nos fazendo engolir sapos maiores que a boca.
Mas, por outro lado, foi o que nos manteve vivos até aqui...
Mas, por outro lado, foi o que nos manteve vivos até aqui...
Sem nos dar conta, lá está o medo tentando encaixar nossas atitudes em modelos que nem sabemos mais quais são. Tudo para termos a sensação de segurança.
Quanto mais previsível, quanto menos mudanças na rotina, mas seguro o ser humano se sente. É a chamada zona de conforto, que de conforto não tem nada. O nome certo seria zona de tédio.
Quanto mais previsível, quanto menos mudanças na rotina, mas seguro o ser humano se sente. É a chamada zona de conforto, que de conforto não tem nada. O nome certo seria zona de tédio.
Esse estado é uma consequência não desejada do medo que a simples ideia de mudança provoca. Mas as mudanças ocorrem o tempo todo, percebamos ou não. Não dependem da nossa vontade.
Esse é o cenário desse nosso conflitos interno, provocado pelo antagonismo entre o medo transcendental e a capacidade de raciocinar adquirida ao cabo de milhares de anos de evolução, que, por fim, nos permitiram controlar os perigos reais aos quais aquele medo servia como alerta fundamental para a sobrevivência.
Esse é o cenário desse nosso conflitos interno, provocado pelo antagonismo entre o medo transcendental e a capacidade de raciocinar adquirida ao cabo de milhares de anos de evolução, que, por fim, nos permitiram controlar os perigos reais aos quais aquele medo servia como alerta fundamental para a sobrevivência.
Mesmo com todo essa evolução, o medo da mudança continua a ser uma força muito poderosa no ser humano, só que, atualmente, é menos explícito e vive escondido nas pequenas coisas, sendo um dos responsáveis por diversos tipos de sofrimento em nossas vidas.
Platão tratou brilhante e definitivamente disso no "Mito da Caverna". Há milhares de anos. Não é nenhuma novidade, mas permanecemos os mesmos. Disfarçados...para nós mesmos.
Platão tratou brilhante e definitivamente disso no "Mito da Caverna". Há milhares de anos. Não é nenhuma novidade, mas permanecemos os mesmos. Disfarçados...para nós mesmos.
Ouvi de um amigo psicanalista algo que me ficou na cabeça e que os anos só reforçam a verdade que traduz:
- "O ser humano só se sente seguro vivendo uma rotina previsível, mesmo que isso signifique viver em péssimas condições, aparentemente insustentáveis se vistas de fora, mas que ele já conhece e está acostumado. É péssimo, mas é um péssimo que ele conhece. Essa força é tão poderosa que a simples idéia de romper com a situação e partir para algo novo causa pânico. Resumindo, a natureza do ser humano o impele a ficar no sofrimento conhecido, mas que ele sabe não o mata, a arriscar qualquer outra coisa que ele não conhece. A origem desse comportamento é aquele mesmo medo necessário e primitivo que o fez permanecer vivo para contar e fazer história há milhares de anos. O que diferencia cada indivíduo é o nível de coragem para enfrentar esse medo, que hoje já não é tão necessário quanto na época em que fugíamos de predadores nas florestas”.
Não raras vezes, nos deparamos com essa realidade em vários aspectos da vida. Nas relações familiares, profissionais, amorosas e fraternas.
Admiro muito as pessoas que conseguem se desvencilhar rápido de situações incomodas da vida.
É claro que tudo tem sua particularidade e nada pode ser posto numa mesma sacola. Mas, existe uma linha, que pode ser tênue, de onde, a partir dali qualquer um tem certeza do dano que aquela situação que está sendo vivida está trazendo a um ou a quantos mais estiverem envolvidos.
Seja em que âmbito for, chega um momento em que o desgaste da relação é tão forte e nítido que a mudança é absolutamente inevitável e urgente. E isso sempre gera insegurança, que é outro nome para o medo.
Nas relações entre casais isso é muito nítido. Do início da descida até se esborrachar no fim do relacionamento, a gente vem se ralando todo como numa ladeira abaixo. E, não raras vezes, essa ladeira dura anos. Imagine quanta ralação, quantos machucados daqueles bem ardidos poderiam ser evitados.
É bem doloroso. Quanto mais tempo dura a ladeira com mais machucados a gente chega no final. O que esquecemos é que podemos, a qualquer momento, interromper essa descida e evitar mais machucados.
Saber interromper antes que os machucados se aprofundem demais e deixem cicatrizes indeléveis é o que decide nossa possibilidade de ser feliz nos próximos. Ou seja, essa decisão é das mais sérias: a hora de parar. A hora de dar um fim a uma situação infeliz e não olhar mais para trás. A hora de decidir, de se cuidar, de se proteger.
Saber a hora de parar de viver uma situação de sofrimento é fundamental para não perder a crença em si mesmo.
É necessário acreditar que podemos cuidar de nós mesmos e que somos capazes produzir e lutar por nossa própria felicidade. É quando a autoestima racional deve atuar soberanamente.
É necessário acreditar que podemos cuidar de nós mesmos e que somos capazes produzir e lutar por nossa própria felicidade. É quando a autoestima racional deve atuar soberanamente.
É importante ser sincero ao responder nossas próprias perguntas. Precisamos saber, pelo menos, o que pensamos de verdade sobre nossos próprios assuntos. Precisamos estipular nossos limites.
A Tolerância é necessária, sem ela não se vive, não se aprende e nem se evolui. Mas, a partir de um limite, passa a ser submissão, conformismo e covardia.
Mudar dá medo. Principalmente quando a decisão da mudança envolve coisas básicas como mudar de casa, ficar sozinho, trocar um emprego mais ou menos, mas que paga as contas, por um projeto que se der certo vai te dar a vida que você deseja (e isso não está ligado a dinheiro necessariamente!). Mas, que também pode dar errado.
E daí? Tudo pode dar errado, principalmente o que, aparentemente, está dando certo. Já que o que está dando errado, se mudar, só pode mudar para dar certo. E isso nunca incomoda ninguém!
Se der errado é porque não mudou. Então, vai ter que continuar mudando até dar certo.
Ou seja, veja-se por que ângulo for, é preciso mudar sempre.
Até para que o que já está dando certo continue dando. Certo?*Essa crônica faz parte do livro A Casa Encanta - Contos do Leblon, Edmir Saint-Clair
à venda na AMAZON
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