Se formos nos incomodar com tudo o que nos desagrada,
passaremos os dias chateados e emburrados. Dificilmente conseguiremos
atravessar um dia que seja sem ouvir algo desagradável, sem encontrar alguém deseducado,
sem nos frustrarmos com algo que não dá certo, com alguém que não age como
esperávamos.
Por essa razão, é preciso filtrar com sabedoria o que nos
chega, para que não fique em nós aquilo que não faz bem. Ignorar nos salvará em
muitos momentos, uma vez que será inútil tentar argumentar com quem não sabe
ouvir. Algumas pessoas não mudam, nunca mudarão, por mais que alertemos,
conversemos, aconselhemos. E algumas coisas simplesmente não ocorrerão do jeito
que quisermos, pois a vida é imprevisível.
Ainda assim, não poderemos ser condescendentes com tudo e
com todos, passivamente, ou o mundo nos engole. Teremos, muitas vezes, que
impor limites, dizer o que sentimos, mostrar contrariedade, negar, contrariar,
esbravejar. Isso porque tem gente que não está nem aí com o sentimento do outro
e tentará fazer valer o que quiser onde e com quem estiver. Caberá a nós,
portanto, deixarmos claro o nosso grau de tolerância.
É claro que, em determinados momentos, teremos que entender
o outro, suas dores, suas razões, pois ele poderá estar passando por
tempestades que lhe desequilibram a sensibilidade. Da mesma forma, será
necessário refletirmos sobre o que fizemos, como agimos, para que consigamos
perceber se nós mesmos não provocamos aquilo tudo. Caso o que nos chegar de
ruim não tiver sido causado por nós, caberá o nosso limite urgente.
Não deixe que as pessoas descontem em você os problemas que
não se relacionam a nada de sua vida. Não aceite ser tratado com agressividade,
gritaria e xingamentos gratuitos. Já temos tempestades demais sobre nossas
cabeças, não precisamos dos raios alheios em nossas vidas.
Tolerar demais,
afinal, faz a gente ser alvo fácil de quem passa o dia procurando alguém para
azucrinar. Não seja esse alvo.
Marcel Camargo
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