O sedentarismo é um
dos grandes responsáveis pelo lado ruim do
envelhecimento, mas
reverter seus efeitos indesejáveis sobre
corpo e cérebro está ao
alcance de todos
Antigamente, o
exercício físico era recomendado apenas para manter o coração
saudável, o colesterol baixo e a pressão arterial sob controle.
Hoje em dia, ele é indicado também para manter a saúde do cérebro:
dá motivação, promove a socialização, combate os efeitos nocivos
do estresse crônico, a depressão, a ansiedade, melhora a memória e
o aprendizado, e ainda faz o cérebro produzir substâncias que
mantêm os neurônios saudáveis e mais resistentes a danos.
A prática de
atividades físicas começa a trazer benefícios já com uns 20
minutos de suor, quando o corpo começa a produzir o hormônio
cortisol como reforço à disponibilização de energia para os
músculos. Além de imitar o que o sistema simpático já estava
fazendo, aumentando a frequência cardíaca e o fluxo de sangue para
os músculos, é o cortisol que faz com que as reservas de energia na
forma de gordura comecem a ser utilizadas. Ou seja: só se começa a
queimar gordura com uns 20 minutos de exercício. Por isso 10
minutinhos de cada vez não adiantam – nem aquela caminhadinha
leve.
Além do prazer
imediato que o esforço físico proporciona (mas, de novo, só se for
intenso o suficiente) com a liberação de endorfinas no cérebro,
terminar o exercício é relaxante. O corpo descansa com o aumento da
atividade parassimpática, que promove a recuperação física e o
crescimento muscular, e ainda ganha uma injeção de prolactina,
hormônio ansiolítico que também é produzido no orgasmo. Isso tudo
além do relaxamento muscular em si: é relaxante dar um uso a toda
aquela tensão muscular acumulada ao longo do dia.
E os benefícios
continuam com a prática regular, que hoje é considerada o que há
de mais próximo de um elixir da juventude. O exercício físico
intenso regular faz o corpo aumentar a liberação de dois hormônios,
o IGF-1 e o hormônio do crescimento, cuja redução com o passar dos
anos está associada ao envelhecimento normal do corpo e da mente.
Com mais idade e cada vez menos desses hormônios, o corpo acumula
gordura, perde massa muscular, potência cardíaca e elasticidade das
artérias e, de quebra, ainda perde neurônios no cérebro, sobretudo
se o estresse for uma constante na vida.
Tudo isso é inevitável
para quem leva uma vida sedentária – mas muda drasticamente quando
se começa a suar com regularidade. Produzindo mais IGF-1 e hormônio
do crescimento, a massa muscular aumenta, o índice de gordura
corporal diminui, os ossos e o coração se fortalecem, e até a
produção de colágeno da pele aumenta, o que ajuda a manter o
aspecto jovem. E os benefícios se estendem ao cérebro, conforme o
IGF-1 do sangue aumenta a produção de um fator de crescimento que
mantém os neurônios saudáveis, facilita a memória e protege os
neurônios de insultos como isquemias e derrames. A memória melhora,
as respostas ao estresse se tornam mais sadias, a ansiedade diminui.
Não fomos feitos para
ficar sentados no sofá. Os confortos da vida moderna são ótimos,
mas o sedentarismo talvez seja um grande responsável pelo lado ruim
do envelhecimento. Não dá para parar o tempo, mas reverter os seus
efeitos indesejáveis sobre corpo e cérebro está ao alcance de
todos. Basta suar a camisa.
E qual a melhor
atividade física? Minha resposta: a que você gostar, seja dança de
salão, futebol, frescobol, corrida – desde que faça você suar.
Por que o exercício de que você gosta é o único que você vai
realmente fazer...