Você é medrosa? E quem não é? E de que você tem medo?
Bem, existem os medos básicos:
de barata, de rato, de cobra, da escuridão.
Mas
existem outros, nos quais quase não se pensa, mas dos quais se tem
pânico -e esses são os piores.
São
os medos subjetivos, quando se faz algo que não se deveria, de ser
punida; por um pai imaginário, por Deus, por um alguém que não faz
outra coisa a não ser olhar atentamente para tudo que você faz,
para premiar ou castigar. De preferência, castigar.
Existem
outros medos nos quais não se pensa mas que são permanentes: medo
de ficar doente, de ficar velha e sozinha, de morrer. Quando se pensa
em todos esses medos, chega a surpreender como podemos, às vezes,
passar horas falando bobagem e dando risada.
Quando
criança, você teve medo de seu pai? Se teve, vai passar a vida
inteira tendo medo do marido e do patrão, símbolos da autoridade
masculina.
E o
medo da maldade? E do olho grande?
Medo
tem a ver com culpa, e quem é culpada vive sempre com medo do
castigo.
Existem
as pessoas que não são culpadas de nada, e as que são culpadas de
tudo. As primeiras passam pela vida felizes, felizes; já as outras
acham que, se no lugar de terem comprado aquele batom tivessem
mandado o dinheiro para os necessitados da África, teriam pelo menos
feito sua parte. Como é difícil viver.
Mas é
preciso não confundir o medo com a covardia, e às vezes -aliás, o
tempo todo- é preciso se posicionar, sem medo. Se posicionar, no
caso, é apenas organizar seus pensamentos e ter suas opiniões, o
que, se para alguns é simples, para outros é quase impossível.
Por
que será? Serão essas pessoas tão reprimidas que isso as impede
não apenas de dar sua opinião mas até de terem uma? Ou será medo?
Existem
alguns medos bem concretos: da reação daquele homem quando você
anuncia que está indo embora. Com todas as conquistas que as
mulheres conseguiram, nessa hora o medo é físico -afinal, os homens
costumam ser agressivos, mais fortes que nós (fisicamente), e às
vezes, quando feridos, passam dos limites. Outro medo é quando, já
com o novo, você cruza pela primeira vez com o que foi abandonado.
Mas os
homens também têm seus medos, sobretudo quando são eles que
abandonam. As mulheres -mais emocionais e menos civilizadas- são
capazes de tudo, quando deixadas; mulher não esquece -nem perdoa.
Aconteceu
com um casal de velhinhos -bem velhinhos mesmo- que estava visitando
a filha, num domingo. Falavam sobre o passado, e num determinado
momento ela perguntou -afinal, já havia tanto tempo- se ele havia
tido um caso com uma determinada mulher, décadas atrás, o que na
época ele negou com firmeza.
A
conversa estava tão amena, a paz tão grande, com a família toda
reunida, que ele disse que sim, era verdade. Ela avançou no pescoço
dele e foi preciso a filha e o genro para separá-los. Apesar de já
terem passado dos 80, ela passou meses sem falar com ele.
E é
bom que os homens também tenham medo, pois uma mulher com raiva é
muito mais perigosa do que um homem com um revólver na mão.