Numa conversa, uma amiga me contou que ouvira, numa entrevista na TV, uma coisa que lhe chamou muito a atenção. Segundo ela, poderia revolucionar o ensino no Brasil. E, o que mais a impressionara na idéia, era sua simplicidade.
Segundo ela, num programa de entrevistas, o ator Marcos Palmeira, havia dito:
“- ...O ensino no Brasil só vai melhorar o dia que todos os ocupantes de cargos eletivos, do Presidente da República ao vereador da menor cidade, for obrigado a utilizar a rede pública para promover a educação dos seus próprios filhos”.
Não sei se a idéia é dele, mas é brilhante. E o fato dele citá-la num programa de grande audiência já o faz co-autor da propagação desta brilhante solução.
Imaginem o poder de um grande movimento nacional se insurgindo contra essa calamidade criminosa que se promove com o ensino, com o preparo dos filhos do país. Todos exigindo que essa lei fosse proposta e promulgada o mais urgente possível. Para começar, todos os congressistas e portadores de cargos eletivos entrariam em pânico!
Para que desse certo seria preciso uma pressão popular sem precedentes. Mas, para isso, hoje existe internet e as redes sociais que já demostraram o poder que tem e do que são capazes de mobilizar em tempo real.
Será difícil, mas será a grande redenção do Brasil. Será um salto incalculável. Basta mudar a qualidade do ensino que todo o resto muda. O conhecimento muda tudo. Inclusive, transforma vidas infelizes em vidas felizes.
Hoje, são milhões de crianças e jovens que já nascem condenados ao sofrimento e a infelicidade. Milhões com nenhuma oportunidade real de progredir, de evoluir. Condenados a infelicidade. Porque conhecimento amplia as possibilidades de se alcançar sonhos e metas. Negar o acesso ao conhecimento é negar qualquer possibilidade de felicidade.
Pessoas que raciocinam, cobram mais, conhecem mais seus direitos e o poder que tem quando mobilizadas.
É espantoso que dezenas de pessoas conceituadas, formadoras de opinião tenham se espantado e rotulado as manifestações do ano passado, durante a Copa das Confederações, como manifestações de Mauricinhos e Patricinhas da classe média. Eles estão absolutamente certos!
Porque? Porque só esses Mauricinhos e Patricinhas tem o conhecimento necessário, por terem dinheiro para pagar uma boa formação, e para entender o que está acontecendo, e, principalmente. por que são pessoas do bem. Seres humanos evoluídos, do bem. São boas pessoas e bons brasileiros. Graças a generosidade deles em pensarem nos que não são iguais a eles, graças ao fato deles existirem e saírem de suas casas, provavelmente muito confortáveis, para levar porrada no centro da cidade, seja no Rio ou qualquer outra capital, já os faz heróis. Já os faz os líderes que estão tentando acordar esse país. Líderes carregados de legitimidade e consciência social.
Lembro, aos que ao rotularam o movimento de "mauricinhos da classe média entediados e sem nada pra fazer”, que, até agora, foram eles os únicos a fazer alguma coisa.
Devíamos sim, sair as ruas para impor que todos os filhos de ocupantes de cargos eletivos tenham, obrigatoriamente, que estudar na rede pública. Tenham que ser atendidos nos hospitais públicos. Marcos Palmeira está certíssimo e exibiu a idéia com clareza e simplicidade.
Em muito menos tempo do que construímos esses gigantescos e monumentais Coliseus megalômanos chamados estádios da Copa da FIFA, estaríamos reconstruindo e qualificando toda nossa rede de ensino e saúde. Estaríamos dando um futuro ao país e não uma taça que não vale nada para o jovem que vai passar a vida lutando para comer e dormir quase como ser humano.
Se os governantes forem obrigados a matricular seus filhos na rede pública de ensino, em menos de 4 anos teremos uma das melhores redes de ensino do mundo. Aí sim, começaremos a ter futuro.
Garanto que, durante séculos, nunca mais pensaremos em Copa do Mundo no Brasil. E, quem sabe, seremos um povo verdadeiramente feliz.
Sem precisar nos fantasiar ou nos enganar para isso.