A saúde mental dos cidadãos está à mercê do “mau humor” da
atual crise econômica, que gerou 12,7 milhões de desempregados, aumento da
inflação, endividamento das famílias e das empresas.
As recentes pesquisas têm indicado de que 7 de cada 10
brasileiros avaliam que a situação do país se deteriorou, ainda mais, com a
crise. A saúde mental dos cidadãos está à mercê do “mau humor” da atual crise
econômica, que gerou 12,7 milhões de desempregados, aumento da inflação,
endividamento das famílias e das empresas.
A vida da maioria dos brasileiros está sendo afetada
diretamente por essa desordem. Nesse cenário – a ansiedade e a angústia –
tomaram proporções assustadores, que atingem a nossa dimensão corporal e
psíquica, tendo como principais sintomas: cansaço mental e físico, aceleração
cardíaca, transpiração, lapso de memória e bloqueio mental, que nos dificultam
resolver os problemas básicos do cotidiano.
O consumo de drogas, de álcool e de outras substâncias
químicas, inclusive a incidência de suicídios, são fenômenos que vem crescendo
com o colapso econômico. Antes tínhamos a prevalência das neuroses, que cedeu
espaço aos casos de transtornos de personalidade, já que a crise nos “rouba” a
esperança de uma vida melhor.
A economia neoliberal, além de gerar a crise, criou uma
concepção ilusória de que existem apenas dos tipos de indivíduos: os
bem-sucedidos e os perdedores, deixando evidente que tal sistema acumula
riqueza nas mãos de poucos. Porém, quem perde são os assalariados da classe
trabalhadora e da classe média. Segundo o Papa Francisco, essa economia mata,
transforma o capital em ídolo, em que a ambição sem limites pelo dinheiro
comanda tudo.
No afã da competição têm pessoas que
levam suas vidas como se fossem empresas.
levam suas vidas como se fossem empresas.
Não é à toa, a busca de respostas “mágicas” fornecidas pela
teologia da prosperidade ou pelo mito do sucesso a qualquer custo, tornando-se
um “deslumbre” na mente de quem acredita nisso.
É preciso reagir à força adoecedora da crise. Valorizando as
atividades psicossociais, como por exemplo: cuidar da espiritualidade,
participar de atividades comunitárias, estar entre amigos e familiares,
aprender a solucionar as dificuldades de forma coletiva.
Também é vital desacelerar
a nossa mente, acalmar o ritmo cardíaco, diminuir a hiperconectividade, dando
vazão às emoções positivas que expandem a consciência humana.
Além disso, temos que exigir um atendimento digno da
população na rede pública de atenção à saúde mental. Mas, mesmo assim, devemos
criticar esse modelo econômico, que adoece a saúde mental dos brasileiros.
De
acordo com Zygmunt Bauman, sociólogo polonês, o exercício da crítica nos
permite mudar o estado de agente passivo para agente ativo, onde vamos questionar
e refletir sobre as ações e as razões das coisas na sociedade, a fim de
reverter a lógica neoliberal da modernidade líquida.