Existem muitos mitos sobre a infidelidade. É verdade que se
trata de um acontecimento sério, que em muitos casais significa um ponto de
virada. No entanto, a cultura também tem sido responsável por alimentar falsas
convicções a respeito disso. Isso tem dado à infidelidade uma importância
radical, que muitas vezes ela não merece.
É verdade que uma infidelidade causa grandes feridas. O
casal nunca volta a ser o mesmo depois de um episódio como esse. Isso não
significa que seja um problema sem solução, que deve originar traumas e
tragédias pessoais.
Muitos dos mitos sobre a infidelidade nascem e são mantidos
porque aqueles que os admitem ou os proclamam partem de um conceito idealizado
do amor e do casal. Pensemos que, no ser
humano, nada é perfeito, muito menos um sentimento. Somos todos imperfeitos e
estamos sujeitos a cometer erros, a não ser consequentes. O importante é saber
como avaliar esses erros e voltar ao curso adequado a tempo.
“A infidelidade não é um ato de encontrar paixão em outros corpos, é um
pretexto para reencontrar a paixão em si mesmo”.
-John Desiré-
1. Não há mais amor,
um dos mitos sobre a infidelidade
Um dos mitos sobre a infidelidade diz que ela só acontece
quando termina o amor pelo parceiro. Isso não é verdade. Neste caso, como em
todos os outros, não se pode partir de uma perda para tentar entender o que
aconteceu. É necessário avaliar a situação com cuidado e interpretá-la
serenamente, especialmente se quisermos salvar a relação.
As circunstâncias e como a infidelidade ocorre dizem muito
sobre isso. Pode ser algo acidental e irrelevante. Também pode ser um sinal de
que há um conflito não resolvido no casal ou de que é o momento de fazer uma
mudança. Não necessariamente de que já não há mais interesse pela relação.
O problema destes mitos sobre a infidelidade é que às vezes
eles geram um sofrimento desnecessário. Ninguém gosta que seu parceiro seja
infiel. No entanto, antes de sofrer uma tempestade interna, o importante é
entender o que aconteceu.
2. Não há satisfação
sexual na relação
Quando ocorre a infidelidade, também é comum que a
autoconfiança da pessoa que a sofre seja prejudicada. Junto à raiva e a
impotência causadas por algo que não se pode mais mudar, também se planta uma
semente de dúvida sobre seu próprio valor e seu próprio desempenho na relação.
“Será que eu não sou o suficiente?”
Um dos mitos sobre a infidelidade diz que você só procura um
novo parceiro quando não há satisfação sexual com o parceiro atual. Isso pode
ser verdade, mas na maioria das vezes não é. A maior parte das infidelidades é,
acima de tudo, circunstancial. Ou seja, não compromete os aspectos da base do
casal.
É possível que alguém busque a novidade ou simplesmente que
se sinta lisonjeado por despertar o interesse de outra pessoa e queira recriar
essa sensação, reforçando-a. Também é possível que se deixe levar pelo desejo
de querer ser sedutor ou sedutora. Ao mesmo tempo, não têm dúvidas de que amam
e desejam seu parceiro. É simplesmente uma questão de imaturidade e egoísmo,
que às vezes não é ponderada com o tempo.
3. A infidelidade
nunca deve ser perdoada
Outro dos mitos sobre a infidelidade diz que jamais devemos
perdoá-la, sob quaisquer circunstância. Fazer isso seria perder o respeito no
casal e só levaria a uma repetição desse comportamento, milhares de vezes. Isso
também não é verdade, ou pelo menos não é verdade para muitos dos casais.
Uma infidelidade não deve ser tomada como se o outro tivesse
simplesmente escovado os dentes. Mas tampouco deve ser elevada à categoria de
uma tragédia grega sem solução. O que deve ser feito é avaliar as
circunstâncias em que ocorreu e, mais especificamente, a qualidade da relação
mantida com o parceiro.
Algo é certo: uma infidelidade terá o peso que atribuímos a
ela, e as consequências dependerão de muitas variáveis, incluindo a gestão
pessoal que fazemos dessa infidelidade. Pode ser um fato que exija atenção,
reflexão e diálogo, causando feridas profundas que levam tempo para cicatrizar.
O importante é que teremos muito a fazer nessa duração e na constituição da
nova pele.
O realmente relevante em um casal é o sentimento que os une
e a qualidade do vínculo. Até nos casais mais felizes pode haver momentos de
crise. Os seres humanos são ambíguos e contraditórios. Somente se
compreendermos e aceitarmos isso, poderemos entender que a realidade não se
apresenta em preto e branco, e que os mitos sobre a infidelidade devem ser
derrubados.
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