Todo mundo sabe que, dos que se viciam em drogas,
poucos conseguem largar o vício
Falando francamente, o que você prefere, a segurança ou
a insegurança, o previsível ou o imprevisível? Em suma, quer acordar de manhã
certo de que as coisas vão caminhar normalmente ou prefere estremecer ao pensar
no que fará, neste dia, o seu filho drogado?
Acho muito difícil que alguém prefira viver no
desespero, temendo o que pode ocorrer nesse dia que começa. Estou certo de que
todo mundo quer viver tranquilo, certo de que as coisas vão transcorrer dentro
do previsível.
Mas quem se droga comporta-se, inevitavelmente, fora do
previsível, ou não é? Já imaginou a apreensão em que vivem os pais de um filho
drogado? Começa que ele já não vai à escola e, se vai, arma sempre alguma
encrenca por lá. Se já trabalha, abandona o emprego e começa a roubar o
dinheiro da família para comprar drogas.
Se isso se torna inviável, entra para o tráfico, passa
a vender drogas ou torna-se assaltante, porque tem de conseguir dinheiro para
comprá-las, seja de que modo for. Daí a pouco, não apenas assalta e rouba como
também mata. Os pais já não reconhecem nele o filho que criaram com tanto
carinho. Pelo contrário, o temem, porque, drogado, ele é capaz de tudo.
E mesmo assim há quem seja a favor da liberação das
drogas. Conheço muito bem o argumento que usam para justificá-la: como a
repressão não acabou com o tráfico e o consumo, a liberação pode ser a solução
do problema. Um argumento simplista, que não se sustenta, pois é o mesmo que
propor o fim da repressão à criminalidade em geral. O argumento seria o mesmo:
por que insistir em combater o crime, se isso se faz há séculos e não se acabou
com ele?
Fora isso, pergunto: se não é proibida a venda de cigarros
e bebidas, por que há tráfico dessas mercadorias? E pedras preciosas, é
proibido vendê-las? Não e, no entanto, existe tráfico de pedras preciosas. E
ainda assim os defensores da liberação das drogas acham que com isso acabariam
com o problema. Claro, Fernandinho Beira-Mar certamente passaria a pagar
imposto de renda, ISS, ICMS e tudo o mais. Esse pessoal parece estar de
gozação.
Todo mundo sabe que, dos que se viciam em drogas,
poucos conseguem largar o vício. E, se largam, é por entender que estavam sendo
destruídos por ele, uma vez que perdem toda e qualquer capacidade de refletir e
escolher; são verdadeiros robôs que a droga monitora.
Qual a saída, então? No meu modo de ver, a saída é uma
campanha educativa, em larga escala, em âmbito nacional e internacional, para
mostrar às crianças e aos adolescentes que as drogas só destroem as pessoas.
E isso não é difícil de demonstrar porque os exemplos
estão aí aos milhares e à vista de quem quiser ver. Os traficantes sabem muito
bem disso, tanto que hoje têm agentes dentro das escolas para aliciar meninos
de oito, dez anos de idade.
Confesso que tenho dificuldade de entender a tese da
descriminalização das drogas. Todas as semanas, a polícia apreende, nas
estradas, em casas de subúrbio, em armazéns clandestinos, toneladas de maconha
e de cocaína. É preciso muitos drogados para consumir essa quantidade de
drogas.
Junto às drogas, apreendem, muitas vezes, verdadeiros
arsenais de armas modernas de grosso calibre. É preciso muito dinheiro e muita
gente envolvida para que o tráfico tenha alcançado tal amplitude e tal nível de
eficiência. Como acreditar que tudo isso desaparecerá, de repente, bastando
tornar a venda de drogas comércio legal? Sem falar nos novos tipos sofisticados
de cocaína e maconha, que estão diversificando o mercado.
A verdade é que o tráfico existe e cresce porque cresce
o número de pessoas que consomem drogas. Como se sabe, não pode haver produção
e venda de mercadoria que ninguém compra. Se se reduzir o número de
consumidores, o tráfico se reduzirá inevitavelmente. E a maneira de fazer isso
é esclarecer os jovens do desastre que elas significam.
O resultado maior não será junto aos viciados crônicos,
que tampouco devem ser abandonados à sua má sorte. Virá certamente do
esclarecimento dos mais jovens, dos que ainda não foram cooptados pelo vício. A
eles devem ser mostrado que as drogas destroem inevitavelmente os que a elas se
entregam.