Equipe com cerca de 200
cientistas de todo o mundo descobriu 30 novas mutações genéticas relacionadas
com a depressão.
Acabam de ser apresentadas
as conclusões daquele que é considerado um dos maiores estudos sobre a
influência da genética na depressão. Num artigo científico publicado na revista
Nature Genetics esta quinta-feira, uma equipa de cientistas revela que 44 zonas
do nosso genoma podem estar associadas à depressão, 30 das quais agora
descobertas. Estes resultados podem ser usados para, no futuro, melhorar ou
descobrir novos tratamentos para esta doença tão incapacitante.
Estudos anteriores já
tinham descoberto 14 variantes genéticas associadas à depressão. E
investigações em gêmeos também mostraram que 40% da variabilidade no risco de
depressão também pode resultar da genética.
Mas os cientistas queriam
ir mais além. Por isso, cerca de 200 investigadores de todo o mundo reuniram-se
no Consórcio de Genômica Psiquiátrica para concretizar esse objetivo, num
estudo liderado por Patrick Sullivan (do Instituto Karolinska, na Suécia) e
Naomi Wray (da Universidade de Queensland, na Austrália). Usando sete bases de
dados diferentes, a equipa analisou dados de cerca de 135 mil pessoas com
depressão e mais de 344 mil de pessoas sem a doença.
Percebeu-se então que há
no genoma humano 44 variantes genéticas que estão significativamente associadas
à depressão. No mesmo estudo também se confirmou que o giro do cíngulo anterior
e o córtex pré-frontal são as regiões do cérebro mais envolvidas no
desenvolvimento desta doença.
Concluiu ainda que a
depressão partilha zonas do genoma que também estão associadas à esquizofrenia
ou à doença bipolar. E ainda se sugere que quem tem um índice de massa corporal
mais elevado e um menor nível de educação possa estar mais sujeito à depressão.
“Esta meta-análise da associação de todo o
genoma está entre as maiores já conduzidas na genética psiquiátrica e fornece
um conjunto de resultados que ajuda a redefinir a base fundamental da
depressão”, consideram os autores no artigo científico. “O estudo ajuda a
esclarecer a base genética da depressão, mas é apenas um primeiro passo”, avisa
por sua vez Cathryn Lewis, do King’s College de Londres, em comunicado.
A depressão afeta cerca de
14% da população mundial em algum momento da sua vida e apenas metade dos
doentes responde positivamente aos tratamentos existentes. Esta doença é ainda
uma das maiores causas de incapacidade a longo prazo.
Poderá esta investigação
ajudar a resolver esse problema? “Este estudo é decisivo. Compreender a base
genética da depressão pode ser realmente difícil. Um grande número de
investigadores em todo o mundo colaborou para fazer este artigo científico, e
agora temos um olhar mais aprofundado do que tínhamos antes sobre a base desta
doença humana terrível e prejudicial”, explica Patrick Sullivan, num comunicado
da Universidade de Carolina do Norte, nos Estados Unidos.
“Com mais trabalho,
deveremos ser capazes de desenvolver ferramentas importantes para tratamento e
até prevenção da depressão.”
Fonte: www.publico.pt
_____________________________