Conectar
o cérebro humano a uma máquina
é uma meta muito ambiciosa
Imagine
poder gravar suas recordações em um computador, diretamente de seu cérebro, e
vê-las novamente quando quiser? Ou mesmo "baixá-las" para outro
corpo?
Esse
é o futuro que o empresário bilionário Elon Musk imagina e que a tecnologia
desenvolvida por sua startup de neurociência, a Neuralink, poderia ajudar a
tornar realidade, segundo ele.
Musk
divulgou uma prévia dos avanços feitos peça empresa na sexta-feira, e chamou a
iniciativa de "jornada para capacitar humanos com superpoderes."
Os
pesquisadores, diz Musk, conseguiram conectar um porco a um computador por dois
meses implantando um chip do tamanho de uma moeda em seu cérebro.
A
empresa diz que o objetivo final é implantar esse tipo de dispositivo no órgão
mais complexo do ser humano para ajudar a curar doenças como o Alzheimer; ou
permitir que pessoas com doenças neurológicas controlem telefones ou
computadores com a mente.
No
entanto, a maior ambição da empresa, cofundada por Musk em 2016 e com sede em
San Francisco, nos Estados Unidos, concentra-se em abrir as portas para o que
Musk chama de "cognição super-humana".
As
pessoas precisam se fundir com a inteligência artificial (IA), argumenta o
empresário, em parte para evitar um cenário em que a IA se torne tão poderosa
que destrua a raça humana.
A apresentação
Na
apresentação dia 28 de agosto de 2020, Musk descreveu o sensor Neuralink, com
cerca de 8 milímetros de diâmetro (menor que a ponta de um dedo), como um
"Fitbit em seu crânio, com pequenos fios".
O
dispositivo desenvolvido pela empresa consiste em uma pequena sonda que contém
mais de 3 mil eletrodos conectados a fios flexíveis e mais finos que um fio de
cabelo humano. A sonda pode monitorar a atividade de mil neurônios cerebrais —
o cérebro humano tem cerca de 86 bilhões de neurônios.
O
empresário mostrou o robô que a empresa usa para introduzir esses fios nas
áreas do cérebro responsáveis pelas funções motoras e sensoriais enquanto o
animal receptor está sob anestesia local.
Um dos objetivos da empresa
é combater algumas doenças neuronais
O
empresário apresentou o que descreveu como "uma demonstração dos três
porquinhos", entre eles Gertrude, o animal que durante dois meses recebeu
o chip na parte do cérebro que controla o focinho.
Musk
mostrou ao público como um computador exibia a atividade cerebral do animal ao
se conectar com o dispositivo.
O
dispositivo pode ser removido, disse Musk, citando como exemplo a outra porca,
Dorothy, que recebeu o implante e depois teve o dispositivo retirado. Ele disse
ainda ter implantado dois dispositivos em outros porcos.
"Todos estão saudáveis,
felizes e sem diferenças em relação a um porco normal",
afirmou.
O
neurologista da Universidade de Stanford, Sergey Stavisky, considerou que a
empresa alcançou "um progresso significativo e admirável" desde sua
última apresentação, há um ano, e mostrou os benefícios de ter uma equipe
multidisciplinar trabalhando para atingir esse objetivo, informou a agência
Reuters.
No
último avanço divulgado, a empresa afirmava que havia testado o dispositivo em
um macaco, que era capaz de controlar um computador com seu cérebro.
Outros
especialistas fora da empresa também elogiaram os avanços de Musk, embora
tenham pedido cautela, considerando que estudos mais longos são necessários
para determinar a durabilidade do dispositivo e suas consequências.
A
professora associada de medicina física e reabilitação da Universidade de
Pittsburgh, Jennifer Collinger, descreveu o projeto de Musk como "uma
tecnologia verdadeiramente revolucionária no difícil espaço da tecnologia
médica".
"O
Neuralink tem recursos suficientes e, o mais importante, uma equipe de
cientistas, engenheiros e médicos trabalhando em prol de um objetivo comum, o
que dá (ao projeto) grandes chances de sucesso", disse ela em entrevista à
BBC.
No entanto, ela fez
ressalvas.
"Mesmo
com esses recursos, o desenvolvimento de dispositivos médicos leva tempo e a
segurança precisa ser uma das principais prioridades, então suspeito que esse
processo levará mais tempo do que a meta que eles estabeleceram", afirma.
De
fato, no relatório do dia 28 de agosto de 2020, Musk mostrou uma alteração no cronograma dos
testes em humanos — que ele havia dito anteriormente que começariam este ano.
Fonte:
BBC future
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