MARINA COLASSANTI - Começou, ele disse

Acordou com o primeiro tiro sem saber porque tinha acordado. Trazia porém do sono um aviso de alarme. Sem se mexer, sem abrir completamente os olhos para não denunciar sua vigília, olhou em volta pela fresta das pálpebras. Lentamente percorreu as sombras, detendo-se mais na cadeira, onde as roupas jogadas criavam formas que não lhe eram familiares. Fazia sempre assim quando acordava de repente no meio da noite e o coração descompassado lhe dizia que talvez houvesse algum invasor no quarto. E cada vez se detinha na cadeira. Não havia ninguém. Permitiu-se então abrir os olhos, levantar a cabeça, só pelo prazer de tornar a fechá-los, ajeitando-se no travesseiro. O segundo tiro estalou seco na rua.
O som colheu-o no estômago, na cabeça, na pele. E com a pele pareceu eriçar os lençóis, ferir a colcha. Mesmo assim não se mexeu.

Um tiro que assalta nosso sono sempre atinge o alvo, ainda que o alvo não sejamos nós, pensou surpreendendo-se com a nitidez do pensamento. Sentia-se atingido, a sensação tão mais importante do que a ordem das palavras.
Esperou um instante para ver se a mulher a seu lado na cama se mexia. Mas o colchão continuou imóvel como se vazio. Melhor assim, ela era muito impressionável, se acordasse o assunto acabaria se estendendo no dia seguinte tornando-se difícil de apagar. Ele próprio continuou na mesma posição. Tentou ouvir a respiração dela. Antes que o conseguisse, adormeceu.

Talvez tivesse apenas cochilado, questão de minutos, porque logo estava novamente acordado, olhos bem abertos, nenhum descompasso, e a certeza de saber quem lhe entrava quarto adentro. Dessa vez não era um tiro. Rajadas de metralhadora pareciam ricochetear entre os prédios estremecendo os vidros da janela. Um corte no ar, picotes abrindo superfícies que ele não via, não imaginava, recusando-se ainda a pensar carne e sangue. As rajadas seguiam-se a intervalos pequenos. E a cada brecha de silêncio ele desejava que fosse a última, fechando a noite onde ela havia sido rasgada, restaurando integridade da escuridão como o lago restaura sua superfície encobrindo o corpo que caiu.
A primeira granada estourou altíssima. Começou, disse mulher. E ele então mexeu-se porque já não era necessário cuidar do sono dela. Começou, respondeu. Continuaram no escuro.

Da rua — mas seria mesmo daquela rua?, os sons se alastravam com tal rapidez que poderiam estar vindo da praça, ou de outra rua —, de onde quer que fosse, ali embaixo ou ali perto, chegavam agora tiros de revólver. E gritos. Eram ordens gritadas, iradas, esparsas. Será que não acertam ninguém, perguntou-se ele calado, porque nenhum grito de dor ou de medo lhe chegava e a dor e medo pareciam ser só dele, dele que ali deitado não era a caça de ninguém e se sentia ferido. Desejou que se matassem, que se rasgassem, que se largassem aos pedaços pelo chão.

Levantou-se. Não vai, disse a mulher, embora sabendo que ele só iria até a janela e que mesmo assim o chegaria perto dos vidros, protegendo-se atrás da quina de cimento. Não vai, você está louco, uma bala perdida te acerta. Nessa altura não chega, disse ele certo que no alto daquele prédio alto nenhuma bala viria se perder, e ainda assim não ousando aproximar-se nem muito menos debruçar o corpo e esticar o pescoço para vasculhar, vasculhar o escuro e saber, com alguma mínima certeza, o que estava se passando.
Entre vidro e cimento olhou para baixo. Acreditou ter visto sombras furtivas. Certamente defendiam-se atrás dos carros estacionados, protegiam-se nos portões, alguns haveriam de correr entre um anteparo e outro, armas nas mãos. Estão lá embaixo, disse para a mulher. Mas sabia que tinha visto o que queria ver, talvez não houvesse ninguém naquele rio negro que era a rua visualizada do alto e ainda por cima encoberta pelas copas das árvores, talvez estivessem mais para lá, além do sinal luminoso que alheio como um farol continuava a trocar de cor.

Uma explosão. E quase em cima daquela, outra. Mais fortes, dessa vez. Recuou rápido, meteu-se na cama. Estão usando armamento pesado, disse a mulher como se entendesse de armamento. E ele respondeu, talvez sejam granadas, sabendo muito bem que nunca antes tinha ouvido uma explosão de granada e que não saberia distingui-la de qualquer outra explosão.
A fuzilaria pipocou, as balas pareciam ferir chapas de metal. Ao longe, sons semelhantes responderam. Depois explosões em série, um estrondo. E o silêncio. Nenhum carro passava.

Eles não encontravam nada para dizer. Pensavam que deveriam tentar dormir porque no dia seguinte, mas como? e se deixavam ficar, tomados por aquele medo que não era medo porque nada iria lhes acontecer mas que era medo porque tudo estava lhes acontecendo. Durante longo tempo ouviram o tiroteio intenso que ora se aproximava, ora parecia afastar-se, quase ocorresse atrás de muros. Aquilo não tinha fim. Como uma guerra, pensou ele encolhendo as pernas sobre o peito, de costas para a mulher. As rajadas multiplicavam-se em ecos, silenciavam de repente, sobrepunham-se. Sentiu um desespero sem conserto apertar-lhe a boca, azedar-lhe a saliva. Como uma guerra, disse em voz alta. E ela não respondeu, mas ele teve certeza de que em silêncio repetia, uma guerra meu deus uma guerra.

Uma guerra da qual amanhã certamente não haveria nenhum vestígio nas ruas, nenhuma notícia no jornal. Uma guerra em que todos lutavam com o rosto coberto. Chegaria um momento, na madrugada, quando as pessoas em suas camas estivessem exaustas, olhos ardendo de sono e secura, quando a batalha lá embaixo estivesse perdida ou gasta, chegaria um momento em que não se ouviriam mais tiros só cães latindo, e ele se perguntaria, como se perguntava cada vez, onde estão os mortos, onde, e quantos são, um momento em que afinal esticaria as pernas debaixo do lençol e deitado sobre as costas se permitiria afinal adormecer.
Olhou o despertador, mas a fluorescência há muito tinha se esvaído. Que hora será? perguntou à mulher, quando na verdade queria perguntar há quanto tempo estamos aqui e quanto tempo ainda teremos que ficar ouvindo, ouvindo o esfacelamento da noite. É tarde, respondeu a mulher só para dar-lhe uma resposta, ela que também tinha perguntas a fazer mas, para quê? E ele pensou é tarde, e teve vontade de chorar.

MOACYR SCLIAR - Lágrimas e testosterona

Atenção, mulheres, está demonstrado pela ciência: chorar é golpe baixo. As lágrimas femininas liberam substâncias, descobriram os cientistas, que abaixam na hora o nível de testosterona do homem que estiverem por perto, deixando o sujeito menos agressivos. Os cientistas queriam ter certeza de que isso acontece em função de alguma molécula liberada — e não, digamos, pela cara de sofrimento feminina, com sua reputação de derrubar até o mais insensível dos durões. Por isso, evitaram que os homens pudessem ver as mulheres chorando. Os cientistas molharam pequenos pedaços de papel em lágrimas de mulher e deixaram que fossem cheirados pelos homens. O contato com as lágrimas fez a concentração da testosterona deles cair quase 15%, em certo sentido deixando-os menos machões. (Publicado no caderno Ciência, 7 de Janeiro de 2011)


Ele vivia furioso com a mulher. Por, achava ele, boas razões. Ela era relaxada com a casa, deixava faltar comida na geladeira, não cuidava bem das crianças, gastava de mais. Cada vez porém, que queria repreendê-la por urna dessas coisas, ela começava a chorar. E aí, pronto: ele simplesmente perdia o ânimo, derretia. Acabava desistindo da briga, o que o deixava furioso: afinal, se ele não chamasse a mulher à razão, quem o faria? Mais que isso, não entendia o seu próprio comportamento. Considerava-se um cara durão, detestava gente chorona.

Por que o pranto da mulher o comovia tanto? E comovia-o à distância, inclusive. Muitas vezes ela se trancava no quarto para chorar sozinha, longe dele. E mesmo assim ele se comovia de uma maneira absurda.

Foi então que leu sobre a relação entre lágrimas de mulher e a testosterona, o hormônio masculino. Foi urna verdadeira revelação. Fina! mente tinha uma explicação lógica, científica, sobre o que estava acontecendo. As lágrimas diminuíram a testosterona em seu organismo, privando-o da natural agressividade do sexo masculino, transformando o num cordeirinho.

Uma idéia lhe ocorreu: e se tomasse injeções de testosterona? Era o que o seu irmão mais velho fazia, mas por carência do hormônio.

Com ele conseguiu duas ampolas do hormônio. Seu plano era muito simples: fazer a injeção, esperar alguns dias para que o nível da substância aumentasse em seu organismo e então chamar a esposa à razão.

Decidido, foi à farmácia e pediu ao encarregado que lhe aplicasse a testosterona, mentindo que depois traria a receita. Enquanto isso era feito, ele. de repente caiu no choro,um choro tão convulso que o homem se assustou: alguma coisa estava acontecendo?

É que eu tenho medo de injeção, ele disse, entre soluços. Pediu desculpas e saiu precipitadamente. Estava voltando para casa. Para a esposa e suas lágrimas.

JÔ SOARES - 18 Frases de Humor


“O filme sempre começa na hora certa, principalmente quando você chega atrasado”.

 “O ar quando não é poluído, é condicionado".

"A pessoa que se diz humilde, se era, deixou de ser."

"Esse sorriso tão lindo que você tem é seu mesmo ou é patrocinado por algum creme dental?"

"Houve uma guerra que durou 100 anos. É dose. Os soldados morreram todos de arteriosclerose."

"Era um sujeito realmente distraído: na hora de dormir, beijou o relógio, deu corda no gato e enxotou a mulher pela janela."

"As duas mulheres se pareciam tanto que todos pensavam que fossem gêmeas. Mas não: eram clientes do mesmo cirurgião plástico."

"A prova de que a natureza é sábia é que ela nem sabia que iríamos usar óculos e notem como colocou nossas orelhas."

"Era um menino tão mau que só se tornou radiologista para ver a caveira dos outros."

"Não há amizade, que por mais profunda que seja, que resista a uma série de canalhices."

"É bem melhor pensar sem falar, do que falar sem pensar."

Era tão azarado que, se quisesse achar uma agulha no palheiro, era só sentar-se nele”.

O pára-quedas é o único meio de transporte que ao enguiçar, chega-se mais rápido”.

"Não há nada de errado com a velhice que a morte não resolva."

"Não há nada de errado com a juventude que a idade não cure.

"Nunca faça graça de graça. Você é humorista, não político."

"Gordo, quando está fazendo dieta, sempre faz a barba antes de se pesar."

"Morava tão longe, que o carteiro mandava suas cartas pelo correio."

AGUINALDO SILVA - Os acrobatas liam Júlio Cortázar antes de subir ao trapézio

Eu nunca lera nada sobre este cara chamado Júlio Cortázar. Mas pederastas já vira muitos, desde os tempos do colégio, quando nós os humilhávamos no banheiro, depois das aulas de educação física. Isso sem falar nas vezes em que cruzava com um deles nos cinemas, nos corredores mais escuros, nos mictórios públicos e nas madrugadas sombrias, locais e ocasiões em que essa raça parecia se sentir mais à vontade. Aqueles quatro, no entanto, me pareceram estranhos desde o primeiro instante. Primeiro porque andavam em fila, ordenados, um atrás do outro e todos silenciosos, sérios. Depois porque havia uma coisa difícil de explicar em seus corpos. Embora andassem calmamente, e evitassem gestos inúteis, a verdade é que eles, misturados às dezenas de pessoas que, naquela madrugada, se encontravam na estação rodoviária, mesmo que estivessem parados, ou até se fossem estátuas, me pareceriam, logo os visse, prestes a alçar vôo. Era como se a terra fosse para eles um rápido descanso, um momento antes de uma revoada para o céu, ou ao menos para os travões de ferro que cruzavam o teto inacabado da estação. Foi assim que os vi a primeira vez, quando passaram mergulhados no próprio silêncio, em fila, carregando a bagagem que não me pareceu muita - duas ou três valises. E mais ainda quando, depois, cruzei com eles à porta do ônibus que nos levaria a São Paulo — calçavam sapatos de borracha, eu observei, e aquele silêncio que faziam seus oito pés ao caminhar parecia um só, e planejado, metrificado e posto a funcionar num esquema: sendo. quatro, eram ao mesmo tempo um só, tão semelhantes me pareciam, e como se ligados pelo ritmo que os conduzia. Agora me pergunta como é que eu soube que se tratava de pederastas. Ora, acontece que os conhecia sempre, os pederastas, mesmo que estivessem imóveis e de olhos fechados, até mesmo quando estavam de costas eu tinha facilidade em reconhecê-los, coitados, nem sempre presos aos maneirismos e gestos que faziam conhecida a raça, mas iguais naquele olhar oblíquo, na maneira como punham um pé diante do outro, o da frente ligeiramente desviado para a direita ou para a esquerda, apontando nesta ou naquela direção. Muitas vezes, em determinados locais, eu vira quando um deles entrara, discreto, silencioso e solitário, cumprira esta ou aquela missão e se retirara, e eu dizia para mim mesmo, é um deles, e olhava em volta surpreso, já que ninguém, além de mim, o notara. Às vezes, se estava acompanhado, não resistia e murmurava para o meu companheiro, viu só aquele pederasta? E o outro surpreso perguntava, mas quem? Ou comentava, depois que eu o apontasse: mas é mesmo? Como é que você sabe?
E era de madrugada, claro: uma hora da manhã na estação rodoviária. Só a essa hora eles ousariam viajar, tomar um ônibus para São Paulo, mesmo sendo quatro. Chegariam lá às sete horas, e ainda gozariam um pouco com o frio da manhã: beberiam café num dos bares próximos da estação, e depois desapareceriam pelas ruas próximas, ao que parece consumidos pelos primeiros raios do sol. À noite seria fatal encontrá-los outra vez em algum lugar escuso.

Abriram a porta do ônibus, e o motorista foi recebendo os bilhetes, um a um. As pessoas se atacavam aflitos beijos de despedida — era como se São Paulo fosse o fim do mundo. E os quatro entraram um a um, à minha frente. No interior do ônibus meio escuro, tateei em busca do número que me fora reservado, e embora não tivesse ainda pensado nisso em nenhum momento, nem fiquei surpreso quando, ao sentar-me, encontrei um deles ao meu lado. Olhei de esguelha, pensei aborrecido que no meio da estrada ele iria me apalpar, procurei manifestar o meu aborrecimento de alguma forma: acendi a luz individual, procurei o cinzeiro, encontrei nele uma ponta de cigarro, murmurei um palavrão sem abrir os dentes, mas o rapazinho não deu atenção. Ao contrário, abriu calmamente sua valise, retirou de dentro dela um livro, acendeu sua luz individual e começou a ler. Esperei mais aborrecido ainda que seu cotovelo roçasse no meu — o livro poderia ser um simples pretexto —, mas os outros passageiros entraram, o motorista também, a porta foi fechada, acesas as luzes, e o ônibus deu partida. Os outros dois estavam sentados à frente, juntos no mesmo banco, e o quarto, à minha esquerda e um pouco atrás, acomodara-se próximo a um velho. O ônibus seguia e eu comecei a pensar em descontrair os músculos, tentar dormir.
Foi quando, de esguelha, olhei o livro que ele lia. Aberto na página trinta e dois, trazia o nome no alto da página: Júlio Cortázar era o autor. E na seguinte, também no alto, o título, Rayuela. Eu não sabia o que significava essa palavra, mas ela, mal a li, brilhou no escuro, como se fosse mágica. Tanto isso aconteceu, que cresceu imediatamente nos meus lábios a pergunta, avolumou-se e, amarga, cheia de bílis e esverdeada, ela transpôs a barreira de meus dentes, rompeu a fraca contração dos meus lábios e espalhou-se na área próxima ao meu rosto, a pergunta como se fosse uma brisa, sibilina e meia morna:
Você lê esse cara?
Sim, porque paralelamente me lembrara: em algum lugar, num jornal ou revista, lera qualquer coisa sobre esse sujeito, Cortázar, que escrevia e era misterioso, uma dessas situações pouco másculas que os escritores e artistas costumam alimentar. E, ao mesmo tempo, sabia agora, aquela palavra, quando lera o artigo, ficara gravada dentro de mim, Rayuela, e só à espera de um momento como este (e porque ele ainda não havia chegado é que eu disse, antes, que nunca lera nada sobre este Júlio Cortázar).
O rapaz, que no rápido instante seguinte me pareceu já esperar pela pergunta, respondeu sem me olhar - nós lemos sempre Cortázar, desde que o descobrimos em Paris. E me olhando, então, pela primeira vez de frente, seus olhos que não ousei enfrentar (me pareceu, de repente, que eu resvalava numa direção contrária à normal), explicou:
O Waldo descobriu que nós somos seus personagens principais quando subimos ao arame. Somos equilibristas.
E me apareceram então, como se impressas no ar ou gravadas em acinzentada fumaça, as palavras da manchete de um dos jornais do Rio: Secretário de Segurança proibiu a exibição dos Irmãos Fantini. Outra vez perguntei:
Irmãos Fantini?
Sim, respondeu o outro, embora não sejamos irmãos, nem nos chamemos Fantini, a não ser o Waldo, que tem esse nome. Mas quando estamos no alto, sobre o fio, combinamos como se fôssemos irmãos.
O fio: era lá que eles fariam a exibição. O fio de aço estendido entre dois prédios, cruzando a avenida central da cidade, à altura do décimo segundo andar. Os Irmãos Fantini, segundo o jornal, pernambucanos famosos em toda a Europa, atravessariam um a um, caminhando sobre o fio. E receberiam, em troca de tão terrível proeza, as doações que o generoso povo carioca lhes quisesse oferecer. Com o dinheiro conseguido, eles pretendiam retornar à Europa, mas, proibidos pelo Secretário de Segurança — que vira no espetáculo uma ameaça em potencial aos nervos da população —, haviam anunciado uma possível exibição em São Paulo, para onde se dirigiriam. E lá estavam, os quatro.
Deve ser um troço difícil, esse de ser equilibrista, não é?
Novamente minha voz me desobedecia. E o rapaz, agora sem se voltar, entreabrindo o livro e folheando suas páginas — e, ao que me pareceu, retirando delas as frases que me ditava —, comentou sem sair de sua calma: depende. É uma questão de especialização. A mesma coisa que ser datilógrafo, ou motorista de caminhão. Difícil mesmo é encontrar o parceiro. Nós nos conhecemos numa feira. Andávamos os quatro, com dificuldade, na corda bamba, e nas feiras íamos conseguindo donativos suficientes para uma vida de miséria. Até que nos encontramos. O Waldo é que adivinhou as excelentes possibilidades que teríamos se nos juntássemos. Nós nos recolhemos a um sítio, lá no Recife, e foi nessa mesma cidade que cumprimos, depois de uns meses de treinos, nossa primeira exibição.
O ônibus seguia rápido, inevitável. A voz do rapaz, que eu sabia ser pederasta — embora ele não traísse nenhum dos maneirismos habituais à raça — me envolvia. As palavras, no entanto, eram pronunciadas num sussurro, e mesmo sem verificá-lo, eu estava certo de que nossos vizinhos mais próximos não nos escutavam. Um deles, o da frente, até ressonava forte, quase roncava:
Foi um sucesso, essa nossa primeira exibição. O Waldo decidira que nós. viveríamos apenas do que o povo nos oferecesse. E foram muitos os donativos. Quando estávamos no ar, em plena travessia, pude escutar o silêncio gelado que se fazia lá embaixo. E quando o último de nós deu o passo final e se precipitou em direção à janela de onde o fio saía, ouvimos os quatro alguns soluços antes que viessem as palmas, os gritos entusiasmados. O povo se entusiasma facilmente, e mais facilmente ainda se emociona. E Waldo pedira que não ficássemos frios ante essa emoção. Ela valia por tudo o que nós pensássemos em ganhar.
Anotei mentalmente esse nome, Waldo, e a ele acrescentei o outro:
Waldo Fantini: um deles, o que usava óculos escuros, deveria ser o próprio. Perguntei, o Waldo usa óculos escuros? E o rapaz respondeu, sim, viu nosso retrato nos jornais? Sem poder explicar ao certo, resmunguei que sim, e ele continuou, já agora sem que eu fizesse qualquer pergunta:
Tanto dinheiro recolhemos que resolvemos viajar para a Europa. Nossa primeira exibição, cruzado o oceano, foi em Lisboa, onde os portugueses nos pareceram bastante apáticos. Ainda aí, alguns — parece que os mais pobres — choraram quando cumprimos os últimos passos. Proibidos em Madrid, pudemos fazer uma exibição em Barcelona. Novas lágrimas. Paris nos deu apenas alegrias, embora nessa alegria notássemos um sinal de fraqueza. Não somos assim tão cultos, mas na França, a impressão que tivemos é de que tudo é utilizado para dar ao visitante uma falsa impressão de euforia. Lá, no entanto, tivemos a felicidade de descobrir — ou nele nos descobrir — Cortázar. Uma manhã Waldo entrou precipitadamente no quarto que ocupávamos num hotel modesto (apesar do dinheiro ganho, vivemos sempre modestamente, evitamos o luxo que, sem dúvida, poderá fazer mal aos nossos músculos e às nossas mentes), e exibiu o livro: Rayuela. E explicou que o senhor Júlio Cortázar, que era argentino, mesmo sem nos conhecer havia escrito nossa história.
Desde então, passamos a ler o livro em rodízio, diariamente, ora um, ora outro. O Waldo, e apenas ele, fez várias anotações, que nós sempre estudávamos. A cada leitura descobrimos novas palavras, outras significações. E como se o livro crescesse sempre, fosse aumentando a cada dia o seu número de páginas. E nós estamos sempre em todas as linhas.
O Fantini me explicou depois, que nem tudo fora êxito na breve carreira do grupo. De volta ao Recife, onde cumpriram outra exibição — já agora com a fama da Europa —, haviam sido roubados em quase tudo. E no Rio, onde o dinheiro já se tornara escasso, tiveram proibida a apresentação. São Paulo, para onde o ônibus se dirigia cruzando aquela escura noite, era sua nova esperança.
Se ganharmos o bastante, voltaremos para a Europa.
E sempre folheando o livro entreaberto sobre os joelhos, mais falou de suas exibições. Citou outras três vezes o Waldo, e eu perguntei, quase aborrecido:
Mas o Waldo é quem manda no grupo? É o chefe?
Ele respondeu que sim. De suas mãos saía toda a garantia do sucesso. Era ele quem iniciava a travessia, e o fazia quando o fio sequer estava estendido, pois a tarefa de estendê-lo era ele quem cumpria com seus próprios passos, lançando-se pela janela a fora, no décimo segundo andar, em direção ao vazio, cumprindo uma terrível guerra contra as inflexíveis noções da gravidade e peso que os homens lá embaixo - os olhos pregados no alto - teimosamente sustentavam. E dessa batalha saía sempre vencedor, seu corpo avançando de dentro de si mesmo a cada passo, no centímetro seguinte já seu corpo novamente avançando, sempre trazendo presa entre os dentes a ponta do fio de aço que para trás ficara preso à primeira janela, o Waldo, o de óculos escuros, enquanto lá embaixo a multidão rezava para que ele rompesse realmente a barreira das leis — Waldo era um deles, afinal —, e na janela os outros irmãos, nem sequer tensos — tanto confiavam na vitória —, esperavam sua vez de atravessar a rua sobre o fio daquela invisível teia.
E eu senti então que, desde a primeira vez que os vira, a entrada da estação, ou mesmo antes, quando lera nos jornais a notícia com os seus nomes, ou antes ainda, quando ouvira falar em Cortázar, em Rayuela, compreendi então que não fizera outra coisa senão me desprender de mim mesmo, despencar, ou resvalar em direção contrária à minha. E naquele ônibus, então, o que ocorreria? Perguntei, mas o Waldo, esse Waldo; o rapaz me interrompeu com um meio sorriso:
Já sei, quer conhecê-lo, não é?
Não respondi que sim, mas me levantei ao mesmo tempo que ele. Lá na frente, notei que o quarto elemento do grupo se postara junto aos outros dois — um destes era o Waldo —, e que os três me esperavam. Caminhamos eu e meu companheiro em direção a eles, e lá, Waldo dormia, a cabeça encostada de leve à janela, os olhos fechados, os óculos escuros guardados no bolso da camisa. Ele dormia mas acordou ao segundo chamado, ergueu de leve a cabeça e lentamente entreabriu os olhos; eu forcei os meus, mas — e foi então que o ônibus se precipitou de vez na escuridão da noite — de dentro dos olhos dele nada mais pude arrancar além da brancura que, impotente, me fitava. Waldo Fantini, o primeiro dos irmãos equilibristas, atingido na infância por um terrível mal, era definitivamente cego.

OUTROS FORMATOS DE FAMÍLIA - Rosely Sayão

Já faz tempo que nossa sociedade discute as mudanças que têm ocorrido nas famílias. Primeiramente a separação, depois o divórcio e na sequência os recasamentos que surgiram como consequência provocaram uma grande modificação no grupo que, tradicionalmente, era chamado de família e cuja estrutura era formada por um homem e uma mulher que se uniam até que a morte os separasse e tinham filhos. Agora, há pelo menos duas décadas, uma nova discussão entrou nessa pauta: a formação de grupos familiares que têm como base um casal formado por duas pessoas do mesmo sexo.

A partir da década de 1960, quando surgiram as primeiras mudanças significativas na configuração familiar , não faltaram análises preconceituosas que defendiam a permanência da configuração familiar tradicional em nome do desenvolvimento “sadio” das crianças. Na época em que casais começaram a se separar não faltaram teorias e conjecturas que afirmavam que filhos de casais separados tinham todas as possibilidades de serem “crianças problemáticas”. Hoje, com uma geração de adultos que foram criados por pais separados vivendo como qualquer outro adulto, constatamos que tal profecia não se realizou. A separação não se mostrou, ela mesma, um fator responsável por gerar problemas aos filhos.

Atualmente, mesmo com a visibilidade social da condição homossexual de um grande número de pessoas que lutam por uma vida digna e com os mesmos direitos civis e sociais de todos, dá para perceber que ainda há muito preconceito tanto em relação às novas configurações familiares em geral quanto especificamente àquelas que têm sua base formada por uma união homossexual. E, como não poderia deixar de ser, as crianças têm sido novamente usadas como o fiel da balança aos que são contrários a essa formação familiar. Isso nos permite concluir que os casais homossexuais trilham, atualmente, o mesmo caminho que casais heterossexuais que se separaram já trilharam na busca da legitimidade de sua condição. Agora é a hora, portanto, de refletirmos a respeito das crianças em seu contexto familiar.

O que é importante para uma criança para que ela tenha condições favoráveis ao seu desenvolvimento? Que ela seja amada, primeiramente. E não se trata de um tipo de amor pegajoso que enche a criança de abraços, beijos e declarações sem fim. Trata-se, sim, de um amor que se expressa em cuidados, na proteção necessária – sem exagero – e na presença adulta para a introdução da criança no mundo das relações com os outros.

Ora, qualquer pessoa pode, potencialmente, oferecer isso a uma criança seja ela homossexual ou não, separada ou não. Da mesma maneira, qualquer pessoa pode também não ter disponibilidade pessoal para oferecer esse contexto a um filho, seja ela unida a uma pessoa do sexo oposto, do mesmo sexo ou sozinha, não é verdade? Então, para a criança, pouco importa o tipo de configuração familiar a que pertence. Para ela, importa mesmo é que sua família, tenha ela a configuração que tiver, lhe ofereça o sentimento de pertencimento e que funcione como guia adulto seguro na introdução à vida em grupo.

Todo adulto, tenha ou não filhos, tem compromissos humanos e éticos com todas as crianças já que elas é que serão responsáveis por nosso futuro. Isso implica em muitas responsabilidades e, especialmente, em uma das mais árduas: a de superar preconceitos, sejam estes de raça, de religião, de classe social ou de gênero e sexualidade, entre outros. 

Por isso, temos obrigação de olhar para os novos contextos familiares em que vivem muitas crianças sob a ótica da paternidade e/ou maternidade responsáveis tão somente.

GAFES, MICOS E VEXAMES - COMO EVITÁ-LOS.

Esqueça os manuais de etiqueta. 
A receita para evitar as grosserias que envenenam o dia a dia 
– e que, no longo prazo, atrapalham nossa vida – 
é cultivar o respeito nas relações pessoais.

Boas maneiras são mais importantes do que leis”, dizia o escritor irlandês Edmund Burke (1729-1797). Outro pensador, o inglês Thomas Hobbes (1588-1679), escreveu em sua obra mais famosa, Leviatã: “A importância das boas maneiras não está no jeito certo de saudar o outro ou limpar os dentes, mas no fato de possibilitar que os homens vivam juntos e em paz”. Eles não exageravam – e a época atual, de certa forma, dá razão a ambos. Só nos Estados Unidos, é possível encontrar mais de 150 livros de etiqueta numa livraria comum. No Brasil, 60. Esses livros atendem a uma necessidade social concreta – facilitar a convivência – presente hoje tanto quanto no tempo de Burke ou Hobbes. Eles também atacam um problema que tem um efeito desgraçadamente cumulativo. Uma grosseria em casa ou no trabalho estraga o dia e pode ter consequências maiores do que um simples desassossego. Montes delas resultam, no longo prazo, em brigas familiares, divórcios, crises, demissões. A falta de boas maneiras, além de contratempos, pode diminuir dramaticamente nossas chances de sucesso e felicidade.

Por isso, os manuais de etiqueta se tornam frequentemente best-sellers. A má notícia é que eles não são suficientes. A complexidade da vida moderna é tamanha que regras concisas não dão conta – gafes, vexames e micos estão sempre à espreita. Novos arranjos familiares e a vida íntima cada vez mais exposta na internet põem na berlinda as nossas referências de convivência. O que fazer quando um amigo publica no Facebook uma foto em que você aparece de sunga ou biquíni? Na era das redes sociais, em que todos sabem de todos, como montar uma reunião para um grupo de amigos sem magoar aqueles que você não poderá chamar?

O jornalista americano Henry Alford, que escreve sobre boas maneiras para títulos de prestígio como a revista Vanity Fair ou o jornal The New York Times, encontrou uma forma brilhante de tratar o assunto. Na impossibilidade de estabelecer regras claras de convivência, a saída é buscar a essência delas: cultivar a gentileza no trato com o outro, por meio do respeito e do afeto. É esse princípio que norteia a obra que, recém-chegada às livrarias americanas, promete uma revolução a respeito do tema: Would it kill you to stop doing that? (Você morreria se parasse de fazer isso?), ainda sem data para ser lançada no Brasil.

A obra de Alford vem tendo bom desempenho em vendas e resenhas positivas. Isso ocorre principalmente por três razões. A primeira é evitar o clichê dos livros de etiqueta, em geral listas de conselhos que podem ser bastante maçantes. Em vez disso, os capítulos adotam uma dicção bem-humorada, num estilo que o autor aprimorou ao escrever para jornais e revistas. 

O segundo é a pesquisa feita por ele nos Estados Unidos, país onde vive, e no Japão, que ele considera uma referência mundial em boas maneiras. 

O levantamento recheia o texto de histórias interessantes. 

O terceiro – e mais importante – é a solidez das ideias, que se constroem a partir de um princípio basilar: para ter boas maneiras, o mais importante é o estímulo por trás da atitude. É uma questão, basicamente, de ser capaz de se colocar no lugar do outro e de se importar com ele. “Quando temos esse estado de espírito, nossa interação acontece naturalmente de forma gentil”, disse Alford. 

Ele reconhece, no entanto, que a gentileza não é um estado natural para a maioria de nós. 

É uma construção, que exige calibragem constante. “Vale o esforço. Mudamos nossa percepção sobre as pessoas, para melhor.”

ESTAMOS COM FOME DE AMOR - Autoria desconhecida (negada p/ Arnaldo Jabor)

O que temos visto por ai ? Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros e transparentes.
Com suas danças e poses em closes ginecológicos, cada vez mais siliconadas, corpos esculpidos por cirurgias plasticas, como se fossem ao supermercado e pedissem o corte como se quer mas... chegam sozinhas e saem sozinhas...
Empresários, advogados, engenheiros, analistas, e outros mais que estudaram, estudaram, trabalharam, alcançaram sucesso profissional e, sozinhos...
Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os novíssimos "personal dancer", incrível.
E não é só sexo não! Se fosse, era resolvido fácil, alguém tem dúvida?
Sexo se encontra nos classificados, nas esquinas, em qualquer lugar, mas apenas sexo!
Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho, sem necessariamente, ter que depois mostrar performances dignas de um atleta olímpico na cama ... sexo de academia . . .
Fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que vão "apenas" dormir abraçadinhos, sem se preocuparem com as posições cabalísticas...
Sabe essas coisas simples, que perdemos nessa marcha de uma evolução cega.
Pode fazer tudo, desde que não interrompa a carreira, a produção...
Tornamo-nos máquinas, e agora estamos desesperados por não saber como voltar a "sentir", só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão distante de nós...
Quem duvida do que estou dizendo, dá uma olhada nos sites de relacionamentos 'FACEBOOK", "TWITTER", "ORKUT", "PAR-PERFEITO" e tantos outros, veja o número de comunidades como: "Quero um amor pra vida toda!", "Eu sou pra casar!" até a desesperançada "Nasci pra viver sozinho!"
Unindo milhares, ou melhor, milhões de solitários, em meio a uma multidão de rostos cada vez mais estranhos, plásticos, quase etéreos e inacessíveis, se olharmos as fotos de antigamente, pode ter certeza de que não são as mesmas pessoas, mulheres lindas se plastificando, se mutilando em nome da tal "beleza".
Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento, e percebemos a cada dia mulheres e homens com cara de bonecas, sem rugas, sorriso preso e cada vez mais sozinhos.
Sei que estou parecendo o solteirão infeliz, mas pelo contrário.
Pra chegar a escrever essas bobagens (mais que verdadeiras) é preciso ter a coragem de encarar os fantasmas de frente e aceitar essa verdade de cara limpa.
Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia isso é julgado como feio, démodé, brega, famílias preconceituosas.
Alô gente! Felicidade, amor, todas essas emoções fazem-nos parecer ridículos, abobalhados...
Mas e daí? Seja ridículo, mas seja feliz e não seja frustrado...
"Pague mico", saia gritando e falando o que sente, demonstre amor...
Você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta mais.
Perceba aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca mais volte a vê-la, ou talvez a pessoa que nada tem a ver com o que imaginou mas que pode ser a mulher da sua vida.
E, quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso a dois.
Quem disse que ser adulto é ser ranzinza?
Um ditado tibetano diz: "Se um problema é grande demais, não pense nele... E, se ele é pequeno demais, pra quê pensar nele?"
Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o dedo, assistir desenho animado, rir de bobagens e ou ser um profissional de sucesso, que adora rir de si mesmo por ser estabanado...
O que realmente, não dá é para continuarmos achando que viver é out... ou in
Que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo, que temos que querer a nossa mulher 24 horas, maquiada, e que ela tenha que ter o corpo das frutas tão em moda, na TV, e também na playboy e nos banheiros, eu duvido que nós homens queiramos uma mulher assim para viver ao nosso lado, para ser a mãe dos nossos filhos, gostamos sim de olhar, e imaginar a gostosa, mas é só isso, as mulheres inteligentes entendem e compreendem isso.
Queira do seu lado a mulher inteligente: "Vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois, ou quem sabe os dois, vão querer pular fora, mas se eu não pedir que fique comigo, tenho certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida".
Porque ter medo de dizer isso, porque ter medo de dizer: "amo você", "fica comigo", então não se importe com a opinião dos outros, seja feliz!
Antes ser idiota para as pessoas que infeliz para si mesmo!

Autoria desconhecida (autoria negada por Arnaldo Jabor)

ATAQUE DE RAVIA É COMUM, O DESCONTROLE NÃO.

Quem nunca sentiu raiva de alguém ou de uma situação? A raiva é, como todos os sentimentos, normal e em diversas ocasiões você ficará frente a frente com ela. A raiva está relacionada com uma frustração, uma insegurança ou quando você de alguma maneira se sente ameaçado. Todos nós sentimos raiva, o que varia é a intensidade do sentimento e as formas de expressão. E é aí que você deve ter cuidado para não ser intenso demais e prejudicar a si e aos que te rodeiam.

Se você tem a agressividade exagerada e por qualquer motivo perde a razão, grita, xinga pessoas pode se tornar indesejada no ambiente social e profissional. Afinal, ninguém gosta de conviver com alguém que possa explodir a qualquer momento. A raiva convertida em agressividade intensa é também perigosa, pois, você não pode prever de que maneira a pessoa que é alvo de sua raiva vai reagir. Não é raro ver em noticiários que brigas banais de trânsito, por exemplo, terminem em morte. Portanto é bom tomar cuidado com ataques súbitos.

Algumas pessoas acham que os problemas só serão resolvidos aos gritos ou que só alcançaram o reconhecimento e o respeito se agirem com grosseria e descontando em todos sua raiva. Em muitas profissões ataques de raiva são inclusive confundidos com competência. Principalmente em cargos de chefia é comum encontrar pessoas que se descontrolam por motivos muitas vezes pequenos e acreditam que com a alteração da voz irão conseguir resolver os problemas.

Uma pessoa que está constantemente com raiva de tudo e de todos está certamente desequilibrada. O mesmo acontece com que nunca demonstra qualquer sinal de raiva. Que age desta maneira pode segura o sentimento até o ponto de fazer mal ao organismo. O famoso "engolir sapo" não faz bem a ninguém. Nenhuma das situações é benéfica e as duas personalidades precisam repensar na maneira como lidam com as frustrações e as contrariedade comuns da vida.

Nós todos somos compostos de sentimentos bons e ruins. Alegria, tristeza, raiva e amor convivem dentro de nós e cabe a cada um dar a vazão necessária para os sentimentos. O que não podemos jamais é que um sentimento seja mais forte e presente que os demais, pois desta forma ficamos desequilibrados e propensos a diversos fatores negativos.
Letícia Murta

MARTHA MEDEIROS - Feliz por nada

Geralmente, quando uma pessoa exclama Estou tão feliz!, é porque engatou um novo amor, conseguiu uma promoção, ganhou uma bolsa de estudos, perdeu os quilos que precisava ou algo do tipo. Há sempre um porquê. Eu costumo torcer para que essa felicidade dure um bom tempo, mas sei que as novidades envelhecem e que não é seguro se sentir feliz apenas por atingimento de metas. Muito melhor é ser feliz por nada.
Digamos: feliz porque maio recém começou e temos longos oito meses para fazer de 2010 um ano memorável. Feliz por estar com as dívidas pagas. Feliz porque alguém o elogiou. Feliz porque existe uma perspectiva de viagem daqui a alguns meses. Feliz porque você não magoou ninguém hoje. Feliz porque daqui a pouco será hora de dormir e não há lugar no mundo mais acolhedor do que sua cama.
Esquece. Mesmo sendo motivos prosaicos, isso ainda é ser feliz por muito.
Feliz por nada, nada mesmo?
Talvez passe pela total despreocupação com essa busca. Essa tal de felicidade inferniza. "Faça isso, faça aquilo". A troco? Quem garante que todos chegam lá pelo mesmo caminho?
Particularmente, gosto de quem tem compromisso com a alegria, que procura relativizar as chatices diárias e se concentrar no que importa pra valer, e assim alivia o seu cotidiano e não atormenta o dos outros. Mas não estando alegre, é possível ser feliz também. Não estando "realizado", também. Estando triste, felicíssimo igual. Porque felicidade é calma. Consciência. É ter talento para aturar o inevitável, é tirar algum proveito do imprevisto, é ficar debochadamente assombrado consigo próprio: como é que eu me meti nessa, como é que foi acontecer comigo? Pois é, são os efeitos colaterais de se estar vivo.
Benditos os que conseguem se deixar em paz. Os que não se cobram por não terem cumprido suas resoluções, que não se culpam por terem falhado, não se torturam por terem sido contraditórios, não se punem por não terem sido perfeitos. Apenas fazem o melhor que podem.
Se é para ser mestre em alguma coisa, então que sejamos mestres em nos libertar da patrulha do pensamento. De querer se adequar à sociedade e ao mesmo tempo ser livre. Adequação e liberdade simultaneamente? É uma senhora ambição. Demanda a energia de uma usina. Para que se consumir tanto?
A vida não é um questionário de Proust. Você não precisa ter que responder ao mundo quais são suas qualidades, sua cor preferida, seu prato favorito, que bicho seria. Que mania de se autoconhecer. Chega de se autoconhecer. Você é o que é, um imperfeito bem-intencionado e que muda de opinião sem a menor culpa.

MARTHA MEDEIROS - Felizes por nada

Consagrar o Brasil como o campeão mundial de felicidade é passar
 atestado da nossa alienação e do nosso desinteresse pelo futuro".

Quando me perguntam q que atribuo o fato de minha última coletânea de crônicas estar há 32 semanas na lista dos mais vendidos, não me ocorre outra resposta: só pode ser por causa do título, já que o conteúdo é semelhante às coletâneas anteriores. No entanto, nenhuma teve uma receptividade tão calorosa quanto "Feliz por nada", um livro que traz textos sobre as triviais situações do cotidiano, e não sobre a Felicidade, aquela, com maiúscula e traje de gala. Como se explica?
Surgiu uma pista: foi divulgado, semana passada, o resultado de uma pesquisa que revela que o Brasil é o campeão mundial de felicidade. Mundia! As entrevistas devem ter sido feitas numa época do ano diferente da que estamos, pois quem consegue ser tão feliz prestes a entregar a declaração do imposto de renda? Pagamos os tubos para o governo , que gentilmente retribui nos dando uma banana. Os que buscam saúde de qualidade, educação de qualidade e segurança de qualidade t6em que pagar por fora. Os pedágios seguem altos. Tudo é caro: roupa, alimento, remédio, transporte. Aeroportos não dão conta do movimento, criminosos são soltos por falta de espaço nas prisões, o trânsito nas grandes cidades está estrangulado, o tráfico de drogas acontece a céu aberto. Nem precisamos perguntar para onde vão os bilhões que o governo arrecada e que deveriam ser reinvestidos no país. Vão para o mesmo lugar aonde vai nosso voto: para o bolso dos sem-escrúpulos
Logo, somos realmente felizes por nada. Se não temos a bravura de de nos mobilizarmos, ao menos nos sobra a capacidade de extrairmos alegria de todo o resto: desde os gols do Neymar até uma receita nova de panqueca. Não deixa de ser um estágio existencial avançado – em vez de um povo frustrado por não ter casa própria, o vestido de grife ou o Ipad recém-lançado, as pessoas curtem a floreira embaixo da sua janela, o café da manha com o namorado, o último capítulo da novela, o primeiro desenho que o filho fez na escola. A notícia é boa, mas também é ruim: tudo indica que estamos valorizando as pequenas delicadezas que a rotina oferece com fartura, o que explica não nos importarmos tanto por sermos roubados e por vivermos sitiados dentro de edifícios gradeados.
Faço parte do time que acredita que ficar em casa lendo um livro ou se reunir com amigos para tomar um vinho equivale a uma festa a rigor(na verdade, considero melhor que uma festa a rigor). Individualmente, a simplicidade é uma forma saudável de levar a vida, é o que defendo. Mas quando uma nação inteira se revela satisfeita com merrecas, sem ter o básico garantido, alto lá. Consagrar o Brasil como campeão mundial de felicidade é passar atestado da nossa alienação e do nosso desinteresse pelo futuro. Seria mais decente nos emburrarmos um pouco.

SEGREDO DA POPULARIDADE PODE SER A HABILIDADE DE PERCEBER O QUE OS OUTROS SENTEM

De acordo com um estudo das universidades de Oxford e Liverpool (Inglaterra), o segredo de quem tem muitos amigos pode estar na capacidade de “adivinhar” o que outras pessoas estão pensando e, em especial, antecipar o que querem. É claro que a habilidade não tem nada a ver com uma habilidade sobrenatural e sim com a sensibilidade e boa leitura de sinais, que permitem captar o estado mental de outras pessoas. O termo usado pelos cientistas para isso é “mentalising”.
Pois bem. Os pesquisadores descobriram que o córtex órbito-frontal (parte do cérebro logo acima dos olhos, importante para as habilidades sociais e a capacidade de imaginar o que está rolando na cabeça de outra pessoa) é bem maior em quem tem muitos amigos. O estudo também sugeriu uma ligação entre a habilidade da ‘leitura de mentes’ e a capacidade de manter um círculo de amigos realmente significativos, ao contrário de meros conhecidos.
Depois de terem seu cérebro analisado por meio de ressonância magnética na Universidade de Liverpool, 40 voluntários tiveram que listar todas as pessoas com quem haviam se envolvido socialmente (o que não incluía relações profissionais) ao longo dos últimos sete dias. Eles também passaram por um teste psicológico de sua capacidade de “ler a mente” dos outros.

O professor e pesquisador Robin Dunbar, do Instituto de Biologia Evolutiva e Cognitiva da Universidade de Oxford, explicou ao jornal Daily Mail: “Descobrimos que os indivíduos que tinham mais amigos se saíram melhor em tarefas de ‘mentalising’ e tinham mais volume neural no córtex órbito-frontal.”
A psicóloga e co-autora do estudo Joanne Powell, da Universidade de Liverpool, completou: “Talvez a descoberta mais importante do nosso estudo seja termos sido capazes de mostrar que a relação entre o tamanho do cérebro e o tamanho da sua rede social é mediada pela habilidade de ler mentes”.
O professor Dunbar ainda ressaltou a importância de lembrar que todos os voluntários eram estudantes de pós-graduação com praticamente a mesma idades e com oportunidades semelhantes para atividades sociais. Mesmo assim, alguns se deram melhor que outros. Apesar de fatores como a quantidade de tempo livre para socializar, onde vivem, sua personalidade e gênero influenciarem os tipos de amizade que a pessoa terá, a habilidade de saber o que se passa na mente dos outros foi um fator predominante.
P/Ana Carolina Prado

REBELDIA E CONFORMISMO PODEM ESTAR LIGADOS A TAMANHO DE REGIÃO CEREBRAL

Qual será que era o tamanho do córtex orbitofrontal lateral de James Dean, hein?
Cientistas das Universidades de Nova York, Aarhus e College London descobriram uma relação entre a quantidade de matéria cinzenta (basicamente, as células nervosas, onde o processamento das informações ocorre) em uma região cerebral específica e a propensão das pessoas a serem influenciadas pelas pressões sociais. O conformismo, no caso, significa o quanto nos deixamos levar pela opinião dos outros quando fazemos escolhas – desde aquilo que vamos comer no jantar até nossas preferências políticas.
Para identificar as regiões estruturais do cérebro que poderiam se relacionar com essa característica, os pesquisadores mediram os volumes das áreas cerebrais de 28 participantes a partir de imagens tridimensionais fornecida por Ressonância Magnética (RM).
Para medir como reagem à influência social, os participantes tiveram de fazer uma lista de suas músicas preferidas duas vezes: uma antes e outra depois de um crítico musical especializado ter dado sua opinião sobre essas escolhas e ter feito sua própria lista. O grau em que as suas opiniões diferiam entre uma lista e outra serviu como uma medida de conformidade à opinião alheia.
O resultado
Os pesquisadores descobriram que uma única região cerebral estava associada a essa característica: o córtex orbitofrontal lateral, em ambos os hemisférios do cérebro. A descoberta sugere que essa área está programada para reconhecer sinais de conflito social (como quando uma pessoa – no caso, um especialista – não aprova sua escolha), o que pode levar seu cérebro a atualizar suas opiniões para se conformar com a dos outros. Pode ser por isso que pessoas que tenham sofrido danos nessa região muitas vezes exibem alterações de personalidade e interação social.
Segundo o autores, o resultado é importante para mostrar que a nossa capacidade de nos adaptarmos aos outros e alinharmos nossas opiniões é, pelo menos em parte, uma questão estrutural: depende do nosso hardware (a estrutura do nosso cérebro), e não tanto do software (o processamento das informações que ocorre ali). E pode já estar determinado no momento do seu nascimento.
O estudo foi publicado recentemente no periódico Current Biology.
P/Ana Carolina Prado 

CONSELHOS QUE NEM SEMPRE DÃO CERTO - Várias cabeças pensam melhor que Uma

Essa você já ouviu: diante de uma decisão difícil, o ideal é pedir ajuda. Afinal, ter duas pessoas quebrando a cabeça para resolver um problema é melhor do que uma só, dizem. Três, então, é ainda melhor do que duas, e assim por diante. Mas esse não é um bom conselho. Por que? Porque nem sempre.

Enrolações à parte, a explicação é bem simples: ao buscar uma solução com outras pessoas, você acaba confiando mais naquilo que for consenso e dá menos importância a opiniões individuais. Isso pode te fazer ignorar pontos importantes ou soluções mais espertas. “O processo colaborativo é o próprio problema”, explica a psicóloga Julia A. Minson, que conduziu um estudo sobre o tema na Universidade da Pensilvânia.

Na pesquisa, publicada na revista Psychological Science, Minson e a psicóloga Jennifer S. Mueller pediram a 252 pessoas que estimassem nove números relacionados com a geografia, demografia e o comércio dos Estados Unidos. Essas estimativas foram feitas individualmente e após discussões em grupos, e cada pessoa também teve que classificar o nível de confiança em suas respostas.
Depois, os voluntários puderam ver as estimativas de outros e fazer alterações nas suas próprias, se quisessem. Para deixar a brincadeira mais legal – e engajar ainda mais o pessoal – cada um ganhava US$30 a cada duas rodadas, mas perdia US$1 para cada ponto percentual que desviasse da resposta correta.
Os resultados:
1) Quem trabalhou em grupos de quatro pessoas (ou teve “mais cérebros pensando sobre um problema”) não se saiu melhor do que as duplas ou trios e 
2) nas primeiras tentativas, quem trabalhou em dupla acertou um pouquinho mais do que quem estava sozinho. Mas essa diferença sumiu depois que os participantes puderam comparar seus palpites com os dos outros e alterá-los.
O segundo ponto pode ser explicado pelo terceiro: 
3) Aqueles que trabalharam com um parceiro eram mais confiantes em suas estimativas e menos dispostos a aceitar influência de fora.

Segundo as pesquisadoras, esse excesso de confiança custou caro: se essas pessoas tivessem prestado mais atenção aos números que vieram de fora e reconsiderassem seus palpites, provavelmente teriam se saído melhor. Foi o que aconteceu com quem trabalhou sozinho.

Então não, um grupo de 10 pessoas não é 10 vezes melhor. Na verdade, ocorre o oposto: “Matematicamente, tem-se um resultado melhor quando a decisão é tomada a dois. Para cada pessoa adicional, esse benefício cai em uma curva descendente”, disse Julia Minson.
Mas que fique claro que isso não significa que devemos abolir o trabalho em equipe. O segredo, segundo o estudo, é saber dessa desvantagem (o excesso de confiança) e procurar formas de compensá-la. As equipes podem ser incentivadas, por exemplo, a ouvir mais as opiniões individuais e as de fora.
A mesma coisa vale para um casal que toma uma decisão financeira, por exemplo. “Só porque você tomou uma decisão com outra pessoa e se sente bem com isso, não tenha tanta certeza de que já resolveu o problema e não precisará da ajuda de ninguém”, disse Minson. Em outras palavras, tenha bom senso e não se feche em um mundinho com sua dupla ou equipe.
Ana Carolina Prado/Via Psychological Science

COMO A CIÊNCIA TENTA EXPLICAR O QUE CHAMAMOS DE PRESSENTIMENTO E POR QUE PRECISAMOS DELE

Você vê um amigo de longe e, em questão de pouquíssimos segundos, tem o “pressentimento” de que há algo errado. Quando os dois se sentam para conversar, ele conta que realmente está passando por problemas sérios. Como você sabia? O neurocientista David Eagleman, que dirige o Laboratório de Percepção e Ação do Baylor College of Medicine no Texas, traz uma explicação no livro “Incógnito – As Vidas Secretas do Cérebro”.

Para entender, imagine outra situação: você e outras pessoas estão diante de uma mesa com quatro baralhos. Cada um precisa escolher uma carta a cada rodada – e o que aparecer nela pode significar perdas ou ganhos em dinheiro. Mas há um detalhe: dois desses baralhos têm mais cartas boas (ou seja, fazem você ganhar dinheiro) e dois têm mais cartas ruins. Quem escolhe o baralho é o próprio participante que está tirando a carta. Em todas as rodadas, enquanto toma a decisão, cada pessoa é interrogada sobre quais baralhos acredita serem bons ou ruins. Quanto tempo você acha que levaria para descobrir isso?
Um neurocientista chamado Antoine Bechara e alguns colegas fizeram um experimento exatamente assim em 1997 e descobriram que os participantes precisavam tirar, em média, 25 cartas para sacar quais baralhos eram bons ou ruins.
Mas havia um detalhe: eles também mediram, durante toda a tarefa, as reações elétricas da pele de cada participante – que seriam um reflexo da atividade do sistema nervoso autônomo, responsável pela reação de luta ou fuga, por exemplo. Assim, quando a pessoa se sentisse ameaçada, isso seria indicado por esse medidor.
E foi isso que permitiu uma descoberta espantosa: o sistema nervoso autônomo conseguia decifrar a estatística dos baralhos bem antes que a consciência dos participantes: por volta da 13ª carta. A essa altura, cada vez que um deles estendia a mão para pegar a carta de um baralho ruim, havia um pico de atividade elétrica em sua pele – em outras palavras, uma parte do seu cérebro lhes enviava um sinal de alerta, como que dizendo “Cuidado, cara! Esse baralho vai te fazer perder dinheiro!”.
Mas acontece que a mente consciente dessas pessoas ainda não era capaz de captar a mensagem claramente. Isso se manifestou, então, na forma de um “pressentimento”: elas começavam a escolher os baralhos bons antes mesmo de poderem explicar o porquê.
Esse pressentimento é necessário para fazermos boas escolhas. O experimento foi repetido com voluntários que tinham danos na área do cérebro responsável pela tomada de decisões– o córtex pré-frontal ventromedial. Descobriu-se que essas pessoas não eram capazes de formar aquele sinal elétrico de alerta na pele. Ou seja, seu cérebro não conseguia compreender as estatísticas tão rápido e, assim, não os advertia. Mas, mesmo quando sua mente consciente finalmente compreendeu quais eram os baralhos bons e ruins, eles continuaram a escolher as cartas dos montes errados. Se a sua consciência sabia o que fazer, mas mesmo assim eles não o faziam, isso indicaria que a atividade “escondida” do cérebro (que se manifesta nesse caso na forma do que chamamos de “pressentimentos”), é essencial para a tomada de decisões vantajosas.

Reconhecendo rostos
O resultado desses estudos condiz com uma descoberta posterior relacionada a pessoas consideradas prosopagnósicas – aquelas que são incapazes de reconhecer rostos. Fazendo essa medição dos impulsos elétricos de sua pele, pesquisadores concluíram que elas apresentavam uma atividade maior quando viam o rosto de uma pessoa que conheciam. Uma parte do seu cérebro ainda era capaz de distingui-los. O problema é que isso não chegava à sua mente consciente.
Voltando ao caso do primeiro parágrafo: o “pressentimento” que você teve em relação ao seu amigo pouquíssimos segundos após olhar para ele provavelmente tem uma explicação parecida. Antes que sua mente consciente sequer tomasse conhecimento de que ele estava ali, é possível que seu cérebro já tivesse analisado sua linguagem corporal e registrado sinais de que havia algo de errado com ele.
Isso ensina que:
1) Apesar de sua mente consciente (ou aquilo que você considera você) levar o crédito por tudo, ela sabe muito pouco das atividades todas que rolam na sua cabeça – no máximo, ouve sussurros dela. 
Mas isso não é um problema porque 2) graças a esses “pressentimentos”, podemos tomar decisões vantajosas mesmo sem estarmos conscientes da situação.

Quer tomar a decisão certa? Jogue uma moeda
Se a nossa mente consciente sabe tão pouco do mundo em comparação com o que está inconsciente, como podemos acessar as informações que não chegam até ela e tomar boas decisões?
O neurocientista David Eagleman dá a dica: pegue uma moeda, determine qual face equivale a qual decisão e vá no cara ou coroa. Não, não é que você vai decidir assim, pelo acaso. O truque é avaliar sua sensação depois que a moeda cair. Caso se sinta levemente aliviado com o resultado, essa é a decisão correta para você. Se, em vez disso, se irritar e achar isso ridículo, talvez devesse escolher a outra opção.
P/Ana Carolina Prado.

GABRIEL GARCIA MARQUEZ - É Necessário Abrir os Olhos...


É necessário abrir os olhos e perceber que as coisas boas estão dentro de nós, onde os sentimentos não precisam de motivos nem os desejos de razão. 
O importante é aproveitar o momento e aprender sua duração, 
pois a vida está nos olhos de quem saber ver.
Gabriel Garcia Marquez

MARTIN LUTHER KING JR. - Fragmentos


Se soubesse que o mundo se desintegraria amanhã, ainda assim plantaria a minha macieira.O que me assusta não é a violência de poucos, mas a omissão de muitos.Temos aprendido a voar como os pássaros, a nadar como os peixes, mas não aprendemos a sensível arte de viver como irmãos.

****
É melhor tentar e falhar, que preocupar-se e ver a vida passar. É melhor tentar, ainda que em vão que sentar-se, fazendo nada até o final. Eu prefiro na chuva caminhar, que em dias frios em casa me esconder.
Prefiro ser feliz embora louco, que em conformidade viver.

****
O que mais preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem-caráter, nem dos sem-ética.
O que mais preocupa é o silêncio dos bons.
Martin Luther King 

A Casa Encantada & À Frente, O Verso.

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Livros de Edmir Saint-Clair

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