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A FAMOSA SAMANTA - Luis Fernando Verissimo

Quer dizer que eu finalmente vou conhecer a famosa Samanta... ― disse Gustavo.
― Você vai amar a Samanta, Gu! ― disse Suzaninha.
Suzaninha não parara de sorrir desde que recebera o telefonema da irmã dizendo que chegaria no dia seguinte e ficaria com eles. Samanta não era apenas sua irmã mais velha. Era o seu ídolo. Gustavo já cansara de ouvir as histórias da Samanta que Suzaninha contava com os olhos brilhando. Samanta fumando na mesa para desafiar o pai, e apagando o cigarro no pudim para escandalizar a mãe. Samanta namorando três ao mesmo tempo e tratando os namorados como empregados ("Homem só serve para carregar peso" era uma das suas frases). Samanta não apenas aderindo a todas as causas nobres como assumindo a liderança do movimento. Samanta mandando em todos à sua volta, e sempre conseguindo o que queria. Samanta brilhante. Samanta fantástica. Samanta irresistível.Gustavo não estava em casa quando Samanta chegou. Suzaninha abraçou a irmã, emocionada, mas Samanta a afastou, examinou seu rosto e sua roupa e decretou:
― Você está péssima.
― Você está linda!
― Esse seu marido não cuida de você, não? 
― Cuida. Ele é formidável. Você vai ver.
E depois:
― Você vai amar o Gustavo, Sam!
Samanta dormiria numa cama de armar na salinha do computador do Gustavo, que desocupara uma das suas estantes para a cunhada pôr suas coisas. Depois de examinar todo o apartamento com uma leve expressão de nojo ("Pequeno, não é?"), Samanta se atirara numa poltrona, aceitara uma bebida ("Coca daiti com uma rodela de limão e pouco gelo") e passara a fazer um relatório de casa, onde, para resumir, continuava tudo a mesma merda, inclusive o pai e a mãe. A novidade era ela. 
Samanta tinha um plano.  
― Suzeca, decidi ter um filho.― O quê?!
― Um filho. Você sabe, aquelas coisas que saem de dentro da gente e fazem barulho.
― Mas assim, sem mais nem menos? Suzana queria dizer "sem casamento nem marido?" 
― Sem mais nem menos, não. Será uma coisa muito bem planejada. Para começar, preciso encontrar o homem ideal. É para isso que estou aqui.
― Não era você que dizia que homem só serve para carregar peso? 
― E segurar a porta. Era. Mas reavaliei meus conceitos. Também servem como reprodutores, até que inventem coisa melhor. Segundo Samanta, só os mortos nunca mudavam de filosofia. Samanta pôs-se a descrever o homem que procurava. O físico. O temperamento. O jeito de ser. O posicionamento político ("De esquerda, mas não muito"). E quanto mais Samanta falava, mais Suzaninha tentava controlar o pensamento que a assolava, o vazio no seu estômago que aumentava, a certeza que crescia. Mas não havia como evitar a conclusão aterradora: Samanta procurava um homem como Gustavo. E Samanta sempre conseguia o que queria. Quando finalmente Samanta disse "Mas chega de falar de mim, me conte sobre você, Suzeca. Você sente muito a minha falta?" 
Suzana tinha decidido o que fazer. E quando Samanta comentou que Gustavo estava custando a chegar, que não podia esperar para conhecer o famoso Gustavo, disse:
― Eu me esqueci. Hoje ele tinha médico.
― Médico? Algum problema? 
― Nada demais. Quer dizer, é chato mas...
― Suzeca. Não me diz que...
Suzaninha fez que "sim" com a cabeça. Sim, era o que Samanta estava pensando.
― Disfunção erétil ― Suzeca! Mas hoje existem esses remédios...
― Nada funciona com o Gustavo. 
Quando Gustavo chegou, deu com as duas irmãs abraçadas no sofá, Samanta acariciando a cabeça de Suzaninha e dizendo:
― Suzeca, Suzeca...
Durante o jantar, Suzaninha viu Samanta examinando Gustavo e pensou: "Ela deve estar pensando ele é tudo que eu queria, mas não serve, maldição, não serve, pobre da Suzaninha." E Samanta, examinando Gustavo, pensou "Hmmm, essa disfunção erétil eu curo, ah se não curo". 
Pois Samanta não apenas descobrira o reprodutor que queria, também descobrira outra causa nobre. Suzaninha ainda a agradeceria.

O DIA DA AMANTE - Luís Fernando Veríssimo

Já existe dia de quase tudo. Ou quase todos. Começou com o Dia das Mães. Um americano, cujo nome até hoje é reverenciado onde quer que diretores lojistas se reúnam, mas que no momento me escapa, foi o inventor do Dia das Mães. Fez isso pensando na própria mãe.
Naquela mulher extraordinária que o carregara no ventre durante nove meses sem cobrar um tostão, que o amamentara, que o embalara em seu berço, costurara a sua roupa, forçara óleo de rícino pela sua goela abaixo e uma vez, quando o descobrira dando banho no cachorro no panelão de sopa, quebrara uma colher de pau na sua cabeça. Sim, aquela mulher que se sacrificara por ele sem pedir nada de volta, mas que agora exigia uma mesada maior porque estava perdendo demais nos cavalos. De nada adiantara o seu protesto.

- Não posso, mamãe. Os negócios não vão bem.

- Não interessa.

- Nós só ganhamos dinheiro mesmo no Natal. No resto do ano...

E então o rosto dele se iluminara. Tivera uma idéia. A mãe não entendeu e espalhou para os seus amigos no hipódromo que o filho finalmente perdera o juízo que tinha. Mas a idéia era brilhante. Ele a apresentou numa reunião de varejistas naquele mesmo dia.

- Precisamos criar dois, três, muitos Natais!

- Espera aí - disse alguém. - Mas só houve um Jesus Cristo.

- E os apóstolos? São doze apóstolos. Cada um também não tinha o seu aniversário?

- Mas ninguém sabe o dia.

- Melhor ainda. Inventaremos, todo mês, o aniversário de um apóstolo. Teremos natais o ano inteiro!

Mas a idéia não agradou. Apóstolo não tinha o apelo de vendas de um Jesus Cristo. Mesmo assim, a idéia de criar outras datas para os fregueses se darem presentes era boa. Era preciso motivar as pessoas. Era preciso forçar as vendas. Era preciso ganhar mais dinheiro. Nem que fosse para a mãe perder nos cavalos.

- Aquela bruxa velha - murmurou ele.

- O que foi?

- Estava pensando na mãe.

- A mãe! É isso!

- O quê?

- A mãe! O Dia das Mães. Você é um gênio!

Foi um sucesso. Ninguém podia chamar aquilo de oportunismo comercial, pois ser contra o Dia das Mães equivaleria a ser contra a Mãe como instituição. Isto chocaria a todos, principalmente às mães. Que, como se sabe, formam uma irmandade fechada com ramificações internacionais. Como a Máfia. As mães também oferecem proteção e ameaçam os que se rebelam contra elas com punições terríveis que vão da castração simbólica à chantagem sentimental. Pior que a Máfia, que só joga as pessoas no rio com um pouco de cimento em volta.

O Dia dos Pais também nasceu nos Estados Unidos, mas custou a aparecer devido ao puritanismo que, sabidamente, influenciou a história americana durante anos. Foi só na década de 20 deste século que os americanos estabeleceram uma relação entre o ato sexual e a procriação de filhos. Até então julgava-se que as mães geravam os filhos sozinhas e que o sexo, como a bebida e um joguinho de cartas, era apenas uma coisa que os homens gostavam de fazer aos sábados. Instituída a proibição do sexo em todo território nacional - a chamada Lei Neca, uma corolária da Lei Seca - notou-se uma acentuada queda no número de nascimentos. Concluíu-se então que o homem era importante. A nova importância atribuída ao homem foi veementemente combatida pelas mulheres da época e até hoje existem bolsões de resistência. Muitas mulheres consideram os homens perfeitamente dispensáveis no mundo, a não ser naquelas profissões reconhecidamente masculinas, como as de costureiro, cabeleireiro, decorador de interiores e estivador. Estabelecido o papel essencial do homem na constituição da família, no entanto, não tardou para que o varejistas lançassem o Dia dos Pais - também chamado, por alguns homens, de Dia do Papai Aqui e por algumas mulheres, com um sorriso secreto, de Dia do Pai Presumível. Outro sucesso de vendas.

Dia da Secretária. Este também teve uma origem curiosa. Segundo algumas versões, ele começou no Brasil, quando uma mulher descobriu na agenda do marido a seguinte inscrição: "Flores e bombons para a Bete. Mandar entregar no motel".

- Quem é essa Bete? - perguntou a mulher com fingido desinteresse, sacudindo o marido pelo pescoço.

- Ora, quem é a Bete. É a Dona Elizabete, minha secretária. Você conhece ela!

- Conheço e sei que o aniversário dela já passou. Por que as flores e os bombons?

- Onde é que você viu isso?

- Na sua agenda.

- E você viu a data na agenda?

- O que é que tem a data?

- É o Dia da Secretária.

- Nunca ouvi falar.

- Foi recém-inventado - disse o marido, que tinha inventado naquele minuto.

- E o motel? Por que entregar no motel?

- A dona Elizabete está morando no motel, provisoriamente, até que terminem os reparos na sua casa.

- O que houve com a casa dela?

- Você não soube? Foi arrasada por uma manada de elefantes.

- Você espera que eu acredite nisso?!

- Meu bem, eu inventaria uma história destas?

- É, acho que não. Desculpe, querido.

- Está desculpada. Agora largue o meu pescoço. 

Por que não um Dia dos Amantes? Já existe o Dia dos Namorados e hoje em dia a diferença entre namorado e amante tornou-se um pouco vaga. Quando é que namorados se transformam em amantes? Segundo uma moça, experimentada na questão, que consultamos, se a mulher der para o mesmo homem mais de dezessete vezes seguidas ele deixa de ser seu namorado e, tecnicamente, passa a ser seu amante. Os critérios variam, no entanto. Em certas regiões, só depois de dormirem juntos dois anos é que namorados se tornam legalmente amantes. Alguns estabelecem um meio-termo razoável: dezessete vezes ou dois anos, o que vier primeiro. Outros afirmam que a diferença está no grau de intimidade dos dois tipos de relacionamento. Num caso, as pessoas vão para qualquer lugar onde haja camas - apartamento, hotel, ou motel, sendo desaconselháveis hospitais, quartéis e lojas de móveis - tiram a roupa um do outro, às vezes usando só os dentes, atiram-se na cama, rolam de um lado para o outro, enfiam-se os dedos no orifício que estiver por perto, lambem-se, chupam-se, com ou sem canudinho, massageiam-se mutuamente com Chantibon, depois o homem penetra o corpo da mulher com seu órgão intumescido e os dois corpos movem-se em sincronia até o orgasmo simultâneo entre gritos e arranhões. Então se separam, suados, e vão tomar um banho juntos antes de saírem para a rua. Quer dizer, uma coisa superficial e corriqueira. Já o namoro, não. No namoro, não apenas o órgão intumescido mas todo o corpo do namorado penetra na própria casa da namorada todas as quartas-feiras. Eles se sentam lado a lado no sofá quente, coxa a coxa, e chegam a entrelaçar os dedos das mãos. Muitas vezes comem a ambrósia preparada pela mãe da moça com a mesma colher, gemendo baixinho. Existe ainda o prazer indiscritível de roçar com o braço o lado do seio da namorada, enquanto se conversa sobre futebol com o pai dela, um prazer que aumenta se, por sorte, estiver com um daqueles sutiãs pontudos usados pela última vez no Ocidente por Terry Moore, em 1953. A namorada, não o pai dela. Isto é que é intimidade.

Existem outros critérios para diferenciar namorado de amante. Amante é o namorado que leva pijama, por exemplo. Uma maneira certa de saber que o namorado já é amante é quando, pela primeira vez, em vez de dar uma para de meias para ele no Dia dos Namorados, ela dá um par de cuecas. E você terá certeza de que ele é amante quando alguém sugerir que ela lhe dê um certo tipo de cuecas e ela responder, distraidamente: "Esse tipo ele já tem..."

Mas estamos falando de namorados, ou amantes, solteiros. No caso de homem casado e com uma amante a coisa se torna mais complicada ainda e mais invejável. Antes de lançar o Dia dos Amantes os lojistas teriam que fazer uma pesquisa de mercado. O que despertaria a desconfiança dos entrevistados.

- O senhor tem amante?

- Foi a minha mulher que o mandou?

- Estamos fazendo uma pesquisa de mercado e...

- Onde é que está o microfone? É chantagem, é?

- Não, cavalheiro. Nós...

- Está bem, está bem. Tem uma moça que eu vejo. Mas nem se pode chamar de amante. Pelo amor de Deus! É só meia hora de três dias. E ela é bem baixinha. "Amante" seria um exagero. Mas eu prometo parar!

Uma vez decidido o lançamento do Dia dos Amantes, as agências de propaganda teriam que escolher a estratégia de marketing, ou, como se diz em português, o approach.

O tom das peças publicitárias variariam, é claro, de acordo com o tipo de comércio. As lojas de eletrodomésticos poderiam anunciar: "Tudo para o seu segundo lar". Ou então: "Faça-a sentir-se como a legítima. Dê a ela uma máquina de lavar roupa". As joalheria enfatizariam sutilmente o espírito de revanchismo do seu público alvo, sugerindo: "Aquele diamante que sua mulher vive pedindo... dê para a sua amante". Ou, pateticamente: "Já que ela não pode ter uma aliança, dê um anel...". Perfume: "Para que você nunca confunda as duas, dê Furor só para a outra..." Utilidades: "No dia dos amantes, dê a ela um despertador. Assim você nunca se arriscará a chegar tarde em casa".

Os comerciais para a televisão poderiam explorar alguns lugares-comuns. Por exemplo: homem entra no quarto e encontra amante na cama. Atira um presente no seu colo. Isso a faz lembrar de uma coisa. Ela abre a gaveta da mesa de cabeceira e tira um presente também. Ele vai pegar, mas o presente não é pra ele. Ela levanta da cama, abre o armário e dá o presente para o seu amante escondido lá dentro. Congela a imagem. Sobrepõe logotipo do anunciante e a frase: "Neste Dia dos Amantes, dê uma surpresa". Hein? Hein? Está bem, era só um exemplo.
  
As confusões seriam inevitáveis. Marido e mulher se encontram numa loja de lingerie. Espanto da mulher:

- Você aqui?

Marido:

- Ahm, hum, hmmm, sim, ohm, ahm, ram.

- E escolhendo uma camisola!

- É que, ram, rom, ham, ahm, grum. Certo. Quer dizer...

- Você pode me explicar o que está havendo?

- Grem, grum rahm, rhom, ahn...

- Não vai me dizer que estava comprando pra mim. Há anos que não uso camisola. Ainda mais desse tipo, preta, transparente e com decote até o umbigo.

- Eu posso explicar.

- Então explique.

- Ahm, rom, rum, rahm, grums.

- Explique melhor.

- Está bem! É para mim, está entendendo agora? Para mim!

- Você? Mas...

- Há anos que eu tento esconder isso de você. Agora você me pegou e eu vou revelar tudo. Adoro dormir de renda preta! Só me controlei até hoje por causa das crianças!

- Ela compreende. Tenta acalmá-lo. Mas ele agora está agitado. Bate no balcão e grita:

- Também quero ligas vermelhas, um chapelão e chinelos de pompom grená!

Ela o leva para casa, cheia de resignada compreensão. A amante ficará sem o seu presente de Dia das Amantes, mas pelo menos o marido terá evitado qualquer suspeita. O único inconveniente é que terá de dormir de camisola preta pelo resto da sua vida conjugal.

Por que não um Dia dos Amantes? Você teria que tomar certas precauções, além de jamais entrar numa loja de lingerie. Como uma ausência sua em casa no Dia dos Amantes despertaria desconfiança, telefone para casa antes de ir festejar com a amante.

- Alô, a patroa está?

- Não, senhor.

- Estranho. Ela costuma estar em casa a esta hora. Mas é melhor assim. Diga para ela que eu vou me atrasar um pouco. Estou no hospital para curativos. Nada grave. Fui atropelado por uma manada de elefantes.

- Sim, senhor.

Você se dirige para a casa da amante, com o embrulho do presente embaixo do braço. Começa a pensar na ausência da sua mulher em casa. Onde ela teria ido? Lembra-se então de que a viu mais de uma vez olhando com interesse uma vitrine cheia de cachimbos. Na certa pensando num presente para lhe dar. E súbito você pára na calçada como se tivesse batido num elefante. Você não fuma cachimbo!
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O FLAGRANTE - Luís Fernando Veríssimo



José olha fundo nos olhos de Roberto. Os dois levantam suas taças.
A nós.
A nós.
Bebem, olhos nos olhos. Nisso, a porta do apartamento se abre e entra uma mulher.
Sueli! ― exclama José.
Arrá! ― diz Sueli.
Te peguei!― O que você está fazendo aqui?― Me enganando. E com outro homem!
Sueli, em primeiro lugar, você não me "pegou", porque nós não estávamos fazendo nada. Em segundo lugar, mesmo que estivéssemos fazendo alguma coisa, eu não estaria "enganando" você pela simples razão de que nós não somos mais casados. Nos divorciamos há muito tempo e eu não devo mais satisfação a você. Se você tem medo de ser enganada, preocupe― se com seu atual marido e...
Você quer ficar quieto, José? ― interrompe Sueli.
Não estou falando com você. Estou falando com ele.
José aponta para Roberto.
Com ele?
É. Meu atual marido.
Seu marido?!
Roberto está quieto. José, para Roberto:
Você não me disse que era casado!
Cala a boca, José ― ordena Sueli. Depois se dirige a Roberto.
E então, o que você me diz? Dois meses de casado e você já anda com um qualquer. Seu pilantra!
Um qualquer, não ― protesta José. Lembre-se de que eu já fui seu marido.
Sueli começa a chorar. Roberto se aproxima dela.
O que é isso, Sueli. Fique calma. Nem parece você. Vamos, Suelizinha...
Não chama de Suelizinha que ela não gosta ― instrui José. Tarde demais.
Não me chama de Suelizinha!
Deixa que eu sei fazer ― diz José, afastando Roberto e abraçando Sueli. ―Vamos, Su. Que bobagem.
José beija a orelha de Sueli e mostra para o outro.
A orelha é importante. Ó.
Morde ou só beija?
Pode dar uma mordidinha.
Deixa eu tentar. Roberto afasta José e abraça Sueli.
Começa a mordiscar sua orelha. Dá resultado. Sueli se acalma.
Mas agora José está enciumado.
Que foi? ― pergunta Roberto, notando a cara de José.
Nada.
Nada, não. Você está chateado.
Não é nada.
Faz cafuné nele ― diz Sueli.
O quê?― Faz cafuné que ele gosta. Em cima da cabeça.
Roberto começa a fazer cafuné em José. Ao mesmo tempo, mordisca a orelha de Sueli. Nisso a porta se abre e entra outra mulher.
Anita! ― exclama José.
Eu sabia. Segui você até aqui porque sabia que ia encontrar uma cena assim. Você não tem vergonha? Depois de todas as juras que fizemos
Anita, não é nada do que você está pensando ― diz José. Eu...
Quer ficar quieto, José?
Eu estou falando com ela.
José aponta para Sueli.
Com ela?!
Anita ― diz Sueli, vem cá.
Anita se junta ao grupo. Sueli a abraça.
Pronto, pronto ― diz Sueli.
Roça a nuca dela com o queixo ― instrui José.
Assim?
É.
Ficam os quatro de pé no meio da sala, Roberto mordiscando a orelha de Sueli, que roça a nunca de Anita com o queixo, e, fazendo cafuné em José, que, sem ter o que fazer, pergunta
O caso de vocês duas começou antes ou depois do nosso casamento?
Não é a hora, José ― diz Sueli.
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O ÚLTIMO ENGARRAFAMENTO - Luis Fernando Verissimo

A boa notícia é que nunca se viram 
tantos carros nas ruas.
 A má notícia é que nunca se viram 
tantos carros nas ruas.

Carros sendo produzidos e comprados como nunca significam fábricas e fornecedores funcionando e empregando mais, mais gente com mais dinheiro ou crédito no mercado, uma classe média em expansão, uma economia em crescimento.

Carros sendo produzidos e comprados como nunca significam engarrafamentos inéditos e acidentes de trânsito em níveis de massacre, sem falar no aumento da poluição do ar que respiramos e no agravamento generalizado das neuroses.

É bom que muitas pessoas que não tinham condições de comprar seu carro agora tenham, é ruim que em todas as grandes cidades brasileiras hoje exista uma grande nostalgia pelas chamadas horas do "rush", ou os horários de pique no trânsito, de antigamente, pois agora toda hora é hora do "rush".

O que há é que, na surrada analogia de uma Bélgica dentro de uma Índia para descrever o Brasil, a Bélgica cresceu e os belgas e neobelgas têm mais carros, mas continuam obrigados a circular nas ruas e estradas da Índia.

Quanto mais cresce a Bélgica mais aparecem as precariedades da Índia. A publicidade dos carros sendo lançados prefere ignorar esta realidade e anunciar máquinas flamantes feitas para zunir por ruas e estradas de um país que não apenas não é a Índia como não é nenhuma Bélgica reconhecível, mas uma terra fantástica onde o trânsito sempre flui e os carros voam.

Uma ironia que se repete diariamente: o cara chega em casa depois de algumas horas preso num engarrafamento de qualquer grande cidade brasileira, liga a televisão e, entre notícias de terríveis acidentes com morte em estradas inadequadas por excesso de velocidade, só vê propagandas de carros vendendo a grande aventura da velocidade. E da potência sem impedimentos, muito menos de carros na frente e dos lados.

Como fica cada vez mais improvável que conheceremos essa terra de sonho, resta esperar que a indústria automobilística se prepare para o engarrafamento final que vem aí, quando o trânsito se tornará, literalmente, impossível.
Esqueçam velocidade e potência. Interiores com beliches, quitinetes e mesas para carteado, para passar o tempo. Rojões de sinalização, para pedir o resgate por helicóptero. Sei lá.

LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO -A Cigana Búlgara

A família era tão grande que, quando contaram ao dr. Parreira que seu sobrinho Geraldo tinha viajado para a Europa, ele precisou ser lembrado:
qual dos sobrinhos era, mesmo, o Geraldo?

― O Geraldinho da Nena. Largou tudo e foi para a Europa.


O dr. Parreira sorriu. Desde pequeno o Geraldinho, filho único de mãe devotada e pai rico, fazia tudo o que queria. Lembrava-se dele criança, comendo espaguete com as mãos e limpando as mãos na toalha. E a Nena, mãe de Geraldinho, como se não fosse com ela. O dr. Parreira ainda chamara a atenção da irmã: ― Olhe o que seu filho está fazendo. ― Deixa o coitadinho se divertir. Na adolescência, Geraldinho se metera em algumas encrencas. Uma vez até tinham recorrido ao dr. Parreira, o tio mais velho e mais bem relacionado, para livrá-lo do castigo. Uma aventura amorosa que acabara mal.


Mas não era má pessoa. Apenas um vagabundo mimado. E, na opinião de todos, o mais simpático da família. Geraldo anunciara em casa que estava indo para a Europa e, apesar do choro da mãe, convencera o pai a financiar a viagem, e seu sustento na Europa até "conseguir alguma coisa". Vez que outra, o dr. Parreira tinha notícias do Geraldo. ("Quem?" "O Geraldinho da Nena. O que foi pra Europa.") Geraldinho estava lavando pratos em Londres. Geraldinho estava ensinando surfe em Paris. ("Surfe em Paris?!") Geraldinho estava colhendo morangos na Suíça. Geraldinho tinha conhecido uma moça. 


Geraldinho estava namorando firme com a moça. E, finalmente, a única notícia que interessou ao dr. Parreira, pelo menos por dois minutos: a moça era cigana, de uma tribo búlgara. Depois: Geraldinho brigou com a moça. (Todos sacudiram a cabeça, afetuosamente. "O velho Geraldinho de sempre."). Depois? Geraldinho desapareceu.


― Como, desapareceu? ― Há dois meses não têm notícias dele. A Nena está desesperada. Pediram ajuda ao dr. Parreira, que, como o mais velho, assumira o papel de patriarca da família depois da morte do pai, o Parreirão. Mas, antes que o dr. Parreira entrasse em contato com o Itamaraty, chegou a notícia terrível. Geraldinho estava num hospital em Berna. Tinha sido castrado e só choramingava, pedindo a mãe. Nena e o marido, Alcides, embarcaram imediatamente para a Suíça. Ao chegarem ao aeroporto de Zurique pegaram um táxi e descobriram tarde demais que era um táxi falso, que os levou para um galpão fora da cidade onde o Alcides também foi castrado e a Nena marcada na testa com um ferro em brasa com as três iniciais (soube-se depois) da frase, em búlgaro, "Mãe da besta". 


Dois primos mais velhos do Geraldinho também embarcaram para a Suíça e também foram seqüestrados, no caminho para Berna. Não foram castrados, mas até prefeririam isto ao que passaram nas mãos de um bigodudo enorme chamado Ragud, que os outros incentivavam com frases em búlgaro (soube-se depois) como "Agora a posição do touro apressado, Ragud!" O dr. Parreira convocou uma reunião da família para decidir o que fazer. Não seria prudente mandar outros familiares à Suíça, onde evidentemente todos corriam perigo. 


O consulado brasileiro daria a assistência necessária aos hospitalizados e as autoridades suíças investigariam os atentados. Enquanto isso, alguém saberia dizer o que o Geraldinho tinha aprontado com a cigana búlgara? Ninguém sabia. Mas alguém lembrou que os ciganos búlgaros eram famosos por serem vingativos. ― O melhor ― disse o dr. Parreira ― é ninguém da família chegar perto da Europa, até que esta coisa passe. Mas quando a "coisa" passaria? Poucos dias depois da reunião da família em que tinham concluído que pelo menos no Brasil ninguém corria perigo, o dr. Parreira foi acordado no meio da noite com a notícia de que uma das suas fábricas estava em chamas. 


Fora invadida por um grupo, que escrevera uma frase em búlgaro numa parede antes de começar o incêndio. A frase era (soube-se depois): "Todos pagarão, até a terceira geração." Até a terceira geração! As crianças não vão mais à escola e a família contratou segurança armada para 24 horas, e mesmo assim entraram na casa da coitada da dona Zizica, viúva do Parreirão e mãe do dr. Parreira, e escreveram uma palavra em búlgaro no seu lençol que ninguém teve coragem de traduzir para a velha ― e tudo por culpa do Geraldinho, seu neto favorito. 


Todas as empresas da família têm recebido ameaças constantes, explosões são freqüentes nas suas instalações e a falência próxima do grupo é inevitável. Mas a vingança dos búlgaros não cessará. Continuará até a terceira geração. Preso em casa, atrás de barricadas, com medo até de chegar na janela, o dr. Parreira amaldiçoa a irmã pelo que fez, ou pelo que não fez, com o Geraldinho. Um único tapa na mão, um único "Não!", e tudo aquilo teria sido evitado. 


Mas Geraldinho podia comer espaguete com as mãos sem apanhar e o resultado estava ali. Todos sofriam pelo que ele tinha aprontado com a moça, fosse o que fosse. Provavelmente o mesmo que fazia com todas as moças que conhecia, nada grave: namoros inconseqüentes, promessas e mentiras simpáticas ― só que nenhuma das moças era uma cigana búlgara. 


E chegou a notícia de que um grupo invadira o cemitério e pintara insultos em búlgaro no túmulo do Parreira pai. No túmulo do velho Parreirão!

LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO – Pênis: Estragos e Soluções

Não se sabe qual é a, digamos, inclinação política do pênis. 
Ele é anatomicamente de centro, como todos os políticos na Itália, que se identificam como de “centrosinistra” ou de “centrodestra”, nunca de sinistra ou de destra. O pênis é centrão assumido, mas de que tendência ninguém sabe. Ele ora pende para um lado, ora para outro. Além de ser obviamente um falocrata, que se pudesse falar definiria sua posição como “sou mais eu”, sua ideologia é desconhecida. Raramente é a do seu portador, em relação ao qual mantém uma evidente independência de pensamento e ação.  Há esquerdistas com pênis fascistas, conservadores com pênis sempre atrás de novas experiências sociais, liberais com pênis decididamente intervencionistas.  O pênis é, por assim dizer, um livre atirador. Pênis não tem dono. Ou, dito de outra maneira, não costuma levar em consideração a conveniência dos seus donos. E como a comunicação entre o homem e o seu pênis é precária, o pênis não ouve apelos à razão e não adianta pedir para ele ter uma consciência histórica, o resultado é o estrago que vem causando a carreiras e reputações através dos tempos. Sem querer nem saber.

Veja-se o caso recente do Strauss-Kahn e do seu pênis predador. Deve ter havido uma tentativa de diálogo entre Strauss-Kahn e seu pênis antes do ataque à camareira do hotel. Não é impossível que o ex-provável candidato a presidente do seu país tenha até invocado o futuro da Europa e do mundo para tentar deter o pênis. “Arretez pour la France!”. O pênis não teria dado ouvidos. Espera um pouquinho, esqueça esta frase. O pênis não teria ligado. E fora adiante, sem nenhum prurido patriótico. E SK está politicamente liquidado. Mais uma vítima do próprio pênis.

O que fazer para que coisas assim não se repitam? A primeira solução é radical: a castração como condição para o serviço público masculino e carreiras políticas. Para o pênis aprender. A segunda solução seria a gradual substituição de homens por mulheres no poder, em todo o mundo. Uma solução que já está em curso. Os homens manteriam seu pênis mas sem a possibilidade de causar mais estragos. E pronto.

A Casa Encantada & À Frente, O Verso.

A Casa Encantada & À Frente, O Verso.
Livros de Edmir Saint-Clair

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