CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - A Máquina do Mundo

E como eu palmilhasse vagamente
uma estrada de Minas, pedregosa,
e no fecho da tarde um sino rouco

se misturasse ao som de meus sapatos
que era pausado e seco; e aves pairassem
no céu de chumbo, e suas formas pretas

lentamente se fossem diluindo
na escuridão maior, vinda dos montes
e de meu próprio ser desenganado,

a máquina do mundo se entreabriu
para quem de a romper já se esquivava
e só de o ter pensado se carpia.

Abriu-se majestosa e circunspecta,
sem emitir um som que fosse impuro
nem um clarão maior que o tolerável

pelas pupilas gastas na inspeção
contínua e dolorosa do deserto,
e pela mente exausta de mentar

toda uma realidade que transcende
a própria imagem sua debuxada
no rosto do mistério, nos abismos.

Abriu-se em calma pura, e convidando
quantos sentidos e intuições restavam
a quem de os ter usado os já perdera

e nem desejaria recobrá-los,
se em vão e para sempre repetimos
os mesmos sem roteiro tristes périplos,

convidando-os a todos, em coorte,
a se aplicarem sobre o pasto inédito
da natureza mítica das coisas,

assim me disse, embora voz alguma
ou sopro ou eco ou simples percussão
atestasse que alguém, sobre a montanha,

a outro alguém, noturno e miserável,
em colóquio se estava dirigindo:
"O que procuraste em ti ou fora de

teu ser restrito e nunca se mostrou,
mesmo afetando dar-se ou se rendendo,
e a cada instante mais se retraindo,

olha, repara, ausculta: essa riqueza
sobrante a toda pérola, essa ciência
sublime e formidável, mas hermética,

essa total explicação da vida,
esse nexo primeiro e singular,
que nem concebes mais, pois tão esquivo

se revelou ante a pesquisa ardente
em que te consumiste... vê, contempla,
abre teu peito para agasalhá-lo.”

As mais soberbas pontes e edifícios,
o que nas oficinas se elabora,
o que pensado foi e logo atinge

distância superior ao pensamento,
os recursos da terra dominados,
e as paixões e os impulsos e os tormentos

e tudo que define o ser terrestre
ou se prolonga até nos animais
e chega às plantas para se embeber

no sono rancoroso dos minérios,
dá volta ao mundo e torna a se engolfar,
na estranha ordem geométrica de tudo,

e o absurdo original e seus enigmas,
suas verdades altas mais que todos
monumentos erguidos à verdade:

e a memória dos deuses, e o solene
sentimento de morte, que floresce
no caule da existência mais gloriosa,

tudo se apresentou nesse relance
e me chamou para seu reino augusto,
afinal submetido à vista humana.

Mas, como eu relutasse em responder
a tal apelo assim maravilhoso,
pois a fé se abrandara, e mesmo o anseio,

a esperança mais mínima — esse anelo
de ver desvanecida a treva espessa
que entre os raios do sol inda se filtra;

como defuntas crenças convocadas
presto e fremente não se produzissem
a de novo tingir a neutra face

que vou pelos caminhos demonstrando,
e como se outro ser, não mais aquele
habitante de mim há tantos anos,

passasse a comandar minha vontade
que, já de si volúvel, se cerrava
semelhante a essas flores reticentes

em si mesmas abertas e fechadas;
como se um dom tardio já não fora
apetecível, antes despiciendo,

baixei os olhos, incurioso, lasso,
desdenhando colher a coisa oferta
que se abria gratuita a meu engenho.

A treva mais estrita já pousara
sobre a estrada de Minas, pedregosa,
e a máquina do mundo, repelida,

se foi miudamente recompondo,
enquanto eu, avaliando o que perdera,
seguia vagaroso, de mãos pensas.

Carlos Drummond de Andrade

****
Este poema foi escolhido como o melhor poema brasileiro de todos os tempos por um grupo significativo de escritores e críticos, a pedido do caderno “MAIS” (edição de 02-01-2000), publicado aos domingos pelo jornal “Folha de São Paulo”. Publicado originalmente no livro “Claro Enigma”, o texto acima foi extraído do livro “Nova Reunião”, José Olympio Editora – Rio de Janeiro, 1985, pág. 300.

MARTHA MEDEIROS - A morte devagar

Morre lentamente quem não troca de idéias, não troca de discurso, evita as próprias contradições.
Morre lentamente quem vira escravo do hábito, repetindo todos os dias o mesmo trajeto e as mesmas compras no supermercado. Quem não troca de marca, não arrisca vestir uma cor nova, não dá papo para quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru e seu parceiro diário. Muitos não podem comprar um livro ou uma entrada de cinema, mas muitos podem, e ainda assim alienam-se diante de um tubo de imagens que traz informação e entretenimento, mas que não deveria, mesmo com apenas 14 polegadas, ocupar tanto espaço em uma vida.
Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o preto no branco e os pingos nos is a um turbilhão de emoções indomáveis, justamente as que resgatam brilho nos olhos, sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho, quem não se permite, uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não acha graça de si mesmo.
Morre lentamente quem destrói seu amor-próprio. Pode ser depressão, que é doença séria e requer ajuda profissional. Então fenece a cada dia quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente quem não trabalha e quem não estuda, e na maioria das vezes isso não é opção e, sim, destino: então um governo omisso pode matar lentamente uma boa parcela da população.
Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da chuva incessante, desistindo de um projeto antes de iniciá-lo, não perguntando sobre um assunto que desconhece e não respondendo quando lhe indagam o que sabe. Morre muita gente lentamente, e esta é a morte mais ingrata e traiçoeira, pois quando ela se aproxima de verdade, aí já estamos muito destreinados para percorrer o pouco tempo restante. Que amanhã, portanto, demore muito para ser o nosso dia. Já que não podemos evitar um final repentino, que ao menos evitemos a morte em suaves prestações, lembrando sempre que estar vivo exige um esforço bem maior do que simplesmente respirar.

COMO CORRER ATRÁS DOS SEUS PLANOS - Solange Bittencourt Quintanilha

Como estão aqueles sonhos acalentados há anos? Foram arquivados?
As coisas que você prometeu que iria cumprir esse ano, conseguiu?

Está faltando tempo para você realizar tudo o que deseja?
Parece que andamos de um lado para o outro, gastando tempo e energia sem conseguir encontrar e harmonizar nossas realizações profissional e pessoal. Não dá para abrir mão de nenhuma, pois ambas são importantes para a nossa vida.
Por que postergamos decisões urgentes? Por que deixamos para amanhã o que podemos fazer hoje? As palavras “algum dia” não deveriam existir no nosso calendário.

Na verdade, são vários motivos que nos levam a adiar tantas coisas importantes, que nos paralisam e cujas causas costumam ser primitivas, dos nossos primeiros anos de vida:
- nossas limitações (quantas ainda conservo na minha vida das quais não tenho nem consciência?);
- desânimo, falta de energia;
- descrença em nós (pensamentos como: não sou bom o bastante, não sou capaz, que certamente ocorrem pela falta de amor próprio e baixa autoestima);
- nossos medos;
- postura de passividade (ela nos afoga, e ficamos esperando que surja alguém para fornecer o gás que precisamos);
- não aceitação dos erros (se não podemos errar, não podemos arriscar) ou
perfeccionismo...

Sentir medo faz parte da essência do ser humano. Sempre vamos sentir medo em momentos de decisão. Precisamos evitar que o medo nos impeça de agir, ele não pode nos dominar. Respeitar o medo, mas não deixar que ele seja uma barreira para os seus sonhos.
Errar faz parte da vida, tudo o que é importante na vida não fazemos certo da primeira vez. Caímos e levantamos algumas vezes. Quanto melhor aceitarmos nossas falhas, mais vamos aprender com elas para fazer certo da próxima vez.
Fracassar não é perder uma batalha, mas desistir de lutar porque é impossível ganhar sempre.
Aprender a lidar com as nossas limitações, com o desânimo, com a nossa descrença, com a nossa passividade, perfeccionismo... é o caminho.

Poderemos e conseguiremos empregar o nosso tempo de forma a gerar um impacto positivo nas nossas vidas, quando estivermos livres desses pensamentos e sentimentos tão inibidores e limitadores. Assim, fazer um mergulho no nosso interior, tentando realmente conhecer e entender as nossas questões emocionais, e as nossas dificuldades, é o que nos dará a possibilidade de descobrirmos o que é relevante para nós, quais são os nossos maiores propósitos e valores. Se estamos verdadeiramente dispostos a mudar e com boa motivação, vamos encontrar os caminhos.

Um sonho com data é uma meta, então, vamos elaborar por escrito nossos sonhos e planos buscando uma ordem de prioridades, examinando com atenção, seriedade, tenacidade e disciplina.
É necessário e muito valioso que o nosso planejamento seja factível. Não adianta acumular um monte de metas, pois além de ficar difícil dar conta de tudo, essa situação vai trazer ansiedade. Quando ela fica grande demais, afeta a mente e o corpo, causando dores de cabeça, musculares, aumento da pressão arterial, alterações no sono, gastrite...
Comecemos aos poucos, o importante é começar e não desistir de lutar.
É muito importante aprender a administrar o nosso tempo. Uma rotina equilibrada cria a oportunidade que faltava para retomar velhos desejos. Vale a pena.
Fiquemos receptivos às novas soluções, e mudanças, pois a rigidez impede a criatividade.

Sorte é quando preparação encontra oportunidade.
Os estudiosos dizem que o sucesso é = 1% Inspiração + 1% Sorte + 98% de Transpiração.

GOETHE dizia: “Se você pensa que pode ou sonha que pode, comece”.
Ousadia tem genialidade, poder e mágica. Empenho, persistência e sabedoria são essenciais.
No momento em que mudamos nossas crenças e valores, parece que o mundo nos acompanha. Os problemas continuam existindo, mas passamos a encará-los de uma maneira positiva, como um aprendizado.

É enxergar possibilidades onde outros só enxergam obstáculos e ter coragem de caminhar em direção às realizações.

FERNANDA TORRES - Mundo animal

No morro atrás de onde eu moro vivem alguns urubus. Eles decolam juntos, cerca de dez, e aproveitam as correntes ascendentes para alcançar as nuvens sobre a Lagoa Rodrigo de Freitas. Depois, planam de volta, dando rasantes na varanda de casa. O grupo dorme na copa das árvores e lembra o dos carcarás do Mogli. Às vezes, eles costumam pegar sol no terraço. Sempre que dou de cara com um, trato-o com respeito. O urubu é um pássaro grande, feio e mal-encarado, mas é da paz. Ele não ataca e só vai embora se alguém o afugenta com gritos.

Recentemente, notei que um bem-te-vi aparecia todos os dias de manhã para roubar a palha da palmeira do jardim. De vez em quando, trazia a senhora para ajudar no ninho. Comecei a colocar pão na mesa de fora, e eles se habituaram a tomar o café conosco. Agora, quando não encontram o repasto, cantam, reclamando do atraso. Um outro casal descobriu o banquete, não sei a que gênero esses dois pertencem. A cor é um verde-escuro brilhante, o tamanho é menor do que o do bem-te-vi e o Pavarotti da dupla é o macho. Sempre me impressiono com o volume dos trinados vindos de um bichinho tão pequeno.

A ideia de prender um passarinho na gaiola, por mais que ele se acostume com o dono, é muito triste. Comprei um periquito, uma vez, criado em cárcere privado, e o soltei na sala. Achei que ele ia gostar de ter espaço. Saí para trabalhar e, quando voltei, o pobre estava morto atrás da poltrona. Ele tentou sair e morreu dando cabeçadas no vidro. Carrego a culpa até hoje. De boas intenções o inferno está cheio.

Vi a notícia de uma pesquisadora do Pantanal que espalhou abrigos de madeira pela região para ajudar na reprodução das araras-azuis. Uma ideia simples que fez diferença e ainda contribuiu para que outros irmãos penados, como corujas e águias, tivessem um teto. Estou pensando seriamente em fazer o mesmo aqui.

Quase infartei de espanto no dia que vi a capivara da Lagoa. Eu não esperava que fosse tão grande. Era um sábado ensolarado, ela estava dormindo na beira d’água, debaixo do manguezal. Os pelos eram como agulhas pontudas e juntou gente para tirar foto. Soberana, a bicha nem se importou com a fama, levantou a cabeça, olhou em volta e retomou o cochilo.

Estive no Zimbábue em 1996. A vida selvagem da África é tão imperiosa que o hotel recebia a visita habitual de elefantes, javalis e babuínos. Não estou falando de uma reserva afastada, era na zona urbana que circunda Victoria Falls. Havia placas espalhadas por todo o lodge alertando os visitantes de que não era seguro brincar com os animais.

Os javalis enfezados encaravam a gente no caminho do lobby e os macacos invadiam os quartos. Nós, homens, éramos menos donos dali do que eles, uma inversão rara de sentir no mundo civilizado, um receio ancestral de ser mais frágil, mais lento e menos preparado para sobreviver à seleção natural das espécies.

Na Índia, os animais também dominam as ruas, andam em gangues e te miram com curiosidade. É uma experiência estranha a de pedir licença aos macacos para entrar em um templo ou se sentar para jantar.

O Rio de Janeiro existe entre lá e cá, entre o asfalto e a Mata Atlântica, mas a fauna daqui é mais delicada do que a africana e a indiana. Quem tem janela perto do verde conhece bem o que é conviver com os micos. Nos meus tempos de São Conrado, eu costumava acordar com um monte deles esperando a boia. Foi a primeira vez que experimentei cativar espécies não domesticadas.

Lanço aqui a campanha: crie vínculos com um curió, uma paca ou um formigueiro que seja. Eles são fiéis e independentes, não exibem sinais de carência e conectam você com a mãe natureza.

Experimente, ponha um pãozinho no parapeito e veja se alguém aparece.

STEVE JOBS - O estilo de liderança para uma nova geração

Eu estava sentado na área de espera de um restaurante...
 um dos lugares mais improváveis do mundo para um encontro 
capaz de mudar a vida de qualquer pessoa.

O artigo que estava lendo na seção de negócios do jornal falava acerca do fim desastroso da Eagle Computer, uma empresa nascente. Um jovem, que também aguardava por uma mesa, estava lendo o mesmo artigo. Nós começamos a conversar e revelei minha ligação com aquela notícia. Recentemente, dissera ao meu chefe, Andy Grove, presidente da Intel, que deixaria meu cargo em sua empresa para me juntar aos rapazes que estavam criando a Eagle Computer. A empresa estava prestes a abrir o capital. No dia da oferta pública de ações, o presidente- executivo da Eagle Computer tornou-se multimilionário instantaneamente, e celebrou indo beber com seus cofundadores. Dali, ele foi direto comprar uma Ferrari, tirou o carro da concessionária para um divertido test drive e bateu. Ele morreu, a empresa morreu, e o emprego pelo qual eu deixaria a Intel não existia mais, antes mesmo de me apresentar para o trabalho.

O jovem para quem contei a história começou a fazer perguntas a respeito do meu background. Contrastávamos totalmente: ele tinha uma aparência hippie, vinte e poucos anos e usava jeans e tênis. Ele me viu como um executivo, com seus quarenta anos, de terno e gravata. No entanto, rapidamente descobrimos uma paixão comum por computadores. O rapaz era um provocador, um vulcão de energia, que ficou muito animado com a ideia de que eu tinha assumido cargos importantes em tecnologia, mas saíra da IBM quando considerei que a empresa era lenta em aceitar novas ideias. Ele se apresentou como Steve Jobs, presidente do conselho da Apple Computer. Eu mal ouvira falar a respeito da Apple, mas me inquietei vendo aquele jovem como chefe de uma empresa de computadores. Então, ele me pegou completamente de surpresa, dizendo que gostaria que eu fosse trabalhar para ele. Respondi: "Acho que você não é capaz de bancar meu salário". Na ocasião, Steve tinha 27 anos e, alguns meses depois, naquele mesmo ano, quando a Apple abriu o capital, ganharia algo como 250 milhões de dólares.

Numa sexta-feira, duas semanas depois, comecei a trabalhar na Apple - com um salário um pouco maior e com uma mensagem de despedida de Andy Grove de que eu estava "cometendo um grande erro; a Apple não iria a lugar algum". Steve gostava de surpreender as pessoas não dando informações até o último minuto. No meu primeiro dia de trabalho, no final de uma conversa vespertina para nos conhecermos melhor, ele disse: "Vamos dar uma volta amanhã. Encontre- -me aqui às dez. Quero lhe mostrar uma coisa".

Não fazia ideia do que esperar ou se deveria me preparar de alguma forma.

No sábado de manhã, entramos no Mercedes de Steve e partimos. Ainda nenhuma palavra sobre para que lugar estávamos indo. Ele entrou no estacionamento do PARC, o Palo Alto Research Center (Centro de Pesquisa de Palo Alto), da Xerox, onde fomos conduzidos até uma sala de equipamentos de informática, que me espantou. Steve tinha estado ali um mês antes com um grupo de engenheiros da Apple, que possuíam opiniões divergentes sobre se os produtos que foram apresentados a ele teriam algum valor para os computadores pessoais. Naquele momento, Steve regressava para dar outra olhada, e se sentia empolgado. Ele tinha certeza de que vira o futuro da informática. O PARC estava criando uma máquina para empresas, um computador de grande porte para concorrer com a IBM. Steve vira outra coisa: um computador para todas as pessoas. Steve, o visionário da perfeição do produto tinha ficado diante do caminho luminoso para um futuro radiante. Evidentemente, não seria um caminho sem obstáculos. Ele cometeria diversos erros dolorosos, onerosos, quase desastrosos ao longo do percurso; muitos dos quais por causa da noção da sua própria infalibilidade, o tipo de certeza obstinada que deu origem ao clichê "do meu jeito ou rua". Contudo, para mim, era assombroso ver como ele estava aberto para as possibilidades, como ele ficava empolgado ao identificar novas ideias, vendo seu valor e adotando-as. E seu entusiasmo era contagioso. Ele compreendia a mentalidade das pessoas para quem quisesse criar produtos porque era uma delas. E, como pensava como seus futuros clientes, ele sabia quando via o futuro. Eu veria Steve como incrivelmente brilhante, transbordante de entusiasmo, movido por uma visão de futuro, mas também inacreditavelmente jovem e loucamente impulsivo. Steve Jobs daria início à sua intenção de mudar o mundo. E isso, como se sabe, foi exatamente o que ele fez.
Jay Elliot

Sobre o autor:
Executivo das áreas de computação e tecnologia, Jay Elliot foi vice-presidente da Apple e trabalhou em companhias como IBM, Intel e Nee Health Systems. Atualmente, é presidente da Nuvel, empresa de desenvolvimento de softwares, na qual aplica grande parte dos princípios de gestão e liderança aprendidos com Steve Jobs. Essa experiência deu origem a Steve Jobs - o estilo de liderança para uma nova geração, em parceria com William L. Simon, traduzido para vinte e três idiomas.

O QUE É UMA COMPULSÃO? - Solange Bittencourt Quintanilha

Compulsão é um impulso
que se torna mais forte que a própria pessoa. 

É uma necessidade patológica de agir sob a pressão de um vício, que se controlado, produz muita ansiedade.
É um impulso muito forte e até irresistível, que leva o indivíduo a fazer algo às vezes até indesejável, errado ou fora dos limites da razão e que se repete de maneira perseverante, objetivando evitar a angústia.  Sua vontade se torna escrava. Ela costuma trazer ansiedade, angústia, frustração, e tem um efeito negativo nas relações afetivas. 
Existem várias compulsões, eis algumas:

Compulsão alimentar
O ato alimentar tem função estrutural na nossa personalidade, por tratar-se primordialmente do primeiro elo entre o bebê e a mãe (o primeiro elo entre alimento e sentimento). A alimentação é um processo relacional carregado de extenso significado emocional.
A compulsão é uma alteração de comportamento. Não se procura alimento para saciar só a fome biológica, mas também a fome emocional.
O impacto emocional do comer compulsivamente e do excesso de peso sobre a vida das pessoas traz grandes sofrimentos.

Compulsão pelo computador 
Muitas pessoas se sentem incapazes de controlar o número de horas que ficam conectadas à Internet.
Quando isso acontece, o resultado é sempre uma sucessão de prejuízos que vão do desequilíbrio nas relações afetivas, problemas profissionais, tendência ao isolamento social, depressão. Esse uso compulsivo provoca a substituição do contato real pelo virtual.
Esse vício tão forte fascina muitas pessoas, porque permite que elas escondam a sua timidez, protejam-se do medo de rejeição, experimentem uma sensação de poder, expressem suas fantasias com liberdade infinita pela certeza do anonimato...

Compulsão pela estética 
O culto ao corpo vem crescendo assustadoramente, numa preocupação desmedida e alarmante, com mudanças drásticas na alimentação, gerando transtornos alimentares, como por exemplo, Anorexia ou Bulimia. Nas duas, há uma versão muito negativa da própria imagem.
Na Anorexia, que é uma doença perigosa e pode ser fatal, o indivíduo se acha gordo mesmo se estiver magro. É uma grave distorção corporal. Faz dietas absurdas ou simplesmente para de comer.
Na Bulimia, o sentimento de culpa por ter comido, faz com que, após as refeições, a pessoa provoque vômitos, tome laxantes ou diuréticos para purgar o que foi ingerido e não engordar.
Encontramos também o exagero de procedimentos estéticos numa preocupação às vezes doentia com rugas, celulites, estrias... e práticas repetitivas de cirurgias plásticas, lipoaspirações, silicones, botox...

Compulsão pelas drogas
Droga é toda substância, natural ou artificial, que introduzida no organismo , pode provocar modificações na sua estrutura ou no seu funcionamento.
Existem dois tipos fundamentais de dependência às drogas:
dependência psíquica ou psicológica e dependência física ou orgânica.
A droga produz tolerância no organismo, o que obriga o usuário a, progressivamente, aumentar a dose, chegando às vezes a uma dosagem letal.
Existe uma verdadeira compulsão pela droga, isto é, uma necessidade tão grande, que faz com que o indivíduo procure obtê-la por todos os meios.
Surge daí, casos de crimes de roubo, agressões, homicídios, prostituição...
Se o indivíduo for abruptamente privado do uso da droga, surge a crise de abstinência ou de privação, geralmente acompanhada de calafrios, tremores, sudoreses, náuseas, vômitos, diarréia, confusão mental, alucinações, delírios, convulsões e até morte.
Existem outras formas de compulsões: jogadores compulsivos, atletas compulsivos, compradores compulsivos...
É extremamente importante que todos tenham a consciência de que qualquer vício ou compulsão, além de ser muito difícil de ser abandonado, traz sempre muito sofrimento.
Na verdade, toda compulsão carrega no fundo, os problemas emocionais do indivíduo, o que o leva a ficar totalmente submisso e prisioneiro do vício. É, portanto muito importante a noção de que é uma doença, que precisa ser tratada, e não simplesmente uma falta de força de vontade do usuário ou uma fraqueza, como muitos pensam.

CORA RÓNAI - Tempo, memória, cortesia: vitímas da informação?

Cora Rónai -23 de julho de 2009

TEMPO, MEMÓRIA, CORTESIA: VÍTIMAS DA INFORMAÇÃO?


 *Obs: Prestem atenção na data em que foi escrito. Hoje, está muito pior...


– Estou impressionada com as pessoas, — disse a amiga que mora parte do tempo no Rio, outra em Nova York e o que sobra pelo resto do mundo. — Aqui no Brasil ninguém responde mais a email, a convite formal, a nada! Não sei se é falta de educação, falta de tempo ou se as coisas agora são assim mesmo…


Se eu não tivesse ligado exatamente para responder a um convite, poderia ter pensado que estava diante de uma indireta: é que a carapuça parecia feita sob medida. Ainda que saiba que não responder aos amigos (e não agradecer aos livros que enviam) é imperdoável, ainda que comece praticamente todos os dias com a consciência culpada por causa dos emails que deixei de responder na véspera e já agoniada com os que não responderei ao longo das próximas horas, o fato é que, por mais que tente, não encontro tempo ou concentração para me manter em dia com o que a civilidade exige.
Este é um tema recorrente nas minhas colunas da “Revista Digital”, até porque atribuo boa parte da culpa dessa desatenção ao mundo hi-tech e à vida-ponto-com em que ando mergulhada há tantos anos. Cada carta manuscrita se transformou em centenas de emails, cada fonte de informação multiplicou-se ao infinito e está a um clique de distância. Resultado: de pessoa cortês que enviava flores em datas significativas e cartões bonitinhos escritos com letra até legível, virei um bípede sem dúvida bem informado, mas sempre em falta com suas obrigações elementares.
Há uns tempos, em desespero de causa, escrevi isso no Facebook (e na Revista): “Cora Rónai está com o trabalho todo atrasado!”. Era só parcialmente verdade. Para variar, tudo estava atrasado na minha vida.
“A sobrecarga de informação acertou o passo comigo, me ultrapassou e periga me jogar fora da estrada,” disse então. “Como todo mundo, eu também precisaria de um dia de 48 horas para ficar minimamente em dia com o que me cerca. Recebo e compro mais livros do que consigo ler, tenho mais DVDs do que posso assistir pelos próximos dez anos, CDs e revistas se amontoam ao meu redor, há mensagens por responder na secretária eletrônica, no celular e na mailbox.”
De lá para cá, nada melhorou; pelo contrário. Tudo está ao nosso alcance ao mesmo tempo, um link puxa outro, os torpedos e o Twitter piam insistentemente no celular e no notebook. Olho para os gatos enroscados no tapete e invejo sua vidinha singela. A quantidade de informação que um gato administra está perfeitamente de acordo com o seu tempo físico e com a capacidade do seu cérebro: onde ficam os potes de água e ração, quem são os bípedes e quadrúpedes com quem convive, o que significam os vários ruídos da casa, o que é bom para brincar e o que é melhor deixar quieto. É um universo descomplicado, que permanece inalterado desde que os gatos são gatos. A mesma coisa acontece com os cães e com quase todas as espécies do planeta. Até a lagartixinha pálida que vive no lavabo não tem preocupações muito diferentes daquelas que passavam pela cabeça dos seus avôs dinossauros.
Já a complexidade da vida dos humanos, depois de alguns milênios em banho-maria, vem se acelerando a uma velocidade assustadora. Nosso cérebro continua igual ao dos nossos antepassados que viviam em aldeias de umas poucas almas, mas o tempo encolhe progressivamente, pois tem que ser dividido em fatias cada vez menores. Nas pequenas aldeias, a vida seguia o ritmo do sol, todos se conheciam desde sempre e, tirando as atribuições básicas da vida cotidiana, por árduas que fossem, não havia muito o que fazer. Dependendo da capacidade de imaginação de cada um, havia ainda menos em que pensar. As notícias que chegavam de fora vinham com anos de atraso e jeito de lenda; o que importava saber, de verdade, se restringia à vizinhança imediata, ao espaço conhecido.
O próprio mundo em que Andy Warhol previu quinze minutos de fama para cada um — ainda ontem! — era um mundo razoavelmente controlável, pré-internet, em que a sobrecarga de informação (information overload) não existia nem como expressão. Na época, o peso maior da equação estava na fama, uma figura de retórica distante e ilusória; hoje está no tempo, real. Quinze minutos no vertiginoso ano de 2009 são uma eternidade, uma abundância de segundos de que ninguém mais dispõe.
O ser humano é, por definição, um animal multi-tarefa, mas há um limite para a sua capacidade de processamento de dados. Se já não a ultrapassamos, estamos perto disso, como provam os esquecimentos constantes e a falta de memória que não poupam ninguém, numa espécie de gripe suína dos neurônios.
Quem tem lembrança de um pai ou avô que sabia longos poemas de cor fica pasmado: como era possível?! A conclusão quase inevitável é que não se fazem mais pessoas como antigamente. Mas talvez não seja bem assim. A capacidade de armazenagem do cérebro dos nossos antepassados não era diferente da nossa; apenas estava ocupada de outra forma. Entre outras infinitas coisas, eles não precisavam administrar centenas de contatos no Orkut nem seguir milhares de pessoas no Twitter.

COMO A INTERNET ESTÁ MUDANDO AS AMIZADES?


Amizade é uma das coisas mais importantes de nossas vidas.
E nunca foi tão fácil manter contato e 
conhecer gente nova como pela internet.
Graças às redes sociais, nunca tivemos tantos amigos. 
Mas isso está transformando a própria definição de amizade?


Qual é a primeira coisa que você faz quando entra na internet? Checa seu e-mail, dá uma olhadinha no Twitter, confere as atualizações dos seus contatos no Orkut ou no Facebook? Há diversos estudos comprovando que interagir com outras pessoas, principalmente com amigos, é o que mais fazemos na internet. Só o Facebook já tem mais de 500 milhões de usuários, que juntos passam 700 bilhões de minutos por mês conectados ao site - que chegou a superar o Google em número de acessos diários. A internet é a ferramenta mais poderosa já inventada no que diz respeito à amizade. E está transformando nossas relações: tornou muito mais fácil manter contato com os amigos e conhecer gente nova. Mas será que as amizades online não fazem com que as pessoas acabem se isolando e tenham menos amigos offline, "de verdade"? Essa tese, geralmente citada nos debates sobre o assunto, foi criada em 1995 pelo sociólogo americano Robert Putnam. E provavelmente está errada. Uma pesquisa feita pela Universidade de Toronto constatou que a internet faz você ter mais amigos - dentro e fora da rede. Durante a década passada, período de surgimento e ascensão dos sites de rede social, o número médio de amizades das pessoas cresceu. E os chamados heavy users, que passam mais tempo na internet, foram os que ganharam mais amigos no mundo real - 38% mais. Já quem não usava a internet ampliou suas amizades em apenas 4,6%.

Então as pessoas começam a se adicionar no Facebook e no final todo mundo vira amigo? Não é bem assim. A internet raramente cria amizades do zero - na maior parte dos casos, ela funciona como potencializadora de relações que já haviam se insinuado na vida real. Um estudo feito pela Universidade de Michigan constatou que o 20 maior uso do Facebook, depois de interagir com amigos, é olhar os perfis de pessoas de gente que acabamos de conhecer. Se você gostar do perfil, adiciona aquela pessoa, e está formado um vínculo. As redes sociais têm o poder de transformar os chamados elos latentes (pessoas que frequentam o mesmo ambiente social que você, mas não são suas amigas) em elos fracos - uma forma superficial de amizade. Pois é. Por mais que existam exceções a qualquer regra, todos os estudos apontam que amizades geradas com a ajuda da internet são mais fracas, sim, do que aquelas que nascem e crescem fora dela.

Isso não é inteiramente ruim. Os seus amigos do peito geralmente são parecidos com você: pertencem ao mesmo mundo e gostam das mesmas coisas. Os elos fracos não. Eles transitam por grupos diferentes do seu, e por isso podem lhe apresentar coisas e pessoas novas e ampliar seus horizontes - gerando uma renovação de ideias que faz bem a todos os relacionamentos, inclusive às amizades antigas. Os sites sociais como Orkut e Facebook tornam mais fácil fazer, manter e gerenciar amigos. Mas também influem no desenvolvimento das relações - pois as possibilidades de interagir com outras pessoas são limitadas pelas ferramentas que os sites oferecem. "Você entra nas redes sociais e faz o que elas querem que você faça: escrever uma mensagem, mandar um link, cutucar", diz o físico e especialista em redes Augusto de Franco, que já escreveu mais de 20 livros sobre o tema. O problema, por assim dizer, é que a maioria das redes na internet é simétrica: se você quiser ter acesso às informações de uma pessoa ou mesmo falar reservadamente com ela, é obrigado a pedir a amizade dela, que tem de aceitar. Como é meio grosseiro dizer "não" a alguém que você conhece, mesmo que só de vista, todo mundo acabava adicionando todo mundo. E isso vai levando à banalização do conceito de amizade. "As pessoas a quem você está conectado não são necessariamente suas amigas de verdade", diz o sociólogo Nicholas Christakis, da Universidade Harvard. É verdade. Mas, com a chegada de sites como o Twitter, a coisa ficou diferente.

Amizade assimétrica

No Twitter, eu posso te seguir sem que você tenha de autorizar isso, ou me seguir de volta. É uma rede social completamente assimétrica. E isso faz com que as redes de "seguidores" e "seguidos" de alguém possam se comunicar de maneira muito mais fluida. Ao estudar, com um time de pesquisadores, a sua própria rede no Twitter, Christakis percebeu que seu grupo de amigos tinha começado a se comunicar entre si independentemente da mediação dele. Pessoas cujo único ponto em comum era o próprio Christakis acabaram ficando amigas entre si. "As redes sociais estão ficando maiores e mais diversificadas", diz o sociólogo e pesquisador de redes Barry Wellman, da Universidade de Toronto.
É o seguinte. Eu posso me interessar pelo que você tem a dizer e começar a te seguir. Nós não nos conhecemos. Mas você saberá quando eu o retuitar ou mencionar seu nome no site, e poderá falar comigo. Meus seguidores também podem se interessar pelos seus tuítes e começar a seguir você. Os seus seguidores podem ter curiosidade sobre mim e entrar na conversa que estamos tendo. Em suma: nós continuaremos não nos conhecendo, mas as pessoas que estão à nossa volta estabelecem vários níveis de interação - e podem até mesmo virar amigas entre si.
Mas boa parte dos cientistas ainda acha que, mesmo estando em contato com qualquer pessoa mais facilmente e a todo o momento, a distância conti-nuará prejudicando as amizades. "A internet faz com que você consiga desacelerar o processo, mas não salva as relações", acredita o antropólogo Robin Dunbar. "No fim das contas, ainda precisamos estar próximos das pessoas de vez em quando." É verdade. A maioria dos especialistas em relacionamento humano acredita que a proximidade física é essencial para sentirmos os efeitos benéficos das amizades profundas. Só que o cérebro pode estar começando a mudar de opinião.

Um estudo que está sendo realizado na Universidade da Califórnia começou a desvendar o efeito que as redes sociais produzem no organismo. Mais precisamente, o que acontece com os níveis de ocitocina quando usamos o Twitter, por exemplo. É há um efeito. Os primeiros resultados mostraram que tuitar estimula a liberação desse hormônio, e consequentemente diminui os níveis de hormônios como cortisol e ACTH, associados ao estresse.
Isso significa que o cérebro pode ter desenvolvido uma nova maneira de interpretar as conversas no Twitter. "O cérebro entende a conexão eletrônica como se fosse um contato presencial", diz Paul Zak. Isso seria uma adaptação evolutiva ao uso da internet. "O sistema de ocitocina está sempre se ajustando ao ambiente em você está", diz. "Pode ser que, de tanto interagir em redes sociais, as pessoas estejam se tornando mais sintonizadas para a amizade. E aí elas acabam fazendo mais amigos, inclusive presencialmente." Ou seja: além de mudar as amizades, a internet também pode acabar modificando o próprio cérebro humano. Mas ainda é cedo para dizer se acabaremos nos tornando seres hiperssociais, com cérebros capazes de acomodar um número maior de amigos. O próprio Paul Zak diz que não é possível desconsiderar a importância do contato físico - um dos mais importantes estimulantes da liberação de ocitocina no organismo. "No máximo, vamos ter mais possibilidades de manter relações íntimas a distância por mais tempo", diz. Outros, como Robin Dunbar, acham que a tecnologia ainda pode nos surpreender, e romper a última barreira da amizade online: "O Skype e outros serviços do tipo não são bons o suficiente, porque não nos permitem tocar um no outro em realidade virtual. Ainda."

AMIZADE POS-MODERNA
A internet e as redes sociais se baseiam em dois tipos de relação:

Amizade simétrica
É recíproca: se eu quiser ter você como amigo e acessar o seu perfil, você precisa autorizar o pedido e se tornar meu amigo também.
Pró: Privacidade. Você decide quem terá acesso às suas informações.
Contra: Reduz a possibilidade de conhecer gente nova.
Exemplos: Facebook / Orkut / Flickr / Linkedin /  Last.fm

Amizade assimétrica
Não é recíproca: eu posso adicionar ou seguir você sem precisar pedir permissão (e posso inclusive fazer isso sem que você saiba).
Pró: Torna muito mais fácil a formação de laços e comunidades.
Contra: Mais difícil de virar amizade íntima, pois a interação é pública.

MINHA TUDO - Edmir Silveira

Tem horas que a saudade bate forte,
Dos toques leves e macios,
Do cheiro, das noites, dos cios

E chega a ser bem pesado,
Tanto tempo passando ao lado,
Desperdiçado sem você.

A mesma falta que faz o chão,
É o coração correndo, acelerando, 
Buscando cada parte de você,
Os laços, Os teus cabelos,
Os braços dos teus carinhos,
A plenitude do teu ninho
O colo do teu paraíso

Porque tudo que for preciso
Para o paraíso existir
Existe quando me sinto,
Envolvendo e envolvido,
Pelo teu todo infinito,
Maior do que tudo, bonito
Do tamanho exato de amar.

ARNALDO JABOR - As 'coisas-zumbis' têm vida própria

Antigamente tínhamos um norte, ilusório ou não. Hoje, vivemos numa permanente incerteza que tentamos deslindar com mecanismos antigos. O colunista ou comentarista se empoleira num pódio de opiniões e fica deitando regras. Como eu, hoje em crise.

E aí? Qual é essa de um sujeito ficar dizendo o que acha certo ou errado na Paisagem? Fico falando na TV,escrevendo nos jornais, tentando ser relevante, tentando salvar alguma coisa que nem sei o que é. Salvar o quê?

Antigamente, era mole. O mal era o capitalismo e o bem era o socialismo. Agora,os intelectuais, caridosos de carteirinha, cafetões da miséria, santos oportunistas estão em pânico, pois não conseguem pensar sem almejar alguma forma de 'totalidade'.

Mas,isso acabou. As coisas estão controlando os homens. As coisas tomaram o poder e nós, seus escravos, criamos nomes: 'neoliberalismo, esquerdismo, nacionalismo', um reducionismo apressado para nos dar a ilusão de controle. Mas, hoje, a marcha das coisas zumbis já começou.

Diante dessa invasão dos vampiros de mercado e da tecnociência incontrolável, o pensamento ‘progressista’ ficou lamentoso, tristinho de tanto absurdo, tanto na guerra internacional como no caos brasileiro. De que adiantam os queixumes?Como falar em democracia com muçulmanos analfabetos que desde o século 8.º batem a cabeça nas pedras para exorcizar qualquer ‘perigo’ de liberdade, repetindo mantras do Corão, enquanto, do outro lado, os caretas republicanos competem para ver quem é mais reacionário e escolhem esse Romney a repetir mantras da Bíblia fundamentalista? É terrível ver a vitória das religiões sobre a razão, é feio ver o século 21 começando na Idade Média, com bilhões de seres dominados por Alá, combatidos pelo Deus da indústria de armas. O homem bomba matou o Eu.

Surge no horizonte da crise uma nova 'razão irracional' (se é que o oximoro é possível), pois vemos a direita crescer no mundo, junto a uma esquerda cada vez mais neoestalinista, uma razão burra e organizada, fascistoide, principalmente na América Latina.

O problema é que não conseguimos abrir mão do "eu", do desejo de ser um profeta ou professor ou comandante, tanto no pensamento, na política e nas artes. E,no entanto,vemos que o mundo se move como uma máquina própria. Os indivíduos viraram apenas uma peça ínfima que às vezes dispara novas rotas para as catástrofes. O "eu" virou um privilégio para poucos. Hitler foi um "eu" que encarnou o rancor nacional da Alemanha. Décadas depois, Osama foi um novo "eu" para atacar a modernização do Ocidente, supremo pavor (e desejo) do Islã. Do outro lado, Bush arrasou a América e o mundo. Dois psicopatas mudaram o tempo. Achávamos que tudo se moveria pelas grandes forças socioeconômicas e acabamos mudados por um maluco religioso e um imbecil alcoólatra. O mal difuso elege apenas seus operadores.

E no meio, entre o indivíduo e a massa, respira a liberdade como um bicho sem dono, a 'liberdade' - essa coisa que nos provoca tanta angústia. Que liberdade? Contra um mal teórico ou a favor de um bem inapreensível? A único consolo que resta ao "eu" é o narcisismo como moda social, a acumulação de riquezas, charmes e ilusões. É o nascimento do eu-boçal. Seria o eu-burguês, ou eu-Miami. Ou então, o 'eu' como uma espécie de prêmio para quem furar o muro do anonimato, para quem conseguir criar um eu fantasioso, um eu excêntrico, um eu que mostra a bunda,um eu de silicone ou um eu-big brother. O indivíduo está cada vez mais ridículo.

Quem fala debaixo dessas duas letrinhas: o "Eu"? Quem foi que inventou essa voz, esse brado que soa de dentro de um organismo, a partir do qual o mundo é contemplado, o que é essa voz cheia de certezas, quem são esses corpos opinativos que se pensam diferentes, mas são produzidos em série? Eles pensam:" Eu quero ser inconformista como todo mundo..." O eu dos intelectuais está humilhado...

Há um grande desânimo de pensar, de escrever,de análises sobre algo morto e inevitável e que já foi decidido. Refletir, fazer obras de arte, pra Quê? Sem alguma esperança não há filosofia.

O eu está sem orgulho, inútil. E aí,volta minha crise do início deste artigo deprimido (quem aguentou ler até agora?): como analisar racionalmente um país num tempo em que ninguém comanda? Não dá. Tenho de utilizar novos conceitos para isso. Tenho de me conformar que não há mais solução para muitos problemas. Nem para o terrorismo,nem para a miséria e seus crimes. Nem na guerra, nem no tráfico de São Paulo, por exemplo. Está tudo incorporado ao arquivo morto da História. Acabou o sonho de um futuro harmônico. O século 21 vai ser uma bosta mesmo. 

FERREIRA GULLAR - Presença de CLARICE

MEU primeiro encontro com Clarice Lispector foi numa tarde de domingo na casa da escultora Zélia Salgado, em Ipanema, creio que em 1956. Eu havia lido, quando ainda vivia em São Luís, o seu romance "O Lustre", que me deixara impressionado pela atmosfera estranha e envolvente, mas a impressão que me causou sua figura de mulher foi outra: achei-a linda e perturbadora. Nos dias que se seguiram, não conseguia esquecer seus olhos oblíquos, seu rosto de loba com pômulos salientes.

Voltei a encontrá-la, pouco tempo depois, no "Jornal do Brasil", durante uma visita que fez à redação do "Suplemento Dominical". Conversamos e rimos, mas não voltamos a nos ver num espaço de uns dez anos. De fato, só voltei a encontrá-la logo após voltar do exílio, em 1977. Ela ligou para minha casa: queria entrevistar-me para a revista "Fatos e Fotos", para a qual colaborava naquela época.

Clarice já era então uma mulher de quase 60 anos, marcada por acidente que resultara em sérias queimaduras que lhe deixaram marcas na mão direita. Já quase nada tinha da jovialidade de antes, embora continuasse perturbadora em sua natural dramaticidade. Depois de ouvir dela algumas palavras carinhosas, decidi revelar-lhe como me fascinara em nosso primeiro encontro.
-Você era linda, tão linda que saí dali apaixonado.
-Quer dizer que eu "era" linda?
-E ainda é, apressei-me em afirmar...

Terminada a entrevista, despedimo-nos carinhosamente, mas no dia seguinte ela ligou de novo. Queria encontrar-me para conversar. Fui até sua casa, no Leme, e de lá fomos caminhamos até a Fiorentina, que ficava perto.
Lembro-me que Glauber Rocha, vendo-nos ali, veio sentar-se em nossa mesa e começou a elogiar o governo militar. Clarice me olhava para com espanto, sem entender. Ele, depois daquele discurso fora de propósito, mudou de mesa.
-Ele veio provocar você, disse Clarice. Com que intenção falou essas coisas?
-Glauber agora cismou de defender os milicos. É piração.
Depois dessa noite, voltei a vê-la num encontro que ela promoveu em sua casa com alguns amigos, entre os quais Fauzi Arap, José Rubem...

Foi a última vez que a vi. A roda-viva daqueles tempo me arrastou para longe dela, em meio a problemas de toda ordem, crises na família, filhos drogados, clínicas psiquiátricas. De repente, soube que ela havia sido internada num hospital em estado grave. Localizei o hospital, telefonei para o seu quarto e acertei com a pessoa que me atendeu ir visitá-la no dia seguinte. Mas, ao chegar à redação do jornal, antes de sair para a visita, a telefonista me passou um recado: "Clarice pede ao senhor que não vá vê-la no hospital. Deixe para visitá-la quando ela voltar para casa". E se ela não voltasse mais para casa? Dobrei o papel com o recado e guardei-o no bolso, desapontado.
Àquela noite, quando contei o ocorrido a minha mulher, ela explicou: "Clarice, vaidosa como era, não queria que você a visse no estado em que estava". Pode ser, mas, de qualquer forma, até hoje lamento não ter podido vê-la uma última vez.

Dois ou três dias depois do recado, ela morria. Ao sair do banho, pela manhã, alguém me informou: "Clarice Lispector morreu". De viagem marcada para São Paulo, entrei num táxi que me levou pela lagoa Rodrigo de Freitas. Não poderia ir a seu sepultamento. O táxi corria dentro de uma manhã luminosa, enquanto a brisa balançava alegremente os ramos das árvores. Clarice morrera e a natureza o ignorava. No avião, escrevi um poema falando nisso. Que mais poderia fazer?

Alguns meses atrás, quando aceitei fazer a curadoria da exposição sobre ela, no Museu da Língua Portuguesa, todas essas lembranças me acudiram. Ia ser bom voltar a pensar nela, reler seus livros, pois é neles e só neles que é possível reencontrá-la agora e nunca naquele saárico túmulo do Cemitério Israelita do Caju, aonde certo dia, sob sol escaldante, fui, com Cláudia Ahimsa, visitá-la. Não havia Clarice nenhuma sob aquela laje de pedra, sem flores. E não havia porque, de fato, o que Clarice efetivamente foi, o que fazia dela uma pessoa única e exasperada, era sua patética entrega ao insondável da existência -e a necessidade de escrever, de tentar incansavelmente dizer o indizível, mas certa de que, ao torná-lo dizível, o dissiparia.

Não obstante, isso era tudo o que valia a pena fazer na vida, conforme afirmou: "Quando não escrevo, estou morta".

Em compensação, quando a lemos, ressuscita.

A Casa Encantada & À Frente, O Verso.

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