Numa tarde daquelas mornas, sem sal nem açúcar, chegou o tweet solar, cheio de alegria e sorrisos, vindo da Isabelle Drumond, linda e talentosa atriz/boneca, que tive o prazer de entrevistar nos meus tempos de Vídeo Show. Apesar da admiração que tenho por ela e do nosso contato “projaquiano”, nunca troquei telefone com ela. Mesmo assim sua mensagem dizia: “Ei, linda! Me liga! Tô tentando seu rádio e não consigo! Bj!”.
E assim eu, que não tenho rádio, descobri que estava sendo vítima de uma twittada fake. A Isabelle Drumond em questão era falsa, falsinha da Silva. O mesmo aconteceu quando Mayana Neiva, atriz que só conheço da televisão, se meteu numa conversa entre mim, Ana Lima, Suzana Pires e Leo Jaime. Tentávamos, como bons cariocas, marcar o chope que nunca sai quando ela se meteu na conversa para teclar: “Tô dentro! Saudade de vocês!”. E eu comigo: “Saudade de mim?! A mulher nem me conhece!”. Fake. Fake, fake, fake.
Nunca entendi esses perfis falsos. Entendo os falsos que se dizem falsos. “Sou um admirador do fulano e por isso criei um perfil fake”. Ok. Ou melhor, mais ou menos ok. Mas quando uma pessoa se apodera da identidade de outra e conversa com seus amigos virtuais como se fosse a pessoa que ela finge ser (ui! Ficou confuso? É confuso, eu sei. Perdão, leitores não conectados), aí o buraco é bem mais embaixo, como diria minha avó.
Sempre indignada com a cara de pau dos fakes e a facilidade (e o prazer) que eles têm de enganar as pessoas de boa índole, segui meu caminho nas redes sociais quietinha, divulgando eventos, compartilhando fotos, vídeos, desabafando e dividindo, como pede a cartilha dessas redes. O problema é que aconteceu comigo. Uma pessoa que garantia ser eu criou uma página no Facebook onde conversava com fãs usando internetês (coisa que eu abomino) e (meu Deus!) combinava piqueniques (isso! Piqueniques!) com meus leitores (que, vale lembrar, têm entre 9 e 16 anos, em sua maioria). Pior! A Thalita falsa ainda acusava a verdadeira aqui: “Gente, ela é falsa, não acreditem nela! Se ela continuar eu vou sair daqui. Não consigo lidar com tanta mentira”. Como diria a minha Malu, fala sério!
Avisada por uma leitora atenta descobri o perfil, que já tinha mais de três mil amigos, e senti raiva e preocupação com os que acreditavam estar falando comigo — e ainda medo do perigo que eles poderiam estar correndo. Em meus pensamentos, imaginava o pior. Podia ser um pedófilo, um desocupado, um bandido, ou só uma pessoa com um sonho muito grande de se tornar escritor. Pelo sim, pelo não, resolvi me mexer. Acionei o Facebook, pedi a ajuda dos meus leitores (e fiéis escudeiros) e a página foi, depois de alguns dias, retirada do ar.
Todo esse episódio me deixou a pensar. Como era mesmo a relação entre leitores e escritores antes da internet? Ah, as pessoas escreviam cartas, as bisavós dos emails. Aliás, acredite, emails também já são considerados antigos. Como diz a filha de um amigo meu, “Você ainda manda email? Email é coisa de velho”.
E tem mais: quem mandava uma carta para um autor, ator, apresentador, cantor ou jogador de futebol não tinha sequer como confirmar se ela tinha chegado ou se o destinatário tinha lido, só restava torcer para que ele um dia respondesse.Hoje, todo mundo que me manda emails ou mensagens por redes sociais espera uma resposta — e ela tem que ser rápida, se não imediata. Recebo mais de 100 emails por dia e leio todos, mas se eu respondesse a cada um com a atenção que todo leitor merece não teria tempo para mais nada, muito menos para escrever livros. A maioria dos leitores entende isso, mas alguns ficam chateados e até mesmo agressivos. “Por que você não me responde? Você é simpática só nas entrevistas, na vida real é uma vaca!”. Sim, já li coisas do tipo. Daí pra baixo.
Resumindo, ser conectado hoje em dia é bom, mas é ruim. Ou é ruim, mas é bom.
Pode escolher.