Neste período que antecede o Dia dos Namorados, o território da mídia que nos sustenta é invadido por cascatas e cachoeira. De sugestões pra presente, programas, dicas de restaurantes. Não bastasse ser devidamente molestada pela publicidade, a legião dos sem par é denunciada na praça pública da grande festa. Se você não tem um parceiro pra dividir o jantar romântico, o motel – ou o cobertor, no sofá, diante da tevê – vai se sentir um alienígena.
Como humilhação pouca é bobagem alguns posts do contingente feminino anunciam nas redes sociais: “Alugo-me para o Dia dos Namorados, dou beijo na boca, tiro foto , falo que amo”.
Como humilhação pouca é bobagem alguns posts do contingente feminino anunciam nas redes sociais: “Alugo-me para o Dia dos Namorados, dou beijo na boca, tiro foto , falo que amo”.
Como bizarrice pouca também é bobagem, surge a réplica na advertência: “Pare de postar porque se nem de graça te querem, imagine pagando”.
Na brincadeira, há uma tentativa de pesquisar o ibope pessoal, um “vamove se cola”? Não se sabe, mas a glamourização da data vem ganhando terreno e instituindo uma nova ordem, quase decreto: não ter parceiro é politicamente incorreto. Nesse caso a oferta citada, poderia ser, sim, uma proposta coerente, uma solução genérica, à altura da imposição. Se o apelo por um namorado fictício denuncia a patologia do indivíduo, a extensão da massa rendida à manipulação dos formadores de opinião - impositores de estilos de vida - é um alerta de epidemia.
Salvam-se os alternativos que não entram no jogo da sedução publicitária, e que, embora sem uma cara metade pra completar a foto, não se recolhem aos guetos na suave noite dos bem-acompanhados. Ao contrário, se organizam em bandos e partem para beber e filosofar na mesa de algum restaurante ao lado de algum casalzinho. Eles exercitam a independência dos padrões e do reconhecimento alheio pra obter autoestima. Refletem, desenvolvem a humildade e buscam ser amigos de si próprios. Essa turma se prepara para o namoro, namorando-se primeiro.
Salvam-se os alternativos que não entram no jogo da sedução publicitária, e que, embora sem uma cara metade pra completar a foto, não se recolhem aos guetos na suave noite dos bem-acompanhados. Ao contrário, se organizam em bandos e partem para beber e filosofar na mesa de algum restaurante ao lado de algum casalzinho. Eles exercitam a independência dos padrões e do reconhecimento alheio pra obter autoestima. Refletem, desenvolvem a humildade e buscam ser amigos de si próprios. Essa turma se prepara para o namoro, namorando-se primeiro.