Andava com o namorado pelo bairro grafitado de Palermo, em Buenos Aires, quando me deparei com esta frase num muro.
E pensei: não está aí a base de tantas separações?
Você acha que teu corpo pertence a alguém?
Alguém acha que teu corpo pertence a ele (ou a ela)?
Você se sente dono ou dona do corpo de outra pessoa?
O que significa, no íntimo, a necessidade de posse do corpo alheio?
Ciúme é um sentimento usado para disfarçar outros mais inconfessáveis. Insegurança? Medo? Complexo de inferioridade?
O teu beijo ‘caliente’ em um amigo é diferente do beijo dele em uma amiga? O teu é divertido e inocente mas o dele é uma traição?
A posse do corpo é apenas uma metáfora para dizer que, quando amamos, queremos ser o único objeto de desejo e carinho da outra pessoa?
Estamos preparados, todos e todas nós, para desejar uma única pessoa e doar nosso corpo e alma em vida a um único parceiro ou parceira?
É mais fácil ou mais difícil ser fiel quando sentimos que não “pertencemos” a alguém e temos a liberdade de escolher estar com um só sem transformar isso num trato bilateral assinado em cartório doméstico?
Eu sou tua. Mas só se você for meu.
Por inteiro, viu? Até nas gotículas da imaginação.
Eu sou tua. Mas só se você for meu.
Por inteiro, viu? Até nas gotículas da imaginação.