No último fim de semana uma adolescente de 15 anos
morreu em Oxford, no Reino Unido, após ter consumido um comprimido que ela
supunha ser ecstasy. No entanto, seus amigos afirmaram que se tratava de PMA
(parametoxianfetamina), uma nova droga que tem sido recentemente associada à
morte súbita de muitos jovens na Inglaterra.
O PMA é vendido na forma de uma pílula, em geral com um
símbolo de coroa ou um "M", de cor rosa. Os efeitos são similares aos
do ecstasy (mais energia, sensação de bem-estar, sensibilidade exacerbada aos
estímulos externos, taquicardia, aumento de temperatura corporal), mas podem
demorar até uma hora para aparecer, o que leva muitas pessoas a tomar uma dose
extra, achando que a primeira não fez efeito, com risco muito maior de uma
superdosagem.
O PMA é um potente liberador de serotonina (transmissor
químico do sistema nervoso central, ligado a sensações de felicidade e
bem-estar) e, também, a droga parece inibir as enzimas que degradam esse neurotransmissor,
o que leva a uma duração ainda maior dos efeitos da substância.
Esse aumento de serotonina pode causar uma hipertermia
(temperatura muito elevada), ainda mais grave se a pessoa usar uma dose muito
alta ou misturar drogas diferentes. A hipertermia pode causar falência de
órgãos e trazer risco de infarto.
A droga apareceu nos Estados Unidos, nos anos 1970,
reapareceu na Austrália na década de 1990 e voltou à Europa, principalmente ao
Reino Unido, recentemente. Não se sabe exatamente como nem de onde veio.
No fim de junho, o Escritório das Nações Unidas sobre
Drogas e Crime (UNODC) divulgou relatório em que já alertava sobre um aumento
importante (de quase 50%) das novas substâncias psicoativas (NSP) no mundo, nos
últimos dois anos e meio, principalmente na Europa. Segundo o UNODC, o número
dessas drogas sintéticas pulou de 166, em 2009, para 251 em 2012, mais do que o
número das drogas tradicionais, que já estão sob controle internacional. Na
Europa, 75% do consumo está em poucos países, como Reino Unido, França e
Alemanha. Em função do aumento das NSPs, o consumo das drogas tradicionais
(maconha e cocaína, por exemplo) caiu na Europa e nos EUA.
No Brasil, o relatório do UNODC não detectou um aumento
nas NSPs, mas, sim, de cocaína (crack incluído). Mas as NSPs também estão
presentes no País, e as apreensões têm detectado diferentes drogas, muitas
delas trazidas da Europa, na mala de jovens de classe média, com a presença de
diversos contaminantes (substâncias não previstas nem quantificadas), que aumentam
os riscos.
Os jovens parecem ter dificuldade em enxergar que esses
comprimidos (vendidos com apelidos singelos como "doces" ou
"balas") são drogas com riscos potencias à saúde. Muitos são até
prescritos como drogas lícitas (calmantes, anestésicos, etc) mas, tomados fora
de indicação habitual - ou misturados com álcool -, trazem sensações distintas
e efeitos colaterais incomuns nas dosagens habituais.
No momento em que muitos especialistas discutem a
falência da política de combate às drogas nas últimas décadas como tentativa de
diminuir o tráfico e o consumo das substâncias ilícitas, muita gente no Reino
Unido acredita que, se houvesse um controle oficial da qualidade das NSPs, com
regulamentação de sua venda, o número de mortes e acidentes com os jovens
poderia diminuir.
O jornal inglês The Independent, na semana passada,
revelou em um artigo sobre a morte da jovem de Oxford, um site
(pillreports.com), desenvolvido não por um especialista - nem por nenhum
governo -, mas por um leigo, técnico de teatro na Austrália, que tem se tornado
uma espécie de rede de informação global, que tenta identificar pílulas e
trazer os potenciais riscos que essas substâncias podem trazer aos usuários. Na
Holanda, onde usuários podem levar drogas aos centros de testagem do governo
para saber exatamente do que se trata, nenhuma morte por PMA ou outras NSPs foi
notificada.