Uma reflexão simples que pode ajudar a pensar sobre alguns
dos nossos sentimentos ansiosos.
“Eu sou uma pessoa ansiosa. Os meus pensamentos ficam um
atropelando o outro. Compromissos que tenho daqui um mês, ou se o compromisso é
amanhã, parece que isso vira um vulcão dentro de mim, eu não paro de pensar. Eu
fico pensando nas coisas que podem dar errado. Fico fantasiando tragédias. É
uma loucura. E isso acaba virando medo, acaba virando angústia dentro de mim.
Esses dias eu entrei num banheiro. Fui arrumar o cabelo,
alguma coisa assim, eu percebi quando entrei que tinha um menino. Ele tava
lavando a mão, estava com uma roupa de futebol, devia ter uns oito ou nove
anos. Na hora que eu tava indo embora, o menino que tava lavando a mão disse
assim: “Moço, você me ajuda!”
Aí ele me mostrou a mão dele suja de tinta. Tentei
ajudá-lo a tirar, mas não saiu. Quando
eu olhei para ele, ele tava com o olho cheio de lágrima. Ele tava desesperado com aquilo. Aí eu saquei
que ele tava achando que a tinta nunca mais sairia da mão dele. Então eu falei.
“Calma, isso aí se não sair hoje, sai amanhã.”
Ele disse. “Nossa, achei que iria ficar para sempre.” E foi embora, mais
tranquilo.
Quando ele foi embora, eu pensei. Que menino ingênuo! Estava
criando teorias mirabolantes para um problema tão bobo.
Então, eu entendi. Na verdade, esse menino também sou eu. Eu
também fico criando essas teorias. Sou eu que fico com medo de coisas simples,
começo a filosofar, a teorizar, a pensar que as coisas podem dar errado, até
isso tudo virar um monstro.
O fantasma que a gente cria das coisas é muito maior que o
problema real.”
Fonte: PSICOLOGIAS DO
BRASIL
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