CONSELHOS QUE SEMPRE DÃO ERRADO 1 - Ana Carolina Prado

 Extravasar a raiva faz bem.

A explosão dos livros de autoajuda tornou a psicologia tão popular que, agora, muita gente acha que entende e vive dando pitaco na vida alheia. Por isso, um monte de conceitos errados de psicologia estão sendo espalhados por aí disfarçados de conselhos bem-intencionados. 

Conheça alguns deles.

Grite num travesseiro, xingue alto, parta para cima de um saco de pancada. Você provavelmente ouviu a vida inteira que isso funciona para fazer a pessoa liberar o estresse e se sentir melhor. Afinal, quem engole sapo e guarda a raiva para si, um dia vai explodir e não vai ser legal. Mas não é bem assim.

Brad Bushman, um psicólogo da Universidade de Iowa, colocou essa ideia à prova e descobriu que extravasar a raiva é “o pior conselho que você pode dar” a alguém. 

Em um teste, Bushman provocou a irritação de um grupo de 600 estudantes universitários ao fazer comentários desagradáveis ​​sobre textos que eles haviam escrito. Depois, ele os dividiu em grupos: um descontou a raiva em um saco de pancadas e outro foi se distrair fazendo outras atividades. No fim, o grupo que usou o saco de pancadas estava mais bravo e agressivo do que o outro. Segundo o psicólogo, liberar a gressividade “é como usar gasolina para apagar um fogo – isso só alimenta as chamas”. 

Ao extravasar os sentimentos negativos, a pessoa estaria estimulando uma rede de emoções, pensamentos, sentimentos e ações motoras agressivas, o que não ajuda a acalmar os ânimos. Bushman diz que, às vezes, explodir de raiva pode até fazer você se sentir um pouco aliviado na hora, mas o efeito não dura muito e você só vai fortalecer seus impulsos agressivos.

Um estudo mais recente feito com estudantes perfeccionistas da Universidade de Kent, na Inglaterra, foi nessa mesma direção. Os pesquisadores pediram aos 149 voluntários que fizessem um diário de suas atividades por 3 a 14 dias, relatando suas falhas mais incômodas nesse período, as estratégias que usaram para lidar com o fracasso e como eles se sentiram no final do dia.

Os que tentaram lidar com o estresse desabafando com amigos, extravasando a frustração, sentindo-se culpados ou tentando negar o fato que os incomodava acabaram se sentindo pior do que antes.

Assim, o estudo não só derrubou o mito de que extravasar a raiva faz bem, mas também mostrou que nem sempre conversar com um amigo é o melhor modo de se sentir melhor a respeito de um problema.

A estratégia que se mostrou mais eficaz foi se esforçar em ver o lado positivo da situação e desviar a atenção da raiva e da frustração. Assistir a uma comédia ou ler um livro legal também funciona.

Atividades físicas podem ajudar, desde que não sejam agressivas – segundo a pesquisa de Brad Bushman, mesmo que a pessoa não esteja pensando no que a irritou, jogar uma partida de rúgbi logo depois de passar raiva pode piorar o seu estado.

A AGENDA - Luis Fernando Verissimo

Um homem chamado Cordeiro abre a agenda em cima da sua mesa de trabalho e vê escrito: "Comprar arma”. Ele não se lembra de ter escrito aquilo. Como tem agenda justamente para ajudá-lo a se lembrar das coisas, compra uma arma, mesmo não sabendo para quê. No dia seguinte, vê na agenda: "Marcar almoço com Rodrigues." Mais uma vez, não se lembra de ter escrito aquilo, nem tem qualquer razão para almoçar com o canalha do Rodrigues. Mas marca o almoço. Durante o qual ouve do canalha do Rodrigues a notícia de que pretende se afastar da companhia e vender sua parte ao canalha do Pires, que assim terá a maioria e mandará na companhia, inclusive no Cordeiro. Cordeiro insiste para que Rodrigues venda sua parte a ele e não ao Pires, mas Rodrigues ri na sua cara e ainda por cima não paga a sua parte no almoço. 

Naquela tarde, Cordeiro vê na sua agenda: "Matar Rodrigues. Simular assalto." E o dia e a hora em que deve acontecer o assassinato, sublinhados com força. E na mesma folha: "Providenciar álibi: lancha." Lancha? Cordeiro vira a página. Lá está o plano, meticulosamente detalhado. Sair com a lancha no domingo, assegurando-se de que todos no clube o vejam sair com a lancha, encostá-la em algum lugar ermo onde deixou seu carro no dia anterior, ir de carro até a casa de Rodrigues, matá-lo, jogar a arma fora, voltar de carro para a lancha e voltar de lancha para o clube, onde todos o veriam chegar como se nada tivesse acontecido. É o que faz. 


Na segunda-feira, Cordeiro arregala os olhos e finge estar chocado quando chega à firma e ouve do Pires a notícia de que houve um assalto no fim de semana e o Rodrigues foi baleado, e está morto. Pires revela que estava desconfiado de que Rodrigues iria vender sua parte na companhia a Cordeiro. Pretendia marcar um almoço para discutir o assunto com o canalha do Rodrigues, mas no dia Rodrigues dissera que tinha outro compromisso para o almoço. Na saída do escritório, Pires diz que na última reunião dos três sócios tinha saído por engano com a agenda do Cordeiro e pergunta se por acaso o Cordeiro não ficou com a sua agenda.


Ou então: Na segunda-feira, Cordeiro arregala os olhos e finge estar chocado quando chega à firma e ouve do Pires a notícia de que houve um assalto no fim de semana e o Rodrigues foi baleado, e está morto. Os dois marcam uma reunião para tratar do que fazer com a parte do Rodrigues, mas não chegam a um acordo e brigam. Naquele mesmo dia, Cordeiro vê escrito na sua agenda: "Incriminar Pires." É o que faz. Orientado pela agenda, consegue plantar pistas falsas e convencer a polícia de que Pires matou Rodrigues porque este pretendia vender sua parte na firma a Cordeiro. Com Pires afastado, Cordeiro assume o comando da firma e a faz crescer como nunca ― sempre seguindo as ordens da agenda, que não erra uma. 


Até que um dia a agenda lhe manda juntar todo o dinheiro em caixa na firma, vender o que for possível para levantar mais dinheiro e jogar tudo na bolsa. "Agora!", ordena a agenda. Cordeiro jogou na bolsa todo o dinheiro que tinha, o seu e o da firma. Foi na véspera da grande queda. Perdeu tudo. Quando consultou a agenda de novo, desesperado, sem saber o que fazer encontrou apenas a frase: "Quem entende a bolsa?”. 


E no dia seguinte: "Comprar arma”.
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SER PAI - Arthur da Távola


Ser pai
é acima de tudo, não esperar recompensas.
Mas ficar feliz caso e quando cheguem.
É saber fazer o necessário por cima e por dentro da incompreensão.
É aprender a tolerância com os demais e exercitar a dura intolerância
(mas compreensão) com os próprios erros.

Ser pai
é aprender errando, a hora de falar e de calar.
É contentar-se em ser reserva, coadjuvante,
deixado para depois. Mas jamais faltar no momento preciso.
É ter a coragem de ir adiante, tanto para a vida quanto para a morte.
É viver as fraquezas que depois corrigirá no filho, fazendo-se forte em
nome dele e de tudo o que terá de viver para compreender e enfrentar.

Ser pai
é aprender a ser contestado mesmo quando no auge da lucidez. É esperar.
É saber que experiência só adianta para quem a tem, e só se tem vivendo.
Portanto, é agüentar a dor de ver os filhos passarem
pelos sofrimentos necessários,
buscando protegê-los sem que percebam,
para que consigam descobrir os próprios caminhos.

Ser pai
é saber e calar. Fazer e guardar. Dizer e não insistir.
Falar e dizer. Dosar e controlar-se. Dirigir sem demonstrar.
É ver dor, sofrimento, vício, queda e tocaia, jamais transferindo aos filhos o que, a alma, lhe corrói. Ser pai é ser bom sem ser fraco. É jamais transferir aos filhos a quota de sua imperfeição, o seu lado fraco, desvalido e órfão.

Ser pai
é aprender a ser ultrapassado, mesmo lutando para se renovar.
É compreender sem demonstrar, e esperar o tempo de colher,
ainda que não seja em vida.
Ser pai é aprender a sufocar a necessidade de afago e compreensão.
Mas ir às lágrimas quando chegam.

Ser pai
é saber ir-se apagando à medida em que mais nítido
se faz na personalidade do filho,
sempre como influência, jamais como imposição.
É saber ser herói na infância, exemplo na juventude
e amizade na idade adulta do filho.
É saber brincar e zangar-se. É formar sem modelar, ajudar sem cobrar,
ensinar sem o demonstrar, sofrer sem contagiar, amar sem receber.

Ser pai
é saber receber raiva, incompreensão, antagonismo, atraso mental, inveja,
projeção de sentimentos negativos, ódios passageiros, revolta, desilusão
e a tudo responder com capacidade de prosseguir sem ofender;
de insistir sem mediação, certeza, porto, balanço, arrimo, ponte,
mão que abre a gaiola, amor que não prende, fundamento, enigma, pacificação.

Ser pai
é atingir o máximo de angústia no máximo de silêncio.
O máximo de convivência no máximo de solidão.
É, enfim, colher a vitória exatamente quando percebe que o filho
a quem ajudou a crescer já, dele, não necessita para viver.
É quem se anula na obra que realizou e sorri, sereno,
por tudo haver feito para deixar de ser importante.”

ERA UM PROJETO SIMÉTRICO, RAZOÁVEL E GENEROSO - Alberto Goldin


"CHAMO-ME MARÍLIA, (28), MORO COM O BERNARDO, (30) e nos relacionamos há sete anos. Sou bonita, me cuido... Quando o conheci, ele era magro, atraente, mas, há 2 anos, mudamos de cidade, por causa do trabalho...O Bernardo é extremamente dedicado e bem sucedido, mas isso prejudica sua vida pessoal, e nosso relacionamento.Não enxerga mais nada na frente dele, nem a mim, nem a ele mesmo. Engordou muito, perdeu vaidade, mal arrumado, não cuida dos dentes, não procura médico, não me procura para fazermos sexo. Ele só trabalha e nas horas livres, joga vídeo game ou bebe com os amigos. Não gosta de conversar, parece um estranho em casa... Eu me sinto humilhada! Não aceita críticas. Eu tento ajudá-lo a fazer dieta, mas ele me ignora, quanto mais eu falo, mas ele não quer.
Já ameacei me separar, ele diz que não quer, que me ama muito, mas não existe companheirismo, diálogo, sexo, o fato de ele estar engordando muito, tem esfriado o meu desejo. No início éramos muito ativos, mas depois tudo esfriou.
Não quero ir embora, o trai-lho. Não sei quanto vou aguentar.
Ajude-me!!!
Marília"

ERA UM PROJETO RAZOÁVEL, SIMÉTRICO E GENEROSO. 
Ele cuidava das economias, ela organizava a casa, cozinha, limpeza. O carro, tarefa de homem, ela, as roupas... Uma distribuição correta, convencional. Outro detalhe, ela cuidaria do seu corpo para manter a atração e desejo mútuos... Ele, sendo homem e menos ligado estas questões, respeitaria as premissas básicas de cuidado e elegância...

Até que um imprevisto quebrou o delicado equilíbrio. Foi a sonhada ascensão profissional do Bernardo, maiores responsabilidades, mais dinheiro, ideal para um sujeito ambicioso. Foi uma ascensão que marcou o começo da derrocada. Bernardo engordou e descuidou a Marília, que perdeu espaço na cama do casal, migrando para a ingrata tarefa de reprimir a alimentação, lembrar as regras de saúde, higiene, dentista ou clínico. Marília se transformou na mãe de um adolescente viciado em videogame, retraído e indiferente, que, realizado financeiramente, se exime do resto das suas obrigações.

- “O corpo é meu.”, reclama Bernardo. “Com ele faço o que eu quiser e ninguém tem nada com isso...”.

Bem, finalmente chegamos ao centro da questão. Não é verdade. Marília tem tudo a ver com isso. Pessoas casadas não são proprietários exclusivos dos seus corpos que, de alguma forma, são um bem comum. Estabelecer uma relação é um projeto que aliena parte da individualidade, a doença de um é problema de dois, quando ela engravida, ambos respondem pela nova vida.

Numa boa relação o corpo de um interessa ao outro, como co-proprietário e por isso precisa de cuidados, tantos quanto os filhos, a casa ou o carro... Sei perfeitamente que desde a abolição da escravatura os corpos são próprios, porém “meu” marido ou “minha” mulher denunciam a propriedade conjunta. O sexo, inclusive, é exclusivo do casal, e quem o utilizar fora arrisca ou acaba com a relação. 

O declínio físico do Bernardo poderia ser consequência de uma depressão, um pedido de ajuda, porém Marília não é sua terapeuta, é apenas sua mulher, que faz o possível para ajudá-lo, seu esforço acabará sendo inútil sem alguma colaboração do próprio Bernardo.


O fato real e concreto é que perderam um bom casamento para inaugurar uma família disfuncional de uma mãe chata e um filho rebelde. As ameaças da Marília de abandonar ou trair denunciam seu sentimento de que já foi abandonada e traída. Precisam desistir desse modelo para recuperar uma vida melhor.

Não tenho bons conselhos para o Bernardo, que sabe que precisa se recuperar para recuperar a Marília e, se for possível, consultar um profissional para decifrar os motivos da sua regressão. Talvez alguma atitude do seu pai o tenha feito pensar que fundamental na vida é ganhar dinheiro. Errado, não existem bons motivos para perder o amor próprio, porque, quando perdido, bloqueia o amor alheio.

Marília, de sua parte, precisa entender que seus conselhos perderam efeito, certamente seu silêncio será mais eficaz do que suas palavras. Os adultos conquistam com seus méritos, os adolescentes exigem amor com suas más-criações. O melhor é não responder a elas, com o tempo os mais inteligentes desistem e se corrigem.
Revista de domingo de O GLOBO, 08 de janeiro de 2012 

COMO NASCEM OS PAIS - Cláudia Laitano

Observando casais com bebês recém-nascidos ou por chegar, é possível perceber como as mães tendem a ser parecidas umas com as outras, enquanto os pais seguem um padrão mais errático de comportamento, variando do envolvimento absoluto à mal disfarçada indiferença.

Mães de primeira viagem costumam ser muito pragmáticas – e previsíveis. Não que o lado subjetivo da maternidade não cobre algum reordenamento mental, mas são tantas as questões práticas a enfrentar naquelas primeiras semanas – alimentar, aquecer, aninhar –, que o resto parece ficar em segundo plano. O pai, por sua vez, é sempre uma revelação, um mistério a ser decifrado na medida em que a nova condição se impõe.

A forma como um homem lida com a paternidade é uma espécie de consolidação de uma mistura imponderável de uma série de variáveis, que vão da ideia de pai ideal que ele construiu ao longo da vida (ou não) ao investimento amoroso na mulher que está lhe dando um filho. Há pais quase mães, assim como há pais quase tios de segundo grau. Ambos orbitam no âmbito da “normalidade”, ou seja, um pai que nunca trocou uma fralda pode ser tão aceitável (ou estranho) quanto um pai que parou de trabalhar para cuidar do filho.

Nos casos de uma paternidade não desejada, ao homem é dada a opção de decidir se será um pai de fato ou de dever, já que a lei obriga que pague as contas de um filho comprovadamente seu – mas não mais do que isso. Em um país com uma arraigada cultura de abandono de filhos, o teste de DNA foi um avanço e tanto.

São tantas as histórias de pais que somem deixando para trás filhos nascidos dentro ou fora de um casamento, que é impossível a gente não se perguntar por que isso é tão comum aqui e não tanto em outros países com condições sociais e econômicas parecidas com as nossas.

Curiosamente, o mesmo país que naturalizou o “pai desconhecido” não quer nem ouvir falar em uma legislação que contemple a interrupção de uma gravidez indesejada. Na prática, a ambígua moralidade brasileira dá o seguinte recado para o mundo: mulheres têm a obrigação de ser mães, querendo ou não, enquanto os homens têm apenas o dever de pagar as contas – e isso se a lei os alcançar.

A decisão inédita do STJ de condenar um pai por “abandono afetivo” da filha, anunciada esta semana, abre a possibilidade de discutirmos as letras miúdas do contrato de paternidade. Pais podem dar bronca ou não, podem ensinar o filho a andar de bicicleta ou não, podem sustentar a família ou não. A paternidade ideal, ou possível, sempre será uma construção individual, tanto quanto a maternidade. Mas os compromissos de um pai ou de uma mãe com um filho nunca vão ser apenas materiais. Como lembrou a ministra Nancy Andrighi ao dar sentença esta semana, “amar é faculdade, cuidar é dever”.
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A MULHER, A CIÊNCIA E O COCO - João Ubaldo Ribeiro

Sim, cativante leitora, gentil leitor, fiquei devendo algumas explicações, depois da deplorável barafunda de assuntos com que os tenho vitimado, nos últimos domingos. Mas, apesar de tudo, creio que acabei esclarecendo mais ou menos a questão da gordura do coco e discorrendo um pouco sobre a inconstância do que nos apresentam como perenes e irretorquíveis verdades científicas.

Não cheguei, contudo, a dizer direito o que via nisso de relevante para as mulheres. Hoje essa grave lacuna, como é destino de todas as lacunas, será preenchida.

No domingo passado, escrevi que havia novidades científicas para as mulheres, relacionadas com o coco. Disse também que não sabia se era caso de as mulheres desconfiarem de mais esse achado científico. De minha parte, creio que sim - e não somente porque os achados vivem se contradizendo, mas porque minhas contemporâneas sofreram bastante, por causa da verdade científica. 

A maioria das queridas leitoras, todas na flor da idade, talvez não possa recordar o tempo em que a gente se referia às mulheres, a sério, como "o sexo frágil" ou "o belo sexo" e as considerava umas instintivas mais ou menos destituídas de real inteligência. 

Claro que essa maneira de ver se originava na ciência vigente. Sem achar que estavam ofendendo ninguém, os homens e muitas mulheres repetiam uma porção de besteiras sobre as mulheres, nenhuma delas abertamente desmentidas pela ciência e algumas até confirmadas.

As besteiras se estendiam sobre todas as áreas, inclusive aquela em que o óleo de coco está ganhando destaque, ou seja a tensão pré-menstrual. Pois é, a cada dia aparece uma matéria em algum jornal ou noticiário, anunciando essa maravilha. Desconheço a posologia e não estou receitando nada, mas li que, num porcentual altíssimo, as mulheres que sofrem de TPM ficam curadas ingerindo óleo de coco diariamente, do qual já existem não sei quantas marcas em circulação. 

Espero que as sofredoras fiquem boas mesmo, mas, como disse domingo passado, tenho algumas lembranças do progresso da ciência e do conhecimento comum sobre a questão, que talvez devam ser ponderadas.

No começo, não havia menstruação. Ou seja, não se falava nisso na presença de homem algum, a não ser o médico, a cujos consultórios as mulheres só iam acompanhadas. Geralmente eram os homens que tinham irmãs que começavam a revelar aos outros a existência desse estranho fenômeno, encarado por muitos com ceticismo. Os mais sofisticados pegavam anúncios de Modess na revista O Cruzeiro, em que apareciam misteriosas mensagens cifradas, dirigidas às mulheres e mencionando "as antiquadas toalhinhas". Mas não se mostrava nem a toalhinha, nem o secretíssimo produto anunciado. 

Havia grandes discussões masculinas sobre o que seriam as antiquadas toalhinhas e até hoje não faço delas uma ideia clara. Neném, um amigo de infância, certa vez abriu um pacote de Modess para ver como era e o descreveu como "um travesseiro de gato", o que não contribuiu muito para o entendimento. E a moça não ficava menstruada, ficava "incomodada", ou até "doente".

O conhecimento comum e o conhecimento científico sobre o assunto, tanto quanto eu saiba, diferiam apenas na terminologia. Em Itaparica, não se usava a expressão na presença de alguém do sexo oposto, mas a menstruação era designada como "boi", em falas como "acho que o boi dela chegou, você precisa ver como o feijão está salgado e mal catado", "ele disse que vai casar com ela e eu retruquei que não tinha nada contra, só fiz lembrar que a família dela tem os bois mais brabos da ilha e ele que se precate, porque vai tomar porrada todo mês". 

Quando eu era menino e ficava na quitanda de Bambano para ouvir as conversas dos adultos, a finada Lindaura, de finado Cartésio (nomes mudados por uma questão de discrição), às vezes passava batendo os tamancos e assoprando forte e Bambano comentava que "compadre Cartésio hoje vai se ver, espere só ela abrir a cancela e soltar esse boi". E de fato, quando sentia que o boi de Lindaura estava perto, Cartésio sempre arranjava uma viagenzinha de negócios a Salinas e ficava por lá até ele acalmar.

Era mais ou menos o que a ciência dizia, com outras palavras. Questão de personalidade da vítima de bois brabos, histeria. Quando a infeliz se queixava de cólicas que a deixavam rolando na cama, o médico, como eu vi acontecer, só faltava dar uma risadinha de condescendência para com o eterno feminino (sim, havia também o eterno feminino) e explicava que as cólicas eram psicológicas. "Está tudo em sua cabecinha", dizia o médico a uma paciente que evidentemente não tinha dor nenhuma na cabeça, mas na barriga mesmo.

Agora, ao que parece, as cólicas não são mais psicológicas e a ciência reconhece a existência da TPM. Segundo me contam, entidades científicas questionam essa existência, mas outras não só a aceitam, como ainda acharam algo pior, chamado Transtorno Disfórico Pré-Menstrual. 

Pela descrição, a mulher nas vascas do TDPM é capaz de metralhar a vizinhança ou jogar o gato no liquidificador. Óleo de coco nela, atual palavra de ordem. 

Como eu disse antes, espero que dê certo mesmo e, a julgar pelo material que me mandaram depois que falei nele, deveremos entrar em breve na Era do Coco. Aliás, lá na ilha já entramos, com resultados ainda duvidosos, o que dá pra rir dá pra chorar e até cheiro bom tem sua hora. 

Um toureiro (marido ou amancebado com mulher de boi brabo) lá do Bar de Espanha se ofereceu para um teste e, de fato, o boi da sua dele santa esposa amansou muito, depois que ela passou a tomar leite de coco várias vezes por dia.

- Mas eu suspendi o tratamento - disse ele. - Muito antes um boi brabo do que o sujeito ir deitar e achar que está dormindo com uma moqueca.

O TIME DE NENÉM PRANCHA - João Saldanha

Já faz muito tempo, acho que durante a guerra, os jogadores do Posto 4 FC, campeoníssimo da praia, dirigido pelo "Trenier" mais famoso da Costa do Atlântico, Neném Pé de Prancha, tinham resolvido dar uma festa de fim de ano, na garagem da casa de um tio do Renato Estelita. O Lá Vai Bola FC aderiu ao baile e compraram três barris de chope.
Eu não topei e disse na esquina do Café do Baltazar: "Não vou. Na festa do ano passado, na garagem do Pé de Chumbo, quebraram tudo e até hoje o clube não pagou a cristaleira da avó dele que estava guardada lá. Não vou mesmo. Chega de encrenca."

Meu irmão Aristides, o Hélio Caveira-de-Burro e o Orlando Cuíca me acompanharam na idéia de não ir ao baile e fomos tomar um chope, sossegados, num bar vazio, na esquina da Avenida Atlântica com Rua Cons­tante Ramos. A noite estava boa e o papo também. Mais tarde, passou por ali o Jaime Botina e disse: "Caí fora do baile. Tem gente demais e muito nego bêbado. Vai dar galho." E eu emendei: "Não disse?"

Lá pelas duas horas da manhã, parou um táxi daqueles grandes e sal­tou o doutor A. Coruja, esfregando os óculos, nervoso. O doutor Coruja era um impetuoso lateral direito. Só dava bico na bola de borracha e Ne­ném Prancha decretou: "Só joga se cortar as unhas. Uma bola está custando cinco pratas." Seu controle de bola não era dos melhores, mas quebrava o galho na lateral direita. O galho ou o ponta-esquerda adversário.

Mas chegou e foi falando incisivo: "Se vocês são machos e meus ami­gos, têm de ir lá comigo. Fui desacatado mas eram muitos." E foi logo dando ordens: "Entrem aqui no táxi e vamos lá."

Lá aonde?" disse o Hélio. Coruja explicou: "E na Rua Joaquim Silva. A mulher me desacatou, ofendeu minha mãe e não pude reagir porque ela estava com três caras na mesa. Vocês têm de ir comigo ou não são meus amigos." Repetiu isto umas cinco vezes e completou: "Como é, poetas? Vamos ou não vamos? Vocês agora deram para medrar?"

Eu cochichei para o Cuíca: "O Coruja está de porre. Não vou me meter nisto." O Cuíca respondeu: "Ele vai chatear a gente o ano inteiro por causa disso. O Coruja quando bebe é assim. Fica remoendo os troços. Olha, ele veio de lá até aqui e gastou meia hora. Para voltar, outra meia hora. Os caras já não estão mais lá, a pensão já deve estar fechada e a mulher dormindo com alguém." E virando-se para o doutor Coruja: "Tá bem, nós vamos, mas vem tomar um chopinho com a gente." Coruja topou e mandou o português do táxi esperar.

Tomamos o chope bem devagarinho e fomos, ainda devagar, para a Rua Joaquim Silva. O táxi "disse" que não esperava mais e foi embora. Subimos a escada de madeira, comprida e estreitinha, e demos numa sala de uns três metros por quatro, se tanto. Quatro mesinhas, só duas ocupadas por fregueses, e, nas outras, umas três mulheres com cara de sono. O diabo é que numa das mesas estava a tal mulher papeando com os três caras. Doutor Coruja partiu direto e foi dizendo: "Repete agora, sua vaca."

Os homens levantaram, o que estava mais perto levou um soco do doutor e o pau comeu solto. O lugar era apertado e eu me lembrei da cristaleira da avó do Renato. Um dos caras era uma parada, brigava bem. O garçom não parecia homem mas era e as mulheres fizeram uma gritaria dos diabos. As mesas e as cadeiras foram para o vinagre, um dos caras se man­dou escada abaixo, quando alguém apagou a luz. Escutei a voz de Hélio Caveira-de-Burro, que era muito experiente: "Vamos dar o fora."

Saímos rápido e ainda levei com uns detritos atirados pelas mulheres da janela. Um guarda apitou e saímos pelas ruas da Lapa. Uns se mandaram pela Conde Laje e outros pela Glória. Eu fui parar no Passeio Público, arrumei um táxi e voltei para o ponto de saída. Quando cheguei, Orlando Cuíca já estava e disse: "O guarda começou a dar tiro e quase me pega. Tive sorte."

Depois chegaram Hélio e meu irmão, que vieram noutro táxi. Hélio falou: "O grande era uma parada. Mas peguei ele bem com a perna da cadeira. Senão a gente não ganhava." Meu irmão estava com a camisa ras­gada e disse que foi a mulher que se atracou nele. "Não bati mas tive de dar uma 'banda' nela. Juntou pé com cabeça. Depois que Hélio dominou o grandalhão, foi barbada. Dei uma no de terno marrom que ele se mandou pela escada." E eu disse: "Ficou tudo quebrado e a mulher que o Coruja bateu não levantou, mas eu não vi sangue."

E ficamos relaxando um pouco quando chegou um táxi e o doutor Coruja saltou esfregando os óculos com um lanho no rosto. Hélio pergun­tou: "Como é doutor, se machucou?" "Nada, um arranhãozinho à toa." E prosseguiu: "Puxa, agora estou satisfeito. Há mais de três meses que eu estava para ir a esta forra."

"O quê?" — berramos em coro — "O negócio foi há três meses!?" E Coruja explicou, calmamente: "Foi sim e eu não bati nela porque estava acompanhada." Então meu irmão perguntou: "Quer dizer que os caras que apanharam não eram os mesmos?" Coruja respondeu: "Claro que não, meus poetas, mas o que tem isto demais?"

Nesta altura, o sol já estava aparecendo lá na Ponta do Boi, iluminan­do o primeiro dia do ano e desejando boas entradas para a excelentíssima senhora mãe do doutor A. Coruja.

A Casa Encantada & À Frente, O Verso.

A Casa Encantada & À Frente, O Verso.
Livros de Edmir Saint-Clair

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