Descrever as próprias experiências ativa
os circuitos de recompensa do cérebro
de forma tão intensa quanto comer ou fazer sexo
Estudos mostram que cerca de 40% do tempo que uma pessoa passa falando é sobre ela mesma. Agora, imagens do cérebro registradas por neurocientistas da Universidade Harvard mostram que o prazer de falar de si chega a superar o de ganhar dinheiro. Os pesquisadores Diana Tamir e Jason Mitchell usaram a ressonância magnética (MRI) para observar a atividade neural de 195 voluntários com idade entre 18 e 27 anos. Eles descobriram que, quando os jovens falavam sobre aspectos de sua personalidade, os caminhos neurais que são acionados diante de algo muito prazeroso – conhecidos como sistema de recompensa ou mesolímbico dopaminérgico – se mostravam muito mais ativos que quando julgavam opiniões e personalidade dos outros.
Em outro experimento, Diana e Mitchell pediram que os voluntários respondessem a perguntas que pertenciam a uma destas três categorias: suas próprias preferências e aversões; o que achavam que o presidente Barack Obama gostava ou não; fatos triviais. Eles ganharam entre 1 e 4 centavos de dólar por questão, sendo a primeira categoria, que convidava a falar de si, a que valia menos dinheiro. Obviamente, a maioria optou por opinar sobre a vida de Obama ou discorrer sobre banalidades – mas quase todos responderam ao menos uma questão sobre si mesmos. Em média, abririam mão de ganhar entre 54 e 63 centavos a mais para poder falar de si.
Isso significa que somos essencialmente egocêntricos? Os pesquisadores esclarecem que não. “Aprendemos desde cedo que falar de si é um meio de nos aproximar do outro, o que também causa prazer. Compartilhar experiências e emitir opiniões é muitas vezes a maneira que encontramos para garantir a coesão social e tendemos a preservar esse comportamento”, diz Diana.