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GUARDAR - Poesia - Antonio Cícero

Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la.
Em cofre não se guarda coisa alguma.
Em cofre perde-se a coisa à vista.

Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por
admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado.

Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por
ela, isto é, velar por ela, isto é, estar acordado por ela,
isto é, estar por ela ou ser por ela.

Por isso melhor se guarda o vôo de um pássaro
Do que um pássaro sem vôos.

Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica,
por isso se declara e declama um poema:
Para guardá-lo:
Para que ele, por sua vez, guarde o que guarda:
Guarde o que quer que guarda um poema:
Por isso o lance do poema:
Por guardar-se o que se quer guardar.


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PESQUISA RELACIONA ANSIEDADE E INTELIGÊNCIA

Pessoas nervosas são mais inteligentes que as demais. A afirmação é polêmica e foi feita por cientistas do Suny Downstate Medical Center, em Nova York. Depois de examinar o QI de portadores de distúrbios da ansiedade, como síndrome do pânico, transtorno pós-traumático e medo de lugares fechados, a equipe do psiquiatra Jeremy Coplan concluiu que esses indivíduos têm um coeficiente de inteligência maior comparando-se ao restante da população. De acordo com os cientistas que participaram do estudo, nos humanos, inteligência e preocupação evoluíram juntas.

Além de testar o QI de 16 pessoas extremamente ansiosas, os pesquisadores realizaram o exame de imagem, que revela as conexões dos neurônios. Eles descobriram que os preocupados têm menor concentração de colina, um nutriente regulador do metabolismo presente na massa branca do cérebro. “A preocupação nos deixa mais alertas, algo que garante a sobrevivência. No processo evolutivo, a ansiedade, portanto, pode ter sido um benefício”, diz Coplan. “No cérebro dos indivíduos ansiosos que investigamos, além do QI mais alto constatamos que o metabolismo funciona de maneira diferente. Essas duas características — ansiedade e inteligência —, portanto, estão relacionadas”, diz.

O pesquisador, cujo estudo foi financiado pelos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos, usa o exemplo dos judeus ashkenazi, conhecidos por ter uma inteligência bem acima da média da população. Oriundo da Europa, esse grupo étnico, ao qual pertencia Albert Einstein, sofreu perseguições intensas no último milênio, incluindo a inquisição espanhola e o Holocausto comandado por Adolf Hitler. “É um povo que, obviamente, passou por períodos sucessivos de ansiedade, onde a vida deles era constantemente colocada em risco. Essas pessoas têm uma mutação genética que resulta em uma doença devastadora, chamada de síndrome de Tay-Sachs. A mesma variante também pode estar ligada, segundo pesquisas recentes, a uma atividade neural mais intensa, o que leva ao aumento da inteligência”, afirma.

Crítica Especialista em distúrbios da ansiedade, a psicóloga Linda J. Metzger, da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, tem sérias dúvidas sobre a conclusão do estudo de Coplan. “É certo que o medo foi importante na evolução da humanidade. Ainda hoje, sabemos que uma dose de preocupação é essencial para que as pessoas não se arrisquem demais. Daí a correlacionar a ansiedade extrema à inteligência, creio que são necessários estudos mais amplos”, diz. Ela lembra que o excesso de medo é um problema grave, com sérias consequências sociais e até econômicas. “As fobias fazem com que muitas pessoas percam sua vida produtiva e o tratamento desse problema requer gastos no sistema de saúde”, diz.

Coplan concorda que a ansiedade aguda é algo preocupante, mas defende seu estudo. “Preocupar-se pouco pode ser problemático também, tanto para os indivíduos quanto para a sociedade. Algumas pessoas são incapazes de reconhecer o perigo, mesmo quando ele é iminente, e creio que isso chega a ser algo pouco inteligente. Se pessoas assim assumem uma posição de liderança, elas acabam influenciando a população em geral, no sentido de acharmos que nunca há motivo para nos preocupar. Em algumas situações, como o estouro da bolha estatal que vivenciamos nos Estados Unidos, a falta de preocupação da sociedade teve consequências sérias”, argumenta.
Paloma Oliveto‏
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A Casa Encantada & À Frente, O Verso.





ANSIEDADE TÓXICA: O QUE É E COMO RECONHECÊ-LA

Sentir-se ansioso não é necessariamente algo ruim, mas quando este sentimento se transforma em uma ansiedade tóxica, crônica e dolorosa, pode prejudicar muito o nosso dia a dia.

O que queremos destacar é que a princípio a ansiedade é normal e saudável, pois nos ajuda a manter uma certa ativação para nos proteger de perigos iminentes ou para desempenhar algumas tarefas.

Contudo, apesar da sua natureza protetora, ela aparece pelo simples fato de termos medo de que a angústia, a preocupação, o nervosismo, as palpitações, os pensamentos intensos, o suor, etc, se perpetuem.

Então, permitimos a criação de um tipo de círculo vicioso por meio do qual sentimos ansiedade quando antecipamos a mesma. Ou seja, o mesmo temor que a emoção em si mesma nos provoca possibilita as mesmas sensações e a mesma realidade que tanto nos causa medo.

Ansiedade tóxica e os monstros da adrenalina e do cortisol

Este estado que denominamos “círculo vicioso da ansiedade” vem acompanhado da atividade de dois hormônios principais: a adrenalina e o cortisol. Para entender como funcionam podemos pensar em como respondemos quando tropeçamos em uma escada. Automaticamente o coração dispara e costumamos procurar o corrimão para proteger a nossa própria integridade física.

Este conjunto de sensações, as quais correspondem à ansiedade saudável, nos dão energia e força para nos proteger. São momentos de intensa e desagradável excitação nos quais o corpo admite, por necessidade, a liberação de uma boa quantidade de adrenalina e de cortisol.

Também poderíamos pensar em um passeio de montanha-russa no qual as sensações o tornam desagradável e violento, ao contrário de divertido. Acontece que quando estamos a ponto de cair da escada ou quando subimos na montanha-russa, sabemos que as sensações são passageiras e que assim como vêm, também vão.


Contudo, quando os perigos respondem a expectativas ou pensamentos que procuram antecipar perigos futuros, não permitimos que o simpático monstro da adrenalina adormeça. Como não deixamos que ele adormeça, o monstro se alimenta de nossas preocupações em forma de adrenalina, o que nos prende cada vez mais nessas sensações de angústia sem que exista nada que o justifique.

Significa dizer que a adrenalina e o cortisol ficam sem nada, nem ninguém para salvar do dragão. Estão ali presentes porque nós os alimentamos com pensamentos de futuro que antecipam más experiências.

Tudo isso fica preso em nosso próprio interior, apesar de procurar sair e se libertar. Por isso acontecem os ataques, por isso a insônia persiste, os pensamentos negativos e as sensações de bloqueio não vão embora.

Algumas máscaras que a ansiedade tóxica usa para se manifestar:

Preocupação crônica

A ansiedade pode se revelar através de uma preocupação incessante sobre a família, a saúde, as metas acadêmicas ou profissionais, a situação financeira, etc. É provável que diante destas preocupações sintamos que o estômago está em plena centrifugação e que exista a sensação de que alguma coisa ruim acontecerá mesmo desconhecendo o que e por quê.

Medos e fobias
Um medo excessivo e irracional de agulhas, do sangue, dos procedimentos médicos, de altura, de elevadores, do dentista, da água, de bichos como aranhas ou répteis, dos cães, das tempestades, dos lugares fechados, etc. Este tipo de máscara é outra dura imagem que a ansiedade escolhe para se mostrar.

Ansiedade quanto à atitude
Às vezes a ansiedade faz com que fiquemos paralisados diante de uma prova acadêmica, uma atuação, uma competição esportiva ou qualquer outra situação que demande o bom desempenho na execução de uma tarefa.

Ansiedade de falar em público
O medo desproporcional de falar em público é outra das “formas favoritas” que a ansiedade tem de se mostrar. Sentimos que o mundo dá voltas, trememos, ficamos nervosos e achamos que a nossa própria mente ficará em branco na hora em que qualquer deslize evidente ocorrer.

Fobia social
Sentir-se nervoso, tenso e incapaz de articular uma palavra nas reuniões sociais é outra máscara que a ansiedade usa para nos cumprimentar. Pela nossa mente passam coisas como “não tenho nada interessante a dizer”, “não consigo falar com ninguém”, “vão pensar que sou uma pessoa esquisita e fracassada”, “não vale a pena porque ninguém se interessa por mim”, etc.

Ataques de pânico
Suor, tontura, bloqueio, rigidez, fortes palpitações, medo intenso… Você já sentiu isto alguma vez de forma repentina e achou que iria morrer? Se é o caso, nessa ocasião a ansiedade se vestiu com uma fantasia cruel: o ataque de pânico.

Agorafobia
Você tem medo de estar fora de casa? Você tem a clara convicção de uma coisa horrível pode acontecer com você na rua, na fila do supermercado ou no ônibus? Você, por exemplo, sente que vai sofrer um ataque de pânico e que ninguém poderá ajudá-lo? A ansiedade se vestiu de agorafobia ou, o que é a mesma coisa, de um medo intenso de estar em espaços públicos.

Obsessões e compulsões
Existem pensamentos que atormentam você de forma incessante e que você não consegue tirar da cabeça. Ao mesmo tempo, alguma coisa no seu íntimo obriga você a realizar constantes rituais supersticiosos com o objetivo de controlar seus medos.

Por exemplo, você pode sentir a necessidade de lavar constantemente as mãos, de checar várias vezes se fechou a porta com chave ou de rezar 10 pais nossos para proteger a sua família. A ansiedade se disfarçou de obsessões e compulsões, um dos seus trajes mais obscuros.


Transtorno de estresse pós-traumático
Você já viveu um evento traumático (abuso sexual, maus-tratos, presenciar um assassinato, etc.) faz meses ou anos e as imagens dessa situação horrível voltam repetidamente na sua cabeça? Você não dorme bem e não se sente seguro diante disto? Consulte um especialista em saúde mental porque talvez a ansiedade esteja se manifestando como transtorno do estresse pós-traumático.

Preocupação com a aparência física (transtorno dismórfico corporal)
A sua aparência física lhe parece tremendamente anormal, mas só você enxerga o que você sente. O resto das pessoas que o rodeiam dizem que “não é para tanto”, que o seu nariz, seu corpo ou seu cabelo são normais.

É provável que você sinta necessidade de passar por uma cirurgia plástica e que constantemente se olhe no espelho com a intenção de corrigir o seu defeito. Talvez a ansiedade se manifeste na forma de transtorno dismórfico corporal. Considere isto e procure um especialista em saúde mental para consultá-lo.

Preocupação com a saúde (hipocondria)
Dores, fadiga, tonturas, desconforto… Você tem certeza de que existe alguma doença que coloca em risco a sua saúde, mas o médico não enxerga nada nos exames que realiza. Pode até ser que as explicações que ele oferece não tranquilizem mais a sua mente.

É possível que você esteja sendo vítima da ansiedade em forma de hipocondria, e para você curar a sua saúde precisa procurar um bom profissional de psicologia que avalie as suas crenças e o seu jeito de pensar sobre a saúde.

SE NÃO QUISER ADOECER FALE DE SEUS SENTIMENTOS - Dr. Dráuzio Varella

 
Emoções e sentimentos que são escondidos, reprimidos, acabam em doenças como gastrite, úlcera, dores lombares, dor na coluna.

Com o tempo, a repressão dos sentimentos, a mágoa, a tristeza, a decepção degenera até em câncer.

Então, vamos confidenciar, desabafar, partilhar nossa intimidade, nossos desejos, nossos pecados.

O diálogo, a fala, a palavra é um poderoso remédio e poderosa terapia.

Se não quiser adoecer - "tome decisão".
A pessoa indecisa permanece na dúvida, na ansiedade, na angústia.
A indecisão acumula problemas, preocupações, agressões.
A história humana é feita de decisões. Para decidir, é preciso saber renunciar, saber perder vantagens e valores para ganhar outros.
As pessoas indecisas são vítimas de doenças nervosas, gástricas e problemas de pele.

Se não quiser adoecer - "busque soluções".

Pessoas negativas não enxergam soluções e aumentam os problemas. Preferem a lamentação, a murmuração, o pessimismo.

Melhor acender o fósforo que lamentar a escuridão. Somos o que pensamos. O pensamento negativo gera energia negativa que se transforma em doença.

Pequena é a abelha, mas produz o que de mais doce existe.

Se não quiser adoecer - "não viva sempre triste".

O bom humor, a risada, o lazer, a alegria, recuperam a saúde e trazem a vida longa. A pessoa alegre tem o dom de alegrar o ambiente em que vive.

Se não quiser adoecer - "não viva de aparências".

Quem esconde a realidade, finge, faz pose, quer sempre dar a impressão de estar bem, quer mostrar-se perfeito, bonzinho etc. Está acumulando toneladas de peso... Uma estátua de bronze, mas com pés de barro.

Se não quiser adoecer - "aceite-se".
A rejeição de si próprio, a ausência de auto-estima faz com que sejamos algozes de nós mesmos. Ser eu mesmo é o núcleo de uma vida saudável.

 

QUER RESOLVER UM PROBLEMA? FINJA QUE ELE NÃO É SEU

Um amigo seu diz que tem um problema super sério e vem lhe pedir ajuda. 
Na mesma hora, você encontra uma boa solução para o dilema. 
Ele agradece aliviado e diz: 
“Puxa, como é que eu não havia pensado nisso?”. 

Você concorda em pensamento: a solução era simples. Como é que o cara não pensou nisso antes? Você vai para casa se sentindo o grande solucionador de problemas da humanidade. Na semana seguinte, é você quem se depara com um pepino – e, por mais que tente, não encontra saída.

O paradoxo tem explicação. Os pesquisadores Evan Polman e Kyle Emich, da Universidade de Nova York, fizeram uma série de testes e descobriram que somos mais criativos quando temos de resolver os problemas dos outros. Tudo por causa da chamada distância social.

Pesquisas anteriores já haviam demonstrado que uma maior distância temporal e física nos ajuda a pensar de forma mais abstrata. Assim, conseguimos solucionar mais facilmente um problema quando nos imaginamos confrontados por ele em um lugar distante e em um tempo futuro. Agora, Polman e Emich descobriram que a distância social pode ter o mesmo benefício psicológico.
O estudo envolveu centenas de estudantes e foi realizado em várias etapas. Na primeira, os participantes tiveram que desenhar alienígenas para histórias que eles mesmos escreveriam e para as histórias dos outros. Os desenhos mais criativos foram aqueles feitos para as tramas alheias. Em outra etapa, os cientistas testaram a distância psicológica. Descobriu-se que é mais fácil ter ideias para completos desconhecidos do que para pessoas que têm alguma coisa em comum com você (a mesma data de nascimento, por exemplo).

Depois, o pessoal teve que resolver um desafio hipotético de escapar de uma torre. Os voluntários que imaginaram a si mesmos na situação tiveram 48% de sucesso. Quando pensavam que o problema era com os outros, a porcentagem chegou a 66%. E as soluções criadas também foram mais criativas nesse caso.

A descoberta da eficiência da distância psicológica foi comemorada. “Saber disso é valioso não apenas para os pesquisadores em psicologia social, tomada de decisão, marketing e gestão, mas também deve ser de interesse considerável para os negociadores, gerentes, designers de produto, marketing e anunciantes, entre muitos outros”, disseram eles.

Então, fica a dica: se você está tendo dificuldade para resolver um problema, faça de conta que ele pertence a outra pessoa. Isso poderá ajudá-lo a pensar em soluções que não viriam de outro modo.
Fonte: British Psychological Society

A SOLIDÃO CRÔNICA - Dr. Dráuzio Varella

A solidão crônica interfere na qualidade do sono, 
causa fadiga e reduz a sensação de prazer

O ISOLAMENTO social aumenta o risco de morte tanto quanto o cigarro, e mais do que o sedentarismo ou a obesidade.

A relação entre vida solitária, doenças cardiovasculares, depressão e incidência de infecções foi demonstrada em mais de cem estudos epidemiológicos publicados a partir dos anos 1980. Esses estudos, no entanto, não explicam os mecanismos através dos quais o isolamento aumenta a mortalidade.

Nos últimos dez anos, os efeitos biológicos da solidão se tornaram mais conhecidos graças ao trabalho inovador de um grupo da Universidade de Chicago, dirigido por John Cacciopo.

Por meio de questionários para avaliar o grau de isolamento social dos participantes de testes psicológicos e de exames laboratoriais, o grupo de Chicago concluiu que embora episódios passageiros de solidão sejam inevitáveis e desprovidos de repercussões orgânicas relevantes, quando o isolamento persiste de forma crônica, suas consequências se tornam especialmente nocivas.

Algumas pessoas que vivem isoladas não se sentem solitárias, enquanto outras têm a sensação de estar sozinhas apesar da vida social intensa. A percepção subjetiva da solidão é mais importante para o bem-estar individual do que qualquer medida objetiva do número de interações sociais.

Numa escala criada para avaliar o grau de isolamento pessoal, aqueles com escore mais alto apresentam alterações bioquímicas sugestivas de que seus dias são conturbados. Neles, por exemplo, estão elevadas as concentrações urinárias de cortisol e epinefrina, moléculas associadas aos níveis de estresse.

Esse dado ajuda a explicar porque os solitários crônicos ficam estressados diante de situações que outros enfrentam com naturalidade, como falar em público ou conversar com desconhecidos.

Na evolução de nossa espécie, a ansiedade provocada pela solidão funcionou como sinal de alerta para que o indivíduo procurasse a proteção do grupo. Num mundo povoado por predadores, que chance de sobrevivência teria um animal fraco como nós perambulando sozinho?

Nesse sentido, o sofrimento que a solidão traz é faca de dois gumes: de um lado, colabora para a adaptação ao meio porque favorece o agrupamento; de outro, prejudica o organismo quando se torna crônico.

O grupo de Chicago investigou as repercussões imunológicas do isolamento prolongado. Nos solitários estão mais ativos os genes que promovem inflamação, enquanto aqueles envolvidos na resposta imune contra os vírus exibem atividade diminuída. Por essa razão, eles apresentam maior susceptibilidade às infecções virais (da gripe ao HIV) e à doença cardiovascular, enfermidade associada aos processos inflamatórios.

A solidão crônica interfere com a qualidade do sono, é causa de fadiga e reduz a sensação de prazer associada a atividades recreativas. Para agravar o isolamento, os já solitários tendem a reagir negativamente aos estímulos e a desenvolver impressões depreciativas a respeito das pessoas com as quais interagem.

A avaliação das funções cerebrais por meio de ressonância magnética funcional, mostra que a solidão crônica afeta o córtex pré-frontal, área localizada na parte da frente do cérebro, crucial para a tomada de decisões racionais, como as de planejar o melhor caminho para o trabalho ou a hora de ir ao banco.

O comprometimento do córtex pré-frontal ajuda a entender por que as pessoas que se sentem isoladas correm mais risco de comer mal, fumar, abusar do álcool, ganhar peso e levar vida sedentária.

Estudos com irmãos gêmeos revelam que a solidão crônica não depende exclusivamente das características do meio, mas apresenta aspectos hereditários. É como se existisse um "termostato genético" para a capacidade de lidar com a solidão, ajustado em níveis diferentes em cada um de nós.

Isso não quer dizer que nossos genes nos condenariam à vida solitária, mas que estão por trás da intensidade da dor sentida quando estamos sós.

Com o celular e a internet criamos possibilidades ilimitadas de interações sociais, num único dia podemos entrar em contato com um número de pessoas que nossos antepassados levariam anos para conhecer. 

Contraditoriamente, o contingente dos que se queixam da falta de alguém com quem compartilhar sentimentos íntimos aumenta em todos os países.

A Casa Encantada & À Frente, O Verso.

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