RUY CASTRO - Homem de Marte

Deu no jornal. Beatriz, estudante carioca de 21 anos, é uma dos 100 mil inscritos no projeto da empresa holan- desa Mars One, que se propõe a selecionar 40 pessoas e, destas, despachar quatro para Marte em abril de 2023. Não para tomar sol e flanar pelos canais, mas para morar --o bilhete é só de ida-- e contribuir para criar uma colônia humana no nosso vizinho.

Vizinho, em termos. Marte fica a quase 60 milhões de quilômetros --sua menor distância da Terra-- e a viagem tomará sete meses. Nem a volta do trabalho para casa em São Paulo leva tanto tempo. Para isso, os candidatos a colonos-astronautas terão de suportar oito anos de treinamento, passar por centenas de simulações de voo e pouso e se habituar à miserável dieta que terão de praticar por lá. Diante disso, muitos dos selecionados cairão pelo caminho. Beatriz espera chegar às finais --foi até escolhida para estrelar um documentário promocional sobre a viagem.

Mas temo que essa empreitada exija um tipo diferente de pessoa --alguém que já tenha um razoável histórico de resiliência e dê provas diárias de que suporta agruras, revezes e privações sem perder a pose. Alguém que, certo de suas convicções, enfrente a fúria dos elementos em defesa delas. Enfim, alguém sobre quem não reste a menor dúvida.

O pastor Marcos Pereira, por exemplo. Com seu visual de vilão do cinema mudo --a que não faltam as olheiras de rolha queimada-- e acusado de estupro de fiéis, envolvimento com o tráfico, lavagem de dinheiro, participação em homicídio e arrotar sem motivo justo, ele está certo de que um "homem de branco" descerá das nuvens e o libertará dos aposentos de onde está vendo o sol nascer quadrado. "A cadeia não tem como me segurar", diz. 

É de homens como ele que Marte precisa.

LUIZ FELIPE PONDÉ - As raízes do romantismo

A modernidade é bipolar. 
Quando acorda bem, é iluminista, 
quando acorda mal, é romântica

O mundo, às vezes, pode parecer um lugar assustador. Um lugar onde não conseguimos ver espaço para nossa vida. A alma, então, fica ofegante, sem ar, buscando um lugar onde o horror não seja a regra.

Esse lugar pode ser um mundo invisível, o passado, um paraíso, a pessoa desejada, ou, o que às vezes é a mesma coisa, um outro inferno, como o mundo, ainda que feito da substância dos pesadelos. Quando esse terreno encontra gênios literários, o horror pode virar beleza.

A descrição acima está muito próxima do que o filósofo judeu britânico Isaiah Berlin (século 20) pensava da Alemanha (ainda que neste momento a Alemanha não existisse como unidade política) dos séculos 17 e 18, devido as terríveis guerras religiosas entre católicos e protestantes, "a Guerra dos 30 Anos".

O resultado foi uma Alemanha devastada e reduzida à "Idade Média". Enquanto França e Inglaterra nadavam de braçada em direção à modernização burguesa industrial, os alemães se afogavam no ressentimento e na melancolia. Nascia o romantismo. Essa Alemanha foi seu o berço.

A historiografia marxista costuma dizer (com razão) que o romantismo é a primeira grande ressaca da Europa com a modernização burguesa. A tese de Berlin não nega este fato, mas ilumina elementos sutis com relação aos afetos românticos.

A modernidade é bipolar. Quando acorda bem, é iluminista, científica e progressista, assim como nós quando acordamos acreditando em nossa capacidade de produzir o sucesso material em nossas vidas.

Mas quando ela acorda mal, é romântica, ciente da hostilidade do mundo e em dúvida com relação à capacidade de sua grande criação, o iluminismo racionalista e técnico-científico. Assim como nós quando acordamos em meio a madrugada sentindo a solidão de quem investiu a vida em dinheiro, profissão e sucesso material às custas dos vínculos afetivos pouco eficazes.

Mas, se o romantismo é mal-estar com o mundo burguês, ele é também fruto do mesmo mundo burguês e sua esperança na capacidade do indivíduo criar sua própria vida e sonhar com um futuro que seja autêntico e livre de convenções limitantes. O romantismo é antes de tudo uma afetividade angustiada com um mundo que nega aos homens e mulheres sua espontaneidade. Uma espontaneidade recém-adquirida graças à liberdade moderna.

Em março e abril de 1965, Berlin deu um série de conferências na National Gallery of Art em Washington, EUA, como parte do programa conhecido como The A. W. Mellon Lectures in the Fine Arts. Estas conferências foram publicadas em 2001 com o título "The Roots of Romanticism", Princeton University Press, organizadas pelo editor da obra de Berlin, Henry Hardy. São quatro conferências imperdíveis tanto para os interessados no romantismo quanto para os interessados no pensamento do próprio Berlin.

O romantismo é um grande ataque ao iluminismo e sua fé na eficácia e na ciência da razão. Por isso, na segunda das conferências, Berlin identifica no pietismo alemão do século 17 a grande matriz romântica e não nos delírios das caminhadas do solitário Rousseau. Os pietistas eram de classe média baixa, homens de letras, que liam a mística alemã medieval, principalmente autores como o místico do século 14 Meister Eckhart.

Os petistas viam o mundo como um lugar tomado pelos horrores do mal e por isso fugiam para o campo, viviam em silêncio, estudavam, e por isso mesmo tinham uma vida interior de enorme força e violência. A vida como drama, e não como "uma agenda" (como viam os iluministas).

Em especial, o teólogo e poeta piestista J.G. Hamann (1730-1788), amigo pessoal de Immanuel Kant, lerá o conceito de "Abgrund" ekhartiano, entendido pelo medieval como "abismo sem fundo" de uma alma que se descobre feita da matéria de Deus, como sendo a realidade de uma alma obscura e misteriosa que não cabe na razão, mas que é presa num mundo que não é sua casa. O exílio no mundo é a marca deste "mago do Norte", como ficou conhecido.

O romantismo nos legou esse sentimento sem cura de que criamos um mundo no qual não nos reconhecemos.

CIENTISTAS DESVENDAM ENGRENAGEM QUÍMICA DO MAL DE ALZHEIMER

Droga que inibiu ação de proteína em neurônios 
interrompeu degeneração em ratos

Pesquisadores da Escola de Medicina de Yale, nos Estados Unidos, anunciaram a descoberta da proteína que faltava para entender o passo-a-passo de reações químicas que levam a degeneração dos neurônios. É a perda de células do sistema nervoso que caracteriza o estado de demência, como no mal de Alzheimer. Por meio de pesquisa com ratos, os cientistas concluíram que ao aplicarem medicamentos para reduzir os níveis do receptor metabotrópico de glutamato 5 (mGluR5), os roedores conseguiram restaurar a memória da área cerebral afetada.

O estudo foi publicado na edição desta semana da revista “Neuron”. Até então, o mecanismo conhecido da doença de Alzheimer começava com o aumento da concentração da proteína beta-amiloide, em associação com as proteínas príon presentes na superfície dos neurônios. Mas faltava entender como que essas duas substâncias conseguiam ativar a uma terceira proteína envolvida no mecanismo, a Fyn.

— O mais empolgante entre todas as ligações dessa corrente molecular é que a esta proteína, a mGluR5, é a mais fácil de ser atingida por remédios — disse o líder do estudo, o professor de neurologia Stephen Strittmatter, em declaração divulgada pela universidade.

De acordo com o trabalho divulgado na “Neuron”, a droga usada para bloquear o efeito da mGluR5 é semelhante a desenvolvida para tratar a síndrome de Martin & Bell, uma mutação genética associada ao autismo. Strittmatter destaca que o estudo pode ser o ponto de partida para o desenvolvimento de novas drogas para atuar especificamente na associação de proteínas que resultam no alcance do mGluR5.

Estima-se que haja mais de 1,2 milhão pacientes de Alzheimer no Brasil, doença que já se encontra entre as 10 maiores causas de mortes entre as doenças não transmissíveis no país, segundo a Organização Mundial de Saúde.

A ARTE DE SER VELHO - Vinicius de Moraes

É curioso como, com o avançar dos anos e o aproximar da morte, vão os homens fechando portas atrás de si, numa espécie de pudor de que o vejam enfrentar a velhice que se aproxima. Pelo menos entre nós, latinos da América, e sobretudo, do Brasil. E talvez seja melhor assim; pois se esse sentimento nos subtrai em vida, no sentido de seu aproveitamento no tempo, evita-nos incorrer em desfrutes de que não está isenta, por exemplo, a ancianidade entre alguns povos europeus e de alhures.

Não estou querendo dizer com isso que todos os nossos velhinhos sejam nenhuma flor que se cheire. Temo-los tão pilantras como não importa onde, e com a agravante de praticarem seus malfeitos com menos ingenuidade. Mas, como coletividade, não há dúvida que os velhinhos brasileiros têm mais compostura que a maioria da velhorra internacional (tirante, é claro, a China), embora entreguem mais depressa a rapadura.

Talvez nem seja compostura; talvez seja esse pudor de que falávamos acima, de se mostrarem em sua decadência, misturado ao muito freqüente sentimento de não terem aproveitado os verdes anos como deveriam. Seja como for, aqui no Brasil os velhos se retraem daqueles seus semelhantes que, como se poderia dizer, têm a faca e o queijo nas mãos. Em reuniões e lugares públicos não têm sido poucas as vezes em que já surpreendi olhares de velhos para moços que se poderiam traduzir mais ou menos assim: "Desgraçado! Aproveita enquanto é tempo porque não demora muito vais ficar assim como eu, um velho, e nenhuma dessas boas olhará mais sequer para o teu lado..."
Isso, aqui no Brasil, é fácil sentir nas boates, com exceção de São Paulo, onde alguns cocorocas ainda arriscam seu pezinho na pista, de cara cheia e sem ligar ao enfarte. No Rio é bem menos comum, e no geral, em mesa de velho não senta broto, pois, conforme reza a máxima popular, quem gosta de velho é reumatismo. O que me parece, de certo modo, cruel. Mas, o que se vai fazer?

Assim é a mocidade- ínscia, cruel e gulosa em seus apetites. Como aliás, muito bem diz também a sabedoria do povo: homem velho e mulher nova, ou chifre ou cova.

Na Europa, felizmente para a classe, a cantiga soa diferente. Aliás, nos Estados Unidos dá-se, de certo modo, o mesmo. É verdade que no caso dos Estados Unidos a felicidade dos velhos é conseguida um pouco à base da vigarista; mas na Europa não. Na Europa vêem-se meninas lindas nas boates dançando cheek to cheek com verdadeiros macróbios, e de olhinho fechado e tudo. Enquanto que nos Estados Unidos eu creio que seja mais... cheek to cheek. Lembro-me que em Paris, no Club St. Florentin, onde eu ia bastante, havia na pista um velhinho sempre com meninas diferentes. O "matusa" enfrentava qualquer parada, do rock ao chá-chá-chá e dançava o fino, com todos os extravagantes passinhos com que os gauleses enfeitam as danças do Caribe, sem falar no nosso samba. Um dia, um rapazinho folgado veio convidar a menina do velhinho para dançar e sabem o que ela disse? - isso mesmo que vocês estão pensando e mais toda essa coisa. E enquanto isso, o velhinho de pé, o peito inchado, pronto para sair na física.

Eu achei a cena uma graça só, mas não sei se teria sentido o mesmo aqui no Brasil, se ela se tivesse passado no Sacha's com algum parente meu. Porque, no fundo, nós queremos os nossos velhinhos em casa, em sua cadeira de balanço, lendo Michel Zevaco ou pensando na morte próxima, como fazia meu avô. Velhinho saliente é muito bom, muito bom, mas de avô dos outros. Nosso, não.

ARTUR XEXÉO - A pergunta

Há gente que fica paralisada diante de perguntas que perseguem a Humanidade desde sempre. Como “o que é a vida?”. Há quem consulte filósofos, leia tratados, pesquise no Google para não ficar mudo quando ouve alguma indagação metafísica como “de onde viemos?”, “para onde vamos?”.

Não sou desses. Nem por isso deixo de ficar mudo diante de algumas questões. Uma delas me persegue ultimamente. É mais prática, mais concreta, menos filosófica. Quase sempre ela me ataca no supermercado. Diante da caixa. Logo após entregar meu cartão para pagar as compras. É quando a moça, invariavelmente, me pergunta com ar displicente:
— Débito ou crédito?

Nunca sei o que responder de imediato. É claro que eu sei a diferença entre crédito e débito. Mas ali, naquela hora, diante da urgência da atendente, eu fico confuso, na dúvida, inseguro e, consequentemente, mudo. Crédito ou débito? Será esta a grande questão do universo?

Nem tenho cartão de débito. Portanto, a minha resposta, quando enfim eu consigo dar alguma reposta, é sempre a mesma. Mas antes de pronunciá-la, preciso de alguns segundos, talvez minutos, para me decidir. O que é mesmo crédito? O que é mesmo débito? Para que serve mesmo este cartão? Por que eu não consigo responder a uma pergunta tão simples?

Só há uma explicação: sofro de STB (não confundir com SBT, que me faz sofrer muito também), a Síndrome de Trocar as Bolas. É simples assim. Troco as bolas. Troco os conceitos de débito e crédito.

No domingo, em mais uma crônica genial, Verissimo, ciente que há gente que troca as bolas como eu, ensinou a diferença entre Calvin Klein e Kevin Kline, Billy Wilder e William Wyler, Von Sternberg e Von Stroheim. O texto me serviu de grande ajuda. Fiquei mais seguro em relação a uma ou outra dúvida, embora deva confessar que, em relação a Von Sternberg e Von Stroheim, eu continuo confuso, mesmo depois das explicações de Verissimo. Pois foi lendo a crônica de Verissimo que me dei conta de não estar sozinho no mundo.
Eu confundo a Siqueira Campos com a Constante Ramos, sabe Deus por quê, a Dias Ferreira com a Domingos Ferreira, a Guilhermina Guinle com a Rainha Guilhermina. A primeira confusão não me traz muitos problemas, já que as ruas estão separadas por alguns poucos quarteirões. Mas as outras realmente dão trabalho. Muitas vezes quero ir ao Leblon e me vejo em Copacabana. Ou, a caminho de Botafogo, vou parar no Leblon.

Eu confundo Hugh Grant com Hugh Jackman. Confundo Kirsten Dunst com Kristen Stewart. Os personagens de “Senhor dos Aneis” com os de “Harry Potter”. Eu confundo.

Mas a pergunta que realmente me atormenta, aquela que eu não quero ouvir e que me persegue com a fidelidade de um cão encontrado rua é uma só:
— Débito ou crédito?

ARTUR XEXÉO - Sabores

Nunca me esqueci da tarde em que, voltando da escola acompanhado pela empregada lá de casa... bem, naquele tempo politicamente incorreto, a gente chamava de “empregada”. Eu sei que, hoje, costuma-se chamar de funcionária, secretária, ajudante, amiga, auxiliar... Mas, como estou falando de antigamente, manterei o termo da ocasião. Pois voltava da escola com a empregada, ela entrou numa padaria para comprar leite e me perguntou: “Quer um sonho?”

Sonhos não se recusam. Mas também não são oferecidos. Estranhei. Ela insistiu e me apontou o sonho a que se referia. Vi, pela primeira vez na vida, aquele doce, em forma de almofada, soltando creme para todos os lados. Aceitei e, na primeira mordida, percebi que tinha um sabor que eu nunca havia experimentado. E era delicioso. Foi dos melhores prazeres gastronômicos a que já tive acesso. Até hoje procuro pelo sonho de padaria perfeito. Mas nunca mais o encontrei.

Nas férias de verão, sempre passadas no Rio, meu irmão costumava me levar para jantar na casa da tia Maria Caldas. Tia Maria Caldas _ ela sempre foi chamada assim, com nome e sobrenome _ era a solteirona da família. Morou a vida inteira num conjugado na Avenida Copacabana. Tinha cozinha mínima.

Mas aparentava gostar de cozinhar para meu irmão e eu. Num desses jantares, não me lembro do prato principal, mas lembro-me muito bem de um dos acompanhamentos: ovos mexidos. Ovo não era um alimento muito popular lá em casa. Não era inteiramente rejeitado, como a cebola e o alho, que nunca fizeram parte do cardápio. Mas era ocasional. E em outras formas, como a do ovo cozido ou a do ovo frito. Mexidos, eu nunca tinha visto. Eu não gostava muito de ovos, por isso fiz cara feia quando a tia Maria Caldas estava preparando aqueles. Mas, desde a primeira garfada, foi amor à primeira vista. Tento repetir aquela experiência. Faço ovos com bacon, com presunto, com ervas, ponho leite para ficarem macios, ponho água para ficarem mais leves...

Mas nunca mais comi ovos mexidos tão gostosos quanto os da tia Maria Caldas.

Minha primeiríssima viagem internacional foi a Buenos Aires. Ainda era universitário, tempos de dureza, e, na Argentina, me submeti a uma dieta de massas num dos restaurantes mais populares da cidade, o baratíssimo Pippo. Mas uma noite, eu e o grupo que me acompanhava cometemos uma extravagância e fomos jantar num restaurante que tinham me recomendado: El Palacio de La Papas Fritas. 

Na verdade, assim como o Pipo, o El Palacio era uma rede de restaurantes. Também era popular, mas com um cardápio com preços um pouco acima do outro. E usava toalhas de mesa, diferentemente do Pipo que preferia cobrir as mesas com papel de pão. A ideia era comer carne, mas o que me surpreendeu foi o acompanhamento, as tais papas fritas. Em forma de pequenas almofadas _ devo ter alguma obsessão gastronômica por almofadas _, as batatas, fritas no ponto exato, estouravam na boca espalhando seu sabor. Voltei muitas vezes a Buenos Aires. Nunca deixei de ir ao El Palacio em busca daquele gosto. Mas nunca mais o encontrei.

Resumo da ópera: os melhores sabores são os da primeira vez.

CAETANO VELOSO - Canto de fonte

Os olhos de Emma são lindos, de uma cor verde-cinza 
e com forma e tamanho 
muito harmônicos com o pedaço do rosto
 cuja pele está de fora

A moça do Black Bloc que aparece num vídeo da Mídia Ninja e na capa de “Veja”, que diz chamar-se Emma, é deslumbrantemente bonita com a máscara que só deixa à mostra os olhos. Isso não quer dizer que ela tenha apenas os olhos bonitos (o que muitas vezes é confundido com ter os olhos claros). Os olhos de Emma são lindos, de uma cor verde-cinza e com forma e tamanho muito harmônicos com o pedaço do rosto cuja pele está de fora. Muito harmônico também com as sobrancelhas, cujo arco está corrigido por depilação e talvez reforçado por leve pintura. Onde parece haver pintura (e, se for o caso, de cor e linhas muitíssimo bem escolhidas) é nas pálpebras. Falando para a câmera da Ninja, a borda das pálpebras junto às pestanas delineadas de negro, as jovens dobras do entorno de seus olhos parecem a um tempo escurecidas e cintilantes, sempre com insinuações douradas. Mas o que faz a gente crer tratar-se de uma bela mulher é a relação de tudo isso com a forma do rosto que está sob a máscara negra.

A gente tem vontade de ir ao acampamento em frente à casa de Cabral para falar com ela, mas respeita a exigência do grupo anarquista a que ela aderiu de não fazer de nenhum militante uma individualidade, sua vida pessoal devendo desaparecer sob a máscara e a ideologia. Por mais bonita que ela seja, os Black Blocs não estão aí para lançar celebridades midiáticas e figuras atraentes para olhares curiosos. A porta da casa de Cabral não é o portão do BBB. Emma é linda. O anarquismo é lindo. Mas eu sou um velho baiano que sonhou, aos 23, fuçar uma trans-esquerda ou uma ultra-esquerda e, como todo esse afã de trans e ultra estava focado em libertar a criação de canções no Brasil, terminei, na parte estritamente social e política, encontrando os valores do liberalismo como algo que merecia uma atenção que não vinha recebendo no ambiente em que eu me movia. Já contei em outro lugar como sonhava em ser uma esquerda à esquerda da esquerda e, no fim do processo, quase me tornei um liberal inglês. Tenho muita inveja de Ferreira Gullar, que foi de esquerda, sem fantasias ou delírios de ultra ou trans, e amadureceu para defender sem pejo muitos dos princípios liberais. E olha que ele já tinha experimentado tudo o que pode haver de trans e ultra na atividade poética e na crítica de arte.

Olho demoradamente os olhos, as sobrancelhas, algo da testa, o começo do nariz e um canto de fonte de Emma e me pergunto o que pensar. Ouço-lhe as palavras. Leio no blog de André Forastieri uma pergunta sobre as relações entre o Fora do Eixo e a candidatura de Marina Silva, inclusive sugerindo que o coletivo teria em mente indicar o ministro da Cultura, caso Marina se eleja. Um dos caras que quebraram o palácio do Itamaraty era cabo eleitoral de Marina. Esta o reprovou e o afastou. Mas, entre a beleza de Emma, a opção pela (deveras interessante) economia solidária, como alternativa à ideia de que só o esquema patrão-salário-empregado é livre, e as cenas de depredação protagonizadas pelos Black Blocs, meu coração e minha cabeça balançam: o antigo itinerário labiríntico que passa pela ultraesquerda e se encontra com o liberalismo se refaz em segundos. Mas, como digo na esquisita letra de “Um comunista”, “o samba” não crê em violência e guerrilha. Se Marina conseguir fazer sua campanha para a presidência, acho que não resistirei e votarei outra vez nela. Essa crítica à suposta naturalidade do trabalho assalariado como única forma possível de trabalho livre eu saquei do Mangabeira. Que não harmoniza muito com Marina. Mas harmoniza com a ambição experimental do Fora do Eixo. Que é “acusado” de estar perto demais de Marina.

É um momento muito embolado no cenário brasileiro. O 7 de Setembro vem com uma ameaça de risco de criação de instabilidade séria. Imagino como será em Brasília. Não que a decisão de não cassar o mandato de Donadon ajude. Mesmo assim, devemos manter a ideia de sair às ruas pela paz. Gosto do rosto de Emma, do livro de David Graeber (o antropólogo anarquista que Zé Miguel já citou como bom explicador das moedas alternativas do FdE), de Marina (e sua aproximação de André Lara Resende pode desagradar a alguém como Mangabeira, mas a mim não me desagrada: gosto de Lara Resende pelo que já fez na história do real e pelo artigo sobre crescimento em economia), e acho a proposta de Olavo de Carvalho de uma política (e não só uma economia) para os liberais muito presa à ideia de que o comunismo é como o diabo incansavelmente tramando contra o bem. Há boas intenções nos liberais e há boas intenções nos socialistas e comunistas. Embora ninguém duvide de que boas intenções podem levar ao inferno.

AS 10 PRINCIPAIS RAZÕES PARA PROFISSIONAIS ODIAREM SEUS TRABALHOS

Funcionários desmotivados podem custar caro para uma empresa. 
Veja como empregadores deveriam resolver cada problema

Um estudo recente da Dale Carnegie Training mostrou que quase três quartos dos trabalhadores não estão totalmente engajados em seus trabalhos. A falta de envolvimento pode ser um sinal de insatisfação com o trabalho — e funcionários desmotivados podem custar muito caro para uma empresa. Ilya Pozin, fundador da Ciplex, uma companhia de web design e marketing de Los Angeles, listou, em artigo para o LinkedIn, as 10 principais razões, em ordem decrescente, para que profissionais odeiem seu trabalho (e como empregadores poderiam resolver os problemas). Confira:

10. Eles pensam que “a grama do vizinho é mais verde que a sua”. Se os amigos do profissional estão tendo uma experiência incrível em outra empresa, por que ele não teria inveja? A transparência de benefícios para os funcionários em outras empresas, por vezes, podem levar funcionários a sonhar em trabalhar em outro lugar. Empresários devem ficar de olho no que as outras empresas estão fazendo e tentar se igualar onde for possível. Claro, nem sempre vai dar pra ficar em pé de igualdade com o Google, mas por que não tentar dar aos funcionários algo digno de se vangloriar?

9. Os valores dos profissionais não se alinham com os da empresa. A insatisfação será certa se os funcionários não acreditam na mesma coisa que a empresa. Se a companhia valoriza a criatividade e a colaboração, é fundamental fazer uma triagem baseada nesses valores no processo de contratação. Dar feedback regularmente também pode ajudar empresa e funcionários a ficarem em sintonia no que diz respeito às necessidades e valores do negócio.

8. Os profissionais não se sentem valorizados. Se a empresa não investe em fazer um "afago" nos seus funcionários, a felicidade deles ficará, por certo, afetada. Reconhecimento dá origem a lealdade. O que você, empresário, está fazendo para mostrar para seus funcionários que eles são valorizados membros da companhia? Isso não significa dar recompensas monetárias para cada realização - em vez disso, vale elogiar o trabalho regularmente e ocasionalmente lançar mão de uma recompensa por um desempenho incrível.

7. Insegurança no emprego. É fácil não gostar de seu trabalho quando você está preocupado se ainda terá o emprego daqui a alguns meses. Se a empresa está passando por tempos difíceis, busque ser transparente e trabalhe para manter o alto astral e o envolvimento de suas equipes. Ou os funcionários podem acabar deixando você por medo do futuro.

6. Não há espaço para desenvolvimento na carreira. Qual é a política da sua empresa para as promoções? Muitos funcionários acabam se sentindo desmotivados quando não há chance de avançar dentro de sua empresa. Sua empresa pode ser pequena, mas é importante para criar um plano para os funcionários crescerem com ela.

5. Eles estão insatisfeitos com o salário. Nada apaga mais a paixão que a sensação de receber menos que merece. Aumentar os salários dos funcionários pode ser algo fora da realidade em determinados momentos, mas o empresário deveria considerar perguntar a eles o que acham que deveria ser feito — a honestidade dos profissionais pode surpreendê-lo.

4. Há burocracia demais. As regras podem arruinar sua equipe. Nada é mais frustrante do que não ser capaz de tomar suas próprias decisões. Aumentar a autonomia dos empregados, dando-lhes espaço para atingir objetivos, é fundamental. Isto estabelece um nível saudável de confiança, produtividade e benefícios para a empresa como um todo.

3. Os funcionários não estão sendo desafiados. Seus funcionários estão numa busca constante de aprimorar suas habilidades através de seu trabalho. A empresa deve investir em descobrir se seus funcionários sentem que estão adquirindo bons conhecimentos. Se eles não estão se tornando melhores, certamente buscarão um lugar onde sentem que podem melhorar.

2. A paixão se foi. Há uma enorme diferença entre viver para o trabalho e trabalhar para viver. Seus funcionários amam o que fazem? O mercado de trabalho tem levado muitas pessoas a assumirem empregos que não amam. Concentre-se na contratação de funcionários completamente apaixonados e dê-lhes condições de manter sua paixão durante todo o seu tempo na empresa.



1. O chefe é um péssimo chefe. Má gestão pode arruinar até mesmo os funcionários mais apaixonados e bem remunerados. A empresa não pode deixar que uma péssima gestão e a falta de habilidades de liderança arruínem a unidade da sua força de trabalho. Você é autoritário? Crítico demais? É um mau comunicador? Se você tem empregados infelizes, a primeira coisa que você deve olhar é para seus hábitos de gestão. A próxima coisa a fazer é conversar com seus funcionários para investigar o problema.

FERREIRA GULLAR - Uma questão de bom senso

Todo mundo sabe que, dos que se viciam em drogas,
 poucos conseguem largar o vício

Falando francamente, o que você prefere, a segurança ou a insegurança, o previsível ou o imprevisível? Em suma, quer acordar de manhã certo de que as coisas vão caminhar normalmente ou prefere estremecer ao pensar no que fará, neste dia, o seu filho drogado?

Acho muito difícil que alguém prefira viver no desespero, temendo o que pode ocorrer nesse dia que começa. Estou certo de que todo mundo quer viver tranquilo, certo de que as coisas vão transcorrer dentro do previsível.

Mas quem se droga comporta-se, inevitavelmente, fora do previsível, ou não é? Já imaginou a apreensão em que vivem os pais de um filho drogado? Começa que ele já não vai à escola e, se vai, arma sempre alguma encrenca por lá. Se já trabalha, abandona o emprego e começa a roubar o dinheiro da família para comprar drogas.

Se isso se torna inviável, entra para o tráfico, passa a vender drogas ou torna-se assaltante, porque tem de conseguir dinheiro para comprá-las, seja de que modo for. Daí a pouco, não apenas assalta e rouba como também mata. Os pais já não reconhecem nele o filho que criaram com tanto carinho. Pelo contrário, o temem, porque, drogado, ele é capaz de tudo.

E mesmo assim há quem seja a favor da liberação das drogas. Conheço muito bem o argumento que usam para justificá-la: como a repressão não acabou com o tráfico e o consumo, a liberação pode ser a solução do problema. Um argumento simplista, que não se sustenta, pois é o mesmo que propor o fim da repressão à criminalidade em geral. O argumento seria o mesmo: por que insistir em combater o crime, se isso se faz há séculos e não se acabou com ele?

Fora isso, pergunto: se não é proibida a venda de cigarros e bebidas, por que há tráfico dessas mercadorias? E pedras preciosas, é proibido vendê-las? Não e, no entanto, existe tráfico de pedras preciosas. E ainda assim os defensores da liberação das drogas acham que com isso acabariam com o problema. Claro, Fernandinho Beira-Mar certamente passaria a pagar imposto de renda, ISS, ICMS e tudo o mais. Esse pessoal parece estar de gozação.

Todo mundo sabe que, dos que se viciam em drogas, poucos conseguem largar o vício. E, se largam, é por entender que estavam sendo destruídos por ele, uma vez que perdem toda e qualquer capacidade de refletir e escolher; são verdadeiros robôs que a droga monitora.

Qual a saída, então? No meu modo de ver, a saída é uma campanha educativa, em larga escala, em âmbito nacional e internacional, para mostrar às crianças e aos adolescentes que as drogas só destroem as pessoas.

E isso não é difícil de demonstrar porque os exemplos estão aí aos milhares e à vista de quem quiser ver. Os traficantes sabem muito bem disso, tanto que hoje têm agentes dentro das escolas para aliciar meninos de oito, dez anos de idade.

Confesso que tenho dificuldade de entender a tese da descriminalização das drogas. Todas as semanas, a polícia apreende, nas estradas, em casas de subúrbio, em armazéns clandestinos, toneladas de maconha e de cocaína. É preciso muitos drogados para consumir essa quantidade de drogas.

Junto às drogas, apreendem, muitas vezes, verdadeiros arsenais de armas modernas de grosso calibre. É preciso muito dinheiro e muita gente envolvida para que o tráfico tenha alcançado tal amplitude e tal nível de eficiência. Como acreditar que tudo isso desaparecerá, de repente, bastando tornar a venda de drogas comércio legal? Sem falar nos novos tipos sofisticados de cocaína e maconha, que estão diversificando o mercado.

A verdade é que o tráfico existe e cresce porque cresce o número de pessoas que consomem drogas. Como se sabe, não pode haver produção e venda de mercadoria que ninguém compra. Se se reduzir o número de consumidores, o tráfico se reduzirá inevitavelmente. E a maneira de fazer isso é esclarecer os jovens do desastre que elas significam.

O resultado maior não será junto aos viciados crônicos, que tampouco devem ser abandonados à sua má sorte. Virá certamente do esclarecimento dos mais jovens, dos que ainda não foram cooptados pelo vício. A eles devem ser mostrado que as drogas destroem inevitavelmente os que a elas se entregam.

PROMETA-ME UMA VIDA LONGA - Cláudia Penteado

"Toda vida é uma missão secreta" 
(Clarice Lispector)

Difícil fugir do único assunto que vem povoando minha mente há  vários dias, depois da morte deduas centenas de jovens numa fatalidade estúpida que, sabe-se, poderia ter sido evitada.

Algumas tragédias podem sim, ser evitadas.

O episódio que aniquilou várias famílias me lembrou uma senhora que conheci recentemente em uma viagem, acompanhada da filha, do genro e do neto de uns 2 anos. Em um papo despretensioso sobre a vida, ela me confessou, orgulhosa: quando minha filha era adolescente a fiz prometer que jamais faria três coisas na vida – tatuagem, andar de avião pequeno ou helicóptero e nunca subir em uma moto.

Aquele pacto vitalício me impressionou bastante, e fiquei pensando até que ponto nós temos o direito de interferir dessa maneira na vida dos nossos filhos, tolindo-os em nome da nossa própria felicidade e para nos poupar de decepções e tristezas.  A suposta segurança que lhes impomos garantirá que, por mais que eles tenham uma vida longa, sejam felizes?
Eu que tenho uma filha de 10 anos fiquei pensando:que lista imensa de coisas eu seria capaz de pedir a ela que jamais fizesse,  em nome de me sentir mais segura de que sua vida será mais longa, uma vez
eliminados uma boa parte dos perigos que a põe em risco? Andar de moto, de helicóptero, de avião pequeno, evitar boates que não tenham alvará de incêndio em dia, não usar drogas, não pular de para-quedas, não andar de asa delta, não praticar escalada, jamais entrar em um carro de corrida, não andar a cavalo, não andar de barco…a lista é interminável.

Que espécie de pacto seria esse, para garantir que nada de mal lhe acontecerá – em nome da minha tranquilidade? Eliminando-se umas 20 coisas explicitamente perigosas, minhas chances de envelhecer e morrer antes dela, como deve ser, aumentam?

Conversei sobre esse assunto com minha pequena grande menina de 10 anos, na base da brincadeira,e ela achou pertinentes algumas das possíveis reivindicações da mãe protetora. De outras, ela riu, claro: ah, mãe, não andar de moto? Risos. Bom, de barco eu não gosto mesmo de andar. Andar de avião equeno e de helicóptero não curto mesmo, acho que posso prometer.

Mas o fato é que nessa vida temos que ajudar nossos filhotes a aprender a voar e deixá-los ir, cruzando os dedos para que dê tudo certo. Como diz o poeta Lulu Santos, tolice é viver a vida sem aventura. Que se divirtam no caminho, que sejam felizes, que tenham liberdade para cumprir seus próprios destinos, enquanto seguimos com os nossos, nesse interminável “andar do bêbado”, onde o acaso domina a cena mais do que gostaríamos.

Por sinal, o livro com esse mesmo título (Andar do bêbado, de Leonard Mlodinow) aborda exatamente os fatores aleatórios que transformam nossas vidas e que não dependem, necessariamente, de grande habilidade ou competência, mas de “circunstâncias fortuitas”. Lidar com elas, infelizmente, não tem receita.

Não há mesmo consolo para a dor de uma perda. Mas sempre haverá algum alento se fizemos a nossa parte, dando amor e proteção sim, mas permitindo que a eles liberdade de escolha, dentro dos limites normais das relações entre pais e filhos. Esse amor é o que realmente funda uma base emocional e “protege”, dando melhor  preparo para tomar decisões acertadas e reagir diante do desconhecido, de eventos aleatórios, das causalidades.

Mais do que as grandes decisões – uma profissão, um casamento -, são muitas vezes as aparentemente pequenas escolhas diárias que fazem toda a diferença, como não sair de casa num dia de muita chuva, não pegar carona com alguém que bebeu, não experimentar drogas, não entrar em diversas furadas.

No mundo das redes sociais e das comunidades, dizer não tornou-se, afinal de contas, cada vez mais difícil. Alguém com segurança emocional é capaz de fazer escolhas melhores – embora naturalmente não esteja livre das roubadas, como todos nós.

JOÃO UBALDO RIBEIRO - Formigas na rapadura

Acho que todo mundo lembra o que disse num discurso o presidente Kennedy: “Não pergunte o que seu país pode fazer por você, pergunte o que você pode fazer por seu país.” Eu estava lendo os jornais e aí me ocorreu, como já deve ter ocorrido a muitos de vocês, que nossa prática política se orienta por uma atitude oposta a essa exortação. Ou seja, queremos saber o que o Brasil pode fazer por nós, mas não alimentamos muita curiosidade sobre o que podemos fazer pelo Brasil. Isso se expressa no comportamento de nossos governantes, que não disputam nada pensando no país, mas em abocanhar ou manter o poder, aqui tão hipertrofiado, abarrotado de privilégios e odiosamente infenso ao controle dos governados.

Para que mais, a não ser desfrutar desses privilégios, não se sabe, porque não existe projeto, além da cantilena sobre justiça social, saúde para todos, educação de qualidade e outras generalidades com as quais todos concordam. Que modelo de estrutura socioeconômica queremos, que Estado queremos, que país queremos, como chegaremos lá? Que propostas concretas são oferecidas? Ninguém diz — e os programas partidários, como os próprios partidos, causam constrangimento, pela ausência de ideias e compromissos sérios. O negócio é se eleger e se abancar, depois se vê o que se pode fazer, conforme a necessidade e a serventia para a permanência no poder. Na pátria, como se falava antigamente, ninguém se mostra muito interessado.

Tudo o que se faz hoje é visando às eleições, ou seja, a continuação no poder ou ascensão a ele. Descobriram agora essa lambança das concorrências em São Paulo, que não é propriamente inédita na história nacional, e grande parte da reação parece do tipo “viu, viu? nós rouba, mas cês também rouba!” Todo mundo na vida pública rouba, o que pode não ser uma afirmação justa, mas já virou axioma na descrição de nossa realidade e um dado importante em qualquer equação política. Invoca-se o princípio da falcatrua consuetudinária. Ou seja, se é ilegal, mas costumeiro, prevalece o costume e é considerado sacanagem e falta de coleguismo fazer denúncias ou querer punições. Que outras novidades têm para nos segredar? Quem não aposta que nada vai dar em nada?

O Estado às vezes parece ter as pernas bambas. Recomeçou o dramalhão do julgamento do mensalão e muita gente não entende mais nada, a começar por esse singular minueto processual, através do qual o Supremo Tribunal Federal vira penúltima instância, dia sim, dia não. Todo mundo quer saber se as sentenças emanadas do Supremo eram à vera ou não eram, devia ser simples de responder. Essa novela vai por aí, se arrastando já há não se sabe quanto tempo, todo dia aparece uma notícia inesperada e creio que nenhum de nós se surpreenderá se, esta semana, for noticiado que a decisão final do Supremo estará condicionada à resposta a uma consulta feita pela Câmara de Deputados, ou coisa assim, o que, com a gripe que atacou um ministro, o impedimento de outro, e o atraso de outro, leva o caso, para que tenhamos certeza de uma decisão justa, para depois do recesso do Judiciário, no próximo ano.

Vimos também a cena envaidecedora em que nosso ministro das Relações Exteriores se manifestou, conforme ouvi num noticiário, “com dureza”, sobre a espionagem cibernética americana, numa fala dirigida em pessoa ao secretário de Estado John Kerry. Disse umas verdades na cara do gringo, que o escutou com atenção, cortesia e respeito, para logo após retrucar que nos devotava desmesurado amor e descomedida amizade, mas continuaria a espionar e, acreditássemos, era para o nosso próprio bem. Se não gostarmos, claro, temos todo o direito de nos queixar ao bispo, ele compreende.

Esse mesmo ministério, aliás, deve estar às voltas com o perdão de dívidas milionárias que alguns países africanos têm com o Brasil. Comenta-se que isso é por causa do esquerdismo do atual governo, notadamente em sua política externa. Comenta-se também que o perdão dessas dívidas possibilita que os governos beneficiados fechem novos contratos com empreiteiras brasileiras. É o que dá o envolvimento com setores notoriamente de esquerda, como nossas empreiteiras, essa linha avançada do socialismo. Há apenas um ligeiro embaraço na coisa, pois se sabe que as empreiteiras, com toda a certeza, vão receber o dela, mas os financiadores, ou seja, nós, vamos contribuir mais uma vez para os crimes e as contas bancárias de déspotas, genocidas e saqueadores de riquezas nacionais

No cada vez mais fugidio setor de grandes realizações, a complexa coreografia governamental se tem exibido em torno do trem-bala, que o pessoal lá do boteco deu para chamar “trem-bala perdida”. O trem-bala é um exemplo notável de aumento de custos recordista, talvez sem precedentes em todo o mundo, porque já perdemos a conta de quantas vezes esses custos foram revisados para cima. E agora li não sei onde, maravilhado com os nossos mecanismos de distribuição de renda, que, mesmo que se venha a desistir do trem-bala, o custo dele já terá sido mais ou menos um bilhão de reais. Não entendi direito, mas não se pode deixar de manifestar admiração.

Diante dessa sarabanda agitada e da luta para não largar o osso, lembro-me de quando eu era menino em Itaparica, punha um pedaço de rapadura no chão e ficava esperando formigas brotarem do nada, várias espécies que só tinham em comum gostar de açúcar. Umas ruças, grandalhonas, eram minhas favoritas, porque ficavam frenéticas e não paravam um segundo, para lá e para cá, em cima da rapadura, apesar de que, volta e meia, uma parecia se saciar e caía imóvel — dura para trás, dir-se-ia. Eu não sabia, mas estava vendo o Brasil, só que as formigas não se saciam e quem cai para trás somos nós.

MARTHA MEDEIROS - Todos os motivos do mundo

Da série “Morro e não vejo tudo”: 165 mil pessoas de mais de 120 países se inscreveram para participar do programa de assentamento em Marte, projeto elaborado pela organização holandesa Mars One. Os brasileiros estão em terceiro lugar em número de inscritos: 8.686 – perdem apenas para americanos e chineses. No próximo sábado, encerram-se as inscrições.

A empresa pretende desembarcar quatro voluntários em 2023, e depois novos cosmonautas a cada dois anos, a um custo de US$ 6 bilhões, parte financiada por um reality show sobre os primeiros anos de existência da colônia. Idade mínima: 18. Taxa de inscrição: de US$ 5 a US$ 75, dependendo da nacionalidade do cidadão, que deve enviar também um vídeo de um minuto falando sobre os motivos de querer viver em Marte para sempre.

Um minuto de motivos? Cronometre aí.

“Desatentos” que continuam jogando lixo na rua – multa para todos, não só para os cariocas. O custo de vida. Fraudes em licitações. Corrupção em todos os setores da sociedade. A demora em concluir obras. A péssima qualidade dos serviços públicos. Gente levando tiro dentro de hospital. Crianças sendo violentadas por parentes. Policiais envolvidos em crimes. Irresponsáveis dirigindo a 150 km/h. Fanáticos religiosos. Impostos que são verdadeiros assaltos.

Burocracia que impede a agilidade de novos negócios. Calçadas em péssimas condições. Estradas que ficam intransitáveis aos primeiros cinco minutos de chuva. Irregularidades em contratos. Violência urbana sem controle. Professores mal pagos. Funcionários mal treinados. Ruas sem placas de identificação. Tornozeleiras eletrônicas que não funcionam. Enchentes a cada temporal. O quê? Já passou um minuto?

Nem deu tempo de falar do que acontece fora do Brasil, como utilização de armas químicas na Síria, os índices de mortalidade na África, o fundamentalismo islâmico, a recessão europeia etc. etc.

E tem ainda as crises pessoais. O que não falta por aí são pessoas desmotivadas, devendo dinheiro, administrando fracassos, sem perspectiva de crescimento, amargando dores de cotovelo, entediados com a vida, aborrecidos crônicos, sem fé no futuro. A oportunidade de em 10 anos partirem em uma expedição inédita e eternizarem seu nome através de um projeto sem precedentes na história da humanidade daria a eles um sentido pra vida. Colonizar Marte – e com cobertura da imprensa!

A viagem durará alguns meses. A espaçonave é estreita. De alimentação, apenas produtos liofilizados e enlatados. Banho, só com toalha úmida. Desistir no meio do caminho está fora de cogitação. Pedir para descer, nem pensar. E a passagem é só de ida.

Ainda assim, 165 mil pessoas se inscreveram, o que me faz chegar a duas conclusões: que a vida na Terra, definitivamente, não está para brincadeira. E que Marte deve ter wifi grátis.

DRAUZIO VARELLA – Café faz bem ou mal?

A internet está abarrotada de sites 
que exaltam os benefícios 
do alho, do limão, da maçã, da berinjela

A cafeína é a única droga psicoativa que podemos usar sem o menor sentimento de culpa. Há um ano, fiz essa afirmação nesta coluna depois de ler um artigo do "The New England Journal of Medicine", a revista médica de maior circulação mundial. Semanas atrás, a Folha resumiu um estudo publicado na revista "Mayo Clinic Proceedings" que aponta em outra direção.

Com base nessa aparente contradição, João Luiz Neves, de Curitiba, enviou para o Painel do Leitor a pergunta a mim dirigida: "E agora, doutor, como proceder?".

Somos bombardeados diariamente com mensagens de saúde conflitantes. A internet está abarrotada de sites e de e-mails que se propagam feito vírus, para exaltar os benefícios do alho, do limão, da maçã, do tomate orgânico, da berinjela e até da urinoterapia. O risco dessas informações médicas desencontradas é deixar o leitor descrente de todas.

Por essa razão, e pela importância do café em nossas vidas, vou comparar as duas pesquisas.

O estudo do "New England" foi patrocinado pelos Institutos Nacionais de Saúde, dos Estados Unidos. Nele, foram incluídos 229.119 homens e 173.141 mulheres saudáveis, com idades entre 50 e 71 anos.

De acordo com o número de xícaras tomadas diariamente, o grupo foi dividido em dez categorias.

Durante os 14 anos de acompanhamento, foram a óbito 33.731 homens e 18.784 mulheres. Depois de eliminar fatores como cigarro (especialmente), sedentarismo e obesidade, ficou claro haver uma relação inversa: quanto mais café, menor o número de mortes.

Além de diminuir a mortalidade geral, tomar café reduziu o número de óbitos por diabetes, doenças cardiorrespiratórias, derrames cerebrais, ferimentos, acidentes e infecções. As mortes por câncer não foram afetadas.

O efeito protetor foi diretamente proporcional ao número de xícaras ingeridas diariamente. A diminuição mais acentuada da mortalidade aconteceu no subgrupo de seis xícaras ou mais por dia: redução de 10% nos homens e 15% nas mulheres.

Essa associação foi independente da preferência por café descafeinado ou não, sugerindo que a proteção não ocorre por conta da cafeína.

Vamos à publicação da revista da "Mayo Clinic". Durante 17 anos, foram acompanhados 43.727 participantes. Nesse período, ocorreram 2.512 mortes, das quais 32% por doenças cardiovasculares.

Comparados com os que não tomavam café, entre os bebedores contumazes do sexo masculino --definidos como aqueles que consumiam diariamente mais de quatro canecas de oito onças (equivalentes a cerca de 240 mililitros)-- houve aumento da mortalidade geral. Nas mulheres, não houve diferença estatisticamente significativa.

Entre os participantes com menos de 55 anos, no entanto, tomar mais do que as quatro canecas por dia aumentou a mortalidade em 56% entre os homens e 113% entre as mulheres.

Não houve associação entre consumo de café e mortalidade por doenças cardiovasculares. Nesse caso, como relacioná-lo com as mortes por infecções, acidentes automobilísticos ou câncer?

Na comparação, o primeiro estudo tem evidências mais confiáveis: incluiu dez vezes mais participantes, acompanhados por período semelhante (14 versus 17 anos), que foram divididos em dez grupos em ordem crescente da quantidade de café ingerido por dia. Todos eles se beneficiaram.

No segundo estudo, só tiveram a mortalidade aumentada aqueles que tomavam mais de quatro canecas de 240 mililitros por dia. Ou seja, foi prejudicado apenas quem tomou mais de um litro por dia, durante 17 anos, em média.

É inexplicável porque as mulheres, quando analisadas globalmente, não apresentaram mortalidade mais alta, enquanto no subgrupo com menos de 55 anos o aumento foi de 113%.

O problema com ambos os estudos é que são retrospectivos: a decisão de tomar ou não café foi tomada no passado, de acordo com a vontade pessoal. O ideal é que fossem prospectivos, nos quais os participantes seriam acompanhados só depois de sorteados ao acaso para fazer parte do grupo dos abstêmios ou dos tomadores de café. Por razões óbvias, uma pesquisa com essas características jamais será realizada.

Por isso, caro João Luiz, pode tomar seu café sem remorsos. Por via das dúvidas, faça como eu e todas as pessoas de bom senso: evite beber mais do que um litro por dia.

ROBERTO DaMATTA - Um mundo transparente

Li uma vez uma lenda na qual se contava o seguinte:

Um gênio descobriu o poder da comunicação pelo pensamento. No início, foi uma delícia poder falar sem sons - sem gemidos, lágrimas, sussurros e sorrisos. Como no cinema mudo, as pessoas exultavam com o fato de comunicar-se pelo cérebro. Bastava pensar numa pessoa e, pronto! - fazia-se o contato. Mas logo os homens, com sua habitual incongruência e, como disse Machado de Assis, sua sistemática ingratidão, ficaram infelizes. Pois descobriram o vazio do silêncio (que só existe quando há barulho) e viram como ele era não apenas grato, mas essencial. Se não era fácil viver num mundo ruidoso, no qual os sentimentos e as palavras de ordem superavam a compreensão, não era fácil viver num universo no qual a comunicação era radical, completa e transparente. Pois, com o pensamento, nada ficava oculto, nada permanecia escondido e os mal-entendidos que inventam os ódios e os amores; a fé que produz os milagres e os poemas; os primitivos "acho que você não me entendeu..."; os selvagens "mas essa não era minha intenção..."; os rústicos "eu sempre quis te dizer isso, mas teu marido estava por perto..."; e os contratos desapareceram.

O pensamento - invisível e inaudível, sinuoso, permanente, incontrolável e invasivo como uma enchente - tornava a compreensão entre os seres humanos um ato absoluto. E, justamente por isso, ele impedia tudo, principalmente os sentimentos. Os primeiros a serem liquidados foram atos fundamentais: o fingir, o disfarçar e o mentir. E, sem poder mentir, houve uma tal sinceridade que a individualidade, com suas escolhas e seus planos essencialmente secretos; as paixões, com suas fúrias, inibições e gozos; e as esperanças, com suas expectativas, desvaneceram-se. E assim muita gente se matou, especialmente no governo, nas igrejas e na universidade. Muitos isolaram-se em casas com paredes de chumbo que, descobriu-se, tornavam fracas as ondas mentais, diminuindo, mas infelizmente não impedindo, a telepatia e a tragicomédia de um entendimento total, completo e absoluto.

Em poucos anos, o drama que é justamente o que jaz eternamente entre o dito e o não dito; o que fica encerrado dentro de cada qual sem ruído ou palavra; ou o que se transforma em silêncio ou suspiro reprimido, tornou-se coisa do passado, e as pessoas ficaram muito amargas e tristes porque não havia mais a distinção entre o manifesto e o oculto, de modo que a comédia e o riso ficaram escassos. E, sem riso e comédia, sumiram igualmente as lágrimas e o choro, pois não havia mais o que se poderia exprimir além dos pensamentos. Ou melhor, sem as palavras e os seus sons, não havia mais a vontade de exprimir sentimentos, os quais dependiam exatamente das palavras, pois, como se sabe, nenhuma sentença verbal ou canto traduz uma amizade, um desejo, um perdão, uma bênção, um ódio ou uma esperança. Sem sons, o ato de dar, de receber e de retribuir palavras, músicas, brindes, beijos e presentes sumiu. As descontinuidades entre os sons foram suprimidas pelas continuidades dos pensamentos, o que fez com que a humanidade fosse atingida por um enorme silêncio, pois ninguém precisava produzir sons para implorar, dar, perdoar, perguntar, discutir, rir, protestar ou jogar conversa fora. Viviam todos num silêncio profundo lançando mensagens telepáticas uns aos outros e, quando souberam que seus ancestrais usavam da fala para a comunicação, ficaram intrigados e com inveja. Foram ouvir o mar e os ventos cujos sons lhes pareceram encantadores.

Como todas as portas humanas, a novidade da telepatia também trouxe seus problemas, pois o pensamento decorria de línguas naturais que eram variadas, mas que, com a evolução da comunicação pelo pensamento, perderam seus lastros, suas concretudes e suas diferenças. Agora ninguém podia dizer aquilo que só poderia ser dito em inglês, alemão, russo, português, tupi ou chinês. A universalização absoluta do telepático produziu uma perda irreparável nos modos de dizer porque o pensamento puro se fazia numa só língua: uma espécie de Esperanto que juntava todos os idiomas vivos e mortos, antigos e modernos, mas que não era língua nenhuma. Dizem que a partir da telepatia, a poesia, a literatura, a música e os mitos acabaram.

E os homens, como sempre, arrependeram-se e pediram de volta as suas línguas antigas que permitiam o milagre das compreensões sempre incompreendidas. Mas era tarde demais....

ANA DUBEUX - Brasília: O eterno redescobrir

Brasília nasceu para mim há 26 anos. Se eu pudesse escolher um verbo para traduzir a minha relação com a cidade, arriscaria este aqui: redescobrir. Porque ruas, quadras, vazios, verdes e céus de tantas cores proporcionam surpresas diárias. E esta sensação do novo que teima em aparecer no meio do caminho se estende além das paisagens, miragens da seca, reflexos das poças de água na chuva. Está também no comportamento das pessoas, nos paradoxos de uma cidade planejada que revela beleza até quando se desorganiza, nos extremos de um centro urbano com qualidade de vida ímpar e favela na porta do poder.

Talvez sejam esses contrastes que a presidente Dilma tenha enxergado ao sair por aí, com uma Harley Davidson emprestada, pregando uma peça na segurança e submetendo-se ao risco calculado - e bem agradável - de enxergar a capital sob outro prisma, longe do trono do Palácio do Planalto ou dos jardins monumentais do Alvorada. Se não é mais uma história do folclore político, sou capaz de apostar que Dilma também redescobriu Brasília.

Mesmo quem nasceu ou vive há longo tempo por aqui sabe que a cidade guarda o encanto de surpreender. Não é à toa que, dias depois de a polícia ter solucionado mais um crime que chocou a capital, quando três jovens atearam fogo e mataram um mendigo, ressuscitando a dor e o estarrecimento do caso Galdino, aparece o morador de rua Adeílson para colocar um ponto final na agonia de uma família. Foi dele a iniciativa de alertar as autoridades de que o rapaz que dormia embaixo de uma árvore na Rodoferroviária era Felipe Dourado, o estudante que estava sumido e mobilizou por dias boa parte da cidade para procurá-lo. Apontado como herói ou anjo, Adeílson também terá uma nova chance. A família de Felipe vai ajudá-lo a sair da mendicância, condição imposta pelo vício em drogas, um flagelo visível por todos os cantos do quadradinho.

Brasília proporciona histórias assim. De vez em quando, uma notícia terrível nos pega de sopetão, agride nossa autoestima, derruba nossa moral e nos faz ficarmos reféns do preconceito, que os moradores ainda sentem na pele. Em outros momentos, a cidade se redime, se une, mostra sua força e seu valor.

Aqui no Correio, temos a grata satisfação de contar essas histórias, sabendo que assim estamos escrevendo e reescrevendo a biografia de uma capital que segue seu curso de metrópole, mas não perde sua singularidade e continua a proporcionar uma sensação única de aconchego aos seus moradores. Ou você nunca ouviu a expressão "não troco Brasília por nada"?

ZUENIR VENTURA - Na era da complicação



Já foi mais fácil tomar partido. O mundo e as coisas tinham apenas dois lados, o bom e o ruim, o branco e o preto, o certo e o errado, o bonito e o feio. 

A democracia é que inventou essa complicação de vários pontos de vista, de ambivalência, substituindo o maniqueísmo pelo relativismo. O bem pode estar dentro do mal e vice- versa, entre o preto e o branco há o cinza, entre as luzes e as trevas existe o crepúsculo, e até o feio e o bonito variam conforme o gosto. No tempo do sectarismo ideológico, não haveria dúvidas em relação, por exemplo, a questões que se discutem tanto. Você é contra ou a favor da importação de médicos cubanos? Era muito simples: se vinha de Cuba, era bom. Ou ruim. Dependia de sua posição política. Agora, a complexidade de certos casos não admite mais resposta binária, pelo menos para quem não carrega na cabeça resquícios da Guerra Fria.

Como ser contra enviar médicos cubanos para os lugares onde os nossos não querem ir? Só com muito preconceito ideológico ou corporativismo, ou os dois. Ao mesmo tempo, como aceitar passivamente que esses profissionais permaneçam submetidos a um regime ditatorial que confisca parte de seus salários e não os deixam trazer suas famílias, retidas lá como reféns para evitar possíveis deserções? Não dá para desprezar os direitos humanos e dizer: "Isso é problema deles, não nosso." Mesmo pesando os prós e os contras na busca de isenção, a decisão é complicada. Virá sempre acompanhada de um "mas", "porém", "por outro lado".

Diferente, mas também com implicações políticas, é o caso do diplomata Eduardo Saboia, que à revelia do Itamaraty deu fuga ao senador boliviano Roger Pinto, que esteve refugiado na embaixada do Brasil em La Paz durante 452 dias. Preocupado com a saúde debilitada do asilado, Saboia colocou-o um dia num carro, viajou 1600 quilômetros acompanhado de dois fuzileiros brasileiros, e depositou-o em Corumbá, enfurecendo o governo boliviano. O senador é um desafeto de Evo Morales, a quem acusa de corrupção, e é acusado por este do mesmo crime. Politizada, a questão gerou uma séria crise diplomática entre os dois países. Para uns, Saboia foi um "herói", do ponto de vista humanitário; para outros, um "irresponsável". Vai ver, cada lado tem um pouco de razão.

Em suma, trata-se de um mundo complicado que cobra atitude onde tudo é relativo, inclusive essa afirmação.

Da rebelde Alice insurgindo-se contra a proibição paterna de comer chocolate fora de hora: "Estou ficando furiosa. Pronto (rangendo os dentes) já estou furiosa." Ela é indomável. Acho que nem com gás de pimenta. 

A Casa Encantada & À Frente, O Verso.

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