Nos céus o tempo fecha mais um ciclo de equinócio solar
invertendo o mando de luz e escuro, de frio e calor. Enquanto isso, na
intimidade de nossa pequena tribo, isso se traduz em rituais de renascimento.
Renascer não é fácil porque exige saber zerar, reiniciar e
perdoar.
As repetições da vida nos fazem descrentes de que possamos
nos transformar. E a tradição nos dá o colo ancestral para reafirmar que isso é
possível.
Rosh Hashaná acontece na saída do signo de Virgem, símbolo
de que há em nós aspectos virginais, fragmentos de alma-tronco, que se mantém
puros, intocados e íntegros. É desse lugar inteiro que iremos buscar forças
para enfrentar o que está partido e equivocado em nossas vidas e mergulhar em
Libra.
E uma vez na balança buscaremos Tshuvá – um novo caminho
para recomeçar; Tikun, um novo patamar de acerto.
O Shofar em seu formato de canal de parto vai do lugar
estreito de nosso julgamento ao lugar amplo de compaixão e acolhimento. Nosso
tempo é finito e nosso tsadik interno –
nossa essência mais madura – sabe que o julgar
que não nos faz mais compassivos impossibilita renascer e reciclar. Ao
fazer-nos irmãos em vulnerabilidade, nos tornamos filhos do Universo e provamos
do alívio de estar de novo em casa.
Sempre muito enobrecido por fazer parte deste coletivo, peço
desculpas por mim, por essa comunidade, pelo povo judeu, pelo gênero humano.
“Farei teus equívocos
efêmeros e branquearei tuas sombras como a neve, as nuvens e a lã”.
Le-Shana Tová tikatevu ve-techatemu
Sejamos inscritos e selados ao renascimento!