRA EU ME APAIXONAR POR VOCÊ… - Dbrauhardt

Sabe, não sou o tipo de mulher que se apaixona por um rosto lindo e um corpo sarado. Também não me importa se você usa roupa de grife, tem um carro do ano e só bebe destilado importado. Não quero saber se você frequenta as casas noturnas mais badaladas da cidade, e que gosta de mostrar o quão influente é a sua presença nesses lugares.

Eu não sou o tipo de mulher que vai se apaixonar, só porque você me chamou de linda. Muito menos ficarei puxando o seu saco quando você começar a contar vantagem pra cima de mim. Aliás, é provável que eu te ache um babaca se você fizer isso.

Eu não quero saber quanto tempo você passou na academia. Nem sobre aquela noitada com os amigos onde todas as mulheres babavam em você. Aliás, se tem um monte de mulher correndo atrás de você, querendo que você saia desfilando com elas do lado, no melhor traje, maior salto e uma make arrasadora, parecendo um pinheirinho de natal de tanto penduricalho, fique sabendo, que eu não sou dessas mulheres.

Talvez seja por isso que até seja difícil eu me apaixonar. Não me encanto por tamanhas futilidades. Às vezes eu me encanto por alguém. Acontece quando você é desses caras que tá de bem com a vida e consigo, mas não precisa esfregar na cara de tudo e de todos isso. Eu me apaixono quando eu vejo que você cuida de mim, sem invadir meu espaço. Se preocupa comigo, mas não me faz sentir uma incapaz. Eu gosto quando você é gentil, pega na minha mão, me olha nos olhos, me abraça.

Se você for inteligente, eu me apaixono. Mas não precisa querer me mostrar o quanto você é inteligente o tempo todo. Eu vou perceber isso quando conversarmos. Aliás, eu me apaixono se você gostar de conversar, e gostar de ouvir.

Olha, vou contar que eu tenho uma queda grande se você tiver um desses talentos bonitinhos, do tipo saber cozinhar ou tocar violão. E gostar de ficar fazendo companhia, durante horas, fazendo um carinho bom… E eu não vou me importar se seu perfume é de marca ou não.. eu gosto de sentir o cheiro da sua pele mesmo… Se eu gostar do cheiro da sua pele, se nossa pele combinar, te garanto, eu serei capaz de me arrepiar inteira apenas com o nosso toque.

Eu vou gostar se você me surpreender. Mas nada exagerado. Não quero que você demonstre em público com declarações cheias de potenciais micos. Me surpreende trazendo a minha cerveja preferida, ou me leva pra jantar naquele restaurante que eu adoro.

Eu não quero saber se você vai me dar presentes caros, ou pagar sozinho a conta. Aliás, entendo o pagar a conta como uma gentileza. Não sou dessas neuróticas que quer mostrar que sou independente de qualquer homem e que entende isso como uma ofensa. Mas isso não vai me fazer ficar apaixonada por você. E se você quiser dividir, eu também não vejo problema nenhum. Agora, se você se importa com outras coisas, se demonstra que tem interesse em mim, de saber quem eu sou ou da onde vim, e quer dividir essas coisas comigo também, olha, eu posso gostar de você.

Se o nosso papo flui, se a gente conversa, e gosta da companhia um do outro… se o beijo encaixa, se na cama encaixa, se no gosto encaixa… Se você me admira, e não me vê nem acima, nem abaixo de você, se você valoriza minhas qualidades que vão além de um rosto bonitinho ou de um par de peitos e uma bunda, olha moço, eu tenho grandes possibilidades de me apaixonar por você… Se você me olha nos olhos, me abraça apertado, me faz rir e quer dividir sua intimidade comigo, você me encanta… Se você me pega pra dançar, me beija na testa… Se me puxa de repente e me arranca um beijo… Mostra respeito mas não esquece do tesão, olha, você tá no caminho certo.

No jeito que você me olha eu sou capaz de perceber se me acha linda, se me acha gostosa. Então me olha, me admira. Repara em cada pedacinho de mim.

E cuida. Dá atenção. Me faz rir. Me arranca gargalhadas. Eu adoro quem faz isso. Não concorda com tudo que eu digo, me contesta. Mostra que você pensa sob outro ponto de vista também. Me mostra que a vida é mais que isso que eu penso. Me ajuda a enxergar coisas novas, vou fazer isso com você também. Me manda uma mensagem no meio do dia dizendo que pensou em mim porque viu algo que eu gosto muito ou porque sentiu saudades. Diz pra eu ficar bem quando nos despedirmos. Me abraça. Diz que não vê a hora de me ver de novo.

Saiba, que o que vai me fazer apaixonar por você, não é o que você tem, não é o seu corpo, não são suas “conquistas invejáveis”. O que vai me fazer ficar apaixonada é quem você é, é o que você pensa, e como você me trata. É como estamos em sintonia e como me sinto bem simplesmente por estar ao seu lado.

DESENHO REVELA O ‘BONITÃO’ DO PERÍODO MESOLÍTICO

Homem viveu há 7 mil anos na Europa; 
fenótipo raro foi revelado pela recuperação de seu genoma

Bonito, de pele escura, olhos azuis, barba, cabelo comprido, cerca de 30 anos e intolerante à lactose. Este é o resultado da recriação feita pelo Centro Superior de Investigações Científicas (CSIC) do genoma de um caçador que viveu no período Mesolítico, há 7 mil anos. O desenho feito a partir das informações genéticas e dos ossos do crânio revela as feições do homem e pode ser visto pela primeira vez no Museu de León, na Espanha.

O esqueleto foi encontrado em 2006, mas somente no mês passado foi revelado que se trata do mais antigo genoma de um ser humano já recuperado na Europa.

O seu terceiro molar estava intacto e, dali, os cientistas conseguiram extrair material genético. A partir dessas informações foi possível determinar algumas das características físicas do homem, chamado de Venceslau pelos especialistas que o estudaram e recriaram seu rosto.

De acordo com estudo publicado na “Nature”, o homem apresenta as versões africanas dos genes responsáveis pela pigmentação clara da pele dos europeus atuais e também genes para pele negra. O genoma revelou ainda que ele tinha as variantes genéticas responsáveis pelos olhos azuis - típico dos europeus -, dotando-o de um fenótipo raro.
Os dados mostram que a mudança na cor da pele clara dos europeus não aconteceu no Paleolítico como se acreditava, mas muito tempo depois, provavelmente no Neolítico.

O genoma revelou ainda que o homem era intolerante à lactose - outro traço muito mais comum na África do que na Europa. Atualmente, no Norte da Europa, por exemplo, menos de 5% da população apresentam dificuldade na digestão do açúcar, contra 98% em várias regiões da África.
JOSÉ ANTONIO OTERO

TIJOLINHOS - Caetano Veloso

Bogotá é quase tão cheia de tijolos aparentes quanto Londres. Na verdade há trechos de ruas que parecem exemplos de arquitetura inglesa. Mas mesmo os prédios modernos e retilíneos são majoritariamente de tijolinhos visíveis. O tom do barro é, em geral, mais claro do que o londrino, mas não dá para não pensar na Inglaterra ao ver as ruas da capital da Colômbia.

Prometi a mim mesmo que estudaria (na Wikipédia, sei lá) a história da possível influência da arquitetura inglesa sobre a bogotana, mas, para variar, escrevo sem ter tido tempo de me preparar. Dei uma parada aqui e olhei, correndo, umas fotos que surgiram quando dei enter em “arquitetura inglesa em bogotá” no Google: trechos de rua puramente ingleses escolhidos por um fotógrafo local provam que houve mais construções em estilo britânico em Bogotá do que eu pude perceber a caminho do hotel ou do teatro (este tem acústica excelente, aspecto elegante e está bem equipado de tudo).

Eu já tinha ido à cidade, com o show “Cê”, e me lembrava de ver muitos tijolinhos. Desta vez confirmei a impressão. Na verdade os tijolos me pareceram dominar a paisagem urbana agora mais do que antes. Os prédios novos seguem o figurino do sem-reboco. Da janela do meu quarto de hotel eu via muitos desses novos edifícios, alguns deles rodeando uma plaza de toros igualmente em tijolos aparentes. Isso tudo dá um ar de elegância sóbria à cidade. Sóbria mas leve e mesmo alegre, já que a argila tende sempre para um vermelho alaranjado. O fato é que, apesar do relativo desconforto por causa da altura, me senti muito bem em Bogotá.

Aproximo-me dos palcos de cidades onde sei que sou apenas conhecido de alguns poucos interessados com pena dos que saem de casa para me ver. Sempre faço o show que estou apresentando no Brasil, predominantemente relativo ao último disco lançado, e suponho que as pessoas estejam, no máximo, preparadas para reencontrar exemplos já conhecidos do meu repertório de várias décadas. Cantar canções inéditas — e talvez em estilos discordantes da ideia que muitos podem fazer da minha música — parece-me que resultará em tortura para o público. Bem, no “Cê” estavam “Sampa”, “O leãozinho”, “You don’t know me”, sei lá. Mas no “Abraçaço” as canções antigas parece-me que só são conhecidas no Brasil. Ou melhor: há canções que podem ser conhecidas de gravações de Bethânia ou de Daniela Mercury mas que o ouvinte não relaciona necessariamente a mim. Ou, como é o caso de “Alguém cantando”, está num álbum que gravei, mas nela faço apenas uma segunda voz, no refrão final, para o canto de minha irmã mais velha, Nicinha. Temi aborrecer demais os bogotanos. Mas, se “Cê” foi recebido respeitosamente (com as naturais intensificações dos aplausos para as músicas já conhecidas), “Abraçaço”, por razões que vou aprendendo com o desenrolar de seu histórico, parece capaz de agradar por si mesmo. A plateia simplesmente elege “A bossa nova é foda”, “Quando o galo cantou”, “Parabéns” ou “Abraçaço”, de cara. E o som da banda.

Por causa de minha preocupação, decidi não cantar “Um comunista”, que dura dez minutos, é lenta e fala de coisas que só os brasileiros entendem. Depois me arrependi: eles teriam gostado do tratamento dado ao tema pela banda Cê — e respeitariam o tom de “canção de protesto” tipo anos 1960, tão reconhecível para plateias hispanoamericanas. Em vez disso, quis cantar um bolero de Bola de Nieve, que adoro, e terminei, no esforço de relembrar letra e melodia, tomando talvez os mesmos dez minutos da canção que evitara.

As repetições e os comentários deram aquele tom de proximidade que agrada a alguns, mas os aplausos finais não foram dos mais calorosos. Bom mesmo foi no bis (onde sempre posso recompensar com sucessos — embora eu não tenha cantado “Sozinho”, como pediam) — quando decidi cantar a “Tonada de luna llena”, de Simón Díaz (nunca agradecerei o suficiente a Márcia Rodrigues), pela primeira vez somando alguns acordes de violão ao meu canto. Me surpreendi. Algo se revelou ali. O público reagiu à altura. Pude voltar pro Brasil satisfeito. Ainda bem que Genoino pôde ir pra casa.

Li com gosto o primeiro artigo do livro “No jornalismo não há fibrose”, de Felipe Pena. Os Racionais MCs (li na “Rolling Stone”) são pela exigência de aprovação prévia das biografias (tendência geral dos artistas de origem popular, certamente pela desconfiança de indenizações e por serem vacinados contra as certezas das manchetes). Mano Brown é o único que diz não querer falar sobre esse assunto que, para ele, não é do interesse do povo e sim um tema classista. Será?

NELSON MOTTA - O lado escuro da Internet.

 O avô do Jabor era uma figuraça. Quando o neto lhe contava entusiasmado uma boa novidade, o velho logo o advertia: “Cuidado, Arnaldinho, nada é só bom”. Sim, tudo também tem um lado ruim, o das coisas boas é que vão ter fim.

A máxima do velho antecipava o irônico paradoxo da era digital: nunca na história desse planeta houve algo tão bom para aproximar as pessoas - e nada que as dividisse tanto – como a internet, onde todos se encontram e cada um pode mostrar, escondido pelo anonimato, o seu pior.

Chico Buarque, que um dia já foi chamado de maior unanimidade do Brasil, disse que sempre acreditou que era amado, até descobrir, na internet, que era odiado.

Qualquer assunto ou pessoa que vá ao ar tem logo dois lados trocando insultos e acusações, dividindo o que poderia ser multiplicado. No pesadelo futurista, a diversidade e a diferença são soterradas pela ignorância e o ódio irracional que impedem qualquer debate produtivo, assim como os black blocks impedem qualquer manifestação pacifica.

Na ultima semana li vários editoriais de jornais e artigos de diversas tendências sobre o mesmo tema: a internet como geradora e ampliadora de um virulento e empobrecedor Fla x Flu, ou pior, de um PT x PSDB em que todos saem perdedores. E como disse o Pedro Dória: só vai piorar. Todas as paixões e excessos que são permitidos, e até divertidos e catárticos, nas discussões de futebol, só produzem discórdia, mentiras e mais intolerância no debate político e cultural.

Simpatizantes de qualquer causa ou ideologia só leem os que dizem o que eles querem ouvir, nada aprendem de novo, chovem no molhado. Mas até esse lado ruim também tem um lado bom, de revelar as verdades secretas, expondo os piores sentimentos de homens e mulheres, suas invejas e ressentimentos, sua malignidade, que nenhum regime político pode resolver. Sem o crescimento da consciência individual, como melhorar coletivamente?

Como Freud explicaria no seu Facebook, os comentários odiosos revelam mais sobre quem comenta do que sobre o odiado. Ou como já dizia a minha avó, a boca fala ( e agora digita ) as abundâncias do coração.

ALMOÇO COM CELULAR - João Ubaldo Ribeiro

 
— Alô! Me chama o Jefferson aí. Oi, Jefferson, tudo bem? Teu celular só vive ocupado, você gasta tempo demais com ele. Tu tá lembrado da reunião que eu marquei com todo o pessoal de vendas, às quatro horas, não tá? É, eu sei que te falei antes de sair, mas tu sabe que meus negócios são sempre tipo cinto e suspensório; se um não segurar, o outro garante, isso já ensinava o velho desde que eu me entendo. Eu... Segura aí um instante, agora vou ter de interromper, o Gustavo acaba de chegar para o nosso almoço. Gustavão, parece uma eternidade, mas você está ótimo, que prazer! Desculpa que eu não te vi chegar, estou atendendo a um chamado urgente lá do escritório.

— Eu percebi, não se preocupe, comigo é a mesma coisa. Aliás, eu prefiro até que você conclua sua chamada, porque eu aproveito e também faço uma ligação que estou precisando, para uns caras de São Paulo, viajo amanhã.

— Ah, então vamos em frente. Assim a área fica logo limpa, para a gente colocar em dia os atrasados, tem mesmo muito tempo que não nos vemos. É rápido. Alô! Jefferson? Tudo bem, Jefferson? Eu estava ligando para perguntar se tu tava lembrado da reunião que eu marquei com o pessoal de vendas para as quatro horas. É, tu me disse que tava lembrado, então é isso. A Dulce está aí? A Dulce...

— Alô, é o Nicola? Tudo bem, contigo, Nicola, como vai a Pauliceia? É isso mesmo, todo mundo tem de correr atrás, aqui no Rio é a mesma coisa. Escuta, tudo certo, então, não é? Isso mesmo, é no hotel de sempre, tudo como sempre, eu só queria confirmar, odeio imprevistos. E, como sempre, eu vou direto de Congonhas para teu escritório, tudo como sempre, a não ser que alterem o voo e aí eu te ligo na hora. E o Parmeira, hein?

— Dulce? O Jefferson te falou que hoje eu marquei reunião para as quatro da tarde, com todo o pessoal de vendas? Falou duas vezes? É isso mesmo, está certo, quem mandou avisar duas vezes fui eu, eu faço questão de checar tudo, é por isso que cheguei onde cheguei.

— Então certo, Nicola, amanhã no teu escritório e uma tremenda massa na cantina depois! Viva o Parmeira, ho-ho!

— Agora vou desligar, Dulce, o Gustavo também desligou, nós não nos vemos há muito tempo, temos muita coisa para botar em dia. Gustavo, cheguei a pensar que não ia dar para marcar este almoço. Outro dia eu tentei ligar para teu celular e não consegui, só dava aviso de fora da área de cobertura. O teu fixo eu perdi e tentei o celular dias seguidos. Cheguei a pensar em desistir.

— É, essa operadora é o fim, todo mundo reclama. Eu caí nela por causa do aparelho, o aparelho é fantástico e tem a melhor câmera que eu já vi. Eu tenho um filmezinho aqui, do churrasco na casa de meu cunhado, que parece coisa de cinema, nunca vi definição igual, me deu a ideia de pegar esse celular nos fins de semana e fazer um documentário do bairro. Olha aqui essa imagem, vê se não é fantástica.

— É, é uma beleza mesmo, mas a do meu é praticamente a mesma coisa, esses aparelhos estão ficando cada vez mais parecidos. O problema é esse negócio de você não receber ligações.

— Mas será que é tanto assim? Tenta aí de novo.

— Pronto. Exatamente, parece combinado: fora da área de cobertura.

— Como “fora da área de cobertura”, se eu estou aqui, sentado na tua frente?

— Escuta você mesmo.

— É. É verdade. Só no Brasil acontecem essas coisas, é impressionante. Se eu fosse americano, tomava um zorrilhão de dólares dessa operadora, como indenização. Lá eles botam pra quebrar, é por isso que tudo funciona, não é como esta esculhambação aqui. Eu vou reclamar agora!

— Não é melhor reclamar mais tarde?

— Não, tem de reclamar agora, com o sangue quente mesmo, isso é um absurdo!

— Eu falo porque você vai cair numa gravação e vai ficar digitando os números que eles mandarem e depois ouvindo musiquinhas e mensagens sobre como a tua ligação é importante para eles.

— Eu não vou reclamar direto, vou mandar dona Gilka reclamar. Eles não sabem quem eu vou soltar em cima deles, a dona Gilka é uma miúra, ela vai jogar o Procon na cabeça deles e vai exigir sangue. Me dá uma licencinha aqui, que eu vou ligar para o escritório, é rápido. Alô, sim, é o dr. Gustavo. Me passa aí para a dona Gilka, por favor.



— Alô! Não, desta vez não é com o Jefferson, talvez mais tarde. Me passa para o Reginaldo. Reginaldo, boa tarde. Eu queria saber uma coisa de você. O Jefferson te passou hoje o lembrete de que eu marquei uma reunião às quatro da tarde, com todo o pessoal de vendas? Só passou ontem? Hoje ele não passou? Não interessa que não precisava, o que interessa é que eu determinei a ele que avisasse hoje também. Eu já estava achando tudo certinho demais, não estava tão certinho assim, é preciso manter uma supervisão constante, o celular é um grande instrumento para isso. Mas eu falo mais tarde. O Gustavo já desligou e nós temos muito papo pela frente, muita coisa pra botar em dia. Gustavo, não fica preocupado com esse negócio do teu celular deixar de atender chamadas. Eu mudo a tua operadora agora, tenho um grande pistolão na minha, ele manda fazer tudo por você. Eu tenho o número dele aqui, agora é só me dar aí o teu CPF, que eu faço uma ligação para ele e acabaram teus problemas para conversar. É rápido, eu tenho o número direto dele. Alô!

BRASILEIRO BONZINHO? - Lya Luft

Tempos atrás, num programa cômico de televisão, uma jovem americana radicada no Brasil, a cada comentário sobre violência ou malandragem neste país, pronunciava com muita graça: “Brasileiro bonzinho!”. E a gente se divertia.

Hoje nos sentiríamos insultados, pois não somos bonzinhos nem sequer civilizados. O crime se tornou banal, a vida vale quase nada. Poucos de meus conhecidos não foram assaltados ou não conhecem alguém assaltado: ser assaltado é quase natural – não só em bairros ditos perigosos ou nas grandes cidades, mas também no interior se perdeu a velha noção de bucolismo e segurança.

Em São Paulo, só para dar um exemplo, os arrastões são tão comuns que em alguns restaurantes o cliente é recebido por dois ou quatro seguranças fortemente armados, com colete à prova de bala, que o acompanham olhando para os lados – atentos como em séries criminais americanas. Quem, nessas condições, ainda se arrisca a esta coisa tão normal e divertida, comer fora?

Pessoas inocentes são chacinadas: vemos protestos, manifestações, choro e imprensa no cemitério, mas nada compensará o desespero das famílias ou pessoas destroçadas, cujo número não para de crescer. Em nossas ruas não se vê um só policial, daqueles que poucos anos atrás andavam em nossas calçadas. A gente até os cumprimentava com certo alívio. Não sei onde foram parar, em que trabalho os colocaram, nem por que desapareceram. Mas sumiram.

Morar em casa é considerado loucura, a não ser em alguns condomínios, e mesmo nesses o crime controla o porteiro, entra, rouba, maltrata, mata. Recomenda-se que moremos em edifícios: “mais seguros”, seria a ideia. Mas, mesmo nos edifícios, nem pensar, a não ser com boa portaria, ou será alto risco, diz a própria polícia, aconselhando ainda porteiros preparados e instruídos para proteger dentro do possível nossos lares agora precários.

Somos uma geração assustada, desamparada, confinada, gradeada – parece sonho que há não tanto tempo fosse natural morar em casa, a casa não ter cerca, a meninada brincar na calçada; e não morávamos em ilhas longínquas de continentes remotos, mas aqui mesmo, em bairros de cidades normais. Éramos gente “normal”.

Hoje, a população, apavorada, está nas mãos de criminosos, frequentemente impunes. Na desorganização geral, presídios superlotados onde não se criariam porcos também abrigam pessoas inocentes ou que nunca foram julgadas.

A impunidade é tema de conversas cotidianas, leis atrasadas ou não cumpridas nos regem, e continua valendo a inacreditável lei de responsabilidade criminal só depois dos 18 anos. Jovens monstros, assassinos frios, sem remorso, drogados ou simplesmente psicopatas saem para matar e depois vão beber no bar, jogar na lan house, curtir o Facebook, com cara de bons meninos.

Num artifício semântico insensato e cruel, se apanhados, não os devemos chamar de assassinos: são infratores, mesmo que tenham violentado, torturado, matado. Não são presos, mas detidos em chamados centros socioeducativos.

E assim se quer disfarçar nosso incrível atraso em relação a países civilizados. No Canadá, Holanda e outros, a idade limite é de 12 anos; na Alemanha e outros, 14 anos. No Brasil, consideramos incapazes assassinos de 17 anos, onze meses e 29 dias.

Recentemente, um criminoso de 15 anos confessou tranquilamente ter matado doze pessoas. “Me deu vontade”, explicou, sem problema, e sorria. “Hoje a gente saiu a fim de matar”, comentou outro adolescentezinho, depois de assaltar, violentar e matar um jovem casal junto com outro comparsa.

Esses e muitos outros, caso estejam em uma dessas instituições em que se pretende educar e socializar indiscriminadamente psicopatas e infratores eventuais, logo estarão entre nós, continuando a matança. Quem assume a responsabilidade? Ninguém, pois estamos em uma guerra civil que autoridades não conseguem resolver, uma vez que nem a lei ajuda.

Estamos indefesos e apavorados, nas mãos do acaso. Até quando?

PABLO NERUDA – Para o meu coração



" Para o meu coração basta o teu peito,
para a tua liberdade as minhas asas.
Da minha boca chegará até ao céu
o que dormia sobre a tua alma..." 

A Casa Encantada & À Frente, O Verso.

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