Eu costumava pensar que podia compreender tudo e exprimir tudo. Ou quase tudo. Eu me lembro que quando estava escrevendo o meu livro sobre a guerra no Afeganistão, Zinky Boys, e fui ao Afeganistão, eles me mostraram algumas das armas estrangeiras que tinham sido capturadas dos combatentes afegãos.
Fiquei espantada com uma mina terrestre, a perfeição das suas formas, o quanto perfeitamente um pensamento humano poderia ser expresso por aquela peça que parecia ser uma obra de arte.
Havia um oficial ao meu lado que disse: "Se alguém pisar nesta mina italiana que você diz que é tão bonita que parece uma decoração de Natal, não restará mais nada dele além de um balde de carne. Você teria que raspar os pedaços do chão com uma colher.”
Quando me sentei para escrever isto, pensei: "Isto é algo que devo dizer?"
Eu tinha sido educada na grande literatura russa, pensava que poderia ir muito muito longe, e estava ali escrevendo sobre aquele balde de carne. Mas a Zona de Guerra é um mundo à parte, um mundo dentro do resto do mundo, e é bem mais poderoso do que qualquer coisa que a literatura tenha a dizer.
Escritora / Jornalista - Bielorussia
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