Enquanto você lê esse artigo, as chances são altas de que você pense em outras coisas no meio. Na verdade, alguns estudos mostram que nossas mentes estão divagando metade do tempo, com pensamentos não relacionados ao que estamos fazendo.
Um novo estudo investigou a capacidade da memória de armazenar coisas ao mesmo tempo em que está fazendo outras atividades. Essa habilidade permite que você entre em casa pensando em abrir a janela do quarto, mas pare para alimentar o cachorro, coma algo, vá ao banheiro e ainda assim se lembre do que pretendia fazer.
Os pesquisadores pediram para que voluntários fizessem uma ou duas tarefas simples – pressionar um botão quando uma letra específica aparecia na tela, ou acompanhar a respiração de outra pessoa.
“Nós usamos, intencionalmente, tarefas que não precisavam de toda a atenção delas”, comenta o pesquisador Jonathan Smallwood. “Então perguntamos: como as pessoas usam suas fontes de ócio?”.
Durante as tarefas, os pesquisadores checavam periodicamente com os participantes se eles estavam concentrados ou “viajando”. No fim, eles mediram a capacidade de memória de cada um, classificada com uma série de letras que eles deveriam lembrar, com questões fáceis de matemática apresentadas no meio tempo.
Em ambas as tarefas, uma correlação apareceu. “Pessoas com melhor memória vagaram menos durante as tarefas”, afirma o pesquisador Daniel Levinson. Mesmo assim, o desempenho dos que divagaram não foi comprometido.
Esse resultado é a primeira relação comprovada entre a memória e a capacidade da mente de divagar. “O que esse estudo parece sugerir é que, quando as circunstâncias da tarefa não são tão complicadas, as pessoas com melhor memória conseguem pensar em outras coisas mesmo que ainda façam a tarefa”, afirma Smallwood.
Porém, quando os voluntários fizeram as tarefas simples, mas com muitas distrações sensoriais, a memória não deu conta, e a mente “viajou”.
Essa capacidade da memória já foi relacionada à inteligência, em testes de compreensão e de QI. Esse estudo agora revela sua importância para as situações comuns, e abre uma janela no mundo dos pensamentos.
“Ficar vagando não é de ‘graça’ – exige recursos”, comenta Levinson. “Você tem que escolher como vai usá-los”. Por isso, deixar a mente vagar ao mesmo tempo em que não se esquece das obrigações futuras lhe dá tempo para explorar outros aspectos do mundo – e ficar mais inteligente. Levinson está estudando agora a conexão entre os dois, e como as pessoas podem controlar isso.
Por Bernardo Staut - [ScienceDail]
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