COMBATA A DEPRESSÃO CAMINHANDO

Estudos anteriores já haviam demonstrado que exercícios vigorosos aliviam os sintomas da depressão, mas o efeito de atividades menos árduas ainda não foi analisado em profundidade.
O novo estudo publicado na revista científica Mental Health and Physical Activity afirma que “caminhar é uma forma de intervenção efetiva contra a depressão” e tem resultados similares aos de formas mais vigorosas de exercício.
O estudo da Universidade de Stirling analisou dados de oito pesquisas com um total de 341 pacientes.
“A caminhada tem a vantagem de poder ser praticada pela maioria das pessoas, de implicar pouco ou nenhum custo, e de ser relativamente fácil de incorporar à rotina diária”, dizem os autores.

Ar livre
Uma em cada dez pessoas enfrenta depressão em algum momento da vida. Apesar de o problema poder ser tratado com medicamentos, a prática de exercícios é muitas vezes prescrita por médicos como tratamento contra formas mais brandas da doença.
Adrian Taylor, que estuda os efeitos dos exercícios contra a depressão, os vícios e o estresse, na Universidade de Exeter, disse que o ponto positivo da caminhada é que todo mundo já faz isso no dia-a-dia.
“Há benefícios contra problemas de saúde mental como a depressão”, afirmou ele.
Ainda não se sabe exatamente como os exercícios ajudam no combate à depressão. Taylor diz que eles podem funcionar como uma distração dos problemas, dando uma sensação de controle e liberando hormônios do “bom-humor”.
A ONG de saúde mental Mind diz que suas próprias pesquisas indicam que só o fato de passar tempo ao ar livre já ajuda pessoas com depressão.
“Para aproveitar ao máximo as atividades ao ar livre, é importante encontrar um tipo de exercício que você goste e que possa fazer regularmente. Tente coisas diferentes, como caminhar, andar de bicicleta, fazer jardinagem ou até nadar na natureza”, aconselha Paul Farmer, presidente da ONG.
“Fazer exercícios junto a outras pessoas pode ter um impacto ainda maior, já que oferece uma oportunidade de reforçar laços sociais, conversar com outras pessoas sobre seus problemas ou simplesmente rir e aproveitar o tempo longe da família e do trabalho. Então, peça a um amigo para se juntar a você.”

STANSILAW PONTE PRETA (SÉRGIO PORTO) - Fábula dos Dois Leões

Diz que eram dois leões que fugiram do Jardim Zoológico. Na hora da fuga cada um tomou um rumo, para despistar os perseguidores. Um dos leões foi para as matas da Tijuca e outro foi para o centro da cidade. Procuraram os leões de todo jeito mas ninguém encontrou. Tinham sumido, que nem o leite.

Vai daí, depois de uma semana, para surpresa geral, o leão que voltou foi justamente o que fugira para as matas da Tijuca. Voltou magro, faminto e alquebrado. Foi preciso pedir a um deputado do PTB que arranjasse vaga para ele no Jardim Zoológico outra vez, porque ninguém via vantagem em reintegrar um leão tão carcomido assim. E, como deputado do PTB arranja sempre colocação para quem não interessa colocar, o leão foi reconduzido à sua jaula.

Passaram-se oito meses e ninguém mais se lembrava do leão que fugira para o centro da cidade quando, lá um dia, o bruto foi recapturado. Voltou para o Jardim Zoológico gordo, sadio, vendendo saúde. Apresentava aquele ar próspero do Augusto Frederico Schmidt que, para certas coisas, também é leão.

Mal ficaram juntos de novo, o leão que fugira para as florestas da Tijuca disse pro coleguinha: — Puxa, rapaz, como é que você conseguiu ficar na cidade esse tempo todo e ainda voltar com essa saúde? Eu, que fugi para as matas da Tijuca, tive que pedir arreglo, porque quase não encontrava o que comer, como é então que você... vá, diz como foi.

O outro leão então explicou: — Eu meti os peitos e fui me esconder numa repartição pública. Cada dia eu comia um funcionário e ninguém dava por falta dele.

E por que voltou pra cá? Tinham acabado os funcionários?

Nada disso. O que não acaba no Brasil é funcionário público. É que eu cometi um erro gravíssimo. Comi o diretor, idem um chefe de seção, funcionários diversos, ninguém dava por falta. No dia em que eu comi o cara que servia o cafezinho... me apanharam.

RECOMEÇAR - Paulo Roberto Gaefke

Não importa onde você parou...
em que momento da vida você cansou...
o que importa é que sempre é possível 
e necessário "Recomeçar".

Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo...
é renovar as esperanças na vida e o mais importante...
acreditar em você de novo.

Sofreu muito nesse período?
foi aprendizado...

Chorou muito?
foi limpeza da alma...

Ficou com raiva das pessoas?
foi para perdoá-las um dia...

Sentiu-se só por diversas vezes?
É por que fechaste a porta até para os anjos...

Acreditou que tudo estava perdido?
Era o início da tua melhora...

Pois é...agora é hora de reiniciar...de pensar na luz...
de encontrar prazer nas coisas simples de novo.

Que tal um novo emprego? Uma nova profissão?
Um corte de cabelo arrojado... diferente?
Um novo curso... ou aquele velho desejo de aprender a
pintar... desenhar... dominar o computador...
ou qualquer outra coisa...

Olha quanto desafio...
quanta coisa nova nesse mundão de meu Deus te esperando.

Tá se sentindo sozinho? besteira...
tem tanta gente que você afastou com
o seu "período de isolamento"...
tem tanta gente esperando apenas um sorriso teu
para "chegar" perto de você.

Quando nos trancamos na tristeza...
nem nós mesmos nos suportamos...
ficamos horríveis... o mal humor vai comendo nosso fígado...
até a boca fica amarga.

Recomeçar...
hoje é um bom dia para começar novos desafios.

Onde você quer chegar?
Vá alto... sonhe alto... queira o melhor do melhor...
queira coisas boas para a vida...
pensando assim trazemos prá nós aquilo que desejamos...

Se pensamos pequeno... coisas pequenas teremos...
já se desejarmos fortemente o melhor e
principalmente lutarmos pelo melhor...
o melhor vai se instalar na nossa vida.

E é hoje o dia da faxina mental...
jogar fora tudo que te prende ao passado...
ao mundinho de coisas tristes...
fotos... peças de roupa, papel de bala...
ingressos de cinema... bilhetes de viagens...
e toda aquela tranqueira que guardamos
quando nos julgamos apaixonados...

jogue tudo fora... mas principalmente...
esvazie seu coração... fique pronto para a vida...
para um novo amor...

Lembre-se somos apaixonáveis...
somos sempre capazes de amar muitas
e muitas vezes... afinal de contas...
Nós somos o "Amor".

PABLO NERUDA - Canção Desesperada


Aparece tua recordação da noite em que estou.
O rio reúne-se ao mar seu lamento obstinado.
Abandonado como o impulso das auroras.
É a hora de partir, oh abandonado!
Sobre meu coração chovem frias corolas.
Oh sentina de escombros, feroz cova de náufragos!
Em ti se ajuntaram as guerras e os vôos.
De ti alcançaram as asas dos pássaros do canto.
Tudo que o bebeste, como a distância.
Como o mar, como o tempo. Tudo em ti foi naufrágio!
Era a alegre hora do assalto e o beijo.
A hora do estupor que ardia como um faro.
Ansiedade de piloto, fúria de um búzio cego
túrgida embriaguez de amor, Tudo em ti foi naufrágio!
Na infância de nevoa minha alma alada e ferida.
Descobridor perdido, Tudo em ti foi naufrágio!
Tu senti-se a dor e te agarraste ao desejo.
Caiu-te uma tristeza, Tudo em ti foi naufrágio!
Fiz retroceder a muralha de sombra.
Andei mais adiante do desejo e do ato.
Oh carne, carne minha, mulher que amei e perdi,
e em ti nesta hora úmida, evoco e faço o canto.
Como um vaso guardando a infinita ternura,
e o infinito olvido te quebrou como a um vaso.
Era a negra, negra solidão das ilhas,
e ali, mulher do amor, me acolheram os seus braços.
Era a sede e a fome, e tu foste à fruta.
Era o duelo e as ruínas, e tu foste o milagre.
Ah mulher, não sei como pode me conter
na terra de tua alma, e na cruz de teus braços!
Meu desejo por ti foi o mais terrível e curto,
o mais revolto e ébrio, o mais tirante e ávido.
Cemitério de beijos,existe fogo em tuas tumbas,
e os racimos ainda ardem picotados pelos pássaros.
Oh a boca mordida, oh os beijados membros,
oh os famintos dentes, oh os corpos traçados.
Oh a cópula louca da esperança e esforço
em que nos ajuntamos e nos desesperamos.
E a ternura, leve como a água e a farinha.
E a palavra apenas começada nos lábios.
Esse foi meu destino e nele navegou o meu anseio,
e nele caiu meu anseio, Tudo em ti foi naufrágio!
Oh imundice dos escombros, que em ti tudo caía,
que a dor não exprimia, que ondas não te afogaram.
De tombo em tombo inda chamas-te e cantas-te
de pé como um marinheiro na proa de um barco.
Ainda floris-te em cantos, ainda rompes-te nas correntes.
Oh sentina dos escombros, poço aberto e amargo.
Pálido búzio cego, desventurado desgraçado,
descobridor perdido, Tudo em ti foi naufrágio!
É a hora de partir, a dura e fria hora
que a noite sujeita a todos seus horários.
O cinturão ruidoso do mar da cidade da costa.
Surgem frias estrelas, emigram negros pássaros.
Abandonado como o impulso das auroras.
Somente a sombra tremula se retorce em minhas mãos.
Ah mais além de tudo. Ah mais além de tudo.
É a hora de partir. Oh abandonado.

NELSON MOTTA - Pecados contemporâneos

Instituição cristã do século VI, os sete pecados capitais fizeram história na literatura, no teatro, na dança, no cinema e nas artes plásticas, mas saíram de moda. Não que a avareza, a gula, a luxúria, a ira, a inveja, o orgulho e a preguiça tenham caído em desuso, mas diante de todas as transformações dos tempos modernos, os pecados estão precisando de uma atualização. Numa sociedade de consumo e abundância, a gula nem merecia ser pecado, muito menos capital. Porque provoca obesidade, colesterol alto e artérias entupidas. Não precisa de absolvição, só de dieta, exercício ou redução de estômago. Mas se for gula metafórica, como a de Wall Street, aí sim, é um legítimo pecado capital. Como a gula dos políticos por verbas. A ira, a menos que usada profissionalmente por lutadores do UFC, pode provocar reações violentas de suas vítimas, e infartos, derrames e apoplexias fatais no irado. Alem de pecado, leva à perda da razão e dos argumentos, impedindo a solução racional dos problemas. A preguiça, a não ser associada ao roubo ( que é pecado contra outro mandamento ) ou ao gênio de Dorival Caymmi, é garantia de fracasso em qualquer atividade humana, inclusive a sexual. O orgulho e a vaidade, no fundo, e na superfície, são o mesmo pecado, que hoje é chamado de narcisismo, atitude, excesso de autoestima. Numa sociedade que cultua a competitividade, o exibicionismo e a aparência física, é requisito social e profissional, pecado praticamente obrigatório. A inveja, todo mundo sabe, é uma merda. Mas nem sempre: às vezes é o impulso para grandes conquistas de gente invejosa, mas talentosa, trabalhadora e determinada. Invejosos burros, vagabundos e incompetentes mascam suas frustrações como chicletes. Como falar em avareza numa sociedade de consumo movida a juros ? Mas a avareza de sentimentos, a indiferença, o cinismo, a intolerância, está liberada. Pecado da carne, do desejo e do prazer, a luxúria segue movendo a vida. Para o bem e para o mal. Só que no homem é chamada de virilidade e na mulher de piranhice. Os pecadores não precisam temer o castigo divino. Já vem incluído no pacote.

FEITO INÉDITO NA UFRJ: Cientistas brasileiros transformam células do braço em neurônios para estudar esquizofrenia

Num feito inédito no mundo, cientistas da UFRJ e de outras universidades brasileiras transformaram células do braço de um paciente com esquizofrenia em células-tronco e depois em neurônios. Com isso, abriram uma caminho novo e promissor para estudar a esquizofrenia, doença que afeta 1% da população mundial e para a qual não há cura.
Liderada por Stevens Rehen, do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ, a pesquisa foi aceita para publicação pela revista "Cell Transplantation", uma das mais respeitadas da área. O grupo conseguiu identificar alterações específicas da esquizofrenia nos neurônios e, num passo ainda mais fundamental, corrigiu essas alterações, fazendo com que os neurônios funcionassem normalmente.
A pesquisa, inteiramente realizada no Brasil, será apresentada amanhã na Academia Brasileira de Ciências, durante o Simpósio Indo-Brasileiro de Ciências Biomédicas. Segundo Rehen, essa é a primeira vez que se consegue modelar inteiramente uma doença em nível celular no Brasil. O estudo também é o primeiro no mundo a reverter em laboratório as características bioquímicas da esquizofrenia. Essa foi a segunda vez no mundo em que se identificou marcas bioquímicas da esquizofrenia usando células-tronco humanas reprogramadas (iPS).
Embora ainda seja necessário fazer outros estudos, os pesquisadores estão convencidos de que têm em mãos instrumentos para o desenvolvimento de um tratamento realmente eficaz contra a esquizofrenia.
O grupo de Rehen, do Laboratório Nacional de Células-Tronco Embrionárias da UFRJ (LaNCE-UFRJ) é pioneiro no estudo de células-tronco embrionárias e células-tronco de pluripotência induzida (iPS) no Brasil. Atualmente, sete doenças cerebrais são estudadas por métodos de reprogramação de células (Parkinson, esclerose lateral amiotrófica, atrofia muscular espinal, disautonomia familiar, síndrome de Rett, síndrome do X frágil e esquizofrenia).
Estima-se que no Brasil há mais de 1,9 milhão de pessoas com esquizofrenia, um número superior, por exemplo, ao pacientes com mal de Alzheimer (estimados em 1 milhão), Aids (630 mil) e mal de Parkinson (200 mil).

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CAETANO VELOSO - Ponte Aérea

Mesmo em aeroportos cheios, 
cheguei a me sentir no céu,
 encostado a uma pilastra.

Aeroportos são o que existe de mais abominável neste mundo. Ou pelo menos é o que eu achava há 14 anos, antes de perder o medo de avião. Não que 14 anos signifiquem tanta coisa assim para um homem da minha idade. Passei a maior parte de minha vida odiando aeroportos e sofrendo em aviões. Eu sofria nos voos por esse medo irracional que não se abala com as estatísticas. Mas nunca vinculei meu nojo de aeroportos a esse medo. Estava convencido de que o mau gosto discreto — cores neutras, formas impessoais — é que me exasperava por atentar contra minha inteligência e sensibilidade. Meu amigo Gilberto Gil me dizia que ele, ao contrário, adorava aeroportos: as horas mortas em saguões lhe pareciam uma oportunidade para meditação. Eu muitas vezes comentei com ríspida zombaria esses arroubos de otimismo místico do meu camarada.

Mas, sem que tivesse chegado a comunicar-lhe (com o devido pedido de desculpas por décadas de esnobismo), eu próprio, depois que perdi o medo de avião, passei a experimentar esse transe tranquilo em frente a guichês de check-in, sentado a um balcão tomando milk shake, lendo revistas opiniosas em bancos de fórmica e metal laqueado. Mesmo em aeroportos cheios, cheguei a me sentir no céu, encostado a uma pilastra cilíndrica recoberta de mármore branco. Custei a admitir que isso estava se dando. E mais ainda que estava relacionado com a ausência de medo de voar. Perdi o medo de avião ao fim de uma crise terrível que nunca me consegui explicar. Quando meu filho menor tinha nascido havia poucos meses, voltei do teatro onde estava fazendo um show com canções da América Espanhola e, tentando dormir, tomei a outra metade do Lexotan 6mg que eu tomava todas as noites ao deitar. Não era nada frequente que eu fizesse isso. Desde menino, sempre reagi mal até à ideia de tomar remédio para dor de cabeça: se eu tomo o Melhoral e não sinto a dor de cabeça, isso não quer dizer que não estou com dor de cabeça, apenas que não a estou sentindo.

O que me parecia não apenas temerário do ponto de vista do cuidado com a saúde como moralmente duvidoso. Mas, depois de ler por mais tempo do que o habitual e não sentir nenhum aviso de que seria possível conciliar o sono, resolvi tomar os 3 mg que, em forma de meia-lua inteira, estavam sorrindo para mim da cartela prateada. Tomei- os e esperei o efeito bater. Ao fim de poucos minutos algo bateu. Muito forte e fundamente bateu. Não uma onda de paz e sono, mas um baque surdo e escuro no coração da minha vida. Uma carga repentina e indescritivelmente intensa de tristeza, medo, raiva, impaciência, desgosto.

Eu conseguia pensar que era inimaginável que alguém pudesse sentir algo assim. Minha mulher estava dormindo. Em circunstâncias normais, quer dizer, em circunstâncias meramente anormais (um mal-estar, uma barata saindo por debaixo da porta do banheiro, um ruído no mato junto à sacada que dava para o mar), eu a teria chamado logo — e sem culpa, pois eu a sabia capaz de acordar, resolver o problema para mim e voltar a dormir em pouquíssimo tempo. Nosso filho recémnascido dormia com o irmão cinco anos mais velho no quarto colado ao nosso, para que ela pudesse atendê-lo prontamente, caso ele acordasse com fome, com sede ou com dor na barriga. Mas tal como estavam as coisas, não havia nem a mais remota hipótese de eu a acordar: eu não saberia o que lhe dizer, eu não aguentaria o teste de me defrontar com ela, eu nem sabia o que era tudo o que havia — ela ao meu lado, aquele quarto, aquela casa, nossos filhos, minha vida — em face do inferno que era minha mente. Lembrei-me, é claro, das bad trips com lança perfume , maconha e ayahuasca que eu tinha experimentado em minha juventude. Julguei que essas reações (e outros sintomas, como os rituais mentais em que me viciara desde a adolescência, as superstições que eu criava sem querer e sem cessar, a hipocondria que me fez sofrer de terríveis doenças que se provavam imaginárias) eram o indício de que tudo chegaria ali, àquela miséria absoluta e irrevogável em que me achava. 

N ã o c o n s e g u i dormir mais, tive certeza de que minha vida tinha acabado e, quando minha mulher acordou, contei-lhe o que pude sobre o desmesurado acontecimento. Ela disse as palavras menos piegas que alguém poderia dizer numa ocasião dessas, esforçandose para desmistificar minha angústia. O fato é que comecei a aprender a conviver com a nova situação: fiz o show à noite e, de volta ao Rio, procurei meu médico, que me disse que eu não ficaria louco, me mandou voltar a fazer análise (eu tinha parado fazia bem uns 12 anos), e me receitou Rivotril (0,5 mg), medicação cuja caixa custava R$1. Voltei à análise. Com isso e o Rivotril, fui voltando ao normal. Nunca mais fui o mesmo. Mas, se é exasperante que eu não tenha resposta para o que se passou comigo — um choque hormonal devido à idade, uma percepção do erro essencial da minha vida, uma disfunção química no sistema nervoso central, a intuição de grandes catástrofes que vêm se armando acima da cabeça da Humanidade — também é certo que muitas coisas mudaram para melhor. O que não mata engorda — e, ao fim do processo, sem que me desse conta de quando, passei a entrar em aviões sem temer nada além da revista idiota que comprei.

OS GENES NÃO DEFINEM NOSSO DESTINO

Há décadas cientistas tentam entender 
o que define cada um de nós: se é o DNA ou a criação. 

Jim Springer e Jim Lewis eram gêmeos idênticos americanos que foram adotados por famílias diferentes ao nascer. Passaram a infância e a juventude separados, casaram e descasaram, e se reencontraram aos 39 anos de idade - apenas para descobrir que eram realmente iguaizinhos. "Ambos se casaram com mulheres chamadas Linda, divorciaram-se e casaram-se pela segunda vez com mulheres chamadas Betty. Um deu a seu filho o nome de James Allan, o outro deu a seu filho o nome de James Alan, e ambos tiveram cães chamados Toy", observou Thomas Bouchard, psicólogo britânico da Universidade de Minnesota, em 1979, quando ele entrou em contato com os Jims. Essa história inacreditável faz parte do Projeto dos Gêmeos de Minnesota, organizado por Bouchard, que há décadas estuda centenas de gêmeos para estabelecer elos entre traços psicológicos e a genética. (Nesse caso, gêmeos idênticos separados ao nascimento são os favoritos dos pesquisadores: como eles compartilham os mesmos genes, mas não foram criados juntos, é mais fácil separar o que vem do DNA e o que vem do ambiente.) Além dos dois Jims, o estudo encontrou diversos exemplos impressionantes. Como o par de gêmeos que foi criado separadamente, mas lia revistas de trás para a frente, dava descarga antes de usar o banheiro, e gostava de espirrar em elevadores. Ou as duas gêmeas que entravam no mar de costas e apenas até a altura dos joelhos. Lendo essas anedotas, fica impossível não acreditar que o destino está no nosso DNA - e que as decisões que tomamos ao longo da vida pouco importam, frente ao poder dos genes. Mas será que somos realmente tão impotentes em determinar nosso futuro?

Durante muito tempo, ninguém duvidou da força do DNA, e o objetivo da ciência era desvendar a função de cada um dos nossos 25 mil genes. Os estudos de gêmeos foram muito importantes nesse processo. Descobriu-se até que decisões que pareciam pessoais ou sociais podiam vir da genética. As taxas de divórcio, por exemplo, são muito parecidas entre gêmeos idênticos (o que indica, por exemplo, que quem tem pouca paciência para discussões ou quem trai o cônjuge pode ter um irmão gêmeo que se comporte igual). Mas já foram comprovadas similaridades em dezenas de características, da religiosidade ao QI. "Normalmente, dizemos que aproximadamente metade da variação em inteligência, personalidade e resultados de vida é hereditária", afirma Steven Pinker, psicólogo evolucionista da Universidade Harvard.

Ainda assim, é claro que não há possibilidade alguma de genes estimularem alguém a se casar com pessoas chamadas Linda ou Betty, por exemplo. "Em termos estatísticos, numa lista de 1 000 atributos - marca e modelo de carro, programa de televisão favorito etc. - de quaisquer duas pessoas, é inevitável encontrar várias coincidências", aponta James Watson, codescobridor do DNA e primeiro líder do Projeto Genoma Humano. E mais: novas descobertas da genética mostram que os genes são muito mais flexíveis do que se imaginava - e que as decisões que tomamos, e nosso livre-arbítrio, felizmente têm um papel muito maior do que se esperava.

O mundo em você

Överkalix é uma cidadezinha de 946 habitantes no norte da Suécia. O vilarejo vive do comércio local e muitos dos trabalhadores são empregados em indústrias de telecomunicação. Foi nesse fim de mundo que um grupo de pesquisadores notou um fenômeno estranho, que veio a público em 2001, e que está mudando a forma como os geneticistas entendem a sua área. Eles perceberam que os registros históricos indicavam um impacto ambiental violento na moldagem de seus habitantes. Depois de passarem por períodos de escassez de alimentos, os överkalixenhos começaram a viver mais. Até aí, tudo bem, não fosse por um detalhe surpreendente: os dias de fome aconteceram no século 19 - e a mudança na longevidade aconteceu com os avós dos atuais habitantes. Ou seja, alguma coisa na falta de comida fez com que as pes-soas vivessem por mais tempo e ainda passassem essas características para as gerações seguintes! Seria um indício de o ambiente alterando os genes e perpe-tuando-os em seus descendentes?

Como isso seria possível? Esse fenômeno lembra uma antiga teoria da evolução, anterior à de Darwin, concebida por Jean-Baptiste Lamarck. É aquela, tão ridicularizada por professores de escola, que sugeria que as girafas ficaram com o pescoço comprido porque suas ancestrais se esticavam para alcançar os galhos mais altos das árvores. Ao estender seu pescoço, elas então passariam a característica a seus descendentes. Hoje sabemos que a evolução não funciona assim, mas pelo processo de seleção natural, descrito por Darwin. No entanto, os dados de Överkalix parecem dar razão a Lamarck, não a Darwin: de algum modo, os avós dos habitantes foram modificados pelo ambiente e transmitiram a mudança à posteridade. Entra, então, em cena o novíssimo campo da epigenética, onde ambiente e genética trabalham juntos para decidir o seu destino. Os cientistas estão mostrando que o funcionamento dos genes do DNA não depende somente das letrinhas inscritas nele.

Algumas outras substâncias podem se conectar ou desconectar dos cromossomos e, assim, mudar a maneira como eles se expressam. É como se o seu genoma fosse o hardware e a epigenética o software: você já vem ao mundo com um aparelho prontinho (seu corpo com o DNA), mas o ambiente pode instalar e desinstalar programas que mudam quem você é. Essa revelação explicaria diversas perguntas ainda não respondidas. Seria possível entender como diferentes células do corpo humano podem cumprir funções distintas, apesar de todas terem o DNA idêntico. Também ajuda a explicar como um bebê tem alguns genes ativos que vieram do pai e outros da mãe. E permite, enfim, entender o que aconteceu em Överkalix. A epigenética é um campo que está ainda na sua infância. Afinal de contas, estudar efeitos que combinam fatores ambientais e diversas gerações humanas não é coisa simples de ser feita. É preciso observar décadas de dados, com pelo menos algumas dezenas de famílias participantes, para obter resultados confiáveis. Por isso, o caso sueco é um dos poucos exemplos bem documentados. Entretanto, os estudos com animais também permitem a detecção do destino agindo. Estresse, por exemplo. Ficou demonstrado em experimentos que ele pode ser herdado pelos filhos, uma vez que os pais adquirem o hábito. E essa conclusão veio de um experimento curioso realizado por cientistas da Universidade de Linköping, na Suécia. Tudo começou quando eles decidiram perturbar a paz de um grupo de galinhas.

Normalmente, esses animais se guiam pela luz do Sol para se alimentar. Quando é dia, comem sem parar; à noite, descansam. Mas os pesquisadores resolveram expor as galinhas a padrões aleatórios de luz e escuridão. Estressadas, as bichinhas começaram a ser mais seletivas na alimentação, optando apenas por comidas nutritivas - afinal, não sabiam quando poderiam comer novamente. O curioso é que esse mesmo comportamento foi herdado por seus pintinhos, muito embora eles tenham passado a vida com os padrões regulares de luz solar. E não é que eles aprenderam esse padrão de comportamento com os pais. Os cientistas tomaram o cuidado de deixar que os pintinhos fossem criados longe das mães genéticas, e as adotivas que chocaram seus ovos não tiveram essa experiência estressante nem exibiam esse comportamento. Se o mesmo valer para humanos (e não há por que pensar que não), você pode ser particularmente nervosinho se seus pais passaram por muito estresse quando jovens.

Outros estudos, feitos com camundongos, demonstraram impactos igualmente inquietantes. Uma pesquisa da Universidade do Alabama, nos EUA, mostrou que mães roedoras que eram submetidas a estresse, e por isso se tornavam negligentes com seus filhotes, viam mais tarde sua cria maltratando os netinhos. Novamente, para eliminar o fator "aprendizado", os cientistas experimentaram deixar que os filhotes fossem criados por mães adotivas amorosas. Mesmo assim, eles continuaram sendo maus pais quando adultos. Claramente o estresse sobre as mães mudou algo que foi transmitido hereditariamente aos filhos - e os tornou igualmente estressados. Com os humanos, há um estudo parecido, que mostra a má influência dos pais sobre os filhos. Uma pesquisa mostra que homens que começaram a fumar antes da puberdade (por volta dos 11 anos) têm risco muito maior de ter filhos obesos na vida adulta. Ou seja, um erro ainda durante a infância pode determinar a vida do filho que nem nasceu.

Mas esses são só os primeiros exemplos. Conforme as pesquisas forem evoluindo, e os geneticistas se aprofundarem no conhecimento do epigenoma humano, com toda a sua riqueza de variações, a tendência é descobrirmos mais e mais casos do tipo. Finalmente encerraremos essa falsa disputa entre natureza e criação na concepção do ser humano. Com essa descoberta, fica claro que o seu destino não está só nos seus genes mas também no seu estilo de vida, no ambiente em que você vive e na maneira como você lida com seus problemas.

Gene como a gente

O DNA é cheio de contradições.

Durante muito tempo achava-se que cada gene trazia a receita para uma proteína que, por sua vez, cumpria uma função específica (cor dos cabelo, por exemplo). Hoje, já se sabe que pedaços diferentes de genes se combinam para produzir novas proteínas: não dá mais para falar em um só gene da inteligência. Agora, então, que sabemos que o ambiente influencia a expressão do DNA, a ciência vai ter que voltar à sala de aula.
por Salvador Nogueira

O SER HUMANO ATUAL É HONESTO? - Teste pelo Mundo revela respostas

O que encontramos ao "perdermos" 960 celulares ao redor do mundo.

Depois do almoço, enquanto caminhava de volta para o trabalho por uma rua arborizada nos arredores da Av. Paulista, em São Paulo, Denis Martins passa por um celular abandonado. O telefone está tocando. O técnico de informática de 26 anos pára e atende. "É, você deixou o aparelho em cima de uma mureta", diz à mulher no outro lado da linha. "Onde você está?"
Agradecida, a dona lhe diz estar a três quadras dali. Pouco depois, Denis a encontra e lhe entrega o celular.
Em outra parte do mundo, numa praça do agitado Soho, no centro de Londres, outro celular foi largado próximo a uma estátua do rei Carlos II. Ali perto, um homem de casaco preto, 20 e poucos anos, dá migalhas de pão aos pombos. Ele espera passar um grupo de turistas e pega o celular. Olhando para os lados, desaparece apressado na movimentada Oxford Street. Não liga para nenhum dos números armazenados no aparelho, e o dono nunca mais vê o celular.

Na capital húngara, Budapeste, Ildikó Juhász, pensionista, de aparência jovem, encontra outro celular tocando, dessa vez num shopping. Pega o aparelho, fala com a mulher que o perdeu e espera num banco até que ela venha buscá-lo. “Eu devolvo tudo o que acho”, diz Ildikó. "Certa vez, encontrei uma carteira de identidade e passei uma semana procurando o dono."
Em cada um desses casos, quem "esqueceu" o telefone não era uma pessoa comum descuidada, mas um pesquisador do Reader’s Digest que realizava uma experiência. Em julho de 2006, fomos manchete no mundo inteiro ao avaliarmos a gentileza das pessoas (Afinal, o brasileiro é bonzinho?). Este ano, decidimos testar a honestidade mundial, enviando repórteres às cidades mais populosas de 32 países, para que "abandonassem" ao todo 960 celulares, de preço médio, em locais públicos movimentados.
Nós ficávamos observando o celular a distância, ligávamos para ele e esperávamos para ver se alguém atenderia e o devolveria, se ligaria mais tarde para os números que havíamos gravado no aparelho, ou se ficaria com o telefone. Afinal, eram celulares tentadores, novinhos em folha, com cartões SIM que permitiriam às pessoas usá-los, caso decidissem ficar com eles.
Depois, classificamos a honestidade de cada lugar pesquisado, de acordo com a quantidade de telefones devolvidos. Não foi um estudo científico, mas um retrato do comportamento de pessoas comuns quando inusitadamente confrontadas com uma possibilidade de escolha: tento devolver o telefone ou fico com ele para mim? O que descobrimos foi surpreendente.

A Eslovênia pode ser um país jovem – ficou independente da Iugoslávia em 1991 e só em 2004 entrou para a União Européia –, mas as pessoas da capital, Liubliana, têm uma noção bem tradicional de cidadania. Digna de cartão-postal, essa cidadezinha localizada nos contrafortes dos Alpes era de longe a menor da pesquisa, com apenas 267 mil habitantes. Talvez por isso tenha terminado em primeiro lugar na disputa de honestidade. Da freira no ponto de ônibus ao jovem garçom na cafeteria – que também devolveu a jaqueta de couro que nosso repórter acidentalmente esqueceu –, as pessoas foram quase todas exemplares, com apenas um dos nossos 30 telefones não devolvido.
Será que os cidadãos de uma cidade muito maior, com todo o estresse e a correria, conseguiriam ser honestos assim? As pessoas de Toronto (com 5,4 milhões de habitantes), no Canadá, chegaram perto, devolvendo 28 dos 30 telefones que perdemos lá. "Se podemos ajudar o próximo, por que não?", perguntou o corretor de seguros Ryan Demchuk, 29 anos, que devolveu o celular encontrado próximo a uma agência bancária, numa estação de metrô. "A integridade nesta cidade é incrível. Eu perdi a carteira, e me devolveram. E já devolvi duas carteiras em uma semana."
Seul, na Coréia do Sul, ficou em terceiro lugar no nosso ranking, seguida de Estocolmo, na Suécia, onde, para as pessoas com quem conversamos, fazer o certo era parte da vida cotidiana. A inspetora de passagens de trem Lotta Mossige-Norheim encontrou o celular numa rua e o devolveu: "Estou sempre ligando para pessoas que deixaram aparelhos no trem", disse.
Algumas pessoas ficaram surpresas, quando, no ano passado, Nova York terminou entre os primeiros na nossa classificação global de boas maneiras, mas os nova-iorquinos provaram que não se tratava de um episódio isolado. Nova York ficou em quinto lugar este ano, empatando com Mumbai, na Índia, e Manila, nas Filipinas. Em cada uma, 24 dos 30 telefones foram devolvidos.
Antes de pegar o celular e falar conosco, o técnico Derrick Wolf, 25 anos, cutucou com o pé o aparelho que havíamos deixado próximo a um chafariz no Central Park, em Nova York. "Achei que podia ser uma bomba", explicou. "O medo pode impedir alguns nova-iorquinos de pegar um celular estranho, mas a maioria é bem honesta."

Em Mumbai, os habitantes foram tão ávidos em demonstrar integridade que, quando um homem pegou o telefone que deixamos num armazém e informou ao proprietário do estabelecimento, Manoj Patil, que ficaria com o aparelho, este mobilizou um grupo de amigos para buscar o sujeito numa loja de roupas ali perto, onde ele era vendedor, e levá-lo de volta ao armazém para enfrentar as conseqüências do seu ato. "Eu ia devolver o telefone", disse o homem, tentando convencer nosso repórter, enquanto um grupo de pessoas encolerizadas o repreendia por seu comportamento.
"Então por que o desligou?", perguntou o repórter. O homem soltou uma risada constrangida e fugiu.
Empatadas em último lugar ficaram a capital da Malásia, Kuala Lumpur, e Hong Kong, com apenas 13 de nossos 30 celulares devolvidos.
No shopping Times Square, em Causeway Bay, Hong Kong, um segurança pegou o telefone, perguntou a um grupo de pessoas que fumavam se pertencia a algum deles e, em seguida, o enrolou num papel. Quando nosso repórter o abordou, o homem disse: “Que telefone? Não vi telefone algum. Se você perdeu alguma coisa, vá à central de Achados e Perdidos.” Enquanto falava, apertava o celular na mão.

De fato, parece que nem sempre podemos confiar nos homens fardados, pois este foi apenas um dos seis seguranças de shoppings, em diferentes partes do mundo – de Buenos Aires a Sydney –, que nossos repórteres viram embolsando aparelhos. Mas o fato de todos os policiais que encontramos terem agido com honestidade (inclusive em São Paulo, onde não se confirmou a idéia de corrupção generalizada dos policiais brasileiros) nos tranqüiliza.

Em Bucareste, Romênia – empatada em último lugar com Amsterdã no ranking europeu, com 16 telefones não devolvidos –, um homem de seus 30 anos, vestindo casaco azul, mostrou-se particularmente ávido em ficar com o celular que deixamos num carrinho de supermercado. Desligou o aparelho enquanto nosso repórter tentava ligar, correu para o carro, pisou fundo no acelerador e saiu do estacionamento cantando pneu. Na verdade, parece haver necessidade de uma força maior para incentivar a honestidade na capital romena. A Sra. Stanciu Vica, de 68 anos, foi uma das várias pessoas que mencionaram a religião ao explicar por que nos ajudaram. "Como eu poderia ficar com algo que não era meu?", perguntou. "Deus me transformaria em pedra!"
Riqueza não foi garantia de honestidade. Na próspera Nova Zelândia, uma mulher bem-vestida, de seus 50 anos, pegou o celular "perdido" numa prateleira da loja de departamentos Smith and Caughey’s, na sofisticada Auckland, desceu a rua às pressas e jamais tentou contatar nosso repórter. No entanto, uma jovem, que parecia quase miserável e trazia três filhos a reboque, devolveu o aparelho que encontrou no Parque Ibirapuera, em São Paulo. "Posso não ser rica", ela disse, "mas meus filhos vão saber o valor da honestidade."

Em muitos países, as pessoas pensavam que os jovens se comportariam pior do que os mais velhos. Mas descobrimos que jovens são tão honestos quanto os idosos. No centro de alimentação da Plaza Universidad, na Cidade do México, um casal grisalho, por volta dos 70 anos, passou pelo celular, e em seguida o homem voltou para pegá-lo. O casal ignorou a ligação do repórter e fugiu o mais rápido possível por uma escada rolante.
Mas no Harlem, em Nova York, um jovem pegou o telefone no chão e combinou de encontrar nosso repórter numa esquina aquela noite. Johnnie Sparrow, 16 anos, estava acompanhado de um grupo de meninos negros mais novos, que claramente o respeitavam. Quando o repórter lhes contou sobre o teste secreto que havíamos realizado com seu líder, Johnnie orgulhosamente lhes disse: "Eu fiz o certo."

As mulheres se mostraram ligeiramente mais propensas a devolver o celular do que os homens. "As mulheres costumam buscar oportunidades de melhorar as relações, e a boa ação é uma maneira de fazer isso", observa Terrence Shulman, advogado e fundador do Centro Shulman para Tratamento de Roubo e Gastos Compulsivos (Shulman Centre for Compulsive Theft and Spending), em Franklin, Michigan. "Elas também são menos propensas a ter inclinação criminosa."
No mundo todo, a razão mais comum que as pessoas nos deram para devolver o telefone foi que elas também haviam perdido algum objeto de valor e não queriam que outros passassem pelo que tinham passado. "Já me roubaram o carro três vezes, e até levaram minha roupa limpa da lavanderia do prédio", disse Kristiina Laakso, 51 anos, que nos ajudou em Helsinque.
O agente imobiliário Lewis Lim devolveu nosso celular "esquecido" no distrito financeiro de Cingapura, em vez de deixá-lo sob risco de ser encontrado por alguém menos escrupuloso. “Quando perdi um celular, recebi uma mensagem da pessoa que o encontrou dizendo que eu teria de pagar 200 dólares para recebê-lo de volta. Agora nem ouso usar aparelhos caros.”
Outros cidadãos conscienciosos sabiam da importância que o telefone pode ter, independentemente do preço, por causa das informações pessoais que ele contém. Yann, mensageiro que encontrou o celular perto do Banco HSBC, em Paris, explicou: "Certa vez, achei um celular lindo que era de uma autoridade da embaixada egípcia. Estava cheio de números de pessoas importantes, e claro que devolvi."
A influência dos pais teve peso para alguns. "Meus pais me ensinaram que, se algo não é meu, não devo pegá-lo", disse Muhammad Faizal Bin Hassan, empregado de um complexo comercial de Cingapura, onde atendeu à nossa ligação.
Ao verem o telefone, muitos adultos acompanhados de crianças ficavam ansiosos para mostrar aos mais jovens como se comportar. Em São Paulo, Claudir Roberto de Miranda, 39 anos, estava com os dois filhos quando atendeu à nossa chamada e confirmou ter encontrado o celular em cima de uma estátua, no Parque Ibirapuera. "Fico feliz que meus filhos estejam aqui para ver isso. Espero que lhes sirva de bom exemplo", comentou.

Nem todos, porém, estavam tão preocupados em causar uma boa impressão aos filhos. Em Amsterdã, um menino holandês de seus 10 anos implorou aos pais que o deixassem ficar com o celular encontrado na Kalverstraat. Eles pareceram hesitar, mas, depois que o menino deu um beijo no rosto da mãe e abriu um sorriso, os dois cederam.
Mas como podemos avaliar o planeta Terra no nosso teste de honestidade?
Em todos os lugares aonde fomos, os repórteres ouviram muito pessimismo sobre as chances de recuperarmos os telefones. "A desonestidade tomou conta da Alemanha", reclamou Doreen, vendedora de Berlim. Muitos tailandeses que entrevistamos em Bangcoc achavam que teríamos sorte se revíssemos metade dos telefones. Os repórteres de Milão estavam certos de que os italianos seriam "embusteiros demais" para devolver os aparelhos. Os moradores da Cidade do México disseram que a má economia levaria as pessoas a agir com egoísmo. E, no entanto: dos 30 celulares, 21 foram devolvidos em Berlim e Bangcoc; e 20 em Milão e na Cidade do México.
No total, 654 celulares – animadores 67% – foram devolvidos. "Apesar do que nos diz a mídia, o crime não é a regra", afirma Paul Ekman, psicólogo da Universidade da Califórnia, autor de Emotions revealed (Emoções reveladas) e especialista em detecção de mentira. "As pessoas querem confiar e ser dignas de confiança."
Ferenc Kozma concordaria. Este húngaro de 52 anos, que antigamente trabalhava como mestre-de-obras, é sem-teto há seis anos, mas jamais lhe ocorreu ficar com o telefone que encontrou numa estação de trem, em Budapeste. Ele o entregou a um vendedor de jornais. “Podemos achar e perder objetos”, disse. “Mas nunca perdemos a honestidade.”

O mal-agradecido
Trabalhávamos em dupla. Eu "perdia" os celulares e a editora Liane Mufarrej fazia as ligações e "negociava" com os que tentavam nos devolver os aparelhos. Otimista e tarimbado pela pesquisa de honestidade de Seleções há dez anos, quando "perdemos" carteiras com dinheiro em dez cidades do país, achei que em uma manhã cumpriria a meta de perder dez celulares na região da Av. Paulista, em São Paulo. Mas a manhã chegava ao fim, e eu ainda carregava quatro celulares comigo. Sentei-me no banco de um ponto de ônibus movimentado e aguardei. Um ônibus parou. As pessoas ao meu lado se levantaram e eu, após olhar em volta furtivamente, deixei escapulir do bolso um dos celulares e saí. Quando já comemorava a "desova", ouço uma mulher gritando: "Você esqueceu o celular!" Para a pesquisa, esse não valeu. Fui buscar o aparelho disfarçando a expressão de contrariedade. A mulher, que fazia a boa ação do dia, ficou surpresa com a minha reação fria. Ainda ouvi um resmungo de "mal-agradecido", enquanto ela se afastava. Bem, eis meu pedido de desculpas.

COMER POUCO AJUDA A MANTER O CÉREBRO JOVEM

Pesquisadores italianos da Universidade Católica do Sagrado Coração em Roma descobriram que uma molécula chamada CREB1 é acionada por “restrição calórica” (ou dieta de baixa caloria) no cérebro de camundongos e, então, ativa outras moléculas ligadas à longevidade e ao bom funcionamento cerebral.
Uma dieta de restrição calórica significa consumir só 70% dos alimentos que se consumiria normalmente e já era usada como forma de prolongar a vida de animais em modelos experimentais. Geralmente, os ratos de laboratório mantidos com uma dieta assim não se tornam obesos e não desenvolvem diabetes, além de mostrar melhor desempenho cognitivo e de memória e serem menos agressivos. Eles também não desenvolvem a doença de Alzheimer – e, se isso acontece, é só muito mais tarde e com sintomas menos graves do que em animais superalimentados.
Que a obesidade é ruim para o nosso cérebro já era fato conhecido. Muitos estudos sugerem que ela causa envelhecimento cerebral precoce, tornando o cérebro suscetível a doenças típicas dos idosos como o Alzheimer e Parkinson. No entanto, ainda não se sabia precisamente qual era o mecanismo molecular por trás dos efeitos positivos de uma dieta de baixa caloria.
E aí é que está a importância do estudo dos cientistas italianos: eles descobriram que o mediador dos efeitos da dieta sobre o cérebro é a molécula CREB1. Com uma dieta de baixa caloria, ela se ativa e aciona um grupo de moléculas ligadas à longevidade, os “sirtuins”. O papel da CREB1 aqui é fundamental: nos ratos que não a possuíam, os benefícios da restrição calórica sobre o cérebro não apareciam.
Os cientistas já tinham uma noção do valor dessa molécula. Já se sabia que ela tinha um papel em regular importantes funções cerebrais, como aprendizagem, memória e ansiedade, e sua atividade é reduzida ou fisiologicamente comprometida pelo envelhecimento. A boa notícia é que sua ação pode ser aumentada significativamente: basta reduzir a ingestão calórica.
O pesquisador Giovambattista Pani, um dos autores principais do estudo, espera agora encontrar uma maneira de ativar a CREB1 de outras formas (como por meio de novas drogas), sem a necessidade de uma dieta rigorosa, para manter o cérebro jovem. “Esta descoberta tem implicações importantes para desenvolver futuras terapias para prevenir a degeneração do cérebro e o processo de envelhecimento”, disse ele.
Ana Carolina Prado - Via Medical Xpress

EXPERIÊNCIA DE QUASE MORTE SERIA PRODUTO DA MENTE

Psicólogos da Universidade de Edimburgo e do Conselho de Pesquisa Médica de Cambridge afirmam que as experiências de sair do corpo, ou encontros com parentes mortos, são apenas enganações da mente, e não uma “experiência” com o que há além da vida.
Um dos pesquisadores, a Dra. Caroline Watt, disse que “nossos cérebros são muito bons em nos enganar”. Eles afirmam que muitas experiências de quase morte podem ser causadas pela tentativa do cérebro de dar sentido a sensações e situações estranhas, que ocorrem durante um evento traumático.
Watt, que é da Universidade de Edimburgo, comenta que “alguns dos estudos examinados mostram que muitas pessoas que experimentaram uma experiência de ‘quase morte’ não estavam realmente morrendo, apesar de a maioria pensar que estava”.
As evidências científicas sugerem que todos os aspectos desse tipo de experiência são de ordem biológica. Um dos aspectos mais comentados nessas experiências é a certeza de estar morto – mas os pesquisadores dizem que essa sensação não está limitada à experiência de quase morte.
Existe uma condição chamada “Cotard” – ou síndrome do “cadáver ambulante” -, quando uma pessoa acredita estar morta, e que acontece após situações traumáticas.
Uma experiência de sair do corpo, quando a pessoa sente flutuar sobre si mesmo, também é comum. Mas os pesquisadores suíços descobriram que tais experiências podem ser induzidas artificialmente, ao estimular uma parte do cérebro responsável pela percepção e sensação. Até o “túnel de luz”, contado pelos que viveram uma experiência de quase morte, e a sensação de felicidade e euforia, podem ser induzidos.
Em um artigo, os pesquisadores afirmaram que “se analisada em conjunto, a literatura científica sugere que todos os aspectos de uma ‘experiência de quase morte’ têm uma base fisiológica e psicológica”.
O Dr. Sam Parnia, pesquisador da Universidade Estadual de Nova York e autor do livro “O que acontece quando morremos”, afirma que toda experiência, seja de quase morte ou mesmo a felicidade, são mediadas pelo cérebro. “De fato, muitas experiências dividem a mesma região do cérebro, então não é estranho poder reproduzi-las. Mas isso não implica que a experiência não é real. Nós não dizemos que amor, felicidade e depressão são falsos”.
Além do mais, muitas pessoas dizem ter presenciado eventos quando o cérebro não estava funcionando (como em uma parada cardíaca). Além de real para quem as experimenta, uma experiência de quase morte dá, para todos nós, um vislumbre de como é morrer”.
Por Bernardo Staut [BBC]

LYA LUFT - Relacionamento Perfeito

O assunto pode ser dramático ou engraçado, 
tão humano e tão difícil de entender.
A mim, sempre buscando explicações e significados porque tão pouco entendo, me ocorre falar ou escrever exatamente sobre aquilo que menos sei. Trabalho interminável, espécie de suplício de Tântalo: o pobre todo dia empurrando montanha acima uma grande pedra que voltava a rolar pela encosta, a fim de que o torturado recomeçasse mais uma vez.
Querer alcançar o significado das coisas, da vida, das gentes, de seus relacionamentos e desencontros, é um pouco assim.
Seguidamente me indagam – ou tento imaginar – o que seria um relacionamento perfeito. Eu ia escrever “casamento”, mas preferi a outra palavra, porque ela não tem nada a ver com cartório e burocracia, opressão ou coerção social e familiar: tem a ver com querer se ligar a alguém, e querer continuar ligado.
Cada dia, ao acordar, fazer de novo a escolha: eu quero mesmo é você comigo.
Mas “perfeito” é uma palavra tola: perfeição, só no céu de todas as utopias. Aqui, nesta nossa terra nada utópica, perfeição me pareceria um pouco entediante: como, nada a reclamar, tudo assim direitinho?
Olho pela janela e bocejo: muito sem graça, a tal perfeição. O céu com anjos tocando harpa pelo tempo sem tempo me deixava pasmada já na infância. Nada mais? Nem uma brincadeira proibida, um escorregão nas nuvens, uma risada na hora do sagrado silêncio... nem uma transgressãozinha na ordem celestial?
Minha alma indisciplinada não encontraria alimento nem estímulo, e ia-se desfazer em fiapo de nuvem embaixo de algum armário onde se guardassem os relâmpagos e os trovões, e todas as duras sentenças.
Então, relacionamento perfeito, nem pensar.
Mas uma ligação de cumplicidade e ternura, de sensualidade e mistério, ah, essa eu acho que pode existir. Como todos os contratos (não falo dos de papel mas de corpo, coração e mente), esse precisa ser renovado de vez em quando: a gente tira o contrato da gaveta da alma, e discute. Briga talvez, chora, reclama, mas ainda ama, ainda deseja. Ainda quer o abraço, o passo no corredor, o corpo na cama, o olhar atento por cima da xícara de café... quer até a desorganização e a ruptura, para depois de novo o que é bom se reconstruir.
Que seja vital: isso me parece uma boa parceria. Que seja dinâmica, seja lá o que isso significa em cada caso. Pelo menos, não acomodada; mas muito aconchegante.
Que seja sensual e amiga, essa ligação: se não gosto do outro como ser humano, com seus defeitos, sua generosidade e egoísmo, força e fragilidade, se não o quereria como amigo... como então, mesmo com tempero do desejo, posso me relacionar com ele para uma vida a dois?
O tema é quase infinito: pois cada caso é um caso, assim como cada casal é um casal, e cada fase da vida do indivíduo ou dos dois é diferente.
O bom é quando essa constante transformação se faz para maior cumplicidade, e não mais distanciamento.
Que um relacionamento não seja prisão; que não seja enfermaria nem muleta; mas que seja vida, crescimento (turbulências eventuais incluídas).
Que seja libertação e ajuda mútua; não fiscalização e condenação, a sentença pronunciada numa frase gélida ou num olhar acusador, ar de reprovação ou lamúria explícita.
Que seja cumplicidade, porque a vida já é difícil sem afetos. O som dos passos no corredor pode ser um conforto inacreditável, o corpo ao lado na cama uma âncora para a alma aflita. O entendimento recíproco é um oásis no isolamento desta nossa vida pressionada por tempo, dinheiro, regras, mil solicitações de família, trabalho, grupo social, realidade do mundo.
Que seja presença e companhia, o relacionamento bom: pois a solidão é um campo demasiado vasto para ser atravessado a sós.

MARTHA MEDEIROS - Saúde Mental


Armados até os dentes contra qualquer instabilidade, como gozar a vida?

Acabo de saber da existência de um filósofo grego chamado Alcméon, que viveu no século 6 antes de Cristo, e que certa vez disse que saúde é o equilíbrio de forças contraditórias.
O psicanalista Paulo Sergio Guedes, nosso contemporâneo, reforça a mesma teoria em seu novo livro (A Paixão, Caminhos & Descaminhos, em que ele discute os fundamentos da psicanálise). Escreve Guedes: "A saúde constitui sempre um estado de equilíbrio instável de forças, enquanto a doença traz em si a ilusória sensação de estabilidade e permanência".

Não sei se entendi direito, mas me pareceu coerente. O sujeito de boa cuca não é aquele que pensa de forma militarizada. Não é o que nunca se contradiz. Não é o cara regido apenas pela lógica e que se agarra firmemente em suas verdades imutáveis. Esse, claro, é o doente.
Do nascimento à morte há uma longa estrada a ser percorrida. Para atravessá-la, recebemos uma certa munição no reduto familiar, mas nem sempre é a munição que precisávamos: em vez de nos darem conhecimento, nos deram regras rígidas. Em vez de nos ofertarem arte, nos deram apenas futebol e novela. Em vez de nos estimularem a reverenciar a paixão e o encantamento, nos adestraram para ter medo. E lá vamos nós, vestidos com essa camisa de força emocional, encarar os dias em total estado de insegurança, desprotegidos para uma guerra que começa já dentro da própria cabeça.
Armados até os dentes contra qualquer instabilidade, como gozar a vida?
A paz que tanto procuramos não está na previsibilidade e na constância, e sim no reconhecimento de que ambas inexistem: nada é previsível nem constante. E isso enlouquece a maioria das pessoas. Quer dizer que não temos poder nenhum? Pois é, nenhum.
Dá medo, no início. Mas o segredo está em acostumar-se com a ideia. Só então é que se consegue relaxar e se divertir.
Ou seja, a pessoa de mente saudável é aquela que, sabedora da sua impotência contra as adversidades, não as camufla, e sim as enfrenta, assume a dor que sente, sofre e se reconstrói, e assim ganha experiência para novos embates, sentindo-se protegida apenas pela consciência que tem de si mesma e do que a cerca - o universo todo, incerto e mágico.
Acho que é isso. Espero que seja isso, pois me parece perfeitamente curável, basta a coragem de se desarmar. O sujeito com a mente confusa é um cara assustado, que se algemou em suas próprias convicções e tenta, sem sucesso, se equilibrar em um pensamento único, sem se movimentar.
Já o sadio baila sobre o precipício.

DRAUZIO VARELLA - Violência contra homossexuais


Negar direitos a casais do mesmo sexo é imposição 
que vai contra princípios elementares de justiça.

A homossexualidade é uma ilha cercada de ignorância por todos os lados. Nesse sentido, não existe aspecto do comportamento humano que se lhe compare.
Não há descrição de civilização alguma, de qualquer época, que não faça referência a mulheres e a homens homossexuais. Apesar de tal constatação, esse comportamento ainda é chamado de antinatural.
Os que assim o julgam partem do princípio de que a natureza (leia-se Deus) criou os órgãos sexuais para a procriação; portanto, qualquer relacionamento que não envolva pênis e vagina vai contra ela (ou Ele).
Se partirmos de princípio tão frágil, como justificar a prática de sexo anal entre heterossexuais? E o sexo oral? E o beijo na boca? Deus não teria criado a boca para comer e a língua para articular palavras?
Se a homossexualidade fosse apenas uma perversão humana, não seria encontrada em outros animais. Desde o início do século 20, no entanto, ela tem sido descrita em grande variedade de invertebrados e em vertebrados, como répteis, pássaros e mamíferos.
Em alguma fase da vida de virtualmente todas as espécies de pássaros, ocorrem interações homossexuais que, pelo menos entre os machos, ocasionalmente terminam em orgasmo e ejaculação.
Comportamento homossexual foi documentado em fêmeas e machos de ao menos 71 espécies de mamíferos, incluindo ratos, camundongos, hamsters, cobaias, coelhos, porcos-espinhos, cães, gatos, cabritos, gado, porcos, antílopes, carneiros, macacos e até leões, os reis da selva.
A homossexualidade entre primatas não humanos está fartamente documentada na literatura científica. Já em 1914, Hamilton publicou no “Journal of Animal Behaviour” um estudo sobre as tendências sexuais em macacos e babuínos, no qual descreveu intercursos com contato vaginal entre as fêmeas e penetração anal entre os machos dessas espécies. Em 1917, Kempf relatou observações semelhantes.
Masturbação mútua e penetração anal estão no repertório sexual de todos os primatas já estudados, inclusive bonobos e chimpanzés, nossos parentes mais próximos.
Considerar contra a natureza as práticas homossexuais da espécie humana é ignorar todo o conhecimento adquirido pelos etologistas em mais de um século de pesquisas.
Os que se sentem pessoalmente ofendidos pela existência de homossexuais talvez imaginem que eles escolheram pertencer a essa minoria por mero capricho. Quer dizer, num belo dia, pensaram: eu poderia ser heterossexual, mas, como sou sem-vergonha, prefiro me relacionar com pessoas do mesmo sexo.
Não sejamos ridículos; quem escolheria a homossexualidade se pudesse ser como a maioria dominante? Se a vida já é dura para os heterossexuais, imagine para os outros.
A sexualidade não admite opções, simplesmente se impõe. Podemos controlar nosso comportamento; o desejo, jamais. O desejo brota da alma humana, indomável como a água que despenca da cachoeira.
Mais antiga do que a roda, a homossexualidade é tão legítima e inevitável quanto a heterossexualidade. Reprimi-la é ato de violência que deve ser punido de forma exemplar, como alguns países o fazem com o racismo.
Os que se sentem ultrajados pela presença de homossexuais que procurem no âmago das próprias inclinações sexuais as razões para justificar o ultraje. Ao contrário dos conturbados e inseguros, mulheres e homens em paz com a sexualidade pessoal aceitam a alheia com respeito e naturalidade.
Negar a pessoas do mesmo sexo permissão para viverem em uniões estáveis com os mesmos direitos das uniões heterossexuais é uma imposição abusiva que vai contra os princípios mais elementares de justiça social.
Os pastores de almas que se opõem ao casamento entre homossexuais têm o direito de recomendar a seus rebanhos que não o façam, mas não podem ser nazistas a ponto de pretender impor sua vontade aos mais esclarecidos.
Afinal, caro leitor, a menos que suas noites sejam atormentadas por fantasias sexuais inconfessáveis, que diferença faz se a colega de escritório é apaixonada por uma mulher? Se o vizinho dorme com outro homem? Se, ao morrer, o apartamento dele será herdado por um sobrinho ou pelo companheiro com quem viveu por 30 anos?

A Casa Encantada & À Frente, O Verso.

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