NÃO SEI - Francisco Daudt



Todos têm explicações engatilhadas, teorias engendradas,
 receitas preparadas, conselhos a dar

SERÁ QUE a origem e o desenvolvimento do indivíduo (ontogênese) repetem a origem e o desenvolvimento de sua espécie (filogênese)? Sei que esta teoria já foi desacreditada há tempos, mas às vezes ela faz sentido.

Todos nós, quando crianças, precisávamos nos agarrar a fatores externos que nos dessem segurança. Real ou inventada, acreditávamos na proteção dos pais, das preces, de nossas crenças, das superstições, dos rituais, das explicações que arranjávamos para tapar os buracos de nossos conhecimentos, e desprezo total para escapar do que não nos era alcançável, como uma língua estrangeira, por exemplo.

Mesmo aí, lembro-me de inventar uma algaravia de sons parecidos para poder cantar músicas em inglês.

À medida que crescemos, vamos descobrindo que não sabemos inglês, que a tempestade com trovoadas não é consequência da lavagem do céu e de móveis lá empurrados para a faxina, que os bebês não são trazidos pelas cegonhas, e que se fecharmos os olhos bem apertados, as ameaças não somem. Perdemos frequentemente até crenças religiosas. Ou seja, migramos do mundo mágico para um realismo relativo.

Ora, o mesmo aconteceu com nossa espécie. Nossos antepassados tinham uma quantidade de crendices semelhantes às que as crianças têm. Nós saímos da infância, a espécie também foi saindo. O que não significa que, adultos, desprezemos o pensamento mágico para produzir uma sensação ilusória de segurança.

Era folclórico no colégio: um livro grosso de problemas de matemática nos dava uma compulsão masturbatória. O que há de erótico na matemática? Nada, claro. Era o horror do abismo da nossa ignorância exigindo um mecanismo de defesa, um devaneio que tirasse nossa atenção daquilo. Enfrentar o "não sei" nunca foi fácil, quer para o indivíduo, quer para a espécie. No entanto, pensar "não sei, mas quero saber" foi o motor da filosofia, que depois foi mãe da ciência.

Repare em torno. Quantas pessoas respondem "não sei" a qualquer pergunta que lhes seja feita? Muito poucas. Todos têm explicações engatilhadas, teorias engendradas, receitas preparadas, conselhos a dar a cada problema que se lhes é apresentado.

Mesmo os cientistas, eles ficaram tão deslumbrados com o "poder mágico" da ciência e da tecnologia, que passaram a endeusá-las como crianças e suas crendices.

Uma paciente foi ao oftalmologista. Ele ficou horrorizado porque, pelo aparelho, sua pressão ocular era zero. Foi ela a três outros, só para ouvir o mesmo. Finalmente consultou-se com um quarto. Este nem usou aparelho. Simplesmente apertou o dedo em seu olho e disse: "Um olho é como um pneu de bicicleta. Quando não tem pressão, o dedo afunda. O seu tem".

Era a forma da córnea que impedia a medição. Mas para os outros, se o aparelho dizia zero, zero deveria ser. A ciência era inquestionável (e olhe que, por definição, ela é o interminável questionamento).

A verdade é como o açúcar do Barão de Itararé: "uma substância que dá muito mau gosto ao café, em se não lho botando". Nossa espécie, em geral, parece preferir café amargo.

MEU BRASIL, BRASILEIRO - Fábio Porchat

Aeroporto é um lugar de onde podemos tirar vários exemplos de quem é o brasileiro de verdade. Por mais que esteja acontecendo uma classecelização da passagem aérea (que bom!), o que torna esse ambiente agora cheio de marinheiros (voadores) de primeira viagem, quem eu vejo dar escândalo no balcão das companhias aéreas são sempre aqueles que já estão acostumados a viajar, que conhecem bem o esquema.

Estava em Florianópolis essa semana, sendo atendido tranquilamente pelo atendente, quando um cara ao meu lado começou a dar o seu escândalo. Um à parte: eu adoro ver pessoas alteradas aos berros dando piti, essas estão num tal estado bruto do sentimento que não tem mais filtros e se mostram como são lá dentro de verdade. E é divertidíssimo. Claro que pra mim e não pro coitado do atendente da TAM que estava sendo acuado.

O cara, transtornado, dizia que o voo dele era às 10h30 e que ainda eram 10h10 e o avião ainda não tinha saído. Que era um absurdo o pessoal não dar um jeitinho de colocá-lo pra dentro. O atendente tentava explicar que o voo estava encerrado, mas era interrompido por gritos de: "Você não está com boa vontade! Acordou de mau humor e resolveu descontar nos clientes. Isso é Brasil".

O que ele não conseguia ver é que, na verdade, se o atendente o tivesse colocado dentro do avião, aí sim é que seria Brasil. Desrespeitar as regras, dar um jeitinho, fazer todo um avião esperar um cara que estava atrasado e errado embarcar, isso é que é Brasil. Se o horário de embarque é meia hora antes, então é meia hora antes, não é vinte minutos antes. Ponto.

A gente gosta de bradar aos quatro cantos que lá na Europa sim as pessoas são bem tratadas, que nos EUA o atendimento é diferente, mas, quando a aplicação da regra tem que valer pra gente aqui, reclamamos. O brasileiro gosta é do jeitinho brasileiro. É o que o coloca no patamar de malandro. E se eu sou malandro, alguém é otário. Aí sim eu vejo vantagem. Contanto que esse otário não seja eu. Alguém tem que se ferrar pra eu me sentir melhor. Se seguir as normas me faz fazer o papel de otário, eu não quero. A malandragem fala mais alto.

Eu duvido que se esse cara que estava alterado tivesse chegado atrasado no aeroporto de Munique, ia dar aquele chilique. Claro que não. Porque lá as coisas funcionam, lá é primeiro mundo, lá... Lá, ele teria saído do hotel duas horas antes, justamente pra não atrasar porque sabia que, se atrasasse, perderia o voo e não teria choro nem vela.

Não estou aqui querendo fazer uma defesa das companhias aéreas, pelo amor de Deus. Longe de mim. Elas realmente têm milhões de problemas, e muitas vezes tratam muito mal seus clientes. Mas a gente também trata muito mal as pessoas quando elas não nos deixam fazer o papel de malandro. Não adianta querer que nos tratem como na Alemanha se nós ainda somos brasileiros. E brasileiros no sentido mais pejorativo e preconceituoso da palavra "brasileiros".
*
PS: No final ele foi embora aos gritos de: "O comandante Rolim vai saber disso!". Hahaha! Gênio!

O HOMEM FACEBOOK - Renata Gervatauskas

Ele vai dar um jeito. Pode ser no trabalho, na academia, no curso de culinária. Você está na sua e o cara surge do nada, apenas para rifar a sua paz e deletar a tranquilidade da sua vida. Esqueça o marasmo. Ele vai conseguir abalar as suas estruturas. Vai insistir, cutucar, provocar e armar a rede (on e offline) pra pescar você, sereia. E você vai pensar que ele é todo seu, mulher! É assim que ele vai fazer com que você se sinta: mulher. Vai te virar do avesso e te deixar brilhando, rindo pro mundo e gargalhando pro universo, afinal, ele é o pica das galáxias. A sua pele vai ficar boa e você vai ficar em dia com as prestações do carnê do baú, como diria a sua tia.

Funciona muito bem se você estiver num relacionamento meio caído, sem perspectivas de noites selvagens em lugares inusitados, ou mesmo aquele papai-e-mamãe gostoso no meio da noite. Este é o homem certo pra colocar aquela pimenta no seu arroz com feijão. Aquela pulada de cerca merecida, que te faz lembrar como é que é ser desejada, idolatrada, adorada e salve-salve o seu casamento. Você vai dar sossego pro seu maridinho ocupadíssimo, enquanto enlouquece com o Homem Facebook. Mas se você estiver livre, desimpedida, pronta para tudo isso e mais alguma coisa, muito cuidado: a coisa é viciante e você vai querer dar uma checada a toda hora. 

E isso só é permitido de segunda a sexta, em horário comercial. O Homem Facebook fica temporariamente indisponível, justo nos finais de semana.

Estamos diante de um homem que é puro prazer. É like, like, like, é alegria, é facebook. Você mostra pouco pra ele. Aliás, você mostra quase nada a não ser a sua melhor parte, que para ele, são suas partes, afinal, isso é tudo o que ele conhece de você. Espere pelos mais quentes SMSs da sua vida. Mensagens “in box” no meio da reunião de Diretoria que farão você ficar roxa, morrendo de calor, a ponto de ter que pedir um copo d´água gelada e mais outro. 

Mas se você ficar doente, por exemplo, ou precisar de um conselho, corra para o “marido”, nunca pare ele. Ele odeia lamentações. O negócio dele é ouvir sussurro e gemido. Lamúrias? Só na cama, implorando por mais!

Ele não quer saber da sua entrevista, do seu cachorro, do seu chefe ou do seu bolo. Ele quer você todinha, mas não inteira. Ele quer você deitada, pelada, de pernas abertas e boca fechada. Ele poderia até ser considerado um homem twitter: poucos caracteres e nenhum caráter. Mas não, ele nunca mentiu. Foi você quem nunca perguntou. Você deveria ter percebido isso antes de adicioná-lo à sua vida. 

Ele é o homem facebook: é pra curtir e compartilhar.

PSICOLOGIA DE ELEVADOR - Massimo Barberi

O meio de transporte, tão comum nas grandes cidades, nos obriga a dividir nosso espaço vital com estranhos e coloca à prova a capacidade de comunicação

O elevador é o meio de transporte mais usado nas grandes cidades. Só em São Paulo estima-se que existam mais de 270 mil unidades. E cerca de 8 mil novos são instalados a cada ano no Brasil. A caixa metálica iluminada, com painel de botões e, em alguns casos, um espelho, proporciona o deslocamento vertical de forma muito simples e eficaz – e também explicita modos de interagir. Há os que se sentem donos da situação, justamente porque se encontram em uma área restrita. Outros experimentam o desconforto de compartilhar o espaço vital, tão exíguo, com desconhecidos e, intimidados, torcem para chegar logo ao andar de destino. Existem ainda aqueles que usam o local para jogos sexuais O fato é que cada um de nós tem uma forma de enfrentar o elevador. Com exceção, obviamente, dos que sofrem de claustrofobia e preferem a escada.

Em uma pesquisa realizada nos Estados Unidos em 2001, foram usadas câmeras de vigilância em 15 edifícios públicos. A idéia era identificar e quantificar comportamentos típicos adotados no meio de transporte, a começar pela posição escolhida no interior da cabine. A posição preferida por 47% das pessoas, quase dois terços das quais do sexo masculino, é aquela próxima à parede oposta à porta, ou no máximo ao centro. Não por acaso, é uma localização que permite manter sob controle todo o espaço visual. Na prática, uma posição de poder. Isso é confirmado pelo fato de que oito em cada dez pessoas das que ficam diante da parede posterior assumem duas posturas típicas de comando: braços cruzados, sinalizando a interdição à aproximação alheia, ou com as mãos apoiadas na cintura.

Cerca de 30% dos passageiros solitários, com predomínio do sexo masculino, se colocam diante da porta. Manifestam certa impaciência e parecem não ver a hora de sair. Os ingleses os chamam de front runners: muitas dessas pessoas mantêm o nariz a menos de 20 cm da porta, de forma que possam sair assim que ela começa a se abrir. Os 24% restantes se posicionam mais ou menos igualmente à esquerda ou à direita da porta, com ligeira preferência pelo lado em que se encontra o painel.

As coisas mudam quando se trata de elevador já ocupado por um ou mais passageiros. Se a pessoa que já está dentro se posicionou no fundo, os recém-chegados se colocam no lado da porta, à direita ou à esquerda. Também se comportam dessa forma aqueles predispostos a ocupar a posição do fundo quando estão sozinhos. Apenas 2% forçam a situação, ocupando a parede do fundo e obrigando o outro a se espremer em um dos dois ângulos, simulando uma espécie de guerra territorial.

Disputa Territorial
Os front runners, que estão com o nariz perto da porta, não mudam muito seu comportamento quando encontram alguém no fundo: colocam-se sempre na proximidade da saída, mas ligeiramente de lado, de modo a deixar espaço para quem está atrás sair rapidamente, possivelmente como eles mesmos fariam. Se, no entanto, a pessoa que já está dentro escolheu um dos ângulos, a que entra tende a manter a mesma atitude, ocupando o espaço que lhe é mais adequado.

A coisa se complica um pouco se o elevador está cheio. Em geral, pode-se afirmar que o indivíduo que entra ocupará o espaço livre disponível, dando preferência à sua própria inclinação quando está “solitário”. Se no elevador estiverem quatro pessoas, nenhuma delas diante da porta, em 90% dos casos o quinto será o front runner, abrindo mão do que teria feito se estivesse sozinho. Apenas uma minoria dos que entram em um elevador lotado tentará se posicionar em um espaço estreito, constrangendo os outros a se deslocar e causando certo aborrecimento aos demais.

Para tentar explicar esses comportamentos, é preciso recorrer aos nossos ancestrais, do Homo erectus ao Neanderthal e aos primeiros Homo sapiens. Eles necessitavam de um vasto território para assegurar a subsistência do grupo. Na ausência da agricultura, da criação intensiva de animais e de armas adequadas, para matar a fome precisavam de extensas áreas para caçar e colher frutos silvestres.

“Essa exigência é observada também em muitas espécies animais que marcam os limites com a própria urina”, diz o sociólogo italiano Roberto Tassan, especialista em comunicação e comportamento humano. Ainda que o homem moderno seja, pelo menos na aparência, um pouco mais evoluído e não marque o território com as próprias secreções, ele usa sinais comportamentais de natureza subliminar que têm o mesmo significado. “Parece que o indivíduo que entra primeiro em um local fechado, como o elevador, considera inconscientemente que conquistou uma espécie de direito de precedência, enquanto o recém-chegado assume um comportamento de ligeira subordinação psicológica em relação aos que já conquistaram o terreno”, observa Tassan.

Segundo esse ponto de vista, faz sentido que o indivíduo que entra primeiro no elevador em geral se posicione ao fundo, dando as costas à parede, como se usasse a linguagem corporal para expressar, até inconscientemente, uma mensagem do tipo: “Este território é meu e você é um intruso”. “As paredes oferecem sensação de segurança. Por isso, sem se dar conta, a pessoa se posiciona com as costas protegidas”, esclarece Tassan. O discurso, obviamente, não vale para os front runners, que não querem se comunicar e tendem a dar as costas até aos que entram depois.

Dizer Sem Palavras
Estar no elevador junto a outras pessoas significa compartilhar um espaço restrito, no sentido de que estamos constrangidos a nos relacionarmos com outros indivíduos, em geral desconhecidos, a uma distância física que normalmente não seria tão curta. Entra em jogo, portanto, a prossêmica, isto é, o estudo a organização do espaço durante as relações interpessoais e a sua relevância para a comunicação.

A prossêmica fixa regras precisas que estabelecem o espaço de proximidade com o outro. Há variações entre indivíduos e de uma cultura para outra. Naturalmente, a distância é menor no caso das relações íntimas e maior nos relacionamentos sociais. É como se cada ser humano fosse circundado por uma bolha virtual, que só pode ser invadida nas relações íntimas, nos rituais rápidos de saudação (como o beijo na face de um amigo ou apenas conhecido), ou em circunstâncias caracterizadas por manifestações agressivas. “São regras não escritas, que não têm validade em espaços fechados e restritos como o elevador, no qual somos obrigados a infringi-las. A ruptura de tais regras pode provocar em certas pessoas intenso desconforto e sensações aversivas.

Para tentar esconder o desconforto quando está no elevador com estranhos, é comum a pessoa se concentrar na inscrição sobre o peso máximo permitido, lendo-a e relendo-a várias vezes, como se fosse um mantra mental, ou observar ansiosamente as luzes do painel. Na prática, o sujeito tenta enfrentar a invasão da bolha. “Em geral, as que mais sofrem são as pessoas cuja educação foi marcada por certa rigidez e escasso contato físico”, diz Tassan. O elevador tem portanto outras regras, que ultrapassam as da prossêmica e dizem respeito à comunicação - em particular a não-verbal.
É preciso, porém, distinguir dois contextos, cada um com características específicas: o de elevadores “conhecidos” da empresa onde trabalhamos ou do condomínio onde moramos, dos elevadores públicos (como os de hospitais, centros comerciais ou aeroportos). O primeiro transporta pessoas que mais ou menos se conhecem, ao passo que o público é freqüentado por indivíduos que em geral nunca se viram.

É este o contexto mais interessante no que diz respeito à comunicação. Segundo o teórico e pesquisador austríaco Paul Watzlawick, um dos fundadores do Instituto de Pesquisa Mental em Palo Alto, Califórnia, morto em março de 2007, a comunicação é um comportamento e, como não existe um não-comportamento, é impossível não se comunicar de alguma maneira - com ou sem palavras. Assim, quando compartilhamos com outros um espaço físico estamos, paradoxalmente, obrigados a nos comunicar. Não há escapatória. Pode-se comunicar disponibilidade e a atitude amigável com o sorriso ou dar indícios de desejo de não interagir por meio da postura corporal fechada. Dar as costas a quem se encontra no elevador conosco, por exemplo, significa negar-se a qualquer forma de aproximação além da inevitável.

Este último é um dos chamados gestos de barreira. O mais comum deles, no elevador, é cruzar os braços. A posição diagonal do braço diante do tórax, que adotamos para acertar o relógio, também pode ser considerada um gesto instintivo de defesa. Outro modo de negar a comunicação aos companheiros de viagem é o “olhar velado”, que ignora o outro voltando-se para um detalhe da própria roupa, para algum acessório ou objeto que se tem nas mãos. Tais dinâmicas ganham ênfase na situação em que as pessoas transportadas se conhecem. Quando damos as costas a um colega ou vizinho, o gesto assume um significado muito mais enfático do que quando estamos em companhia de desconhecidos.

Certas pessoas sentem, no elevador, um irresistível impulso de falar, ao passo que outras evitam até dizer um rápido “bom dia”. Desse ponto de vista, é possível distinguir – ainda que de forma muito superficial – três tipos gerais: o extrovertido, o introvertido e o que, na análise transacional, é definido como “ok-não ok”. O primeiro seria uma pessoa voltada para os outros, que tem necessidade de comunicar para se sentir psiquicamente viva, enquanto o introvertido é reservado e dificilmente toma a iniciativa de romper o silêncio, ainda que aceite que outros o façam e até participe de uma conversa com estranhos. É improvável, porém, que o introvertido, em geral dotado de uma rica vida interior que o leva a se perder nos próprios pensamentos, distanciando-se com a mente do ambiente em que se encontra, inicie um diálogo. O terceiro tipo, o ok-não ok, seria o indivíduo que costuma comparar-se constantemente com os demais, desprezando-os ou sentindo-se inferior, com base em informações subjetivas e, em geral, preconceituosas. Com freqüência, desloca-se para duas posições, ambas desconfortáveis: sente-se constrangido e afasta-se, na tentativa de se proteger do desconforto, ou julga que as pessoas não são dignas de sua atenção e, portanto, não tem interesse em estabelecer contato.

Em Caso De Pânico
A sensação claustrofóbica evocada pelo elevador pode atingir pessoas de qualquer idade e sexo. Mesmo os que freqüentam elevadores há anos podem, inesperadamente, desenvolver um terror descontrolado e irracional, manifestando sintomas de ansiedade e angústia, sensação de sufocamento, sudorese, náusea, falta de salivação, tremores, palpitações, incapacidade de pensar racionalmente e perda de controle.

“A gênese da claustrofobia remonta ao processo evolutivo: no longo percurso que transformou os primatas em seres humanos, nossos ancestrais pré-históricos muitas vezes se encontravam em situações de perigo, privados de qualquer possibilidade de fuga”, diz Tassan. Segundo ele, a reiteração dessa situação parece ser a matriz da fobia. Além disso, há o agravante de um dado da realidade: o elevador é um meio mecânico que pode quebrar ou –- em casos raríssimos – despencar.

O claustrofóbico teme não apenas a queda, mas a parada entre dois andares e o aprisionamento forçado durante a interminável espera por socorro, enquanto o oxigênio se reduz. É provável que, menos freqüentemente, o transtorno esteja ligado a fatores de natureza anatômica. No ouvido interno, o labirinto, que assegura a sensação de equilíbrio, pode provocar vertigens, tonturas e náuseas em caso de alterações – algo similar ao mal-estar que certas pessoas experimentam viajando de navio ou andando de carro em estrada sinuosa.

Conceitos-Chave
Comportamentos de nossos ancestrais podem ajudar a compreender as atitudes adotadas hoje nos elevadores. Os primitivos necessitavam de um vasto território para assegurar a subsistência do grupo. Ainda que o homem moderno seja, pelo menos na aparência, mais evoluído e não marque o território com as próprias secreções, ele usa sinais subliminares, dos quais nem sequer se dá conta, para delimitar seu território.

O contato no elevador pode romper as regras da prossêmica – a organização do espaço durante as relações interpessoais e a sua relevância para a comunicação, considerando variações entre indivíduos e de uma cultura para outra. A distância é menor entre pessoas com quem temos relações mais íntimas e maior nos casos de relacionamentos sociais. É como se cada ser humano fosse circundado por uma bolha virtual, que só pode ser invadida nas relações íntimas, nos rituais rápidos de saudação, nas manifestações agressivas.

É possível distinguir, embora de maneira superficial, três tipos básicos de usuários de elevador: o extrovertido (que em geral inicia conversas), o introvertido (que habitualmente fala somente quando lhe é solicitado) e o auto-suficiente (que, com gestos de restrição, explicita insegurança ou desprezo em relação a si e aos demais).


Sobe-e-Desce
Algumas pessoas têm preferência por locais pouco convencionais para as práticas sexuais. A fantasia dos amantes não tem limites, mas o sexo no elevador (como, não raro, as filmadoras registram) tem algo específico. “Em banheiros de restaurantes ou aviões, no escritório ou no carro, por exemplo, é possível fechar a porta a chave e não ser descoberto; já no elevador há sempre o risco de a porta se abrir e aparecer um estranho”, comenta Ciro Basile Fasolo, antropólogo da Universidade de Pisa. Há ainda a possibilidade de que exista uma câmera escondida e de que alguém assista a tudo do início ao fim. “Tais comportamentos podem ser considerados extravagantes, algo que os ingleses definem como crazy. Mas o termo tem também um significado libertário, pode ser compreendido como uma forma de fugir da pressão do trabalho, da ansiedade social e da monotonia da relação conjugal”, diz Fasolo.
ANDREA EBERT

Entra-e-Sai
Para fugir do desconforto da convivência forçada, é comum que as pessoas adotem diferentes posturas, nem sempre condizentes com seu comportamento usual. Veja alguns desses tipos que surgem entre um andar e outro:

Intrometido – Falador e, em geral, indiscreto, sente-se no dever de conversar com todos, falando interminavelmente até o elevador se esvaziar.

Observador – Perscruta os outros da cabeça aos pés, observando detalhes da roupa ou características físicas; não fala, parece não exprimir nenhuma emoção e fica atento mesmo que o elevador esteja vazio.

Arrogante – Na maioria das vezes vestido de forma impecável, olha os outros com desprezo ou auto-suficiência e, em geral, é um front runner. Não raro, assume tal atitude por puro mal-estar causado pela proximidade alheia. Costuma sacar o celular assim que a porta abre.

Intratável – Faz de tudo para evitar qualquer contato, físico ou verbal. Se o elevador está ocupado, hesita entre entrar, usar a escada ou esperar a próxima viagem. Se alguém tenta romper o silêncio, fica quieto, olhando para frente.

Vaidoso – Busca imediatamente um espelho e, na falta deste, usa a superfície metálica que reflete sua imagem para ajeitar roupas, cabelos e sobrancelhas.

Inseguro – Mostra-se hesitante, atrapalha-se com o andar. Solicita as mais diversas informações.

OS PODEROSOS BENEFÍCIOS DA MÚSICA

Novas pesquisas explicam o poder dos sons sobre o que sentimos e os benefícios
 para o bem-estar físico e mental; entre seus efeitos estão 
o favorecimento da coesão social e de conexões empáticas entre os membros de um grupo

Passei alguns dos momentos mais emocionantes de minha vida conectada à música. Na faculdade, meus olhos frequentemente se enchiam d’água durante os ensaios do coral duas vezes por semana. Eu me sentia relaxada e em paz, mas, ainda assim, excitada e alegre e, ocasionalmente, a emoção era tanta que sentia uma espécie de arrepio. E me sentia ligada aos meus companheiros de música de uma maneira que não acontecia com amigos que não cantavam comigo. Frequentemente, eu me questionava por que sons melodiosos desencadeavam tais sentimentos e sensações. Filósofos e biólogos têm feito essa mesma pergunta por séculos, considerando que os humanos são atraídos de forma universal para a música. Ela nos consola, anima, marca momentos especiais e favorece a criação de laços – mesmo não sendo necessária para a sobrevivência ou a reprodução.

Cientistas já concluíram que a influência da música pode ser um evento casual, que surge de sua capacidade de mobilizar sistemas do cérebro que foram constituídos com outros objetivos – como dar conta da linguagem, da emoção e do movimento. Em seu livro Como a mente funciona (Companhia das Letras, 1998), o psicólogo Steven Pinker, da Universidade Harvard, compara a música a uma “guloseima auditiva”, feita para “pinicar” áreas cerebrais envolvidas em funções importantes. Mas, como resultado desse acaso, os sons harmoniosos oferecem um novo sistema de comunicação, com base mais em percepções sutis que em significados. Pesquisas recentes mostram, por exemplo, que a música conduz certas emoções de forma consistente: o que sentimos ao ouvir algumas canções e melodias é bastante similar ao que todas as outras pessoas na mesma sala sentem.

Evidências também indicam que a música faz aflorar respostas previsíveis em pessoas de culturas diversas, com capacidades intelectuais e sensoriais variadas. Até mesmo recém-nascidos e adultos com cognição prejudicada apreciam a musicalidade. “A música parece ser a forma mais direta de comunicação emocional, uma parte importante da vida humana, como a linguagem e os gestos”, afirma o neurologista Oliver Sacks, da Universidade Colúmbia, autor de Alucinações musicais – Relatos sobre a música e o cérebro (Companhia das Letras, 2007) e Musicofilia (Relógio D’água, 2008). Tais comunicações fornecem um meio para as pessoas se conectar emocionalmente e, assim, reforçar os vínculos que são a base da formação das sociedades humanas – o que certamente favorece a sobrevivência. Ritmos podem facilitar interações sociais, como marchar ou dançar juntos, solidificando relações. Além disso, os tons nos afetam individualmente manipulando nosso humor e, até mesmo, a psicologia humana de forma mais efetiva do que palavras – para excitar, energizar, acalmar ou promover a boa forma física.

Gramática emocional
Desde a década de 50, muitos psicólogos tentaram explicar o poder da música, comparando a apreciação musical com a fala. Afinal, tanto para o entendimento da música quanto do discurso é necessária a capacidade de detectar sons, em seu nível mais primitivo. O córtex cerebral auditivo é reconhecido hoje como responsável pelo processamento dos elementos musicais mais básicos como a altura (frequência de uma nota) e volume; as áreas auditivas secundárias vizinhas digerem padrões musicais mais complexos, como harmonia e ritmo.

Além disso, tanto a música quanto a linguagem contêm uma gramática que as organiza em componentes menores, como palavras e acordes, frases feitas de prosódia (a linha melodiosa da fala), tensão e resolução. De fato, a música excita regiões cerebrais responsáveis pelo entendimento e pela produção da linguagem, incluindo a área de Broca e a de Wernicke, ambas localizadas no hemisfério esquerdo, na superfície do cérebro. (Embora a maioria das pessoas processe a linguagem principalmente no hemisfério esquerdo, mas codifique aspectos da musicalidade em regiões análogas no direito.) Sendo assim, a
sintaxe musical – a ordem de acordes numa frase, por exemplo – poderia levar ao aparecimento de mecanismos ligados à organização e ao entendimento da gramática.

Mas os tons recrutam outros sistemas cerebrais – principalmente os que governam as emoções como medo, alegria e tristeza. Por exemplo, danos à amígdala prejudicam a capacidade de sentir temor e tristeza em resposta à música. “Há uma grande possibilidade de que a música seja simplesmente um efeito colateral de sistemas que evoluíram por outros motivos”, diz o cientista auditivo Josh McDermott, da Universidade de Nova York. A ativação simultânea que a música causa em diversos circuitos neurais parece produzir efeitos notáveis. Em vez de facilitar um diálogo amplamente semântico, como faz a linguagem, a melodia media a comunicação emotiva. Quando um compositor escreve uma lamentação, ou pancadas com ritmo empolgante, revela não só seu estado emocional, mas faz com que os ouvintes sintam o mesmo. Diversas pesquisas indicam que a música conduz a emoção pretendida para aqueles que a escutam.

No final dos anos 90, a neurocientista Isabelle Peretz e seus colegas da Universidade de Montreal, no Canadá, descobriram que ouvintes do Ocidente concordam, universalmente, sobre o fato de uma música que usa elementos tônicos ocidentais ser alegre, triste, assustadora ou tranquilizante.
O conteúdo emocional da música pode ser culturalmente transparente. No ano passado, o neurocientista Tom Fritz, do Instituto Max Planck para Cognição Humana e Ciências Cerebrais, em Lípsia, Alemanha, e seus colegas expuseram membros do grupo étnico Mafa, de Camarões, que nunca haviam ouvido música ocidental, a trechos de peças clássicas de piano. Os pesquisadores descobriram que os adultos que apreciaram essas obras identificavam-nas como animadas, melancólicas ou capazes de causar medo, da mesma maneira que os ocidentais fariam. Logo, a capacidade de uma música de transmitir determinada emoção particular não depende, necessariamente, de uma base cultural.

A língua musical também pode transcender barreiras de comunicação mais fundamentais. Em estudos conduzidos na última década, a psicóloga cognitiva Pam Heaton, da Universidade de Londres, no Reino Unido, tocou musicas para crianças autistas e não autistas, comparando aquelas com habilidades linguísticas semelhantes. Os pesquisadores que participavam da equipe coordenada por Heaton pediram às crianças para fazer associações entre música e emoções. Nos estudos iniciais, as crianças deveriam simplesmente escolher entre alegre e triste. Em estudos posteriores foi introduzida uma gama de emoções complexas, como triunfo, contentamento e raiva. Os cientistas descobriram então que a capacidade das crianças de identificar esses sentimentos independia de seu diagnóstico. Autistas ou não, com habilidades lingüísticas semelhantes, foram igualmente bem, indicando que a música pode conduzir consistentemente sentimentos, até mesmo em pessoas com a habilidade severamente comprometida para lidar com pistas socioemocionais, como expressões faciais, por exemplo.

Recentemente, em um experimento bastante interessante, o pesquisador Roberto Bresin e seus colegas, do Instituto Real de Tecnologia, em Estocolmo, na Suécia, confirmaram a ideia de que a música é uma linguagem universal. Em vez de pedir aos voluntários para fazer julgamentos subjetivos sobre uma canção, solicitaram que manipulassem a música – em particular seu tempo, volume e frases – para enfatizar uma dada emoção. Para as peças alegres, por exemplo, o participante deveria ajustar a escala, de forma que soasse o mais feliz possível; depois, o mais triste, assustadora, tranquilizadora e por fim, neutra. Os cientistas descobriram que todos os voluntários – especialistas em música e, em outro estudo similar, crianças de 7 anos – alteravam da mesma forma o tempo, para arrancar de cada música a emoção pretendida. Essa descoberta, que Bresin apresentou em 2008 na III Conferência de Neuromúsica em Montreal, no Canadá, dá a ideia de que a música contém informações que deflagram resposta emocional específica no cérebro, independentemente da personalidade, gosto ou treinamento. Ou seja: a música pode de fato constituir uma forma única de comunicação

A capacidade que a música tem de conduzir sentimentos pode ser a base de um dos seus maiores benefícios. Na maioria das culturas, cantar, tocar, dançar e acompanhar as apresentações é quase sempre um evento comunitário. Mesmo em sociedades ocidentais que, de maneira única, diferenciam os músicos dos ouvintes, as pessoas entoam hinos em rituais religiosos, dançam em festas e boates, embalam os filhos ao som de cantigas de ninar, participam de corais e desde cedo as crianças aprendem a cantarolar Parabéns a você nos aniversários. A popularidade de tais rituais sugere que a música confere coesão social, talvez por criar conexões empáticas entre os membros de um grupo.

Estudos mostram também que quando as pessoas ouvem música, as regiões motoras do cérebro se ativam – provavelmente com o propósito de processar o ritmo. Esse processo inclui regiões pré-motoras, que preparam uma pessoa para a ação, e o cerebelo, que coordena o movimento físico. Alguns pesquisadores acreditam que parte do poder musical é resultado de sua tendência a sincronizar e ecoar nossas ações. “Com os equipamentos disponíveis hoje já é possível enxergar como ritmo e ação ressoam no sistema nervoso; todo som é produzido por movimento, quando você ouve qualquer som algo está sendo movido”, diz o neuropsicólogo Robert Zatorre, da Universidade McGill. De fato, há um passo muito pequeno entre o andar, o respirar e as batidas do coração – sons ritmados naturais, não intrinsecamente musicais – e manter propositalmente um intervalo ou caminhar na mesma velocidade que outra pessoa. “Quando escutamos um padrão, inconscientemente organizamos os músculos para reproduzi-lo. Dessa maneira, o ritmo também pode funcionar como uma ‘cola social’ que favorece a ligação física”, afirma Zatorre.

O Som Da Cura
A ideia de que a música pode promover uma união não verbal ganhou apoio adicional de um estudo de 2008, feito pelos neurocientistas Nikolaus Steinbeis, do Instituto Max Planck para Cognição Humana e Ciências Cerebrais, e Stefan Koelsch, da Universidade de Sussex, na Inglaterra. Eles usaram ressonância magnética funcional para mostrar que determinada área do cérebro respondia a acordes, mas não a palavras, em um teste no qual os voluntários escutavam ambos. A região responsiva era o sulco temporal superior: uma parte da superfície cerebral, perto dos ouvidos, que responde a pistas sociais não verbais – como movimentos corporais e olhares. A ativação dessa região indica que a música pode ajudar a forjar laços sociais. Qualquer que seja sua origem, tal coesão é extremamente valiosa para animais comunitários, como nós, e por isso traços que aumentam tal unidade tendem a persistir ao longo das gerações.

A base de nossas impressões conscientes a respeito de um tom são os efeitos fisiológicos. Estudos mostram que a música alegre, tensa ou empolgante pode excitar fisicamente o ouvinte, desencadeando resposta de luta e fuga: as taxas cardíacas e respiratórias aumentam, a pessoa pode suar e a adrenalina penetra na corrente sanguínea. Esse efeito explica por que tantas pessoas gostam de ouvir rock ou hip-hop enquanto fazem ginástica – a música instiga respostas do sistema fisiológico para a execução de movimentos de alta energia. O efeito psicológico também é importante: a distração torna o exercício mais divertido. De forma geral, melodias energizantes tendem a melhorar o humor, nos deixando mais despertos quando estamos cansados e criando sensação de empolgação.

Em ritmo de malhação: batidas fortes ativam sistemas cerebrais e preparam o corpo para executar movimentos que exigem grande desgaste de energia

Por outro lado, a música pode acalmar, reduzindo os níveis do hormônio do estresse, o cortisol, na corrente sanguínea, baixando as taxas cardíacas e respiratórias e aliviando a dor. Um exemplo clássico de redução de ansiedade: uma mãe acalentando seu bebê com uma canção. Estudos clínicos também revelam que a música é uma poderosa ferramenta para relaxar os pacientes que sofrerão uma cirurgia, ajuda a controlar a dores e a amenizar a agitação de crianças e pessoas com demência. Em 2000, a enfermeira Linda A. Gerdner, pesquisadora de temas ligados a gerontologia na Universidade do Arkansas para Ciências Médicas, apresentou a 39 pacientes severamente atingidos pelo Alzheimer a música de que gostavam, duas vezes por semana, durante um mês e meio. A canção favorita reduziu os níveis de agitação dos pacientes durante e após a sessão muito mais que as clássicas músicas de relaxamento. Neurocientistas também constataram que ouvir uma música muito apreciada pode reduzir a dor – e esse efeito analgésico persiste por algum tempo quando a música para. E, claro, intuitivamente, as pessoas se automedicam com música o tempo todo. É comum que as pessoas as usem com o propósito de melhorar ou alterar o estado emocional. Cientistas se perguntam se, dada a indiscutível atração humana pela música, seu processamento poderia ter uma raiz única no cérebro, além da “carona” que pega em outros sistemas. A literatura médica registra diversos danos que prejudicaram a capacidade de uma pessoa sentir emoções inspiradas pela música, mas não por outros estímulos. Lawrence Freedman, um amigo de Sacks, por exemplo, perdeu sua paixão por música clássica depois de uma concussão em um acidente de bicicleta. Freedman ainda podia reconhecer os clássicos que costumava adorar e ainda se sentia emocionado por artes visuais e outras experiências, mas a música já não lhe dava prazer algum. Possivelmente, o acidente danificou uma parte do cérebro dedicada especificamente ao entusiasmo por essas formas de expressão, embora ninguém saiba exatamente que área cerebral é essa.

Outros pesquisadores discutem que a música tem origens independentes porque a capacidade de apreciá-la parece já estar definida no nascimento. Vários estudos mostram que muitos bebês prestam rapidamente atenção a canções e parecem preferi-las à fala. Em trabalhos publicados em julho de 2008 na Nature Precedings, as neurocientistas Maria Cristina Saccuman e Daniela Perani, da Universidade Vita-Salute San Raffaele, na Itália, mostraram que a música ativa regiões no cérebro de recém-nascidos de forma semelhante ao que acontece com ouvintes de outras idades. Elas usaram ressonância magnética funcional (RMf) para ver como o cérebro de crianças com 3 dias de vida respondia a música clássica e encontraram um padrão que espelhava o processamento em adultos: o sistema auditivo do hemisfério direito dos pequenos respondia mais fortemente que o esquerdo. Os pesquisadores também alteraram a música, cortando uma parte da peça e pulando para outra nota ou tocando todo o segmento só com batidas. As passagens mais estridentes ativavam o córtex inferior frontal esquerdo dos recém-nascidos, uma área implicada no processamento da sintaxe musical em adultos, e o sistema límbico, responsável pelas respostas emocionais –assim como ocorre nas pessoas mais velhas, o que levou a uma conclusão: o cérebro parece nascer pronto para processar música.

Acredita-se que essa prontidão inata esteja ligada à forma melódica peculiar que adultos usam para falar com bebês. A adoção universal desse recurso levou alguns especialistas a especular que esse pode constituir um momento inicial original tanto para música quanto para linguagem. Especialistas como o arqueólogo cognitivo Steven Mithen, da Universidade de Reading, na Inglaterra, teorizam que a linguagem e a música evoluíram a partir de uma protolinguagem musical usada por nossos ancestrais. Estruturas de cordas vocais de neandertais e outros hominídeos extintos sugerem que eles poderiam cantar. E eles certamente tocavam instrumentos, pois pesquisadores recuperaram flautas pré-históricas feitas de ossos. Talvez nunca saibamos por que a música existe. Ainda assim podemos usá-la para nos animar ou acalmar, amenizar dores e ansiedade ou formar vínculos. Como escreveu Sacks, talvez a música seja o que temos mais próximo da telepatia.

MANOEL CARLOS – JORGE DÓRIA

Jorge Dória desvirtuou o meu pai. Foi ele que o arrancou da faculdade de medicina e lhe apresentou o teatro, a noite e a boemia. Quando meus pais se casaram, em 1953, Fernando partiu em turnê com a companhia de Eva Todor e Fernanda ficou no Rio. A saudade o fazia datilografar compulsivamente em uma máquina de escrever, o que lhe valeu o apelido de Taradinho Underwood, dado por Dória.

Millôr Fernandes, Nelson Rodrigues, Sérgio Britto, Bárbara Heliodora. São pessoas com quem convivo e convivi por osmose. Tenho por eles um apreço que atravessa os seus feitos como artistas, são parentes, são de casa.

A grandeza do Dória é intraduzível. Era um louco devasso, tio, amigo fiel e companheiro. Jamais me esqueci da sua descrição da visão de Iris Bruzzi, então sua mulher, montada em um trator no sítio deles. As coxas na engrenagem, a loura ideal, a mulher da terra. A suculência era tamanha que o instante ficou marcado em mim como se eu o tivesse presenciado.

Já atriz, trabalhamos juntos na TV. Esperávamos para gravar um take dentro de um carro; uma atriz que havia sido um fenômeno de beleza atravessava a rua à nossa frente. Dória esperou que ela ensaiasse uma, duas vezes, até que, na falta de um amigo homem, soltou:

— Essa foi uma que embruacou.

Continuamos mudos após o comentário. Eu, de certa forma, orgulhosa pelo fato de o amigo mítico dos meus pais segredar uma cafajestice tão sem cerimônia para mim.

Mas era em cena que a insanidade de Jorge Dória reinava absoluta.

Em Escola de Mulheres, vi-o aproximar-se do proscênio e dizer:

— Ali é a minha casa — enquanto apontava solenemente para o fundo da plateia, indicando o local.

Em vez de dar continuidade ao solilóquio, Dória encarou uma senhora na primeira fila e, após longa pausa, atacou:

— Não, minha senhora, ali não é a minha casa. Isso é teatro. Quando eu indico o fundo, não quer dizer que a minha casa esteja lá. Não precisa se virar, é para a senhora imaginar que a minha casa talvez esteja lá.

Usando a espectadora de escada, Dória avançou num improviso bestial. A peça parou por bons cinco minutospara discutir a questão do ser ou não ser, do existir,ou não, a suposta casa.

O leão gostava de deixar Molière à espera.

Em A Presidenta, vestido de tailleur à moda Dilma, Dória se queixava das atribulações do cargo. De repente, sem avisar, começava a dar detalhes de suas lavagens íntimas matinais no bidê. Dizia que gostava de colocar as partes ao sol, falava dos benefícios da prática. Aos poucos, ia levando o público a um estado de gozo contínuo.

Domingos de Oliveira, que o dirigiu na peça de Molière, contou-me que Dória ambicionava não o riso, mas o frouxo. Ondas de deleite contínuo. A submissão completa da massa.

Celso Nunes mandou uma carta a minha mãe lamentando a morte do ídolo. Nela, lembrava um encontro que tiveram para convidar Jorge a fazer parte do inesquecível Seria Cômico Se Não Fosse Sério. O gênio preparou uma blague, disse que tinha vindo para o teste e tirou de dentro de uma mala diversos bigodes, barbas e perucas. Diante de meus genitores e do diretor de vanguarda, pasmo, elencou as n possibilidades do personagem, trocando de cabelo a cada nova investida.

Dória era Vittorio Gassman, Procópio Ferreira, Walter Matthau e Ugo Tognazzi juntos.

Não tinha, e não tem, para ninguém.

PESSOAS SOCIÁVEIS TÊM CÉREBROS MAIORES

Partes do órgão funcionam melhor e de forma
mais conectada em pessoas com muitos amigos

LONDRES - Um estudo da Universidade de Oxford mostrou que pedaços do cérebro são maiores e mais bem conectados em pessoas que têm muitos amigos. E quanto mais sociáveis elas são, maior o impulso cerebral.

Neste estudo os pesquisadores pediram que 18 homens e mulheres listassem com quantos amigos tinham se encontrado, falado por telefone ou e-mail no mês anterior. O número médio de amigos listados foi em torno de 20, mas alguns estavam em contato com mais de 40 pessoas. Outros só entraram em contato com dez amigos.

Exames mostraram que cerca de seis regiões do cérebro eram maiores nas pessoas mais sociáveis. Uma das regiões de sociabilidade apontada foi o córtex cingulado anterior, uma área que usamos para acompanhar o que outras pessoas estão fazendo. Já outras regiões do cérebro, que não são usadas na socialização, podem encolher.

Os exames mostraram que as conexões entre esta área e a outra que usamos para descobrir como os outros estão pensando e se sentindo são particularmente forte em tipos sociáveis​​.

- Nos seres humanos mais sociáveis​​, talvez estas vias de comunicação sejam mais como autoestradas do que como estradas de terra, o que faz com que o processamento de informações seja mais eficiente e melhor - diz a pesquisadora MaryAnn Noonan.

Como estudos anteriores com macacos já tinham produzido resultados semelhantes, os pesquisadores não acham que pessoas sociáveis simplesmente nascem com os cérebros mais conectados à amizade. Em vez disso, eles acreditam que as pessoas com muitos amigos usam certas regiões do cérebro mais frequentemente , levando-as a crescer para acompanhar as demandas sociais.

- Eu diria que o cérebro está mudando em resposta a tamanho da rede social. Mas isso não quer dizer que não haja uma influência genética, de modo que se você venha de uma família sociável, seu cérebro está predisposto a isso - acredita Noonan.

QUANDO O AMOR ACABA - Aparecida Souza Corrêa

O fim de uma relação amorosa nos sobrecarrega tanto psíquica
quanto fisicamente; mas do ponto de vista evolutivo
a montanha-russa emocional na qual embarcamos
tem um objetivo: nos preparar para novos recomeços

O fim de um relacionamento afetivo costuma provocar uma revolução em nossa vida emocional. Principalmente quando o término nos pega desprevenidos – ou a decisão parte da outra pessoa. Um turbilhão de sentimentos como raiva, insegurança, carência, saudade, dor e desejo de vingança se misturam e nos invadem. Nesse momento atribulado, alguns tomam atitudes extremadas, se expõem, esperneiam, suplicam; outros se recolhem. Qualquer que seja a reação, é inevitável escaparmos do sofrimento. O rompimento nos sobrecarrega tanto psíquica quanto fisicamente – muitas vezes causando reações como uma espécie de “bloqueio” que pode durar semanas ou até meses.

Mas, pensando bem, não seria mais sensato e saudável – pelo menos do ponto de vista biológico – deixar logo de lado toda essa dor e recomeçar de uma vez por todas a busca por um novo parceiro para procriação? Certo, há questões psíquicas envolvidas, como a necessidade de realização do luto e do processamento de todo o aprendizado emocional que a situação traz. “Mas se toda a natureza trabalha no sentido de garantir a continuidade da espécie, por que, então, não desenvolvemos um método com o qual seja possível simplesmente descartar um romance malsucedido, sem tanto dispêndio de tempo e energia?”, questiona a antropóloga Helen Fisher, da Universidade Rutger, Nova Jersey.

Ela mesma admite que talvez nos aproximemos mais de uma resposta se nos voltarmos para o início do relacionamento – e, mais precisamente, ao momento em que nos apaixonamos. A utilidade evolucionária do encantamento que, por vezes, nos arrebata parece clara: nos concentramos totalmente em uma pessoa que escolhemos para o acasalamento, sem gastar tempo ou energia com assuntos secundários. “Mas o que se passa na cabeça de homens e mulheres apaixonados?”, pergunta-se Fisher.

Tão gostoso: proximidade do ser amado desperta atividade neural similar à que surge quando vemos – e desejamos degustar – um alimento saboroso

Para estudar a questão e tentar responder a essa pergunta, ela decidiu unir-se à neurocientista Lucy Brown, da Escola de Medicina Albert Einstein, e ao psicólogo Arthur Aron, da Universidade Estadual de Nova York. O grupo recorreu à tomografia por ressonância magnética funcional, com a qual é possível acompanhar a atividade do cérebro. Enquanto estavam dentro do tomógrafo, os voluntários que consentiram em participar do estudo observavam, alternadamente, a foto da pessoa que amavam e a imagem de uma pessoa conhecida com quem tivessem um relacionamento afetivamente neutro. De vez em quando, eles tinham de resolver uma atividade como distração, para que sensações e sentimentos pudessem se atenuar. “Nessas diferentes situações comparamos a atividade cerebral e percebemos que as duas regiões cerebrais estavam especialmente envolvidas durante a observação do amado: partes do núcleo caudado e da área tegmentar ventral (ATV) direita no mesencéfalo.

Ironias Da Natureza
É interessante notar que em ambas as regiões há células neurais que se comunicam através da substância mensageira, a dopamina, e reagem de forma sensível àquilo que causa bem-estar – como alimentos saborosos, por exemplo – ou mesmo à possibilidade de experimentá-los. O fato de a paixão estar relacionada a esse “sistema de recompensa”, indica que o que estamos habituados a chamar de “sentimento” talvez seja, na verdade, um “estado de motivação” para a busca de algo – comparável à fome, que nos leva a buscar e consumir alimentos. Se pensarmos assim, o cenário fica menos romântico. Afinal, talvez não nos apaixonemos (como muitas vezes gostamos de pensar) em razão de uma trama bem engendrada do destino ou dos belos olhos do outro, de seu charme e de sua sensualidade. Sob essa óptica o encantamento se vale, antes, de mecanismos neurológicos cuja função é aplacar uma necessidade biológica. E garantir a sobrevivência da melhor forma possível.

Há alguns anos, a equipe de Fisher estudou a atividade cerebral de -pessoas apaixonadas, porém infelizes, que estavam sofrendo profundamente pelo fim de um relacionamento amoroso. Embora os pesquisadores reconheçam não saber com precisão o que se passa no cérebro das pessoas nessas situações, admitem que, aparentemente, a elevada atividade na ATV e em regiões do núcleo caudado ligadas a ela, ativas quando o relacionamento parecia ir bem, ainda se mantém. Será então que continuamos amando, apesar de termos sido abandonados?

Quando pessoas apaixonadas olham para seus parceiros, tornam-se ativas as partes do sistema de recompensa do cérebro, as quais também geram o desejo.Infelizmente, isso não se altera logo que a pessoa amada nos abandona

Psiquiatras dividem o processo de separação em duas fases: primeiro vem o protesto; depois, o desespero. Durante a fase de protesto, em geral a pessoa abandonada tenta obstinadamente recuperar o objeto de seu amor. Tenta entender o que deu errado e como poderia reacender o interesse do outro. Algumas chegam a fazer cenas dramáticas diante do ex-parceiro; outras choram sozinhas, saudosas e, por algum tempo, não vêem nada no mundo que lhes atraia a atenção. Qualquer que seja a reação, porém, em vez de desaparecer, a paixão parecer crescer. Na base dessa reação estão processos neurais.

Segundo os psiquiatras Thomas Lewis, Fari Amini e Richard Lannon, da Universidade da Califórnia em São Francisco, a reação de protesto está atrelada à dopamina e à noradrenalina. Em experiências com animais, elevadas concentrações desse neurotransmissor são associadas não apenas ao aumento da vigilância, mas também fazem com que o indivíduo solitário identifique a falta e busque o que necessita.

O fato de a concentração da dopamina aumentar justamente logo após o abandono poderia esclarecer por que o interesse pela pessoa perdida fica mais intenso nessa fase. Além disso, o neurocientista Wolfram Schultz, da Universidade Suíça de Fribourg, descobriu há alguns anos o que acontece no cérebro dos macacos quando uma guloseima que lhes havia sigo apresentada “desaparece” repentinamente: neurônios do sistema de recompensa passam a trabalhar por um período especialmente longo, como que para suprir (ou tentar entender) a perda.

Mas que ironia da natureza! Mal se deixa de ter acesso ao objeto do amor, intensifica-se justamente a atividade daqueles circuitos cerebrais que provocam o desejo mais pronunciado. Mas não é só o mecanismo de recompensa que fica severamente esgotado na primeira fase de privação amorosa. Além do desejo intensificado, surge o medo, como se os indivíduos estivessem mais expostos e vulneráveis. Segundo o neurocientista Jaak Panksepp, da Universidade Estadual Bowling Green, em Ohio, nos mamíferos há uma reação neuronal de pânico em cadeia quando a mãe se ausenta. Segundo o pesquisador, nessas situações os filhotes se tornam imediatamente inquietos, choram e apresentam palpitações.

Nos humanos, resquícios mentais dessa experiência podem ressurgir quando ocorre uma nova separação, ativando tanto mecanismos psíquicos quanto cerebrais.

Quase sempre o parceiro que não queria a separação é tomado, em alguns momentos, pela fúria – mesmo que a relação tenha terminado de forma transparente e sincera. O psicólogo Reid Meloy, da Universidade da Califórnia, em San Diego, denomina essa reação abandonment rage (raiva do abandono). O fenômeno também parece outro estranho capricho do processo evolutivo, se considerarmos que a ira ou o ódio dificilmente farão o desertor voltar.

E como o amor pode se transformar tão repentinamente em ódio? Se examinarmos bem, os dois sentimentos não são antagônicos – o oposto do amor seria o desinteresse. Aparentemente, a raiva do abandono não exclui o amor. O seguinte experimento demonstra que amor e ódio estão muito próximos um do outro: se estimularmos eletricamente o circuito de recompensa no cérebro de um gato, ele expressa forte sentimento de bem-estar. Porém, assim que interrompemos a estimulação, o animal arranha e morde. Esse tipo de reação a expectativas não correspondidas é conhecido como “resposta de frustração-agressão”.

De alguma forma, parece que nossos antepassados desenvolveram esse infeliz curto-circuito neuronal entre amor e ódio – talvez com o objetivo bem prático de solucionar problemas de procriação. Provavelmente, todas as etapas vividas convergem justamente para esse mecanismo – que nos possibilita de fato encerrar um relacionamento amoroso fracassado para que possamos ousar um novo começo. Além disso, é a raiva do ex que faz com que os pais, no caso de uma separação, lutem tão intensamente pelo (que acreditam ser o) bem-estar de sua prole. Quantas vezes, homens e mulheres anteriormente equilibrados se transformam repentinamente durante uma separação, tentando conseguir o que acreditam ser “o melhor” para seus filhos, da pior maneira possível. Nos Estados Unidos há juízes que mandam instalar um botão de emergência em sua mesa, caso os brigões que estão se divorciando resolvam se agredir fisicamente durante a audiência.

Mas, em algum momento, as pessoas desistem. E aí inicia-se a segunda fase da separação: é o momento de lidar com a perda e resignar-se. Nessa fase, os mais propensos ao uso de álcool podem recorrer à substância; outros se isolam ou passam a maior parte do tempo apáticos. “Em 1991, um grupo de sociólogos da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, entrevistou 114 homens e mulheres que tinham sido deixados por seus amados nas oito semanas anteriores. Mais de 40% sofria de depressão. Dos que receberam esse diagnóstico, 12% classificaram a patologia como mediana ou intensa”, observa Helen Fisher.

A fase de resignação também se reflete na rede de recompensa neuronal. Filhotes abandonados por suas mães, que inicialmente protestaram e entraram em pânico, mais tarde experimentam um estado de resignação, uma espécie de letargia, em “resposta de desespero”. Quando esses animais compreendem que suas esperanças não serão mais realizadas, as células produtoras de dopamina no mesencéfalo reduzem sua atividade. A falta desse neurotransmissor, por sua vez, leva ao desânimo e, nos casos mais graves, à depressão.

Num primeiro momento, assim como o “amor-ódio”, o desespero também parece contraproducente. Para que perder tempo com aflições? Alguns especialistas, porém, acreditam que a depressão se desenvolveu como mecanismo de superação. Existem toneladas de teorias sobre esse tema. Uma hipótese extremamente interessante é defendida pelo antropólogo Edward Hagen, da Universidade Humboldt de Berlim, e pelos biólogos Paul Watson e Paul Andrews, da Universidade do Novo México, assim como pelo psiquiatra Andy Thomson, da Universidade da Virginia. Segundo eles, o alto ônus psíquico, físico e social causado pela depressão tem sua utilidade: seus sintomas funcionam como claro sinal de que a pessoa afetada precisa urgentemente de apoio daqueles que a rodeiam.

Imaginem uma moça do período paleolítico cujo companheiro se junte abertamente a outra mulher. No início, ela protesta furiosa tentando forçar seu parceiro a abandonar o affair. Ela pede ajuda a amigos e aos companheiros do clã, mas suas súplicas não são atendidas. Por fim, ela entra em profunda depressão. Isso faz com que a família finalmente expulse o homem infiel. Eles apóiam a jovem abandonada até que ela reúna forças suficientes para procurar um novo companheiro e conseguir novamente colaborar com a alimentação e os cuidados das crianças.

A depressão, porém, oferece mais uma vantagem evolucionária: nos obriga a encarar os fatos como são. Pessoas depressivas vivem aquilo que o psicólogo Jeffrey Zeig, da Fundação Milton H. Erickson, em Phoenix, Arizona, chama de “falha da negação”. Somente a depressão leva uma pessoa a aceitar finalmente o apoio oferecido ou a tomar uma decisão que, em última instância, pode acabar tendo efeito positivo sobre suas chances de sobrevivência e procriação.

A natureza humana tem bons motivos para ser moldada de forma que soframos massivamente pela privação repentina do amor – no início, para que possamos protestar e tentar recuperar o objeto de nosso afeto e, por fim, quando nada disso funciona, para que deixemos de lado esse objeto e possamos recomeçar.

A Casa Encantada & À Frente, O Verso.

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