Calma
no Brasil. Só porque o Uruguai acaba de legalizar a produção, o
consumo e a distribuição de maconha, ainda não é o caso de os
adeptos brasileiros se mandarem em massa para Montevidéu. Ao entrar
em vigência, a lei incluirá toda uma liturgia jurídica. Entre
outras normas, o consumo pessoal será limitado a 40 gramas por mês
e somente para uruguaios ou residentes maiores de 18 anos. Os quais
terão de adquiri-la em farmácias autorizadas --será que exigirão
receita?--, e não no seu velho e confiável fornecedor.
As
pessoas poderão plantá-la, mas só serão permitidos seis pés por
cidadão. Ou se associar a "clubes de cultivo", em grupos
de 15 a 40 membros por clube. Todas as etapas serão reguladas pelo
Estado e significarão um cadastramento monstro de produtores,
usuários e locais para se consumir a erva. Por sorte, os uruguaios,
em sua maioria, se conhecem uns aos outros, de vista ou pelo nome.
Quarenta
gramas, dizem minhas fontes, rendem cerca de 50 baseados. Serão
suficientes para um mês? Há quem fume isso por semana. Imagino que,
na falta e na fissura, o cidadão baterá à porta da vizinha e
pedirá alguns miligramas emprestado, como os caretas pedem uma
xícara de açúcar. Falando em caretas, a ideia de se associar a
clubes não terá um quê de Rotary ou Lions, incompatível com o
mito da liberdade e da rebeldia associado ao fumo?
E,
por falar em fumo, logo agora que se descobriu que o cigarro é um
veneno e ficou proibido fumar em quase toda parte, vai-se poder fumar
maconha em qualquer recinto? E o fumacê sobre os fumantes passivos?
Por
fim, sabendo-se que, a depender da potência, a maconha provoca
alteração de consciência e uma certa dificuldade motora, será
permitido dirigir sob o seu efeito? Haverá algum controle tipo Lei
Seca? Ou o Estado se responsabilizará também pelos acidentes?