Alice: - Quanto tempo dura o eterno?
Coelho: - Às vezes apenas um segundo.
(Lewis Carroll / Alice no País das Maravilhas)
Administrar o tempo é o grande paradoxo da nossa “modernidade líquida”, onde tudo é fluido e a vida parece escorrer pelos nossos dedos distraídos.
Neste cenário levariam vantagem as mulheres, que costumam ser chamadas de “mulheres-polvo”, capazes de realizar várias tarefas de uma só vez. Mentira. Ou melhor, talvez uma meia-verdade. Tenho que admitir que somos mesmo capazes de fazer muitas coisas ao mesmo tempo. Mas o fato é que sofremos um bocado no processo.
Fazemos coisas pela metade, às vezes mal-feitas, perdemos o foco do que realmente é importante e essencial, ficamos na superfície de muitas coisas, transformamos nossa rotina num verdadeiro caos – e consequentemente, nos tornamos caóticas nos nossos desejos, relacionamentos, no trabalho.
Fazemos uma coisa já pensando na que vem a seguir ou na que ainda não deu tempo de fazer. Meditação? Quem tem “tempo” para isso?
Neste cenário levariam vantagem as mulheres, que costumam ser chamadas de “mulheres-polvo”, capazes de realizar várias tarefas de uma só vez. Mentira. Ou melhor, talvez uma meia-verdade. Tenho que admitir que somos mesmo capazes de fazer muitas coisas ao mesmo tempo. Mas o fato é que sofremos um bocado no processo.
Fazemos coisas pela metade, às vezes mal-feitas, perdemos o foco do que realmente é importante e essencial, ficamos na superfície de muitas coisas, transformamos nossa rotina num verdadeiro caos – e consequentemente, nos tornamos caóticas nos nossos desejos, relacionamentos, no trabalho.
Fazemos uma coisa já pensando na que vem a seguir ou na que ainda não deu tempo de fazer. Meditação? Quem tem “tempo” para isso?
Abracei a missão de fazer uma agenda semanal para mim mesma, como um exercício organizacional. A sugestão foi de uma amiga, com quem tive um longo papo sobre organização e prioridades. Achei graça na missão aparentemente simples: agenda semanal é algo que costumo fazer para a minha filha.
Fazer isso pra mim – e por mim – não pareceu tão difícil, mas o fato é que já parto para a missão meio derrotada, achando que não vou conseguir cumprir tudo o que estará escrito. Chega a dar um certo friozinho na barriga a ideia de ter uma ROTINA. O que parecia simples torna-se, de repente, o maior desafio da minha vida.
Fazer isso pra mim – e por mim – não pareceu tão difícil, mas o fato é que já parto para a missão meio derrotada, achando que não vou conseguir cumprir tudo o que estará escrito. Chega a dar um certo friozinho na barriga a ideia de ter uma ROTINA. O que parecia simples torna-se, de repente, o maior desafio da minha vida.
Rascunhei algo que virá a ser o meu Planejamento de tempo semanal e fico animada com a ideia me tornar uma pessoa disciplinada e organizada.
Volta e meia me pego pensando no que vou escrever e, claro, incorporar à minha “rotina” diária.
Não posso correr o risco de pôr ali algo que não possa cumprir. Será que não deveria também definir o cardápio da semana? Lembrar de comer certos alimentos, tomar algumas vitaminas essenciais, minha geléia real pela manhã, o óleo de coco, o suco verde, em horários definidos e eternizados numa agenda de compromissos com a minha longevidade?
Volta e meia me pego pensando no que vou escrever e, claro, incorporar à minha “rotina” diária.
Não posso correr o risco de pôr ali algo que não possa cumprir. Será que não deveria também definir o cardápio da semana? Lembrar de comer certos alimentos, tomar algumas vitaminas essenciais, minha geléia real pela manhã, o óleo de coco, o suco verde, em horários definidos e eternizados numa agenda de compromissos com a minha longevidade?
O resultado disso tudo é que me sinto realmente disposta a fazer o exercício de eleger o que é essencial e principalmente o que me é possível realizar com qualidade. Tomo a liberdade de alterar uma frase de Bismarck e afirmo, categoricamente, que a vida é a arte do possível.
Reconhecer isso já ajuda as “mulheres-polvo” – como eu, claro – a perceberem que não se pode, mesmo, desejar realizar tantas coisas sem de fato ter os muitos braços do tal do polvo.
E humana que sou, mesmo diante do reconhecimento da inalcançável onipotência, sei que vez por outra terei, claro, recaídas. Como a que me fez, certa noite, ler Dostoievski para a minha filha de nove anos, pois precisava concluir a leitura de um livro para a minha pós-graduação, e desejava, também, botá-la para dormir. Resumo da ópera: ela adormeceu profundamente ouvindo frases como “um rancor terrível contra ela ferveu de chofre em meu coração; era capaz de matá-la ali mesmo, parecia-me.
Para me vingar dela, jurei mentalmente não lhe dizer mais nenhuma palavra enquanto estivesse ali.”
Para me vingar dela, jurei mentalmente não lhe dizer mais nenhuma palavra enquanto estivesse ali.”
Não foi O Pequeno Nicolau, conforme combinado, mas isso pouco importou: minha presença a acalentou e a mulher-polvo foi dormir feliz, com a sensação de dever cumprido e a certeza de uma atuação brilhante. De vez em quando, a gente consegue.