Habitantes
da nossa própria flora intestinal
podem cair na corrente sanguínea
e influir no humor
Populações
de bactérias vivem naturalmente em nosso intestino – elas formam o
que conhecemos popularmente como flora intestinal. Ajudam a digerir
alimentos e a controlar, por competição, a proliferação de outros
micro-organismos que podem causar doenças. Elas ficam restritas ao
intestino graças a uma parede impermeável de células que impede
que escapem e caiam na corrente sanguínea.
Há
situações, porém, em que essa camada celular sofre desgaste (veja
quadro ao lado) e substâncias tóxicas e bactérias vazam para o
sangue. Estudos recentes apontam relações entre esse desequilíbrio
e alterações no humor. Em um deles, publicado no Acta Psychiatrica
Scandinavica, pesquisadores analisaram amostras de sangue de pessoas
com depressão e observaram que 35% delas apresentavam sinais de
bactérias da flora fora do intestino, o que os cientistas chamam de
leaky gut (intestino “mal vedado”).
Ainda
não está clara a relação entre a fuga desses micróbios de órgãos
do sistema digestivo e o surgimento de sintomas depressivos. Uma
hipótese é que o organismo detecta essas bactérias fora do local
onde deveriam estar e desencadeia respostas autoimunes e inflamações,
que “são reconhecidamente fatores que afetam o humor e a
disposição física e podem desencadear episódios de depressão,
conforme já demonstrado por estudos anteriores”, diz o psiquiatra
Michael Maes, autor do artigo.
Atualmente,
o tratamento para regenerar a parede de células que reveste o
intestino envolve, além de mudanças na dieta e busca por
hábitosmais saudáveis, administração de glutamina,
N-acetilcisteína e zinco – ao qual são atribuídas propriedades
anti-inflamatórias.
Causas
de intestino "mal vedado"
-Uso
frequente de analgésicos
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-Hipersensibilidade
ao glúten
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-Antibióticos
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-Alergias severas a determinados alimentos |
-Infeccções,
como HIV
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-Terapia
de radiação
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-Doenças autoimunes |
-Doenças
inflamatórias em geral
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-Abuso do álcool |
-Estresse
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-Doenças inflamatórias do intestino |
-Exaustão
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Alfred
Pasieka | Science Source