- Quem comeu o meu bombom?
E você com aquela cara-de-não-sei-de-nada, finge que não olha prá filha, que anda pela casa atrás do possível ladrão.
- Olha lá, ein? Sumiram com o meu bombom...
Que coisa, né? Isso não se faz. Mas o certo é que não fazem mais dietas como antigamente. O camarada oferecia um chopp e era quase banido da sua lista social.
- Nem pensar! Tô de dieta. Me admira você, Waldemar, com toda essa barriga.
E o sujeito, muito sem graça, ainda esboçava um sorriso de desculpas.
Em casa então, o maior apoio. Nada de sobremesas fartas e docinhos prá beliscar. Durante o jogo do Brasil, no máximo umas bolachinhas de água e sal. E olhe lá.
Hoje em dia, a esposa aparece sala a dentro, trazendo uma travessa de fritura e você emite um sonoro Eca!!
- Mas é peixe, benhê! Agulhinha...
- Não senhora, nada disso! Mas que sufôco fazer dieta! Talvez unzinho só não faça mal...
E lá vai você outra vez, caindo em tentação.
As coisas seriam bem mais fáceis - e menos calóricas - se a comida não fosse o principal agente do aumento de peso. E o que dizer das bebidas? Ah, as bebidas! Doses de whisky, cálices de licor, vinhos, coquetéis, drinks diversos e a perigosa, porém popularíssima... cerveja!
"Não!" - dirá você, indignado - "Não posso me acovardar agora!" e, destemido combatente, empunhará as armas da determinação, prometendo a si mesmo ser mais disciplinado daqui para frente. Nada de feijoadas aos sábados ou churrascos domingueiros... nada de pão, nada de batata, nada de temperos, nada de nada. Ou quase.
Pensando bem, até que você não está tão mal assim; além de uns quilinhos a mais, que outro detalhe desabona tanto a sua simpática silhueta? Aliás, quem foi o engraçadinho que inventou essa "neura" a respeito dos contornos pessoais? E o que é que esse fulano que, diga-se de passagem, você nem conhece, tem a ver com a sua vida?
"Nada! Isso mesmo!" - dirá você - "Nada!" Mas pelo sim, pelo não, levará um ou dois saquinhos de suíta da próxima vez...
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Kátya Chamma, “Dança de Espelhos - Zarabatana e outros poemas”.