COMO DEFINIR A AMIZADE - Flávio Gikovate

 A amizade corresponde a um elo sentimental forte e que surge entre duas pessoas, ao que parece, em função de alguns dos ingredientes que nem sempre estão presentes no processo do encantamento sentimental. A simpatia costuma acontecer mais ou menos rapidamente, um achando graça no modo de ser, de falar, de rir e de pensar do outro e isso é parecido com o que acontece no amor.

As afinidades intelectuais surgem mais ou menos rapidamente à medida que o relacionamento se aprofunda e é a principal causa dessa intimidade crescente que caracteriza esse que talvez seja o encontro sentimental mais maduro e mais distante dos elos sentimentais infantis. Pena não estar presente na maioria das relações ditas amorosas.

Aqui predomina o respeito pelas diferenças e o modo de ser de cada um determina um rápido processo de confiança recíproca; a intimidade mais delicada costuma ser compartilhada sem medo que o amigo venha a fazer um uso inadequado da confidência. Trata-se de um tipo de relacionamento desprovido de “jogo”: amigos não buscam obter vantagens indevidas nesse tipo de relacionamento.

As relações de amizade incluem alguma dose de ciúme e muito pouca inveja, posto que costumam acontecer entre pessoas que estão em condições socioculturais semelhantes. Quando existe algum indício de inveja, ela é vivida intimamente, evitando ao máximo magoar aquele que está feliz por alguma conquista especial.

O ciúme existe, mas é discreto, de modo que melhores amigos têm outros amigos também íntimos e isso não os maltrata e nem impede que a amizade e a confiança persistam. Entre os que se amam da forma usual, o ciúme costuma se manifestar de uma forma opressiva, dando mesmo o direito dos amantes de exigir o afastamento de todas as pessoas que possam provocar essa sensação desagradável.

A propósito, uma das principais características desse tipo de relação é que a existência do vínculo e do sentimento que o caracteriza não atribui aos amigos direitos de um sobre o outro. Amigos não “cobram” como cobram os que se amam. Amigos se respeitam e não exigem comportamentos que firam a liberdade e o modo de ser do outro. Amigos muitas vezes se afastam por tempo longo e o curioso é que quando se reencontram parece que estiveram juntos na véspera!

A intimidade se refaz imediatamente e não existem questionamentos que indiquem que um deve satisfações ao outro do que andou fazendo e com quem esteve. Amigos respeitam os relacionamentos amorosos que surgem em paralelo e não costumam competir com aqueles que são objeto do amor. O ciúme, quando existe, é maior de outros amigos do que do parceiro amoroso.

É como se houvesse um genuíno respeito hierárquico, através do qual todos estão de acordo que as relações amorosas são mais importantes que as amizades, de modo que não há competição entre esses dois tipos de sentimentos. O fato curioso é que muitos relacionamentos amorosos incluem intimidades bem menores do que aquela que continua a existir entre amigos. É como se, apesar de tudo, as pessoas confiassem mais em seus amigos do que em seus amados; é como se um amigo tivesse menos chance de trair ou usar mal a confidência que o amado.

Amigos, de fato, não se traem. Muitas dessas relações se enfraquecem com os anos por força de caminhos divergentes tomados por cada um ou em decorrência de relacionamentos afetivos em que os novos parceiros não se dão tão bem com os velhos amigos do amado (ou com suas parceiras); quanto mais gente estiver envolvida, maior será a dificuldade no sentido de todos serem igualmente amigos.

Quando algum amigo trai nossa confiança é porque nos equivocamos e, sem nos apercebermos, confiamos em algum impostor que, bom ator, se fez passar por “amigo” quando não o era desde o início.

Não espanta, pois, que uma das tarefas às quais tenho me dedicado com mais vigor seja a de contribuir para que as escolhas sentimentais sigam os passos das amizades que, do meu ponto de vista, são o tipo de relacionamento mais bem sucedido.

Quando as pessoas se tornam mais maduras e mais independentes elas conseguem ver em seus parceiros amorosos seus melhores amigos. Isso porque os amantes foram escolhidos segundo os mesmos critérios que costumamos usar para estabelecer elos de amizade: a busca de afinidades de caráter, gostos, interesses e, é claro, aquela simpatia pelo jeito de ser um do outro que é tão encantadora e tão difícil de ser definida.

No amor ainda entra o ingrediente erótico, como regra ausente nas boas escolhas sentimentais. É preciso cuidado, pois o sexo não raramente prejudica as boas escolhas: nem sempre os mais atraentes possuem os ingredientes essenciais para uma ótima amizade.

A PRIMEIRA MORTE - Eliane Brum

A pequena tragédia de um homem comum 
diante do exame de colesterol.

A notícia veio em um exame de rotina, aberto na página do laboratório na internet enquanto tomava um chocolate quente. Na verdade, leite com um chocolate em pó cheio de porcarias que ele toma desde a infância e, por isso, aos 43 anos, é uma fonte de alegria permanente na prateleira da cozinha. Quando bateu na minha porta, os olhos escancarados, avisando que tinha uma má notícia, eu pensei logo em câncer. No nosso tempo, é o que a gente sempre pensa, mesmo que não diga. “Meu colesterol está alto”, ele disse. “Muito acima do péssimo.” Amoleci inteira e até esbocei um sorriso. “Ah, mas isso não é tão grave.” Mas era. Eu não fui capaz de perceber logo, mas era a primeira morte de meu melhor amigo.
 
Não era uma doença incurável, não era um drama humanitário, não era nada que alterasse a ordem do mundo. Era só a pequena tragédia dele. Comezinha e cotidiana. A tragédia de um homem comum, com uma vida comum, que sentia a primeira fisgada do fim.

No percurso de uma vida, quando temos a sorte de ter uma existência longa, passamos por várias pequenas mortes e renascimentos. É importante que partes de nós morram para que outras possam nascer – ou apenas para que esses pedaços mofados de nossas crenças sobre nós ou da crença de outros sobre nós saiam do caminho. É triste quando alguém é uma coisa só a vida toda – perdendo a chance de acolher todos os outros de si. Quando alguém anda pela vida apertado em uma roupa que nunca lhe serviu direito, mas que foi vestida nele ou nela por seus pais ainda na infância, como se fosse o único modelo que lhe coubesse.

É importante que, em algum momento, de preferência mais cedo do que tarde, a gente descubra que essa roupa não serve – ou que apenas algumas partes servem e outras precisam ser jogadas fora, para que novas possam ser inventadas. É essencial que nos libertemos dos dogmas impingidos sobre nós para podermos criar uma vida que faça mais sentido – e para nos sentirmos livres para recriá-la o tempo todo. O olhar do outro sobre nós, a começar pelo dos nossos pais, às vezes é redenção, em outras é prisão, em geral é ambos.
Por isso me parece que uma vida é mais rica quando morremos e renascemos muitas vezes. Mas esta é a existência psíquica, é o que se passa em nossas porções invisíveis, naquela parte da nossa geografia que não se pode tocar com as mãos. Poucas coisas ou nenhuma são mais assustadoras do que ousar se libertar de um jeito de ser cujo funcionamento conhecemos. Porque ainda que esse jeito nos sequestre o desejo, nos parece mais seguro do que enfrentar o vazio de descobrir formas de viver mais próximas de nossos anseios. Mas, se tivermos essa coragem que anda de mãos agarradas com o medo, nós nos responsabilizamos pelas nossas escolhas, seguimos e criamos e morremos e renascemos. Muitas vezes.

Em algum momento, porém, o corpo anuncia uma morte da qual não é possível renascer. A rigor, começamos a morrer desde o nascimento. De fato, nosso declínio físico começa aos 20 e poucos anos, mas esses sinais podem ser ignorados. E são. Por volta dos 40 – um pouco depois, para quem tem mais sorte, um pouco antes, para quem tem mais azar –, recebemos a notícia da primeira morte que não podemos ignorar. A primeira morte do corpo.
Foi o que aconteceu com meu melhor amigo. Para não morrer nos próximos anos de enfarte ou AVC por causa das artérias entupidas de gordura, ele matou com um só golpe um mundo inteiro dentro de si. Não é uma mera mudança de hábitos, como médicos e nutricionistas tentam nos convencer em consultas, reportagens e sites da internet. É um mundo inteiro que se extingue como se o Sol explodisse de repente, muito antes dos bilhões de anos calculados pelos astrônomos. Para quem vive nesse planeta, é uma hecatombe. Para a imensidão do universo, é um nada, estrelas morrem o tempo todo sem que a ordem da vida dos outros se altere. 

Para o planeta humano que é meu melhor amigo, foi uma hecatombe. Acabaram-se as feijoadas, o churrasco, a pizza, o hambúrguer, a batata frita, os pastéis, os bolos, os bolinhos, as tortas, os chocolates. Mas não só. Encerrou-se a possibilidade de renovar a qualquer momento a memória de uma vida de afetos: a receita de bacalhau da mãe que morreu, a torta de morangos que só a sogra sabe fazer, o feijão gordo que a mulher prepara toda quinta-feira e havia se tornado um acontecimento, a noite com o amigo de infância recheada de cumplicidade, chope e frituras.

Acabou-se a possibilidade de degustar territórios ainda não desbravados. As experiências gastronômicas com um amigo chefe de cozinha. O acesso às dores de alma e as alegrias de outros povos e terras através da comida, dos ingredientes e dos temperos, que o instigavam a jamais perder nenhuma chance de viajar. Suas próprias invenções com as panelas que reuniam os mais próximos em alegres descobertas na mesa da cozinha. Agora, ele terá de recusar pratos em almoços e jantares – e será um problema na cozinha alheia. 
Um mundo dentro do mundo morreu em um segundo. E a notícia dessa morte o lembra o tempo todo de que é só a primeira das muitas que virão.

 “Tenho medo de morrer de repente”, ele diz. Porque sente que uma parte dele teve morte súbita tendo ele mesmo por testemunha. “Eu não fumo, não uso drogas, só bebo em ocasiões especiais”, ele diz, traído. Eu quase digo: “A vida não dá garantias”, mas me contenho a tempo. 

Sei que dentro dele toca o réquiem de Verdi, dramático e grandiloquente, mas só ele escuta. Porque sua tragédia é prosaica, acontece com muitos, não é notícia nem na família. Ele é só mais um homem diante do parapeito da ponte – sem vontade de atirar-se dali, mas apavorado porque um dia vai estar lá embaixo.

Pesquisamos juntos na internet, tentamos inventar receitas, descobrir novos ingredientes, criar um mundo novo dentro do universo restrito ao qual ele foi confinado. Cheiramos desconfiados uma linguiça de soja, passamos retos pela manteiga, enchemos o carrinho de coisas verdes. Depois vamos ao cinema para esquecer seu pequeno drama diante da grandeza do drama maior de um outro, mas quando estaqueamos diante da pipoca, o luto desce sobre ele, inexorável. Sabemos que é preciso aceitar essa morte, assim como todas que virão, com o excesso de perdas que ela contém. Em geral não se morre de uma vez só, mas aos poucos. E é o corpo que nos ensina a brutalidade dessa verdade.

O colesterol não encolheu apenas a largura das artérias de meu melhor amigo, mas também a largura da sua vida. Ele sabe que não pode escapar dos limites impostos pelo corpo. Pode, como todos nós, no máximo adiá-los. No exame do laboratório o tal do LDL avisa que a juventude, aquele tempo no qual era possível fingir que não havia limites, acabou. Mas a gordura que entulha as artérias de meu melhor amigo não lhe obstrui o espírito. Porque morreu e nasceu muitas vezes ao longo de seus 43 anos, há nele uma vida dentro da vida que se amplia também nesse choque com os limites. Enquanto o corpo falha, sua mente recolhe suas lágrimas, sua surpresa e sua dor e os transforma em uma experiência a mais. 

Sempre foi assim, afinal. É no confronto com a miséria da condição humana que produzimos o melhor do humano. Condenados eternamente ao fracasso de nosso embate com a morte, inventamos essa vida dentro da vida. Que, se tivermos a ousadia de morrer e nascer várias vezes no espaço de uma existência, será uma vida maior que a vida.

Não tenho dúvidas de que meu melhor amigo seguirá suspirando de saudades de uma picanha gorda ou de um feijão com costelinha de porco. Mas, nesse último final de semana, ele já havia colado um cartaz patético na cozinha, com imagens suas de a.C. e d.C. – “C” não de Cristo, mas de colesterol. Estava entrouxado de roupas porque acreditava que os 100 gramas que tinha perdido desde que abriu o exame tornaram-no “mais friorento”. E tentava inventar uma maionese caseira sem ovos nem óleo.

Soube então que estava salvo. Não do colesterol, mas de algo muito pior: uma vida pequena.

FLORBELA ESPANCA - À Vida!


É vão o amor, o ódio, ou o desdém;
Inútil o desejo e o sentimento...
Lançar um grande amor aos pés de alguém
O mesmo é que lançar flores ao vento!

Todos somos no mundo "Pedro Sem",
Uma alegria é feita dum tormento,
Um riso é sempre o eco dum lamento,
Sabe-se lá um beijo de onde vem!

A mais nobre ilusão morre... desfa-se...
Uma saudade morta em nós renasce
Que no mesmo momento é já perdida...

Amar-te a vida inteira eu não podia,
A gente esquece sempre o bom de um dia.
Que queres, meu Amor, se é isto a vida!
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PERGUNTARAM-ME SE ACREDITO EM DEUS - Rubem Alves

Aconteceu ao final de um debate sobre educação promovido pela Folha. Chegada a hora das perguntas uma senhora me perguntou algo que nada tinha a ver com educação. Perguntou porque lhe doía: "O senhor acredita em Deus?" Houve tempo em que era mais fácil acreditar em Deus. Hoje até o Papa se atrapalha. Na sua visita ao campo de concentração de Treblinka perguntou o que não deveria ter perguntado: "Onde estava Deus quando esse horror aconteceu?"

Heresia porque a pergunta silenciosamente afirma que Deus não estava lá. Se estivesse não teria deixado aquele horror acontecer. Pois Deus não é amor e todo poderoso? Se estava lá e deixou acontecer ou ele não é amor ou não é todo poderoso. Por outro lado, se ele não estava lá ele não é onipresente...
Depois do atentado terrorista ao World Trade Center o "New York Times" publicou um artigo com essa mesma pergunta: Onde estava Deus? Se estava lá, por que deixou acontecer?

Dietrich Bonhoffer, pastor protestante que foi enforcado por haver participado de um frustrado atentado para assassinar Hitler -às vezes não há como fugir: ou matar um único, para que muitos não sejam mortos, ou, para preservar a pureza pessoal, não matar esse único e deixar que milhares sejam mortos; a inocência pode ser mais criminosa que o crime..., lutou com essa pergunta: "Onde está Deus?" Sua resposta foi simples: "Deus está aqui, mas ele é fraco..."

Se Deus existe e é forte, como perdoá-lo por permitir que aconteça o horror de sofrimento que não deveria acontecer? Mas se Deus é fraco ou não existe, então seria possível perdoá-lo e amá-lo. Aí choraríamos e diríamos: "Se Deus existisse e fosse forte isso não aconteceria..." A gente fica, então, com saudade do Deus que não existe. Mas eu não disse nada disso para aquela senhora. Apenas perguntei de volta, pedindo um esclarecimento: "Acreditar em qual Deus? Há tantos... Homens ferozes e vingativos têm um Deus feroz e vingativo que mantém, para sua própria alegria, uma câmara de torturas chamada Inferno para vingar-se dos seus desafetos. Há o Deus jardineiro que criou um Paraíso e mora nas árvores e nas correntes cristalinas. Há o Deus com alma de banqueiro que contabiliza débitos e créditos... Há o Deus da Cecília Meireles que se confunde com o mar... Há o Deus erótico que inspira poemas de amor carnal... Há o Deus que se vende por promessas e faz milagres... E há também o Deus criança de Alberto Caeiro e Mário Quintana. Qual deles?"

Ela ficou em silêncio, meio perdida. Então lhe respondi com os versos do Chico: "Saudade é o revés do parto. É arrumar o quarto para o filho que já morreu".

E perguntei: "Qual é a mãe que mais ama? A que arruma o quarto para o filho que chegará amanhã ou a que arruma o quarto para o filho que nunca chegará?".

E acrescentei: "Sou um construtor de altares. Construo meus altares à beira de um abismo. Eu os construo com poesia e beleza. Os fogos que acendo sobre eles iluminam o meu rosto e aquecem o meu corpo. Mas o abismo continua escuro e silencioso..."

Aí, provocado pela pergunta daquela mulher desconhecida escrevi um livrinho cujo título é a pergunta que ela me fez: "Perguntaram-me se acredito em Deus". Àquela mulher o meu muito obrigado...

LEON TOLSTOI - Fragmentos

Leon Tolstoi ou Léon Tolstói, em russo Lev Nikoláievich Tolstói (Rússia 09 /07 1828 — 20 /11/1910) é considerado um dos maiores escritores russos de todos os tempos. Suas obras mais famosas são Guerra e Paz, sobre as campanhas de Napoleão na Rússia, e Anna Karenina.

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"O lugar que ocupamos é menos importante do que aquele para o qual nos dirigimos".

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"Cada um viveu tanto quanto amou".

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"O homem ama, porque o amor é a essência da sua alma. Por isso, não pode deixar de amar".

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"Em verdade, as coisas boas acontecem a despeito de nossos desejos, por vezes até mesmo em oposição ao que desejamos".

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"Quando as pessoas falam de forma muito elaborada e sofisticada, ou querem contar uma mentira, ou querem admirar a si mesmas. Ninguém deve acreditar em tais pessoas. A fala boa é sempre clara, inteligente e compreendida por todos".

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"Há quem passe por um bosque e só veja lenha para a fogueira".

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"É corajoso quem teme o que se deve temer, e não teme o que não se deve temer".

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"Todo mundo pensa em mudar o mundo, mas ninguém pensa em mudar a si mesmo".

ROMANTISMO IMAGINÁRIO - Flávio Gikovate

Sou acusado de subtrair o encantamento do amor desde 1976. Na época, achava, como todo mundo, que ninguém podia ser feliz sozinho e que, portanto, o essencial era acertar na escolha do parceiro. 

Como essa opção decorre de um ato racional, fui acusado de tentar impor rigor científico a algo que deveria acontecer por meios mágicos, pelas flechadas estabanadas do Cupido.

Sou médico e não poeta, portanto meu dever é dissecar os temas que estudo. Analisar os sentimentos não significa menosprezá-los. A maioria dos que se ressentem do fim do romantismo só o experimentou na fantasia.

Poucos viveram um amor pleno, derivado do encontro de sua metade, ou compartilharam com ela o mesmo teto. Quantos conseguiram construir juntos uma família sadia e se manter cúmplices, amigos, amantes, tudo ao mesmo tempo? 

E quantos sonharam com essa sintonia enquanto amargavam no dia a dia os dissabores do convívio com alguém que não os completava?

Parece que, menos do que a paixão romântica, o que essas pessoas temem perder são os sentimentos conflitantes que as envolvem. Lamentam o fim das dores de estômago, da sensação de vazio, das lembranças que a trilha sonora dos encontros evocam. Choram o fim de algo que trouxe mais sofrimento do que prazer e alegria.

O que tenho testemunhado em mais de trinta anos de carreira me faz acreditar que caminhamos para uma época de ouro. O conceito das metades começa a dar espaço a uma concepção mais madura: a de que somos unidades. 

Esse avanço deve ser encarado com alegria, pois nos leva para mais perto da verdade. E, quanto mais próximos da realidade, maiores as chances de encontrar a felicidade. Ainda que o sentimento de que somos fração nos domine, devemos nos esforçar para nos transformar em unidades.

A independência, a descoberta de como é prazeroso passar um tempo sozinhos e outros tipos de vivência nos ajudam a compreender nossa individualidade, a aceitar de bom grado nossa condição de unidades.

Isso é ótimo, pois abre caminho para novos paradigmas amorosos: em vez de metades que se unem, indivíduos únicos que se aproximam.

Os novos relacionamentos serão baseados no respeito, na admiração, na confiança mútua, no encantamento sexual e no fascínio de cada um pelo jeito de ser do outro.

Muitos elementos racionais estarão envolvidos nesses encontros – será que, de forma camuflada, não foi sempre assim? Nem por um minuto, porém, é possível imaginar que eles sobrevivam sem a ternura, sem os momentos mágicos da sensação de plena harmonia que sempre caracterizaram os sonhos românticos.

Pelo contrário, acredito que seremos finalmente capazes de vivenciar aquilo com que, até hoje, só fomos capazes de sonhar.

A introdução explícita da razão nos processos de escolha amorosa não é um fator negativo nem diminui as chances de o casal viver todas as emoções relacionadas ao amor. 

Aliás, não creio que exista antagonismo entre emoção e razão. Não entendo por que as pessoas insistem em pensar dessa forma.

Talvez seja o meio que encontraram de passar um verniz de dignidade nos próprios desacertos: se me encanto com quem não afino e com quem só consigo viver às turras, deve ser porque o amor é mesmo irracional.

Elaborar um consolo para seus erros tem nome. E isso, sim, é racionalizar.
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O NOSSO INFINITO - Victor Hugo

Há ou não um infinito fora de nós? É ou não único, imanente, permanente, esse infinito; necessariamente substancial pois que é infinito, e que, se lhe faltasse a matéria, limitar-se-ia àquilo; necessáriamente inteligente, pois que é infinito, e que, se lhe faltasse a inteligência, acabaria ali? Desperta ou não em nós esse infinito a ideia de essência, ao passo que nós não podemos atribuir a nós mesmos senão a ideia de existência? Por outras palavras, não é ele o Absoluto, cujo relativo somos nós?

Ao mesmo tempo que fora de nós há um infinito não há outro dentro de nós? Esses dois infinitos (que horroroso plural!) não se sobrepõem um ao outro? Não é o segundo, por assim dizer, subjacente ao primeiro? Não é o seu espelho, o seu reflexo, o seu eco, um abismo concêntrico a outro abismo? Este segundo infinito não é também inteligente? Não pensa? Não ama? Não tem vontade? Se os dois infinitos são inteligentes, cada um deles tem um princípio volante, há um eu no infinito de cima, do mesmo modo que o há no infinito de baixo. O eu de baixo é a alma; o eu de cima é Deus.

Pôr o infinito de baixo em contacto com o infinito de cima, por meio do pensamento, é o que se chama orar.

Não tiremos nada ao espírito humano; é mau suprimir. O que devemos é reformar e transformar. Certas faculdades do homem dirigem-se para o Incógnito, o pensamento, a meditação, a oração. O Incógnito é um oceano. Que é a consciência? É a bússola do Incógnito. O pensamento, a meditação, a oração são tudo grandes irradiações misteriosas. Respeitemo-las. Para onde vão essas majestosas irradiações da alma? Para a sombra, quer dizer, para a luz.

A grandeza da democracia consiste em não negar, nem renegar nada da humanidade. Ao pé do direito do homem, pelo menos ao lado, há o direito da alma.

A lei é esmagar os fanatismos e venerar o infinito. Não nos limitemos a prostrar-nos debaixo da árvore da Criação e a contemplar os seus imensos ramos cheios de astros. Temos um dever: trabalhar para a alma humana, defender o mistério contra o milagre, adorar o incompreensível e rejeitar o absurdo, não admitindo em coisas inexplicáveis senão o necessário, tornando sã a crença, tirando as superstições de cima da religião, catando as lagartas de Deus. 
in 'Os Miseráveis'
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SETE SITUAÇÕES PARA CONHECER REALMENTE UMA PESSOA.

Muitos de nós temos amigos de uma vida inteira; alguns continuam nos surpreendendo positivamente e, em outras ocasiões, nos decepcionam. Também vamos conhecendo pessoas novas que nos mostram ser adoráveis, e queremos continuar a conhecer e a compartilhar coisas com elas, pois a companhia é bem agradável.

Mas conhecer uma pessoa em profundidade, com toda sua parte positiva e negativa, é algo que implica mais intimidade, muitas horas, muitas situações distintas e compartilhar mais do que apenas um jantar ou uma noite de festa.

Ainda assim, mesmo tendo compartilhado muito tempo e muitas experiências boas e ruins, existem situações concretas nas quais se conhece realmente uma pessoa. Vamos repassá-las, algumas mais sérias e outras mais banais, mas todas elas nos permitem ver aspectos internos dessa pessoa que desconhecíamos.

Situações de estresse
Quando uma pessoa se encontra em uma situação estressante, ainda que não seja grave, podemos saber muitíssimas coisas sobre ela pela forma como ela aborda essa situação.

Ela pode ficar nervosa, agressiva, incapaz de pensar com clareza, não buscar soluções ou até mesmo apenas reclamar (pessoas menos indicadas) ou inclusive culpar os outros pelo que aconteceu.

 “Aprendi que se pode conhecer bastante bem uma pessoa a partir da forma como ele ou ela reage em três situações: num dia de chuva, com bagagem perdida e na forma como desembaraça as luzes de Natal.”

Também podemos ver uma atitude de evitação, delegando responsabilidades para os outros porque considera que não é capaz de fazer algo ou porque não tem motivos para fazê-lo.

Essas situações são do tipo menos importante, mas a forma como uma pessoa se comporta perante os estresses menores nos vão dar uma ideia de como ela pode lidar com situações de maior estresse por assuntos mais sérios.

Situações nas quais a pessoa precisa de você e outras em que não precisa
Não se trata de uma pessoa só falar com você para pedir um favor e deixar de falar quando você já o tiver feito (o que acontece). Trata-se dessas relações em que uma das partes se relaciona com outra, mas quando já não lhe interessa por vários motivos, deixa de lembrar de você.

“Somente os sentimentos podem nos unir. O interesse jamais formou amizades estáveis.”
-Cícero-

Por exemplo, uma colega de faculdade com quem você fazia todos os trabalhos e compartilhava tempo livre, e quando termina a faculdade se mostra fria e distante. Aquela amiga com quem você saía e depois de começar a namorar você sabe pouco ou nada sobre ela. Aquela pessoa a quem você ofereceu ajuda para mudar para outro país e de repente te ignora quando já está instalada…

Saber quando o seu amigo ou amiga precisa de você e quando não precisa lhe dará uma pista de como essa pessoa realmente é. Apesar do que ela lhe disser, o mais importante é observar seus atos.

Situações de convivência
A convivência é a prova definitiva se você quiser saber como uma pessoa realmente se comporta. A maneira de respeitar o seu espaço, de respeitar suas coisas, de não discutir por coisas absurdas… Você percebe se a pessoa é capaz de compartilhar ou simplesmente seguir a sua vida na sua casa, que muitas vezes parece qualquer coisa, menos algo compartilhado.

Você percebe se ela é capaz de separar um tempo para falar um pouco sobre as coisas que lhes preocupam, se ela te ajuda se você ficar doente, se não se compromete em assuntos de contas, reuniões ou uma falha simples na casa de vocês.

Dá para perceber se ela é independente de forma saudável ou se é egoísta de forma clara e evidente em tudo que faz, e também se a pessoa se mostra simpática na rua e trata os outros de forma hostil na convivência.

Situações em que ela fala dos outros para você
Comentar sobre os outros é algo normal, principalmente quando duas pessoas compartilham o mesmo grupo de amigos ou se desenvolvem em um ambiente comum (profissional, esportivo, social…). Mas falar dos outros não implica faltar o respeito.

Em vez disso, julgar continuamente o que ela faz, considerar se a vida dela é melhor ou pior do que a sua ou contar coisas íntimas dessa pessoa pode dar alguma pista sobre quem está do seu lado.

“Algumas pessoas são tão falsas que já não têm consciência de que pensam justamente o contrário do que dizem.”
-Marcel Aymé-

Situações de dificuldade econômica
É difícil saber quando um amigo é realmente egoísta. É preciso perceber quando uma pessoa te faz um favor só porque você já fez outros para ela e porque sabe que, talvez, você irá recompensar o favor mais tarde. Mas essa generosidade é falsa, isso não deixa de ser interesse.

Quando passamos por uma dificuldade econômica e essa pessoa não leva em conta a nossa situação e, além de não oferecer ajuda, ainda reclama de algo injusto do passado, nos damos conta de que tipo de pessoa temos como amiga.

Ela inclusive pode chegar a nos emprestar algum dinheiro, mas vai fazer isso com relutância, nos perguntando sempre quando vamos devolver (sem que esteja precisando neste momento) ou falando com os outros sobre o quanto fez por nós, deixando-nos em uma posição bastante desagradável.

“Amigos, amigos… Negócios à parte.”
Provérbio-

Situações relacionadas com as suas alegrias
Um amigo deve estar presente nas horas de alegria e de tristeza. Diz-se frequentemente que as pessoas que não são amigas de verdade te deixam sozinho quando você está passando por um mau momento e só se lembram de você quando trata-se de algo divertido.

Mas pode acontecer o contrário: o amigo que parece te ouvir e que está do seu lado quando tudo dá errado e ainda assim te desvaloriza e te boicota emocionalmente quando as coisas vão bem. Se a sua vida começa a entrar nos trilhos e a pessoa sente inveja ou uma falsa alegria, ela não é para você.

Situações complicadas em que você precisa da ajuda delasmulher-com-serpentes
As pessoas vivem situações estressantes em suas vidas, e é extremamente importante contar com um apoio social que, para nós, pareça válido e caloroso.

É nos momentos difíceis que a amizade passa por um teste decisivo.

Surpreendentemente, naqueles momentos em que precisamos mais da atenção e do carinho de alguém, podemos encontrar indiferença, palavras de baixo calão ou subvalorização do nosso humor. Podemos até notar uma atitude fria, em que os problemas da outra pessoa continuam acima dos nossos, ainda que estejamos passando por uma situação realmente difícil.

Por isso, cerque-se das melhores pessoas e seja você também uma delas. E nunca se esqueça, trate os outros como gostaria de ser tratado. Uma forte rede de amigos é um tesouro muito valioso que se deve saber construir, manter e apreciar.
Fonte:Site “A mente maravilhosa”.
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DIZ O MEU NOME - Mia Couto

Diz o meu nome
pronuncia-o
como se as sílabas te queimassem
                                  [os lábios
sopra-o com a suavidade
de uma confidência
para que o escuro apeteça
para que se desatem os teus cabelos
para que aconteça

Porque eu cresço para ti
sou eu dentro de ti
que bebe a última gota
e te conduzo a um lugar
sem tempo nem contorno

Porque apenas para os teus olhos
sou gesto e cor
e dentro de ti
me recolho ferido
exausto dos combates
em que a mim próprio me venci

Porque a minha mão infatigável
procura o interior e o avesso
da aparência
porque o tempo em que vivo
morre de ser ontem
e é urgente inventar
outra maneira de navegar
outro rumo outro pulsar
para dar esperança aos portos
que aguardam pensativos

No húmido centro da noite
diz o meu nome
como se eu te fosse estranho
como se fosse intruso
para que eu mesmo me desconheça
e me sobressalte
quando suavemente
pronunciares o meu nome

TUAS MÃOS - Pablo Neruda


Quando tuas mãos saem,
amada, para as minhas,
o que me trazem voando?
Por que se detiveram
em minha boca, súbitas,
e por que as reconheço
como se outrora então
as tivesse tocado,
como se antes de ser
houvessem percorrido
minha fronte e a cintura?

Sua maciez chegava
voando por sobre o tempo,
sobre o mar, sobre o fumo,
e sobre a primavera,
e quando colocaste
tuas mãos em meu peito,
reconheci essas asas
de paloma dourada,
reconheci essa argila
e a cor suave do trigo.

A minha vida toda
eu andei procurando-as.
Subi muitas escadas,
cruzei os recifes,
os trens me transportaram,
as águas me trouxeram,
e na pele das uvas
achei que te tocava.
De repente a madeira
me trouxe o teu contacto,
a amêndoa me anunciava
suavidades secretas,
até que as tuas mãos
envolveram meu peito
e ali como duas asas
repousaram da viagem.
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30 FRASES PARA VOCÊ LER QUANDO ESTIVER PENSANDO EM DESISTIR.

Todo mundo já passou por um momento em que a ideia de desistir ficava martelando insistentemente na cabeça. Dúvidas fazem parte da história de praticamente qualquer pessoa, inclusive algumas das mais bem-sucedidas que conhecemos – e muitas delas têm um pouco a nos ensinar sobre isso.

São frases, pensamentos e algumas ideias quase soltas que nos ensinam porque nós devemos parar de reclamar e aprender a olhar pra frente.

1. “Se você não está disposto a arriscar, esteja disposto a uma vida comum.” – Jim Rohn

2. “Todos os seus sonhos podem se tornar realidade se você tiver coragem para persegui-los.” – Walt Disney

3. “Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente. Quem sobrevive é o mais disposto à mudança.” – Charles Darwin

4. “Um homem de sucesso é aquele que cria uma parede com os tijolos que jogaram nele.” – David Brinkley

5. “Há dois tipos de pessoa que vão te dizer que você não pode fazer a diferença neste mundo: as que têm medo de tentar e as que têm medo de que você se dê bem.” – Ray Goforth

6. “O ponto de partida de qualquer conquista é o desejo.” – Napoleon Hill

7. “Todo progresso acontece fora da zona de conforto.” – Michael John Bobak

8. “Daqui a vinte anos, você não terá arrependimento das coisas que fez, mas das que deixou de fazer. Por isso, veleje longe do seu porto seguro. Pegue os ventos. Explore. Sonhe. Descubra.” – Mark Twain

9. “Nosso maior medo não deve ser o fracasso, mas ser bem-sucedidos em algo que não importa.” – Francis Chan

10. “Muitas das falhas da vida ocorrem quando não percebemos o quão próximos estávamos do sucesso na hora em que desistimos.” – Thomas Edison

11. “Coragem é a resistência ao medo, o domínio do medo – não a ausência do medo.” – Mark Twain

12. “Apenas deixe para amanhã o que você está disposto a morrer tendo deixado de fazer.” – Pablo Picasso

13. “Se você quer fazer uma mudança permanente, pare de se focar no tamanho de seus problemas e comece a focar no seu tamanho.” – T. Harv Eker

14. “Se você não tiver seu próprio plano de vida, é provável que caia no plano de alguma outra pessoa. E adivinha o que eles planejaram para você? Não muito.” – Jim Rohn

15. “A vida é uma viagem e se você se apaixona pela jornada, você estará apaixonado para sempre.” – Peter Hagerty

16. “Muito do estresse que as pessoas sentem não vem de ter muito o que fazer. Ele vem de não terminar o que foi começado.” – David Allen

17. “Se você procura sua realização nos outros, você nunca será realizado. Se sua felicidade depende de dinheiro, você nunca será feliz consigo mesmo. Se contente com o que você tem; fique feliz com a maneira como as coisas são. Quando você perceber que não está faltando nada, o mundo pertence a você.” – Lao Tzu

18. “A arte de viver está menos em eliminar nossos problemas do que em crescer com eles.” – Bernard M. Baruch

19. “A felicidade não é uma estação em que você chega, mas uma maneira de viajar.” – Margaret Lee Runbeck

20. “A verdadeira felicidade não é alcançada através da auto-gratificação, mas através da fidelidade a um propósito digno.” – Helen Keller

21. “Todos nós recebemos relatórios de muitas maneiras diferentes, mas a verdadeira emoção do que você está fazendo está em fazê-lo. Não é o que você vai conseguir no final, é realmente em fazer, e amar o que você está fazendo.” – Ralph Lauren

22. “Faça algo que ame e você nunca mais precisará trabalhar na vida.” – Willie Hill

23. “A ansiedade é a vertigem da liberdade.” – Soren Kierkegaard

24. “Faça o que você sempre fez e você terá sempre o mesmo resultado.” – Sue Knight

25. “Nós evitamos as coisas das quais temos medo porque pensamos que haverão consequências desastrosas se as confrontarmos. Mas a verdadeira consequência desastrosa em nossas vidas vem de evitar coisas sobre as quais nós precisamos aprender ou descobrir.” – Shakti Gawain

26. “Muito melhor é arriscar coisas grandiosas para ganhar vitórias gloriosas – mesmo que estampadas pelo fracasso – do que se alinhar com aqueles espíritos pobres que nem aproveitam muito nem sofrem muito, porque vivem em uma penumbra cinzenta que não conhece nem a vitória nem a derrota.” – Theodore Roosevelt

27. “Eu não sei a chave para o sucesso, mas a chave para o fracasso é tentar agradar a todos.” – Bill Cosby

28. “O primeiro passo em direção ao sucesso é dado quando você se recusa a ser um prisioneiro do ambiente em que estava inicialmente.” – Mark Caine

29. “Sempre que você se encontrar ao lado da maioria, é tempo de fazer uma pausa e refletir.” – Mark Twain

30. “Se você ouve uma voz dentro de você dizer ‘você não pode pintar’, então pinte sem dúvida, e essa voz será silenciada.” – Vincent Van Gogh

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ADRIANA FALCÃO - O HOMEM QUE SÓ TINHA CERTEZAS

Nem o homem feliz de Maiakovsky nem o homem liberto de Paulo Mendes Campos, resolvi imaginar outra improbabilidade. Digamos que aparecesse agora, justo aqui no Brasil, no Rio de Janeiro, mais exatamente, bem aí na sua frente, um homem que só tivesse certezas. O homem que só tinha certezas quase nunca usava ponto de interrogação, e em seu vocabulário não constavam as expressões: talvez, quiçá, quem sabe, porventura.

Parece que foi de nascença. Ele já teria vindo ao mundo assim, com todas as certezas junto, pulou a fase dos por quês e nunca soube o que era curiosidade na vida. Na escola, era uma sensação. Mas não ligava muito pra isso não. E cresceu achando muito natural viver derramando afirmações pela boca. Tinha resposta pra tudo, o homem que só tinha certezas, mas o maior orgulho do homem eram as certezas mais duvidosas que ele tinha. A certeza de que o mais fraco ia vencer, de que as coisas iam melhorar, de que o desenganado ainda teria muitos anos pela frente.


A notícia espalhou-se rapidamente. Como ele vivia no meio de pessoas, e pessoas vivem cheias de dúvidas, logo começaram a pedir sua opinião para os mais diversos assuntos, os triviais e os de grande importância, e ele, certo de que podia viver muito bem de suas certezas, virou um consultor. Pendurou em sua porta uma placa onde estava escrito "Consultor de tudo" e o negócio foi crescendo aos pouquinhos. Devido ao boca-a-boca favorável de clientes e a um único anúncio no rádio, passou a atender, sem nenhum exagero, milhares de pessoas por dia, até que limitou o número de consultas diárias para quatrocentos e oitenta, um minuto e meio por pessoa, o que era mais do que suficiente para uma resposta certa desde que a pergunta não fosse muito longa.


Chegava gente do país inteiro e depois de outros continentes, pessoas comuns, pessoas ilustres, todas elas indecisas, mas cada pessoa só tinha direito a uma pergunta por consulta, o que as deixava mais indecisas ainda. Certa vez uma moça chegou na dúvida se devia perguntar primeiro sobre o amor ou o trabalho, no que o homem respondeu, sobre o amor, é claro, senão você não vai conseguir trabalhar direito, e deu por encerrada a consulta. O homem que só tinha certezas aconselhou um garoto tímido a tomar quatro cervejas, encorajou um político receoso a aprovar um projeto esquisitíssimo que se destinava a melhorar a vida dos homens, avisou a uma senhora preocupada com os anos que no caso dela nada melhor do que beijos na boca, desentorpeceu um rapaz doente de amor por uma mulher que gostava de outro, convenceu o ministro da fazenda de que ou o dinheiro era pouco, ou eram muitos os homens, ou ele estava louco, ou alguém tinha se enganado nas contas.


Não demorou muito para se tornar capa de todas as revistas e personagem assíduo dos programas de TV. Para cada pergunta havia uma só resposta certa e era essa que ele dava, invariavelmente, exterminando aos pouquinhos todas as dúvidas que existiam, até que só restou uma dúvida no mundo: será que ele não vai errar nunca? Mas ele nunca errava, e já nem havia mais o que errar, uma vez que não havia mais dúvidas.


Num mundo que só tinha certezas, o homem que só tinha certezas virou apenas mais um homem no mundo. Melhor assim, ele pensava, ou melhor, tinha certeza.


Um dia aconteceu um imprevisto, e o homem que só tinha certezas, quem diria, acordou apaixonado. Para se assegurar de que aquela era a mulher certa para ele, formulou cento e vinte perguntas, que ela respondeu sem vacilar, mandou fazer mapas do céu, exames de sangue, contagem de triglicerídeos, planilhas complicadíssimas e finalmente apresentou a moça à sua mãe e ao seu cachorro. Os dois se amaram noites adentro, foram a Barcelona, tiraram fotos juntos, compraram álbuns, porta-retratos, garfos, facas, um escorredor de pratos, tiveram filhos e tal, e, desde então, por alguma razão desconhecida, o homem que só tinha certezas foi perdendo todas elas, uma por uma. No início ainda tentou disfarçar, por via das dúvidas, quem sabe era um mal passageiro? Mas as dúvidas multiplicavam-se como praga (dúvidas se multiplicam?), espalharam-se pelo mundo, e agora, meu Deus? Deus existe? Existe sim. Ou será que não? Ele não estava bem certo.

A Casa Encantada & À Frente, O Verso.

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