Muitos dos jogos psicológicos que usamos nos nossos
relacionamentos são o resultado do nosso roteiro de vida. Um padrão emocional e
comportamental que elaboramos na infância sob a influência dos nossos pais e
que nos acompanha por muitos anos.
O roteiro da vida e os jogos psicológicos no casal são
fenômenos sobrepostos. São esses jogos psicológicos que determinam como
gastamos o nosso tempo nos relacionamentos e acabamos moldando o roteiro do
casal.
O roteiro de vida
O roteiro de vida (script) é um termo criado pelo psiquiatra
Eric Berne, fundador da Escola Transacional, e se refere ao papel que
desempenhamos no nosso relacionamento com os outros, como se estivéssemos
atuando em uma peça de teatro. É um papel que desenvolvemos porque nos foi dado
e acaba se tornando uma máscara da qual não somos conscientes. Além disso,
muitas vezes reforçamos este roteiro de vida através da experiência.
Ele age como uma marca que nos colocaram em uma idade
precoce e que direcionará a nossa vida, a menos que nos tornemos conscientes
disso e trabalhemos para modificá-lo.
“As pessoas nascem príncipes e princesas,
até que os seus pais as transformam em sapos”.
-Eric Berne-
O roteiro de vida é
estabelecido com base em dois elementos:
- · Os mandatos ou “maldições”. As proibições ou inibições impostas à criança. Eles fazem referência à negação de uma determinada atividade e são projeções dos medos e desejos dos pais.
- · As atribuições: são os “rótulos” que todos nós carregamos e que nos foram impostos quando éramos crianças. Eles também são o resultado das projeções das nossas figuras de referência e nos moldam desde muito cedo. Limitam a criança a ser ou fazer de uma certa maneira: “você é como seu pai” ou “você é bobo, desajeitado…”, “não se pode confiar em você”.
Roteiros de casal: os
jogos psicológicos
Na idade adulta, e quando nos relacionamos com os outros, o
roteiro de vida de casal se define pelos jogos psicológicos que o casal usa
para envolver o outro com base no roteiro de vida de cada um.
Os jogos psicológicos determinam o modo de viver o
relacionamento. Eles preenchem a vida do casal porque é com esses jogos que
ambos ocupam o tempo que passam juntos. São uma forma de troca muito
destrutiva. Nestes jogos psicológicos são dados scripts de submissão, dominação
e isolamento.
Roteiro de submissão
Um membro do casal exerce o papel de vítima e exige a
proteção do outro. Se ele não percebe ou não recebe do outro a proteção e a atenção
de que necessita, ou seja, se a manipulação não funciona, surgem os ataques de
raiva e começa o roteiro de perseguição e culpabilização do parceiro.
Essa variante do roteiro de submissão pode durar pouco
tempo, porque coloca em risco o relacionamento do casal. O roteiro de vítima é
reassumido rapidamente e o ciclo continua, em uma escalada crescente, dando
lugar a uma agressividade cada vez maior.
Roteiro de dominância
Nos casais que utilizam o seu tempo em jogos psicológicos de
dominação, um dos dois exerce o papel de dominador ou perseguidor. É um roteiro
baseado no exercício do poder e competência com o outro. A pessoa faz isso com
o propósito de impor os seus valores, seus critérios e suas opiniões. Este
membro do casal precisa provar que é ele quem manda, e não o outro.
Nos momentos do jogo em que o dominador perde, a insegurança
aparece rapidamente. Ele se tornará hostil até o ponto de “guardar” a perda
para uma revanche subsequente. É um jogo psicológico que acaba esgotando o
relacionamento.
Roteiro de isolamento
Esses casais desenvolvem o jogo psicológico de permanecerem
distantes de compromissos emocionais. Eles controlam a indiferença e a frieza
até que um deles precise se aproximar, o que geralmente ocorre em encontros
sexuais apaixonados, e volte a ficar distante novamente com qualquer desculpa,
seja uma briga ou um trabalho. É um relacionamento de ‘vai e vem’.
Por fim, observe que mudar esses roteiros de vida e acabar
com os jogos psicológicos no casal é um processo que passa pelo reconhecimento
dos mesmos e pelo desejo de querer mudá-los. Caso contrário, esses jogos
psicológicos levarão à separação do casal.
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