A Yoga já está mais do que banalizada no ocidente mas, como todas as artes orientais antigas, quando chegou por aqui, já veio adaptada, empacotada e colocada à venda como apenas mais um programa de exercícios para melhorar a saúde ou como um culto, destinado a atrair "devotos" e, obviamente, "lucro".
A Yoga foi tão reduzida a clichês que tornou-se necessário redefinir, ou melhor, corrigir as distorções iniciais cometidas, para que o seu verdadeiro significado e propósito seja, verdadeiramente, compreendido.
A palavra sânscrito Yoga se traduz como "juntando"ou "unindo", e tradicionalmente é considerada como união com a sua natureza mais profunda (ou como a psicologia junguiana define o "inconsciente").
Fruto de uma tradição milenar, essas práticas foram codificadas pela primeira vez por um estudioso indiano chamado Patanjali, no "Yoga Sutras", escrito por volta do século II AC. No Yoga Sutra, que é o texto fundamental sobre a Yoga, Patanjali sugere que a asana (postura) seja apenas "sentar-se em uma posição que seja firme, mas relaxado" por longos períodos, ou atemporais (como na postura da meditação). Esta é a única descrição de postura (asana) contida no texto.
Os primeiros iogues indianos que foram ensinar no Ocidente já eram pessoas muito ocidentalizadas, como Swami Vivekananda. Além disso, tiveram que apresentá-la em uma forma adaptada para que fosse mais facilmente compreendida pela platéia. Por isso, seus seguidores rapidamente generalizaram o termo "Yoga" como sendo a Hatha Yoga e suas asanas (posturas).
Passou, então, a ser vista como uma forma de exercício, e passou a ser praticada somente no sentido físico. As informações pertinentes aos outros estágios e níveis mentais, ou não-físicos, que podem ser alcançados não foram ensinadas aos praticantes, que assim, não tiveram nenhum acesso à uma parte fundamental da prática.
Yoga é um sistema completo do qual o Hatha Yoga é uma pequena parte, embora importante, não é todo o propósito da Yoga.
Qualquer um pode aprender exercícios físicos mas, quando se entrar no reino não-físico, a menos que façamos uma desconstrução, é simplesmente impossível, porque a mente ocidental até que aceita essa idéia de "experiência pura", mas logo a transforma em ideologia ou crença.
Nas tradições orientais a experiência pura nada tem a ver com ideologia ou crença.
Nós ocidentais, embora tenhamos consciência de que a camada mais profunda da psique existe, nunca nos entregamos totalmente a ela, porque isto seria se deixar levar pelo mundo da loucura. Nós, ocidentais, temos muita dificuldade em ultrapassar os limites da consciência. E, isto é o que separa estes dois reinos.
Um yogui do Himalaia tem uma abordagem diferente. Para ele, a Yoga faz parte de um mundo mitológico. Ele vive toda a sua vida como uma expressão espontânea da livre circulação entre o consciente e o inconsciente. Seu estado normal é a mágica. Então, quando algo de onírico acontece, que nós, os ocidentais chamaríamos de mágica, o yogui do Himalaia chama, simplesmente, de "normal". Eles vivem numa outra dimensão mental, que para nós, ocidentais, é impossível imaginar.
A verdadeira Yoga transforma a psique, a deixa elástica. Quando a mente se expande para além dos níveis do consciente e subconsciente e assume esse fluxo superconsciente, acontece o alvorecer do conhecimento intuitivo.
Independente de qualquer coisa, praticada em parte ou no seu todo, todos os métodos de Yoga nos preparam para, eventualmente, conseguirmos chegar a esse estado de profunda paz interior.
Rick Ricardo - O Monge Ocidental
Exclusivo para o CULT CARIOCA