Era sempre assim, toda vez que estou me sentindo bem e percebo isso, acabo ficando mal.
Sinto falta da minha analista mas, ao mesmo tempo, lembro que esta questão eu colocara nas primeiras sessões e dois anos depois não cheguei a conclusão nenhuma. Afastei ainda mais a idéia de voltar a terapia quando lembrei que fora obrigado a parar quando fiquei desempregado. Até hoje, me magoa pensar na frieza com a qual ela tratara o assunto. Eu sentia como se minha mãe houvesse me dito na cara: - “Você não tem mais dinheiro para me pagar, não sou mais sua mãe.” E me virasse as costas. Nem o complexo de édipo se respeita mais...nem a própria terapeuta que propaga tanto essas idéias...descrença total.
Penso que de certa forma um(a) terapeuta é meio amigo(a) de aluguel. Uma prostituta ou prostituto, que não faz sexo. Aliás, você pode, inclusive, falar sobre suas fantasias sexuais de uma forma que não falaria com nenhuma outra profissional.
Sempre achei que existe muito mais magia na vida do que supõe as vãs psicanalistas. Reduzir a vida, o prazer e os sentimentos a uma relação causa-consequência é muito sem graça.
O ser humano quer se sentir apaixonado e não tentar explicar a causa da paixão. A intuição é a síntese da inteligência. O cérebro humano é capaz de processar informações com tal rapidez que não conseguimos diferenciar com precisão a primeira resposta que nos vem a cabeça, da segunda. A primeira é a perfeita, é a intuição. É o raciocínio mais desenvolvido, não verbal, mais rápido e mais preciso. É a resposta que levou em consideração todas as nuances emocionais e limitações racionais.
Aí vem a dúvida...Será que não é melhor pensar um pouco mais? É neste momento que todas as limitações culturais, as influências religiosas e todas as formas de padronização e doutrinação impostas ao ser humano entram com toda força.
A segunda resposta tenta sempre conciliar todas as programações recebidas pelo cérebro durante toda vida. E, são tantas as programações do tipo “não faça isso, isso não é certo, isso é errado”, vindas de todos os lados que, não à toa, existem pessoas que não conseguem decidir nada. São incapazes de decidir suas próprias vidas.
O problema é que o cérebro é tão veloz que não conseguimos distinguir a primeiro pensamento dos seguintes. Eles acontecem em frações de milionésimos de segundos. A sensação é que acontecem simultaneamente.
O certo é que a forma puramente racional de tentar resolver os problemas não leva a solução desejada, leva o um engano pseudo sensato. As decisões tem que trazer felicidade.
Nesse momento vejo que a terapia me trouxe um pouco de organização mental que me possibilita organizar os pensamentos com um pouco mais de sensatez.
Além disso, aprendi a falar uma série de termos psicanalíticos que me renderam bons papos e algumas namoradas. Lembrei das namoradas e cheguei a conclusão de que só elas já haviam valido a pena cada sessão.
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