Vejo com certa frequência a distração constante a que somos submetidos, praticamente 100% do tempo. Celulares, televisão, trabalho, estudos, cursos, a vida vai levando, cada vez mais rápido, cada vez mais e mais e mais…
Simplesmente não paramos, não temos tempo para nós mesmos. Então vamos nos enganando nas distrações criadas por nossas próprias mentes. A gente não aprende a viver sozinhos, não aprendemos a ficar em silêncio, necessitamos de atenção e companhia o tempo todo para suprir um vazio que é causado por nós mesmos.
E que não suportamos. É devastador ficar sozinho com nossos próprios pensamentos. A maioria das pessoas que conheço não aguentam ficar paradas em silêncio total. É quase um vício se distrair com qualquer coisa disponível.Por que você acha que ficar parado no trânsito, sozinho dentro do carro, é tão insuportável para a maioria do mundo?
Da mesma forma vamos criando relações superficiais, apenas para sobreviver, sim, sobreviver. Evitamos dividir nossa realidade e a profundidade dos nossos pensamentos, pois se eles assustam até nós mesmos quando estamos sozinhos, como outra pessoa seria capaz de aguentar?
Criamos ilusões, projetamos carência e expressamos apenas desejo, transformando possibilidades reais de conexão em contato físico. Desperdiçamos pessoas, como se fossem objetos. Apenas para proteger nossos pensamentos de, quem mesmo?
beijando bocas e sentindo corpos vazios, que não conhecemos, sem real interatividade, tentando suprir uma solidão interna através de contato externo. Sem compreender que a real solidão é nossa, e só nossa.
Carência, pra mim, nunca foi suprida através de contato físico, sempre preferi a conexão, preferi me afundar na alma de outros, e compartilhar a minha. Sempre busquei e criei realidade. Relações vazias são descartadas na mesma velocidade que a luz no vácuo.
TENHO MEDO DE DEIXAR QUE O VAZIO SE APROXIME, E ME ENGULA EM SEU BURACO NEGRO. MEDO DE PESSOAS QUE ESTÃO AO MEU LADO, MAS NÃO DEIXAM QUE EU AS ALCANCE.
Me lembro, na época mais solitária que passei, alguns anos atrás, quando bateu a dura realidade, de que eu precisava aprender a conviver comigo mesmo, era questão de vida ou morte.
E assim eu fiz, em pequenos passos, aprendi a ir no cinema sozinho, a sentar em um parque apenas para refletir sobre minha vida, sair sozinho, a olhar o mar, sem distrações. Aprendi também a conhecer pessoas, a oferecer algo a mais do que o superficial. Aprendi, que minha alma e meus pensamentos não me assustam, e que sou suficiente. Sou eu, cru, quando sozinho.
Recomendo esses exercícios para todos. Ficar sozinho, em silêncio, é o primeiro passo para auto compreensão.
A maioria opta por não sentir essa solidão, prefere se esconder em qualquer distração disponível, seja entretenimento, álcool, trabalho, estudos ou outras pessoas. É mais fácil do que tentar se entender. Muito mais fácil que reviver e analisar seus traumas e medos.
Escolhemos não viver a nossa própria e inerente solidão.
Aprendi que posso viver comigo mesmo, e com isso, descobri que só quero a companhia de pessoas que saibam que não precisam de mim, e por isso, escolhem estar comigo. Não pra me ter, mas pra caminhar lado a lado.
De que adianta duas pessoas formarem uma só?
Prefiro somar.
“A SOLIDÃO É A SORTE DE TODOS OS ESPÍRITOS EXCEPCIONAIS.” — ARTHUR SCHOPENHAUER.
Psicologias do Brasil