Cada vez mais desesperado. Olho, olho, e só vejo negrura à minha volta.
Fé? Evidentemente... Enquanto há vida, há esperança — lá diz o outro.
Mas, francamente: fé em quê? Num mundo que almoça valores, janta valores, ceia valores, e os degrada cinicamente, sem qualquer estremecimento da consciência?
Peçam-me tudo, menos que tape os olhos.
Bem basta quando a terra nos cobrir! — Ah! mas a humanidade acaba por encontrar o seu verdadeiro caminho — dizem-me duas células ingênuas do entendimento. E eu respondo-lhes assim: Não, o homem não tem caminhos ideais e caminhos de ocasião.
O homem tem os caminhos que andam. Ora este senhor, aqui há tempos, passou três séculos a correr atrás dum mito que se resumia em queimar, expulsar e perseguir outros homens, cujo pecado era este: saber filosofia, medicina, física, astronomia, religião, comércio — coisas que já nessa época eram dignas e respeitáveis.
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