Me tenho em muitas camadas
Em cada uma, uma escolha
Sou cebola cortada e ardida
Garrafa que sem saca-rolha
Um mil-folhas já mordido
Um medo que me recolha
Horas de dolorida lucidez
Outras feliz, desfocada e zarolha
Vago e volto sem rumo
Na procura de quem me acolha
Não aceito qualquer esculacho
Não espere que eu me encolha
Falo o que tenho vontade
Não me prendo, furo e fujo da bolha
Deixo sementes pelo caminho
Na esperança de que alguém colha.