• Sou exatamente o menino que aos nove anos foi declamar um verso de Antero de Quental e se perdeu.
• Tenho para mim que sei, como todos os brasileiros, os três primeiros minutos de qualquer assunto.
• O único erro humano que merece a pena de morte é o de revisão.•
• Abraço e punhalada a gente só dá em quem está perto.
• A tocaia é a grande contribuição de Minas à cultura universal.
• O mineiro só é solidário no câncer.
• Minas está onde sempre esteve. (Ao definir a posição do governador Magalhães Pinto, em 1961, na crise da renúncia de Jânio).
• Para mim, domingo sem missa não é domingo.
• O homem é um animal gratuito.
• Não quero tripudiar sobre ninguém. Junto a isto um insanável sentimento de simpatia, que me domina, por todos os decaídos.
• Quem me garante que Jesus Cristo não estaria hoje na estatística da mortalidade infantil?
• Escrevemos, escrevemos, escrevemos. Clamamos no deserto. O clube do poder tem as portas lacradas e calafetadas.
• Todo mundo que cruzou comigo, sem precisar parar, está incorporado ao meu destino.
• Política é a arte de enfiar a mão na merda. Os delicados (vide Milton Campos) pedem desculpas, têm dor de cabeça e se retiram.
• Intelectual na política é quase sempre errado. É sempre errado. A práxis não deixa espaço para pensar; pensar é muito sutil, enrascado, complexo, multiplica as alternativas.
• Sou jornalista, especialista em idéias gerais. Sei alguns minutos de muitos assuntos. E não sei nada.
• Aproximei-me do espetáculo político pelo que há nele de fascínio humano. A política talvez seja uma forma de tentar driblar a morte.
• A ação política é cruel, baseia-se numa competição animal, é preciso derrotar, esmagar, matar, aniquilar o inimigo.
• Ultimamente, passaram-se muitos anos.
• Devo ter sido o único mineiro que deixou de ser diretor de banco.
• Sou um sobrevivente sob os escombros de valores mortos.
• Devemos a Graham Bell o fato de estarmos em qualquer lugar do mundo e alguém poder nos chatear pelo telefone.
• Texto de jornal é estação de trem depois que o trem passou. Deixou de ter interesse.
• É a morte que nos leva a desejar a imortalidade impossível. (Ao aceitar concorrer a uma vaga na ABL).
• Patrão de esquerda só é bom até o dia do pagamento.
• Hoje eu reúno duas condições que em princípio se excluem: sou careca e grisalho. (Ao fazer 60 anos).
• Consegui ser avô de minha filha e pai de minha neta, eliminando a intermediação antipática do genro. (Por ocasião do nascimento da filha temporã, Heleninha).
• Leio muito à noite. Só não sou inteiramente uma besta porque sofro de insônia.
• Sou autor de muitos originais e de nenhuma originalidade.
• Não sou alegre. Sou triste e sofro muito. Dentro de mim há um porão cheio de ratos, baratas, aranhas, morcegos, escuro, melancolia, solidão.
• O humor é a grande expressão, o melhor canal para dar notícia da vida, da nossa tragédia interior e exterior.
• O mineiro seria um cara que não dá passo em falso, é cauteloso. Em Minas Gerais não se diz cautela, se diz pré-cautela...
• Eu escrevo todo dia, por compulsão. Mas agora, aos 70 anos, uma das perguntas que mais me intrigam é o que eu vou ser quando crescer.
• Há em mim um velho que não sou eu.
• A morte é, de tudo na vida, a única coisa absolutamente insubornável.