No
Brasil, muitos juízes acham
que devem fazer
que devem fazer
(in)justiça social com
as próprias mãos
Hoje
vou contar uns casos para você. Aproximam-se o Natal e o Ano-Novo, e
sempre pensamos o que poderia ser diferente no Brasil. Eu,
diferentemente daqueles que creem em modas como "consciência
política" (para mim isso é uma coisa tão real quanto carma),
espero que um dia o Brasil se livre de sua inhaca de ser um país no
qual quem dá emprego é visto como bandido. Porque, ao contrário do
que diz a moçada da "justiça social" (carma...), quem dá
emprego é quem faz verdadeira justiça social.
Imaginem
uma jovem empresária cheia de vida e fé no seu negócio. Isso
aconteceu alguns anos atrás, hoje ela se transformou numa cética
com relação ao valor da atividade do pequeno e médio empresário
brasileiro, porque acha que só ingênuo e mal informado dá emprego
no Brasil.
Um
dia sua loja de produtos finos foi assaltada em plena luz do dia. Ela
e sua sócia tiveram suas vidas ameaçadas. Vários talões de
cheques da empresa roubados do cofre. Não tinha muito dinheiro em
"cash", por sorte.
Na
sequência, se inicia a via crúcis para cancelar os talões e fazer
o BO. Horas em delegacias com funcionários que complicavam as coisas
com clara intenção de, quem sabe, garantir um "extra".
Alguns
dias depois, a dona de um pequeno restaurante fora de São Paulo liga
para elas dizendo que um grupo grande de homens havia passado um
cheque de sua empresa como pagamento de uma festa que eles tinham
dado no restaurante dela. Nossa jovem empresária, prontamente,
informa à mulher que a loja tinha sido assaltada, que esses talões
estavam cancelados e que tinha a documentação necessária para
comprovar o relato, e, portanto, sentia muito, mas o cheque não
tinha qualquer valor.
Claro
que a dona do pequeno restaurante não quis saber e "pôs elas
no pau". Foram obrigadas a depositar em juízo. Quando da
audiência, após apresentar toda a documentação, o juiz decidiu
que sim, elas deveriam pagar o cheque.
Quando
questionado em sua decisão (já que elas tinham sido vítimas de um
assalto!), o juiz as ameaçou dizendo que, caso não aceitassem a
decisão, o processo se alongaria e sairia mais caro para elas. Ao
ser indagado acerca da injustiça que ele cometia ao obrigá-las a
pagar por um gasto que não fizeram, o juiz soltou a pérola de
costume: "As senhoras são ricas, podem pagar por isso".
Eis
o juiz fazendo caridade com a grana alheia. Comunista gosta de
distribuir o dinheiro dos outros. No Brasil, muitos juízes acham que
devem fazer (in)justiça social com as próprias mãos.
Moral
da história: as empresárias foram roubadas duas vezes, uma pelos
ladrões, outra pelo Estado.
Outro
caso. Funcionário rouba o patrão. Ele demite o funcionário por
justa causa. Abre processo na Justiça comum contra o funcionário. O
juiz do trabalho decide que o patrão deve pagar "todos os
direitos trabalhistas" do funcionário sob alegação de que uma
coisa é roubar, outra é ser demitido. Risadas? Claro, o juiz do
trabalho argumentou que as duas Justiças "não se comunicam"
e que os direitos trabalhistas são inquestionáveis.
A
questão é: afinal, roubar não seria causa suficiente para você
demitir alguém? O problema é que cá nestas terras demitir é
crime. O Brasil é mesmo o fim da picada.
Moral
da história: o empresário foi roubado duas vezes, uma pelo
funcionário ladrão, outra pelo Estado.
Mais
um. Jovem empresário de uma cidade em outro Estado faz uma reforma
na fachada de sua loja. Fica muito bonita. Dias depois, roubam quase
tudo dessa fachada.
No
Brasil, tudo é roubável. A fachada fica destruída. Passados poucos
dias, aparece aquele cara chamado "fiscal da prefeitura". O
"amigo" avisa ao empresário que vai lhe passar uma bela
multa, a não ser que ele seja razoável. O jovem empresário, munido
da fé comum daqueles que creem que escândalos com fiscais é coisa
rara, argumenta e apresenta documentação provando a destruição
criminosa e o roubo. Não adianta, o "representante do bem
público", leia-se, o fiscal, lhe apresenta uma multa enorme.
Moral
da história: o jovem empresário foi roubado duas vezes, uma pelo
ladrão, outra pelo Estado.