Os neurocientistas têm devotado grandes esforços para responder as questões básicas a respeito dos atos de comer, beber, respirar e se mover; também têm se esforçado para entender como nós percebemos, pensamos, dormimos e lembramos.
Mas e o sexo? Tabus em muitas culturas, censura moral e imaturidade das ciências fisiológicas e psicológicas neste campo têm impedido uma pesquisa a longo prazo referente ao comportamento sexual humano.
Foi somente com os estudos pioneiros dos sexologistas Havellock Ellis e Alfred Kinsey, na primeira metade do século, e posteriormente dos fisiologistas Masters e Virginia Johnshon, que um estudo objetivo da resposta sexual humana começou a se desenvolver.
Hoje, encontramos muitos estudos a respeito dos aspectos embriológicos, genéticos e biológicos do aparato reprodutor, como espermatozóides e óvulos, fertilização, desenvolvimento e nascimento, assim como sobre a anatomia dos órgãos sexuais em ambos os sexos. Também encontramos muitas informações a respeito de aspectos antropológicos, sociais e culturais do comportamento sexual.
Porém, a literatura apresenta poucos estudos sobre a fisiologia da sexualidade humana e de como o cérebro organiza o comportamento sexual. A sexualidade humana está fortemente relacionada ao comportamento reprodutivo, não somente em termos da propagação e sobrevivência das espécies, mas também aos seus mecanismos neurais e fisiológicos. Contudo, a sexualidade não resulta sempre em reprodução, uma vez que é motivada pelo comportamento.
Quando um animal faminto ou sedento ingere uma quantidade suficiente de água ou comida, a restauração da energia ou do equilíbrio de fluidos do organismo retorna a um equilíbrio homeostático. A atividade sexual consome as reservas de energia do organismo; o instinto sexual é saciado somente quando a fadiga e a exaustão o superam, mas ele retorna assim que o organismo recupera as reservas energéticas.
Diferenças adicionais e importantes surgem por que a motivação sexual é obtida a partir da sugestão ambiental, enquanto a fome e a sede refletem mudanças internas que estimulam interoceptores.
O comportamento sexual, excitação e motivação ocorrem somente em situações ambientais especiais que providenciem tipos particulares de estimulação sensorial. Alguma quantidade de estimulação vai provocar a motivação sexual, a menos que o organismo esteja fisicamente preparado para a cópula.
A prontidão fisiológica para responder seletivamente a estímulos sexuais é providenciada por mudanças hormonais que afetam tanto mecanismos neurais e não-neurais por todo o corpo. A cópula, como a alimentação, acontece devido a uma combinação de controle nervoso e hormonal.
Muito deste controle é mediado por partes do sistema nervoso dentro do "cérebro visceral", que filogeneticamente é a parte mais antiga do cérebro humano. Ele é composto pelo hipotálamo, hipófise, sistema límbico, e regiões do mesencéfalo (cérebro central).
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