Mick Jagger, líder dos Rolling Stones, fez 70 anos.
Quando eles surgiram, em 1962 ou 63, o Reino Unido ainda estava na idade do
gelo. O romance "O Amante de Lady Chatterley", de D. H. Lawrence, de
1928, continuava proibido. A pílula anticoncepcional já existia, mas ainda não
chegara às farmácias. Homossexualismo era crime. E o "hit parade"
inglês tocava xaropes como "Oh! Carol", com Neil Sedaka; "What Now My Love", com Gilbert
Bécaud; e "I Can't Stop Loving You", com Ray Charles. Os
londrinos tropeçavam em mamutes mortos nas calçadas.
Para os jovens que os ouviam pela primeira vez, os
Stones eram um grito de rebeldia contra tudo o que seus pais - os coroas -
representavam. E não era só a música ou o barulho, mas os penteados, as roupas,
o comportamento, a "atitude". Comparados aos Stones, os Beatles, que
tinham nascido pouco antes, eram rapazes de família, com seus terninhos sem
gola, gravatas com prendedor e botinhas engraxadas. Os Stones é que eram o
bicho, temidos pelos mais velhos.
Mas a fila anda. Uma fã de primeira hora de Mick Jagger
teria, digamos, 20 anos em 1963. Isso foi há 50 anos, com o que, hoje, ela terá
70. A filha dessa mulher, nascida naquele mesmo ano, estará com 50 e já lhe
terá dado uma neta. Esta neta, nascida em 1983, acaba de fazer 30 e, por sua
vez, também tem uma filha, que está agora com 10 anos. Donde esta última menina
é bisneta daquela fã original de Mick Jagger. Para ele, deve ser chocante
pensar que suas primeiras fãs, as gostosuras de minissaia e longos cabelos
escorridos que se atiravam aos seus pés, transformaram-se em... bisavós.
Ou não. O próprio Mick, aos 70, também deve usar óculos
de leitura, fazer exame de próstata e controlar o ácido úrico. Mas continua a
se ver e a ser visto como sinônimo de rebeldia.
Pensando bem, a fila não anda.