Mike
Tyson começou a lutar, profissionalmente, no dia 06 de março de 1985, quando
venceu o Porto-Riquenho Hector Mercedes por nocaute no primeiro round. Daí pra
frente foi uma saraivada inacreditável de nocautes consecutivos. Foram anos
seguidos dando surras em todos os recordes possíveis do Boxe.
Não
sei precisar a partir de quando comecei a acompanhar sua carreira. Naquela
época, não existia canais por assinatura, ou a gente via na TV aberta ou não
via. Sempre gostei de boxe, desde pequeno, e lembro perfeitamente de lutas de
Mohamed Ali. Lembro-me da chamada “Luta do Século”, em 1974, quando Ali
enfrentou George Foreman. De lá pra cá, sempre acompanhei com atenção tudo que
passava na TV ou saía nos jornais sobre boxe. Ou seja, me considero uma pessoa
com conhecimento mediano sobre as lutas e protagonistas do nobre esporte
bretão, como era chamado na época em que Léo Batista narrava as lutas.
Com
a carreira de Mike Tyson foi diferente. Já era adulto quando ele começou a
lutar. Nessa época, já conhecia a história e havia visto muitos filmes e
documentários sobre as carreiras dos grandes astros do boxe.
As
lutas de Mike Tyson eram completamente diferentes das outras. Não existia fase
de estudos entre os adversários, não existia a dança de pernas de Ali, não
existia a esgrima magnífica dos lutadores cubanos. Existia era porrada na cara
do pobre que ousava enfrentar a máquina de nocautear chamada Mike Tyson. Era absolutamente impressionante e rápido.
Após
os primeiros nocautes, todas as TVs do mundo passaram a transmitir suas lutas,
incluindo as do Brasil. As lutas eram, geralmente, nos sábados à noite, depois
da meia noite. Rapidamente, o pessoal do Bar Clipper, no Leblon, incorporou o evento, e vi
muitas lutas no bar com uma penca de amigos e freqüentadores. Em algumas, perdi a luta porque
havia ido ao banheiro. E vi muitos outros passarem pelo mesmo desgosto de mijar
na hora errada. Bastavam uns 3 minutos
de descuido e perdia-se a luta pela qual esperávamos tanto.
Mike
Tyson teve outra característica impressionante, a quantidade de lutas que fez
nos dois primeiros anos como profissional (1985/86); foram 28 lutas num período
de 22 meses. Sendo que dessas 28 lutas, apenas duas foram decididas por pontos.
Como
tudo na vida, um dia as histórias sem encerram, sem exceção, e Mike Tyson foi nocauteado
por um lutador obscuro, como ninguém poderia imaginar, em 1990, após uma série
de confusões em sua vida.
Agora,
ele volta aos noticiários e vai realizar uma luta como nunca houve na história:
um ex-campeão mundial vai lutar (exibição) aos 54 anos de idade. Gosto de
duvidar muito que seja só “exibição”, não para Mike Tyson.
Para
mim, não resta a menor dúvida: nunca houve um lutador de Boxe como Mike Tyson.
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