A EPIDEMIA DA INSÔNIA - Chiara Palmerini

São muitos os distúrbios que tornam insatisfatório o descanso noturno, às vezes de maneira discreta, outras, dramática. De qualquer forma, é cada vez maior o número de pessoas que sofrem com noites maldormidas.

Nunca foi fácil lutar contra a insônia. No século XVII, pessoas com distúrbios do sono recebiam uma prescrição inusitada do médico e poeta gaulês William Vaughan: "corte, na extremidade de seu gorro de dormir, um buraco pelo qual o vapor possa sair". A receita sugere que todos os remédios disponíveis já haviam sido experimentados. Atualmente, a Classificação Internacional De Distúrbios Do Sono (Cids) enumera cerca de 90 distúrbios, numa lista que contém desde os mais comuns, como a insônia, até os mais raros, quase desconhecidos.

Entre 10% e 20% das pessoas afirmam dormir pouco e mal. Nesse universo, há mais mulheres que homens e mais idosos que jovens. A insônia parece ser uma verdadeira epidemia nos países industrializados, muito difícil de curar, se for verdade que - como afirma Elio Lugaresi, um dos pioneiros da medicina do sono e diretor do Instituto de Clínica Neurológica da Universidade de Bolonha, Itália - "cada insone é um problema em si". Marcel Proust, por exemplo, não podia ir para a cama se suas ceroulas não estivessem presas na cintura por um determinado alfinete, conta o pesquisador da Universidade de Cambridge Paul Martin em Counting Sheep: The Science And Pleasures Of Sleep And Dreams. Junto com o alfinete, proust perdia o sono.

Regras elementares, geralmente bem conhecidas dos insones - não beber café e dormir sempre no mesmo horário -, e os fármacos, especialmente aqueles de última geração, podem funcionar quando o distúrbio ainda está no começo. A insônia crônica, porém, escreveu Jean-Anthelme Brillat-Savarin, advogado e gourmet francês do século XVIII, é "uma verdadeira maldição". Muitos especialistas concordam.

NOITES DE PESADELO
Dificuldade para dormir à parte, o sono é também o berço de fenômenos realmente bizarros. Os vídeos dos pacientes submetidos a polissonografia no laboratório da clínica neurológica de Bolonha ao longo dos anos mostram um repertório daquilo que pode acontecer durante a noite. Homens e mulheres, crianças, adultos ou idosos levantam-se repentinamente, pulam da cama, agitam-se até arrancar os eletrodos, contorcem-se em estranhas danças envolvendo pernas e braços ou imitam gestos da vida cotidiana. Sempre dormindo.

A medicina do sono, que começou a explorar esse mundo desconhecido somente a partir dos anos 60, desvelou muitos aspectos em um ritmo impensável. "Naquele tempo - conta Lugaresi -, em muitos ramos da medicina era necessário revolver toneladas de terra para encontrar a pepita de uma descoberta. No estudo do sono, bastava apenas raspar o terreno para descobrir uma jazida."

Um distúrbio que somente há alguns anos foi reconhecido como problema médico, o segundo mais difundido depois da insônia, é a apnéia obstrutiva, chamada também "síndrome de Pickwick". O nome vem de um personagem de Charles Dickens, o gordo e guloso Joe, que era tomado por uma sonolência invencível durante o dia. A pessoa que sofre desse mal pode acordar, sem dar-se conta, até cem vezes por noite.

Devido a uma asfixia momentânea, pára de respirar por um intervalo que vai de poucos segundos a mais de um minuto, até o momento em que dispara um mecanismo fisiológico de alarme. Então arqueja, retoma o fôlego e volta a dormir até a crise seguinte. Esse contínuo quase despertar torna o sono fragmentado e descontínuo, tanto que o sintoma principal, além do ronco que muitas vezes acompanha o distúrbio, consiste em uma grave sonolência durante o dia.

Também a "síndrome das pernas inquietas" pode atormentar as noites de muitos, 4% da população, segundo estimativas. Assim batizada nos anos 40 pelo neurologista sueco Karl Ekbom, foi descrita com base em diagnósticos precisos somente há alguns anos. As pessoas que sofrem desse distúrbio queixam-se de uma sensação de desconforto nas pernas, geralmente na panturrilha, e de uma necessidade irresistível de mexê-las para aliviá-la. A falta de ferro e uma anomalia no funcionamento dos sistemas dopaminérgicos do cérebro são possíveis causas.

FENÔMENOS ENIGMÁTICOS
As verdadeiras protagonistas da noite são, porém, as parassonias, que representam 10% de todos os distúrbios do sono. A essa categoria pertencem os fenômenos mais misteriosos e desconcertantes. Alguns são conhecidos desde a Antigüidade, como o sonambulismo, os terrores noturnos e a paralisia do sono, mas só recentemente foram definidos com clareza. E outros são novos, como o distúrbio comportamental do sono REM ou a epilepsia noturna.

Hoje, sabe-se que o sonambulismo e o sonilóquio são produtos da fase não-REM do sono, a de ondas lentas. Assim como os terrores noturnos, esses fenômenos são, geralmente, típicos da infância. A aterrorizante paralisia do sono é uma experiência que 5% a 6% das pessoas experimentam pelo menos uma vez na vida. Em Moby Dick, Herman Melville descreve o fenômeno que, segundo especialistas, deriva de um despertar parcial anômalo do sono REM, aquele em que se sonha.

Característico da fase REM do sono, é um tipo particular de distúrbio, que acarreta movimentos bastante agitados durante uma fase normalmente marcada por relaxamento do tônus muscular. Michel Jouvet já observara que gatos dos quais determinados centros nervosos haviam sido cortados moviam-se, pareciam caçar e perseguir presas imaginárias ou começavam a lavar-se. O mesmo acontece com pessoas portadoras desse distúrbio: encenam seus sonhos. A patologia foi descrita, pela primeira vez, em 1986, por Mark Mahowald e Carlos Schenk, da Universidade de Minnesota, Estados Unidos, depois de estudarem os casos de quatro pacientes que agrediram suas companheiras durante o sono. Um deles quase estrangulou a esposa que dormia a seu lado, durante um sonho em que lutava contra um veado e queria quebrar o pescoço do animal.

Uma parassonia recém-descoberta é a epilepsia noturna do lobo frontal, estudada no laboratório bolonhês a partir dos anos 80. Um vídeo mostra um jovem que repete, dezenas de vezes durante a noite, um movimento do braço sempre idêntico. Em outro, aparece uma mulher que, a intervalos regulares, levanta-se e senta na cama de um só impulso.

Pode acontecer também que o sono invada os territórios da vigília de forma patológica. A narcolepsia, que alguns devem conhecer devido à descrição de Jonathan Coe em seu romance A Casa do Sono, é o exemplo mais dramático. Quem sofre da doença pode adormecer durante uma conversação, na sala de aula, enquanto come ou espera o ônibus. Qualquer emoção, uma risada, uma surpresa, um impulso de raiva, pode levar o portador do distúrbio a perder, de repente, o tônus muscular até encontrar-se na impossibilidade de mover-se ou falar, mesmo estando consciente. Essa doença, considerada por muitos quase uma curiosidade, tem, provavelmente, a mesma incidência da esclerose múltipla e do mal de Parkinson: afeta uma pessoa em 2 mil. Hoje, sabe-se que, na origem dessa síndrome, há um grupo de neuropeptídeos com o nome curioso de hipocretinas. Uma equipe de pesquisadores da Universidade Stanford, EUA, identificou a anomalia genética que provoca a narcolepsia nos cães. No caso do homem, o mecanismo da doença ainda não foi totalmente esclarecido, apesar de estar aparentemente associado à incapacidade do hipotálamo de produzir hipocretina, um dos hormônios que regulam o sono e a vigília.

Insônia Fatal
A privação do sono representa um tormento tão grande que foi usada até como instrumento de tortura. Talvez isso baste para dar uma idéia de quanto pode ser trágica e sinistra uma doença que priva da capacidade de dormir até levar à morte. A insônia familiar fatal, doença rara e de caráter hereditário, foi descoberta na Universidade de Bolonha, pelo grupo de Elio Lugaresi, em 1986, mas a história começou muito antes. Em 1973, uma mulher da província de Treviso começa a perceber estranhos distúrbios que parecem ser de origem neurológica, tanto que os médicos falam de demência ou Alzheimer, sem nunca chegar a um diagnóstico preciso. A mulher morre em 12 meses, aos 49 anos, e no fim pesa apenas 30 quilos.

Cinco anos depois, sua irmã, de 54 anos, manifesta os mesmos sintomas, e a história de sua doença é uma réplica do primeiro caso. Ignazio Roiter, o médico da família, decide enviar o cérebro da mulher a um neuropatologista suíço, que não detecta nenhuma anomalia no cérebro, a não ser uma pequena lesão do tálamo.

Em 1983, o irmão das duas mulheres começa a exibir os mesmos sintomas assustadores. No começo, parece ansioso e deprimido e reclama de dormir mal. Depois passa a comportar-se como sonâmbulo. Tomado por um cansaço invencível, procura deitar-se de qualquer jeito. Com o tempo, cai em uma espécie de torpor, do qual desperta raras vezes, quando é solicitado. Enquanto isso, suas funções vitais parecem entrar em curto-circuito: transpira continuamente, sofre de pressão alta, come com voracidade. Segundo o dr. Roiter, o sintoma-chave, mascarado pela sonolência do paciente durante o dia, parece ser a impossibilidade de dormir, mas ninguém está disposto a dar-lhe atenção. Determinado a resolver o problema, o médico empreende uma busca nos arquivos da paróquia para reconstruir a genealogia da família.

Roiter encontra registros narrando casos de parentes que morreram por um estranho "esgotamento" e reconstrói a árvore genealógica até o século XVIII. Descobre que muitos outros membros da família foram atacados por esse mal que os médicos tomam por encefalite, demência, alcoolismo. Ele decide então telefonar para Lugaresi para dizer-lhe que acreditava estar lidando com um caso de insônia letal de caráter familiar. "Em vez de rir na minha cara, como outros haviam feito, me convidou para encontrá-lo no dia seguinte", conta.

Quando decidem internar o paciente, os exames confirmam aquilo que parecia inacreditável: o eletroencefalograma mostrava um estado de vigília contínua, interrompida apenas por breves fases de sono REM. O paciente parecia acometido pela mesma "peste da insônia", descrita por Gabriel García Márquez em Cem Anos de Solidão. O distúrbio, como foi esclarecido mais tarde, consiste justamente na incapacidade de gerar o sono lento. Algumas imagens do homem filmadas na fase terminal da doença o mostram com as pálpebras caídas, a ponto de adormecer sentado. Mas o sono verdadeiro nunca chegava para ele. Depois de alguns meses, caiu em um estado de torpor contínuo, interrompido somente por breves momentos de sonhos revelados por gestos. Em uma imagem, o homem faz o gesto de abotoar o paletó: quando lhe perguntam o que estava fazendo, responde que se preparava para ir a uma festa. Com a morte do paciente, Lugaresi envia o cérebro a Cleveland, nos Estados Unidos, para Pierluigi Gambetti, seu antigo colaborador. Gambetti nada encontra de anormal, exceto uma lesão do tálamo. Essa estrutura, até então considerada pouco importante para os mecanismos do sono, revela-se um nó crucial nos circuitos que o governam. A hipótese de Lugaresi, elaborada ao longo dos anos, depois de ver outros membros da família morrer por causa da insônia fatal é simples. As lesões do tálamo, espécie de estação intermediária, desconectariam o hipotálamo - o regulador das funções autônomas e promotor do sono - estrutura que controla seu funcionamento, o córtex cerebral. Enfim, é como se o organismo nunca recebesse um sinal "pare" dos estímulos e, com isso, superaquecesse até a exaustão.

Mas a descoberta tem outros desdobramentos. Já nos primeiros anos, Lugaresi percebe que o eletroencefalograma do doente de insônia fatal se assemelha ao das pessoas que sofrem da doença de Creutzfeldt-Jakob. Além disso, as características da lesão fizeram Gambetti pensar que se tratava de uma doença causada por príons, proteínas que Stanley Prusiner, prêmio Nobel em 1997, estudava naqueles anos. No fim, Gambetti, a quem Prusiner forneceu os anticorpos necessários para confirmar o diagnóstico, demonstrou, com uma série de experiências, que a partir do material extraído do cérebro das pessoas mortas por insônia fatal pode-se desenvolver a doença nos ratos. O mesmo acontece quando injetamos nos animais material cerebral de vítimas da doença de Creutzfeldt-Jakob. É a demonstração de que os príons são agentes infecciosos.

A insônia fatal encontra-se, portanto, no cruzamento de dois importantes campos de pesquisa: o estudo do sono e as doenças causadas por príons. Nos últimos tempos, foram identificadas 27 famílias, no mundo todo, nas quais a doença se transmite de geração em geração. Sabe-se também qual gene está em sua origem, e um teste permite identificá-lo. Infelizmente, ainda não existe cura.

CARLOS CASTAÑEDA - EXPERIÊNCIAS DE ESTRANHAMENTO - Ulisses Capozzoli

Depois de 40 anos do lançamento de A erva do diabo, primeiro livro de Carlos Castañeda – e após um década de sua morte – se mantêm as controvérsias sobre realidade e ficção em sua obra

Há 40 anos, um livro publicado pela editora da Universidade da Califórnia relatando pesquisas antropológicas de um estudante da instituição, dividiu opiniões e desdobrou-se para outros campos como psicologia, psiquiatria, filosofia e literatura, ainda hoje causando impacto no que aprendemos a reconhecer como realidade. The teachings of don Juan (Os ensinamentos de d. Juan) foi publicado em algumas traduções – incluindo a brasileira – como A erva do diabo, o que pode ter contribuído para aumentar as vendas numa época em que uma diversidade de drogas literalmente fazia a cabeça de muita gente. Mas certamente a escolha do título teve seu preço e contribuiu para multiplicar controvérsias sobre o conteúdo da obra.

 O autor do livro, o antropólogo Carlos Castañeda, pode ser brasileiro – falava português com acento inconfundível para um pretenso dissimulador – ainda que tenha omitido este dado em pouquíssimas entrevistas, quando também se recusou a ser fotografado. Esse comportamento – á primeira vista bizarro, levando em conta e que se espera de um autor que entra nas listas de sucesso – é parte inseparável do conteúdo de seus livros. 



Na sequencia desse primeiro vieram outros 11 volumes, até a morte de Castañeda há 10 anos – em 27 de abril de 1998. Nessa coletânea ele relata os ensinamentos que diz ter obtido de um velho índio yaqui que havia encontrado pela primeira vez em fins de junho de 1961, na fronteira entre o Arizona, nos Estados Unidos, e Sonora, no México. Castañeda fazia pesquisas de campo com plantas medicinais.

The teachings of don Juan foi recebido com certo entusiasmo pelo antropólogo Edward Holland Spicer (1906-1983), da Universidade do Arizona, reconhecido como o maior especialista na história e cultura dos yaquis de Sonora e do deserto que se estende a sudoeste, avançando em direção a Sierra Madre Ocidental, próximo à costa do Pacífico. Spicer publicou seu artigo na American Anthropologist, porta-voz da American Anthropological Association.

Spicer diz que os relatos não estabelecem relação significativa entre o que ele conhece dos yaquis e d. Juan – que Castañeda aponta como seu mentor. Mas elogia o livro e faz, pela primeira vez, a consideração que ainda hoje divide opiniões: o antropólogo, de fato, passou por todas as experiências que reproduz ou é um escritor de extraordinário talento, capaz de criar um universo repleto de histórias fantásticas?

ESTÉTICA LITERÁRIA
Apenas dois meses depois do artigo de Spicer, a quase sempre corrosiva New York Review of Books publicou um artigo do especialista inglês em antropologia cultural Edmund Ronald Leach (1910-1989), professor da Universidade de Cambridge. Na avaliação de Leach, o que Castañeda viveu foi apenas “uma experiência pessoal incomum”. Ainda que tenha se rendido às considerações filosóficas atribuídas a d. Juan, Leach considera o livro mais um trabalho literário que científico, ou, mais especificamente, “menos de etnografia e mais de estética literária”.

Entre Spicer e Leach, Walter Rochs- Goldschmidt – professor-emérito da Universidade da Califórnia e ex-presidente da American Anthropological Association – defende uma terceira posição. Segundo Gold-schmidt, que escreve o prefácio do primeiro livro, os relatos de Castaneda (com a consciência alterada pelo uso de plantas alucinógenas – peiote, datura e cogumelos coletados no deserto ou em Sierra Madre) – “não são uma simples narrativa de experiências alucinógenas”. Para ele, “as sutis manifestações de d. Juan conduzem o viajante, enquanto suas interpretações dão significado ao fato e nós, por intermédio do aprendiz de feiticeiro, temos a oportunidade de experimentar”.

Como antropólogo, Goldschmidt defende o funcionalismo comparativo, idéia de que uma comparação entre culturas leva em conta funções universais de costumes e instituições, em busca de sistemas sociais, em vez de expressões próprias e específicas de cada uma dessas instâncias. Assim, para ele, consequentemente “o mundo tem definições diversas em diversos lugares”. Goldschmidt argumenta que isso não significa apenas que os povos tenham costumes e deuses diferentes e esperem destinos diversos após a morte. O que ocorre, sustenta, é que “os mundos dos povos diferentes têm diferentes formas e os próprios pressupostos metafísicos variam: o espaço não se conforma com a geometria euclidiana, o tempo não constitui um fluxo contínuo de sentido único, as causas não se conformam com a lógica aristotélica, o homem não se diferencia do não-homem, nem a vida da morte, como no nosso mundo”.

PARA O ANTROPÓLOGO Walter R. Goldschmidt, as descrições do uso de plantas como o peiote, nos dá, por meio da vivência do aprendiz de feiticeiro, a oportunidade de acessar as realidades de outras culturas.

Goldschmidt defende ainda que “conhecemos alguma coisa da forma desses outros mundos pela lógica dos idiomas nativos e pelos mitos e cerimônias, conforme registrados pelos antropólogos”. E ele considera que “d. Juan nos mostrou vislumbres do mundo de um feiticeiro yaqui e, como o vemos sob influência de substâncias alucinógenas, o captamos com uma realidade totalmente diversa daquelas outras fontes”. 

Nisso, considera, está a principal virtude do trabalho de Castañeda: afirmar com razão que “este mundo [exposto por d. Juan] com todas as diferenças de percepção, tem sua lógica interna”. Para ele, Castañeda procurou fornecer explicações dessa lógica desde o interior desse estranho mundo.

LIMITAÇÕES CULTURAIS
O fato de Castañeda não ter tido sucesso completo nesse empreendimento, na interpretação de Gold-schmidt deve-se a uma limitação que nossa cultura e nossa língua impõem sobre a percepção, e não a uma limitação pessoal do pesquisador/autor. Ainda assim, considera, “em seus esforços, ele [Castañeda] funde o mundo de um feiticeiro yaqui com o nosso, o mundo da realidade não-convencional com o mundo da realidade convencional”.

Na visão de Goldschmidt, “a importância primordial de penetrar mundos que não sejam os nossos – e consequentemente da própria antropologia – está no fato de que essa experiência nos leva a compreender que o nosso próprio mundo é um complexo cultural”. Experimentando outros mundos, compara, “vemos o nosso como ele é e assim também podemos ver, de relance, como deve ser o mundo verdadeiro, aquele situado entre o nosso próprio complexo cultural e aqueles outros mundos; daí a alegoria, como a própria etnografia”.

Para Goldschmidt, a sabedoria e poesia de d. Juan e a habilidade e poesia de Castañeda “fornecem uma visão de nós mesmos e da realidade e, como em todas as boas alegorias, o que se vê está com o expectador e dispensa interpretação”. O antropólogo considera ainda que temos uma dívida para com Castañeda, “por sua paciência, coragem e perspicácia ao procurar e enfrentar os desafios de seu duplo aprendizado, e por nos relatar os detalhes de suas experiências”. Isso lhe confere, avalia, “a habilidade essencial da boa etnografia – a capacidade de ingressar num mundo estranho”.

EXPOSIÇÃO DIDÁTICA
No 30º aniversário do lançamento de A erva do diabo e às vésperas de sua morte, Carlos Castañeda se ocupou de preparar um resumo para facilitar a compreensão do que expõe como os fundamentos do aprendizado sob tutela de seu mentor. 

De acordo com suas palavras, “a descrição irredutível do que fiz em campo seria dizer que o índio yaqui feiticeiro, d. Juan Matus, me introduziu à cognição dos xamãs do México antigo”. Por cognição ele conceitua um conjunto de processos envolvidos com a percepção do cotidiano, o que inclui memória, experiência, consciência e utilização de qualquer sintaxe, como recurso de conexão lógica.

Castañeda revela que justamente a idéia de cognição, num primeiro momento, foi seu maior obstáculo, pois, “como homem ocidental e erudito participava da idéia de que só existe cognição como um grupo de processos gerais”. Acrescenta, no entanto, que para seu mentor existe tanto a cognição do homem moderno como a dos xamãs do México antigo, sendo cada um deles mundos completos de vida cotidiana e intrinsecamente diferentes. Nesse contexto, revela que, a partir de um momento, que não consegue identificar precisamente, sua tarefa “mudou de mera coleta de dados antropológicos para a internalização de novos processos cognitivos”.

Como parte desses processos cognitivos, Castañeda relata que foi levado a aceitar a idéia de que é fundamental, para os seres humanos, compreender que o único fato que realmente importa é o que d. Juan chamou de “encontro com o infinito”. E isso ainda que seu próprio mentor tivesse dificuldades para reduzir essa expressão a algo mais inteligível. Ainda assim, como parte de seu aprendizado, ele diz ter aceitado o fato de que “somos seres a caminho da morte”, mesmo que isso não tenha qualquer relação com o conceito mórbido com que a morte é interpretada na cultura ocidental. 

Se vamos morrer – e essa é a única certeza de que dispomos – conclui Castañeda sob a lógica da cognição que incorporava, “a verdadeira luta do homem não é a disputa com seus semelhantes, mas com o infinito, o que não chega a ser luta, mas aquiescência”. Devemos voluntariamente nos submeter ao infinito “porque nossas vidas terminam exatamente onde se originaram: no infinito”, considera.

Carlos Castañeda mostra ainda que a maior parte dos processos que registrou em uma dúzia de livros, relatando cada etapa de seu aprendizado, esteve relacionada ao “intercâmbio natural de minha personalidade, de um ser socializado sob o impacto de novas racionalizações” e que, após certo tempo, suas resistências foram minadas.

O alicerce da cognição para os xamãs, segundo Castañeda, é o “fato energético”, o que significa que, para eles [os xamãs] “cada nuance do cosmos é uma expressão de energia”. Eles concebem que “o cosmos inteiro é composto de forças gêmeas que são, ao mesmo tempo, opostas e complementares: a energia animada e inanimada”. 

A energia inanimada, nesta concepção, não tem consciência. Castañeda define consciência como “condição vibratória da energia animada”. A condição essencial da energia animada – orgânica ou inorgânica – segundo a linhagem de xamãs de seu mentor “é transformar a energia do universo como um todo em dados sensoriais”. No caso dos seres orgânicos, “esses dados sensoriais são transformados em um sistema de interpretação no qual a energia como um todo é classificada e há uma resposta designada para cada classificação, qualquer uma que possa ser”. 

Em contrapartida, para os seres inorgânicos, “os dados sensoriais devem ser interpretados por eles mesmos em qualquer que seja a forma incompreensível na qual possam fazê-lo”.

OVO DE LUZ
Castañeda sustenta em suas descrições que os seres humanos são percebidos pelos xamãs da linhagem de seu mentor como “conglomerados de campos de energia com a aparência de bolas luminosas”, e cada uma delas está “individualmente conectada a uma massa energética de proporções inconcebíveis que existe no universo, chamada mar escuro de consciência”. 

Um ponto específico, na altura das omoplatas, destaca-se nesse ovo luminoso, descreve Castañeda, e esse é o ponto de aglutinação. Segundo ele, o deslocamento desse ponto por onde os seres humanos recebem energia cósmica é o responsável pela alteração do padrão de consciência.

Outra categoria que emerge neste contexto, no quadro de ensinamentos que recebeu de seu mentor, é o intento, algo que ele define como equivalente a inteligência. Assim, a conclusão que integra o mundo cognitivo do seu sistema de aprendizado é a de um “universo de suprema inteligência”. 

Ainda neste caso, Castañeda esclarece que xamãs da linhagem de seu mentor, d. Juan Matus, “consideram consciência como o ato de estar deliberadamente consciente de todas as possibilidades perceptivas do homem e não apenas das possibilidades perceptivas ditadas por qualquer determinada cultura, cujo papel parece ser o de restringir a capacidade perceptiva de seus membros”.

Ao longo dos últimos 40 anos em que a obra de Castañeda foi publicada – ele assegura que a publicação é parte de suas tarefas para se tornar um homem de conhecimento, e não uma forma de exposição pessoal, daí o contato restrito com a imprensa e a recusa em ser fotografado –, as mais diferentes personalidades se envolveram com ela de diferentes formas. O cineasta italiano Federico Fellini foi uma delas, como registra em Block-Notes di um Regista.

No capítulo “Viaggio a Tulun” Fellini, interessado num filme sobre Castañeda, relata em detalhes o encontro/desencontro que teve com o personagem que buscou e expressa sua convicção de que nele há algo mais além da habilidade literária destacada por Spicer e Leach.

EGOCENTRISMO INFANTIL
Ao longo de sua vida Castañeda concedeu raríssimas entrevistas – uma delas à revista americana Time, outra à Psycolo-gy Today e, em 1975, falou à revista Veja, edição 356, por meio de um estudante brasileiro, então bolsista na Universidade da Califórnia, Luiz André Kossobudzki. 

Num diálogo com perguntas e respostas publicadas nas tradicionais páginas amarelas da revista, Castañeda explicou sua postura reservada e as razões para se comportar dessa maneira. Disse que atribuir importância a si próprio torna a pessoa tão imatura quanto uma criança: “O ser incompleto nasce da incessante procura por reconhecimento social.”

Nessa entrevista procurou definir uma série de outros conceitos herméticos em seus escritos e condena enfaticamente o uso de drogas, alegando que a administração de psicotrópicos, no início de seu aprendizado foi parte de um método e nada mais que isso. Castañeda assegurou, ainda, que uma pessoa considerada psicótica na realidade em que vivemos, no universo dos xamãs a que pertence seu mentor seria apenas alguém que “interrompeu a corrente do bom senso [elos que nos prenderiam a esta realidade] e não conseguiu encontrar o caminho de volta”. 

Para sair da realidade a que estamos confinados, segundo Castañeda, é necessário contar com a ajuda de um guia. Sem esse auxílio “eu não seria capaz de encontrar o caminho de volta a esta realidade”, ressaltou.

Castañeda se referiu ainda a uma capacidade de utilizar os sonhos como exercício de domínio e controle da própria vontade no percurso de se tornar um homem de conhecimento, aprendizado descrito em Porta para o infinito – quarto de seus 12 livros. 

Para Castañeda, a arte de sonhar exige “o mesmo domínio da vontade para sair e voltar da realidade ordinária”. Ele declara: “Com d. Juan aprendi a deixar de ser criança profissional e me tornei um guerreiro. Ficar sentado, esperando que me dessem tudo, ou sonhando acordado com a glória de minha auto-importância, não me trouxe nada. Tive de ir procurar coragem e disciplina”.

CONCEITOS-CHAVE
Não se sabe ao certo a nacionalidade do antropólogo Carlos Castañeda, morto em abril de 1998. Ele narra as experiências vividas no encontro com seu mentor, o índio yaqui d. Juan, com quem teria se encontrado pela primeira vez em 1961, na fronteira entre os desertos do Arizona, nos Estados Unidos, e Sonora, no México. 

Ainda hoje são cercados de mistério, os experimentos feitos com plantas alucinógenas daquela região os quais contribuíram para discussões sobre alteração de estado de consciência, diferenças culturais e estética literária.

Em sua vida deu raras entrevistas, sendo uma delas à revista Veja, em 1975. Na ocasião, explicou sua postura reservada. Disse que atribuir importância a si mesmo torna a pessoa tão imatura quanto uma criança: “o ser incompleto nasce da incessante procura por reconhecimento social”, declarou.

Castañeda acreditava no potencial e na capacidade humana de, por exemplo, utilizar os sonhos como exercício de domínio e controle da própria vontade no percurso de se tornar um “homem de conhecimento”.

A Casa Encantada & À Frente, O Verso.

A Casa Encantada & À Frente, O Verso.
Livros de Edmir Saint-Clair

Escolha o tema:

- Mônica El Bayeh (1) 100 DIAS QUE MUDARAM O MUNDO (1) 45 LIÇÕES QUE A VIDA ME ENSINOU (1) 48 FRASES GENIAIS (1) 5 CHAVES PARA FREAR AS RELAÇÕES TÓXICAS NA FAMÍLIA (1) 5 MITOS SOBRE O CÉREBRO QUE ATÉ OS NEUROCIENTISTAS ACREDITAM (1) A ALMA ESTÁ NA CABEÇA (1) A FUNÇÃO SOCIAL DA CULPA (1) A GREVE DAS PALAVRAS (1) A LUCIDEZ PERIGOSA (1) A PANDEMIA VISTA DE 2050 (1) A PARÁBOLA BUDISTA (1) A PÍLULA DA INTELIGÊNCIA (1) A PRÁTICA DA BOA AMIZADE (1) A PREOCUPAÇÃO EXCESSIVA COM A APARÊNCIA FÍSICA (1) A QUALIDADE DO SEU FUTURO - Edmir Silveira (1) A SOMBRA DAS CHUTEIRAS IMORTAIS (1) A Tua Ponte (1) A vergonha pode ser o início da sabedoria (1) AFFONSO ROMANO DE SANT'ANNA (5) Amigos (4) amizade (2) ANA CAROLINA DECLAMA TEXTO DE ELISA LUCINDA (1) ANDRÉ COMTE-SPONVILLE (3) ANTONIO CÍCERO (2) ANTÓNIO DAMÁSIO (3) ANTÔNIO MARIA (2) ANTONIO PRATA (2) antropologia (3) APENAS UMA FOLHA EM BRANCO SOBRE A MESA (1) APOLOGIA DE PLATÃO SOBRE SÓCRATES (1) ARISTÓTELES (2) ARNALDO ANTUNES (2) ARNALDO BLOCH (1) Arnaldo Jabor (36) ARTHUR DA TÁVOLA (12) ARTHUR DAPIEVE (1) ARTHUR RIMBAUD (2) ARTHUR SCHOPENHAUER (5) ARTUR DA TÁVOLA (9) ARTUR XEXÉO (6) ASHLEY MONTAGU (1) AUGUSTO CURY (4) AUTOCONHECIMENTO (2) BARÃO DE ITARARÉ (3) BARUCH SPINOZA (3) BBC (9) BBC Future (4) BERNARD SHAW (2) BERTRAND RUSSELL (1) BISCOITO GLOBO (1) BRAINSPOTTING (1) BRUNA LOMBARDI (2) CACÁ DIEGUES (1) CAETANO VELOSO (10) caio fernando abreu (5) CARL JUNG (1) Carl Sagan (1) CARLOS CASTAÑEDA - EXPERIÊNCIAS DE ESTRANHAMENTO (1) CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE (23) CARLOS EDUARDO NOVAES (1) CARLOS HEITOR CONY (3) CARTA DE GEORGE ORWELL EXPLICANDO O LIVRO 1984 (1) CECÍLIA MEIRELES (5) CELSO LAFER - Violência (1) CÉREBRO (17) CHARLES BAUDELAIRE (4) CHARLES BUKOWSKI (3) Charles Chaplin (4) Charles Darwin (2) CHÂTEAU DE VERSAILLES (1) CHICO ANYSIO (3) Christian Ingo Lenz Dunker (9) CIÊNCIA E RELIGIÕES (1) CIÊNCIAS (20) CIENTISTA RUSSO REVELA O QUE OCORRE CONOSCO APÓS A MORTE (1) cinema (6) CLARICE LISPECTOR (17) CLÁUDIA LAITANO (3) CLAUDIA PENTEADO (8) Coletâneas Cult Carioca (1) COMO A INTERNET ESTÁ MUDANDO AS AMIZADES (1) COMO A MÚSICA PODE ESTIMULAR A CRIATIVIDADE (1) COMO A PERCEPÇÃO DO TEMPO MUDA DE ACORDO COM A LÍNGUA (1) COMO A PERDA DE UM DOS PAIS PODE AFETAR A SUA SAÚDE MENTAL (1) COMO A SOLIDÃO ALIMENTA O AUTORITARISMO (1) COMO COMEÇAR DO ZERO EM QUALQUER IDADE (1) COMPORTAMENTO (528) Conexão Roberto D'Avila - STEVENS REHEN - IMPERDÍVEL - ALTISSIMO NIVEL DE CONHECIMENTO (1) CONHEÇA 10 PESSOAS QUE QUASE FICARAM FAMOSAS (1) conhecimento (6) CONTARDO CALLIGARIS (17) CONVERSAS NECESSÁRIAS (1) CORA CORALINA (3) CORA RÓNAI (6) CORTES DIRETO AO PONTO (32) Cristiane Segatto (8) CRÔNICAS (992) Crônicas. (172) CRUZ E SOUSA (1) CULT MOVIE (5) CULT MUSIC (10) CULT VÍDEO (21) DALAI LAMA (5) DALTON TREVISAN (1) Dante Alighieri (1) DANUZA LEÃO (30) DE ONDE VÊM OS NOMES DAS NOTAS MUSICAIS? (1) DEEPAK CHOPRA (3) DENTRO DE MIM (1) DRAUZIO VARELLA (11) E. E. CUMMINGS (3) EDGAR MORIN (2) Edmir Saint-Clair (78) EDUARDO GALEANO (3) ELIANE BRUM (25) ELISA LUCINDA (4) EM QUE MOMENTO NOS TORNAMOS NÓS MESMOS (1) Emerson (1) EMILY DICKINSON (1) Emmanuel Kant (1) Empatia (3) entrevista (11) EPICURO (3) Epiteto (1) Erasmo de Roterdam (1) ERÓTICA É A ALMA (1) Eu Cantarei de Amor Tão Docemente (1) Eu carrego você comigo (2) Fábio Porchat (8) FABRÍCIO CARPINEJAR (5) FEDERICO GARCIA LORCA (2) FERNANDA TORRES (23) FERNANDA YOUNG (6) Fernando Pessoa (13) FERNANDO SABINO (4) FERREIRA GULLAR (24) FILHOS (5) filosofia (217) filósofo (10) FILÓSOFOS (7) Flávio Gikovate (25) FLORBELA ESPANCA (8) FRANCISCO DAUDT (25) FRANZ KAFKA (4) FRASES (39) Frases e Pensamentos (8) FREUD (4) Friedrich Nietzsche (2) Friedrich Wilhelm Nietzsche (1) FRITJOF CAPRA (2) GABRIEL GARCÍA MÁRQUEZ (2) GEMÄLDEGALERIE - Berlin - Tour virtual - Você controla o que quer ver - Obra por obra (1) GERALDO CARNEIRO (1) Gilles Deleuze (2) HANNAH ARENDT (1) HELEN KELLER (1) HELOISA SEIXAS (10) Heloísa Seixas (1) Henry David Thoreau (1) HERMANN HESSE (10) HILDA HILST (1) IMMANUEL KANT (1) INTELIGENCIA (2) intimidade (6) IRMÃ SELMA (1) Isaac Asimov. (1) ISABEL CLEMENTE (2) IVAN MARTINS (22) JEAN JACQUES ROUSSEAU (1) JEAN PAUL SARTRE (1) JEAN-JACQUES ROUSSEAU (3) Jean-Paul Sartre (2) JEAN-YVES LELOUP - SEMEANDO A CONSCIÊNCIA (1) Jô Soares (4) JOÃO CABRAL DE MELO NETO (1) JOÃO UBALDO RIBEIRO (14) JOHN NAUGHTON (1) JORGE AMADO (1) JORGE FORBES (1) jornalista (3) JOSÉ PADILHA (2) JOSE ROBERTO DE TOLEDO (1) JOSÉ SARAMAGO (8) JULIO CORTÁZAR (2) KAHLIL GIBRAN (3) Kant (2) KETUT LIYER (1) Khalil Gibran (5) Klaus Manhart (2) KRISHNAMURTI (1) Lao-Tzu (1) LE-SHANA TOVÁ TIKATEVU VE-TECHATEMU - Nilton Bonder (1) LEANDRO KARNAL (3) LEDA NAGLE (2) LÊDO IVO (2) LETÍCIA THOMPSON (2) literatura (69) literatura brasileira (23) LUIGI PIRANDELLO (2) LUIS FERNANDO VERISSIMO (15) LUIS FERNANDO VERÍSSIMO (7) LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO (13) LUIS VAZ DE CAMÕES (2) LUIZ FERNANDO VERISSIMO (6) LYA LUFT (33) LYGIA FAGUNDES TELLES (1) MADHAI (4) Mahatma Gandhi (5) Maiakowski (1) MANOEL CARLOS (11) MANOEL DE BARROS (1) MANUEL BANDEIRA (4) MAPA INTERATIVO PERMITE VIAJAR NO TEMPO E VER 'SUA CIDADE' HÁ 600 MILHÕES DE ANOS (1) Marcel Camargo (12) MARCELO RUBENS PAIVA (7) MARCIA TIBURI (12) MARÍLIA GABRIELA entrevista RAFINHA BASTOS (1) MARINA COLASANTI (6) MÁRIO LAGO (1) Mário Prata (3) MÁRIO QUINTANA (15) MÁRIO SÉRGIO CORTELLA (4) MARIO VARGAS LLOSA (1) MARK GUNGOR (1) martha medeiros (92) MARTIN LUTHER KING JR (1) MARTINHO DA VILA (1) MELATONINA: O HORMÔNIO DO SONO E DA JUVENTUDE (1) MIA COUTO (14) MIA COUTO: “O PORTUGUÊS DO BRASIL VAI DOMINAR” (1) MICHEL FOUCAULT (1) MIGUEL ESTEVES CARDOSO (4) MIGUEL FALABELLA (14) Miguel Torga (2) MILAN KUNDERA (1) MILLÔR FERNANDES (3) MOACYR SCLIAR (12) MÔNICA EL BAYEH (4) Monja Cohen (1) MUSÉE D'ORSAY - PARIS - Tour virtual - Você controla o que quer ver - Obra por obra (1) MUSEU NACIONAL REINA SOFIA - Madrid - Tour virtual - Você controla o que quer ver - Obra por obra (1) MUSEU VAN GOGH - Amsterdam - Tour virtual - Você controla o que quer ver - Obra por obra (1) NÃO DEVEMOS TER MEDO DA EVOLUÇÃO – Edmir Silveira (1) NARCISISMO COLETIVO (1) Natasha Romanzoti (3) NÉLIDA PIÑON (1) NELSON MANDELA (1) NELSON MOTTA (28) NELSON RODRIGUES (3) NEUROCIÊNCIA (143) NILTON BONDER (1) NOAM CHOMSKY (2) NOITE DE NATAL (1) O BRASIL AINDA NÃO DESCOBRIU O CABRAL TODO (1) O CLIQUE (1) O MITO DA CAVERNA DE PLATÃO: A DUALIDADE DA NOSSA REALIDADE (1) O MITO DO AMOR MATERNO – Maria Lucia Homem (1) O Monge Ocidental (2) O MUNDO DA GENTE MORRE ANTES DA GENTE (1) O MUNDO SECRETO DO INCONSCIENTE (1) O PENSAMENTO DE CARL SAGAN (1) O PODER DO "TERCEIRO MOMENTO" (1) O PODER TERAPÊUTICO DA ESTRADA - Martha Medeiros (1) O QUE A VIDA ENSINA DEPOIS DOS 40 (1) O QUE É A TÃO FALADA MEDITAÇÃO “MINDFULNESS” (1) O QUE É A TERAPIA EMDR? – Ignez Limeira (1) O QUE É BOM ESCLARECER AO COMEÇAR UM RELACIONAMENTO AMOROSO (1) O QUE É CIENTÍFICO? - Rubem Alves (1) O que é liberdade (1) O QUE É MAIS IMPORTANTE: SER OU TER? (1) O QUE É MENTE (1) O QUE É MODERNIDADE LÍQUIDA (1) O QUE É O AMOR PLATÔNICO? (1) O QUE É O PENSAMENTO ABSTRATO (1) O QUE É OBJETIVISMO (1) O QUE É SER “BOM DE CAMA”? (1) O QUE É SER INTELIGENTE (1) O QUE É SER LIVRE? (1) O QUE É SER PAPA? - Luiz Paulo Horta (1) O QUE É SERENIDADE? (1) O QUE É UM PSICOPATA (1) O QUE É UMA COMPULSÃO? - Solange Bittencourt Quintanilha (1) O QUE FAZ O AMOR ACABAR (1) O que se passa na cama (1) O ROUBO QUE NUNCA ACONTECEU (2) O Sentido Secreto da Vida (2) OBRIGADO POR INSISTIR - Martha Medeiros (1) OCTAVIO PAZ (2) OLAVO BILAC (1) ORGASMO AJUDA A PREVENIR DOENÇAS FÍSICAS E MENTAIS (1) ORIGEM DA CONSCIÊNCIA (1) Os canalhas nos ensinam mais (2) OS EFEITOS DE UM ÚNICO DIA DE SOL NA SUA PELE (1) OS HOMENS OCOS (1) OS HOMENS VÃO MATAR-SE UNS AOS OUTROS (1) OTTO LARA RESENDE (1) OUTROS FORMATOS DE FAMÍLIA (1) PABLO NERUDA (22) PABLO PICASSO (2) PALACIO DE VERSAILLES - França - Tour virtual - Você controla o que quer ver - Obra por obra (1) Pandemia (2) PAULO COELHO (6) PAULO MENDES CAMPOS (2) PEDRO BIAL (4) PENSADORES FAMOSOS (1) pensamentos (59) PERFIL DE UM AGRESSOR PSICOLÓGICO: 21 CARACTERÍSTICAS COMUNS (1) PERMISSÃO PARA SER INFELIZ - Eliane Brum com a psicóloga Rita de Cássia de Araújo Almeida (1) poemas (8) poesia (281) POESIAS (59) poeta (76) poetas (18) POR QUE A CULPA AUMENTA O PRAZER? (1) POR QUE COMETEMOS ATOS FALHOS (1) POR QUE GOSTAMOS DE MÚSICAS TRISTES? (1) porto alegre (6) PÓS-PANDEMIA (1) PRECISA-SE (1) PREGUIÇA: AS DIFERENÇAS ENTRE A BOA E A RUIM (1) PROCRASTINAÇÃO (1) PROPORÇÕES (1) PSICANALISE (5) PSICOLOGIA (432) psiquiatria (8) QUAL O SENTIDO DA VIDA? (1) QUANDO A SUA MENTE TRABALHA CONTRA VOCÊ (1) QUANDO FALAR É AGREDIR (1) QUANDO MENTIMOS MAIS? (1) QUANDO O AMOR ACABA (1) QUEM FOI EPICURO ? (1) QUEM FOI GALILEU GALILEI? (1) Quem foi John Locke (1) QUEM FOI TALES DE MILETO? (1) QUEM FOI THOMAS HOBBES? (1) QUEM INVENTOU O ESPELHO (1) Raul Seixas (2) Raul Seixas é ATROPELADO por uma onda durante uma ressaca no Leblon (1) RECEITA DE DOMINGO (1) RECOMEÇAR (3) RECOMECE - Bráulio Bessa (1) Reflexão (3) REFLEXÃO DE BERT HELLINGER (1) REGINA NAVARRO LINS (1) REJUVENESCIMENTO - O DILEMA DE DORIAN GRAY (1) RELACIONAMENTO (5) RENÉ DESCARTES (1) REZAR E AMAR (1) Rick Ricardo (5) RIJKSMUSEUM - Amsterdam - Tour virtual - Você controla o que quer ver - Obra por obra (1) RIO DE JANEIRO (10) RITA LEE (5) Robert Epstein (1) ROBERT KURZ (1) ROBERTO D'ÁVILA ENTREVISTA FLÁVIO GIKOVATE (1) ROBERTO DaMATTA (8) Roberto Freire (1) ROBERTO POMPEU DE TOLEDO (1) RUBEM ALVES (26) RUBEM BRAGA (1) RUTH DE AQUINO (16) RUTH DE AQUINO - O que você revela sobre você no Facebook (1) Ruy Castro (10) SAINDO DA DEPRESSÃO (1) SÁNDOR FERENCZI (1) SÁNDOR MÁRAI (3) SÃO DEMASIADO POBRES OS NOSSOS RICOS (1) SAÚDE MENTAL (2) Scott O. Lilienfeld (2) século 20 (3) SÊNECA (7) SENSAÇÃO DE DÉJÀ VU (1) SER FELIZ É UM DEVER (2) SER MUITO INTELIGENTE: O LADO RUIM DO QUAL NÃO SE FALA (1) SER OU ESTAR? - Suzana Herculano-Houzel (1) Ser Pai (1) SER PASSIVO PODE SER PREJUDICIAL À SAÚDE (1) SER REJEITADO TORNA VOCÊ MAIS CRIATIVO (1) SERÁ QUE SUA FOME É EMOCIONAL? (1) SEXO É COLA (1) SEXO TÂNTRICO (1) SEXUALIDADE (2) Shakespeare. O bardo (1) Sidarta Ribeiro (4) SIGMUND FREUD (4) SIMONE DE BEAUVOIR (1) Simone Weil (1) SINCERICÍDIO: OS RISCOS DE SE TORNAR UM KAMIKAZE DA VERDADE (1) SÓ DE SACANAGEM (2) SÓ ELAS ENTENDERÃO (1) SOCIOLOGIA (10) SÓCRATES (2) SOFRER POR ANTECIPAÇÃO (2) Solange Bittencourt Quintanilha (13) SOLITÁRIOS PRAZERES (1) STANISLAW PONTE PRETA (5) Stephen Kanitz (1) Steve Ayan (1) STEVE JOBS (5) SUAS IDEIAS SÃO SUAS? (1) SUPER TPM: UM TRANSTORNO DIFÍCIL DE SER DIAGNOSTICADO (1) Super YES (1) Suzana Herculano-Houzel (10) T.S. ELIOT (2) TALES DE MILETO (2) TATE BRITAIN MUSEUM (GALLERY) (1) TERAPIA (4) THE METROPOLITAN MUSEUM OF ART (1) THE NATIONAL GALLERY OF LONDON - Tour virtual - Você controla o que quer ver - Obra por obra (1) THIAGO DE MELLO (2) TODA CRIANÇA É UM MAGO - Augusto Branco (1) Tom Jobim (2) TOM JOBIM declamando Poema da Necessidade DE CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE (1) TONY BELLOTTO (3) Tour virtual - Você controla o que quer ver - Obra por obra (2) TRUQUE DO PANO: PROTEJA O CACHORRO DO BARULHO FEITO PELOS FOGOS DE ARTIFÍCIO (1) UM CACHORRO PRETO CHAMADO DEPRESSÃO (1) UM ENCONTRO COM LACAN (1) UM VÍRUS CHAMADO MEDO (1) UMA REFLEXÃO FABULOSA (1) UNIÃO EUROPEIA INVESTE EM PROGRAMA PARA PREVER O FUTURO (1) ÚNICO SER HUMANO DA HISTÓRIA A SER ATINGIDO POR UM METEORITO (1) velhice (2) Viagem ao passado (2) VICTOR HUGO (4) VÍDEO - O NASCIMENTO DE UM GOLFINHO (1) VÍDEO - PALESTRA - MEDO X CRIATIVIDADE (1) VÍDEO ENTREVISTA (2) VÍDEO PALESTRA (14) Vinícius de Moraes (3) VIVIANE MOSÉ (4) VLADIMIR MAIAKOVSKI (2) W. B. YEATS (1) W. H. Auden (2) WALCYR CARRASCO (4) WALT WHITMAN (4) Walter Kaufmann (1) Way Herbert (1) Wilhelm Reich (2) WILLIAM FAULKNER (1) William Shakespeare (4) WILSON SIMONAL e SARAH VAUGHAN (1)

RACISMO AQUI NÃO!

RACISMO AQUI NÃO!