Chove, é outono.
As gotas de chuva escorrem pelo vidro da janela.
Não fui trabalhar, simplesmente não fui.
Acordei mais tarde.
Li o jornal sem pressa. Hoje o dia vai ser meu, só meu.
Vou ler meia notícia, parar, olhar o vazio,
sem pensar em absolutamente nada.
O tic-tac do relógio é o único som ambiente.
O telefone mudo, o violão num canto,
os classificados do jornal no chão da sala, e eu sentado, vazio, cinzento.
A chuva cai mais forte,
já li todo o jornal, o vazio aumenta, a cabeça pensa;
sinto o gosto da tua ausência. É inevitável.
Hoje não fui trabalhar.
A saudade é a mesma, a única diferença é que chove,
e eu não fui trabalhar.