Você
é. Sua vizinha também. A Maitê. A Malu. A Claúdia. Eu,
naturalmente. Somos as melhores mães do mundo. Aliás, essa é a
única categoria em que não há segundo lugar, todas as mães são
campeãs, somos bilhões de "as melhores" espalhadas pelo
planeta. Ao menos, as melhores para os nossos filhos, que nunca
tiveram outra.
Não é
uma sorte ser considerada a melhor, mesmo se atrapalhando tanto? Mãe
erra, crianças. E improvisa. Mãe não vem com manual de instrução:
reage apenas aos mandamentos do coração, o que tem um inestimável
valor, mas não substitui um bom planejamento estratégico. E
planejamento é tudo o que uma mãe não consegue seguir, por mais
que livros, revistas e psicólogos tentem nos orientar.
Um dia
um exame confirma que você está gravida e a felicidade é imensa e
o pânico também. Uau, vou ser responsável pela criação de um ser
humano! A partir daí, nunca mais a vida como era antes. Nunca mais a
liberdade de sair pelo mundo sem dar explicações a ninguém. Nunca
mais pensar em si mesma em primeiro lugar. Só depois que eles
fizerem dezoito anos, e isso demora. E às vezes nem adianta.
O
primeiro passo é se acostumar a ser uma pessoa que já não pode se
guiar apenas pelos próprios desejos. Você continuará sendo uma
mulher ativa, autêntica, batalhadora, independente, estupenda, mas
cem por cento livre, esqueça. De maridos você escapa, dos próprios
pais você escapa, mas da responsabilidade de ser mãe, jamais. E nem
você quer. Ou será que gostaria?
De vez
em quando, sim, gostaríamos de não ter esse compromisso com vidas
alheias, de não precisar monitorar os passos dos filhotes, de não
ter que se preocupar com a violência que eles terão que enfrentar,
de não sofrer pelas dores-de-cotovelo deles, de não temer por suas
fragilidades, de não ficar acordada enquanto eles não chegam e de
não perder a paciência quando eles fazem tudo ao contrário do que
sonhamos.
Gostaríamos
que eles não falassem mal de nós nos consultórios dos psiquiatras,
que eles não nos culpassem por suas inseguranças, que não fôssemos
a razão de seus traumas, que esquecessem os momentos em que fomos
severas demais e que nos perdoassem na vezes em que fomos severas de
menos. Há sempre um "demais" e um " de menos"
nos perseguindo. Poucas vezes acertamos na intensidade dos nossos
conselhos e críticas.
Mas é
assim que somos: às vezes exageradamente enérgicas em momentos
bobos, às vezes um tantinho ..na hora de impor limites. A gente
implica com alguns amigos deles e adora outros e não consegue
explicar por quê, mas nossa intuição diz que estamos certas. Mas
de que adianta estarmos certas se eles só se darão conta disso
quando tiverem os próprios filhos?
Erramos
em forçá-los a gostar de aipo, erramos em agasalhá-los tanto para
as excursões do colégio, erramos em deixar que passem a tarde no
computador em véspera de prova, erramos em não confiar quando eles
dizem que sabem a matéria, erramos em nos escabelar porque eles
estão com olhos vermelhos (pode ser só resfriado), erramos quando
não os olhamos nos olhos, erramos quando fazemos drama por nada,
erramos um pouquinho todo dia por amor e por cansaço.
O que nos torna as melhores mães do mundo é que nossos erros serão sempre acertos, desde que estejamos por perto.
O que nos torna as melhores mães do mundo é que nossos erros serão sempre acertos, desde que estejamos por perto.
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