Um gene que regula o medo em humanos e animais pode ser a chave para drogas que impeçam a criação de memórias ruins, indica estudo publicado na revista Science Translational Medicine. O remédio poderá ser usado em pacientes com transtorno de estresse pós-traumático (PTSD).
O gene OPRL1 expressa o receptor para uma molécula chamada nociceptina, ao desativar este receptor preveniu-se o desenvolvimento de sintomas de PTSD em ratos. A ideia é aplicar a droga logo após a exposição ao trauma, como em combatentes militares ou pessoas que passaram por um acidente de carro. Pessoas que tem PTSD continuam a ter altos níveis de ansiedade e medo meses e até anos após o evento traumático. A ideia é que a pessoa passe pela sensação de medo no momento do fato, mas que ela não fique gravada como se ainda existisse no presente, trazendo forte reação nas pessoas.
Raul Andero Gali e seus colegas expuseram ratos a situações estressantes, e depois testaram seus níveis de medo. Os pesquisadores descobriram que o gene OPRL1 foi desregulado em uma região do cérebro chamada amígdala, onde o receptor nociceptina é muito expressado.
Eles também descobriram que indivíduos traumatizados não militares, como vítimas de abuso na infância, carregam versões alteradas do gene OPRL1 e têm dificuldade em distinguir entre ambientes seguros e ambientes perigosos (um sintoma central do PSTD). Juntos, os resultados sugerem que OPRL1 regula a resposta de medo em humanos e animais.
Além disso, os pesquisadores descobriram uma nova droga que tem como alvo o gene OPRL1. Quando injetado diretamente na amígdala de ratos logo após a exposição ao trauma, a droga prejudicada a formação de memórias do medo nos animais. Mais pesquisas são necessárias para confirmar estes resultados e continuar a explorar como a memória do medo é criado.