Se
um dia não existir mais mulheres que cobram por sexo,
a violência
no mundo será maior
A
repressão ao sexo mudou de lugar, agora ela está ali onde se situa
o discurso "por um mundo melhor". As antigas "freiras"
e senhoras protestantes de preto, que falavam de pecado e babavam de
ódio das mais gostosas, agora propõem a extinção do sexo pago em
nome da "justiça social". Ou seja, a puta, a garota de
programa, deve deixar de existir. Antes era o pecado, agora é a
"exploração do corpo".
O
conceito de pecado implica em desejo reprimido (o que dá tesão), o
de "exploração" não pressupõe o desejo, mas sim o
papo-furado do "capital malvado". Gente chata essa que fala
de "controle político do corpo".
Meu
Deus, quando é que nos tornamos tão incapazes de entender um mínimo
da natureza humana? Já sei: desde que criamos essa noção
autoritária de "lutar por um mundo melhor".
Se
um dia não existir mais mulheres que cobram por sexo (de modo direto
e sem rodeios), a violência no mundo será ainda maior. Sexo e amor
sempre custam dinheiro, além de outras coisas. Aliás, a garota de
programa é a mulher menos cara do mundo, custa só dinheiro.
Outras
relações custam vínculos, jantarzinhos, longas conversas, "DRs",
incertezas quanto à retribuição do investimento de desejo, tempo e
dinheiro. Entre essas meninas que trocam dinheiro por sexo, as
melhores são aquelas que o fazem porque gostam do que fazem. Aliás,
como em toda profissão.
Na
Antiguidade, em muitos lugares, essas mulheres generosas faziam parte
do processo de transformar um menino num homem. Mesmo em rotinas
religiosas e espirituais. Na Bíblia, o numero de personagens
prostitutas importantes é razoável. Dirão algumas pessoas mais
nervosas que isso é "machismo", mas elas não entendem
nada de sexo nem de mulher.
Nelson
Rodrigues falava de "uma vocação ancestral". Diria eu, um
arquétipo. O mundo fica mais pobre cada vez que esta vocação se
torna muda. Tranque-a num quarto e seu perfume atravessará as
paredes. Seu desejo escorrerá por debaixo da porta. Esconda-a sob
véus, ela ressurgirá nos olhos, nos lábios, nos fios de cabelo.
Seja nas roupas, na maquiagem, no modo de andar, de se sentar, de
cruzar as pernas, de pensar, de sonhar, as melhores mulheres exalam
cheiro de sexo como um dos modos de se relacionar com o mundo. Na
filosofia se chama isso de erotismo.
A
psicologia evolucionista considera a mulher que troca sexo por
dinheiro um salto adaptativo. Elas mantêm o poligenismo masculino
sob controle porque não exigem investimento afetivo em troca. Antes
uma delas do que uma colega de trabalho. Não se pode falar isso, mas
todo mundo sabe disso. Com a colega vem o risco da semelhança de
interesses, da convergência de gostos, e o pior, a possível
sensibilidade compartilhada.
Mas,
eis que o Monsieur Normal, leia-se, o chato do François Hollande,
presidente da França, resolveu multar quem for pego com uma dessas
mulheres generosas. Não vai adiantar, só vai aumentar a violência,
o crime, a distancia geográfica entre o homem e a mulher que querem
fazer sexo sem complicações.
Mas,
seguramente, vai aumentar a arrecadação do Estado, única coisa que
socialista entende de economia. No resto, são analfabetos que só
atrapalham o mundo. O que alimenta o socialismo como visão de mundo
é a inveja dos que não conseguem ganhar dinheiro contra os que
conseguem. De novo, o pecado (a inveja), ilumina melhor nossa
natureza do que o blá-blá-blá da política como redenção do
mundo.
Os
"corretos" falam em "profissional do sexo",
porque consideram a expressão puta ou garota de programa um
desrespeito com essas mulheres. Pura hipocrisia, como sempre, quando
se fala de pessoas que querem "um mundo melhor". Como dizia
o filósofo Emil Cioran, vizinhos que são indiferentes são melhores
do que vizinhos que têm uma "visão de mundo".
Mas,
graças a Deus (que nos entende melhor do que esses santinhos de pau
oco), essa lei não vai adiantar porque quanto mais se castiga a
nudez paga da mulher, mais deliciosa ela fica. Ao final, a mulher que
troca sexo por dinheiro, sempre é mais desejada quando encontrá-la
fica ainda mais caro.